Adversário complicado, terreno difícil (relvado em muito más condições), situação teoricamente complicada, e o Benfica deu-nos uma exibição muito cerebral e conseguida, ultrapassando mais uma jornada com uma aparente facilidade que se calhar poucos esperariam, numa noite marcada por uma, acho que posso dizê-lo, estranhíssima e até atípica eficácia em frente à baliza.
Nem apareceu o Musa na frente de ataque, nem se estreou o Tengstedt. Em vez disso apostámos na mobilidade do Gonçalo Guedes, promovendo o regresso do David Neres à titularidade para formar com o Aursnes e o João Mário o trio de apoio ao avançado. Mais atrás, o Chiquinho voltou a fazer de Enzo dos pobres e substituiu o protagonista da novela desta janela de transferências. Pela frente, apanhámos o autocarro do Arouca muito bem estacionado, apostado em retardar ao máximo o nulo no marcador, e depois explorar o contra-ataque ou alguma bola parada para surpreender. No segundo aspecto, o falhanço foi completo, porque o Arouca nunca conseguiu incomodar minimamente a nossa defesa e o Vlachodimos chegou ao final do jogo sem ter feito uma única defesa. No primeiro, a estratégia ruiu aos vinte e cinco minutos quando o Benfica inaugurou o marcador, isto já depois de uma grande ameaça dada pelo Gonçalo Guedes, que acertou na malha lateral. Foi o primeiro remate feito à baliza do Arouca, numa boa jogada de equipa na qual o Neres, depois de uma combinação com o Grimaldo, desmarcou o Aursnes na área sobre a esquerda com um excelente passe entre os defesas do Arouca, e o norueguês colocou a bola rasteira para a entrada do João Mário no poste oposto, que finalizou com facilidade. O Arouca não teve capacidade para responder a este golo, e limitou-se a ficar satisfeito em ir contendo o Benfica o melhor que podia. Acho que a partir desse momento o objectivo deles passou a ser meramente perder por poucos. Foi só na segunda parte, aos cinquenta e quatro minutos, que o Benfica desfez todas as dúvidas com o segundo golo, novamente da autoria do João Mário. E foi mais uma grande jogada de equipa. Uma tabela em progressão entre o João Mário e o Gonçalo Guedes, com o primeiro a deslocar-se depois para o meio da área enquanto o Gonçalo Guedes entrou na área sobre a direita, atraiu os defesas para si e soltou a bola para o Aursnes, que de calcanhar a fez seguir para o João Mário. Depois foi uma finalização com calma e classe, colocando a bola rasteira sem possibilidade de reacção do guarda-redes. Segundo remate do Benfica à baliza do Arouca, segundo golo. Trocámos o Gonçalo Guedes pelo Musa, que acabou por marcar o terceiro golo. Novamente o Aursnes na jogada, que pouco depois da linha do meio campo fez um grande passe a rasgar a defesa do Arouca para o Neres. O Neres foi claramente derrubado em falta sobre a linha da área (seria lance para vermelho, duvido é que o árbitro o tivesse assinalado) mas a bola acabou por ressaltar para o Musa, que finalizou bem com um remate cruzado. Terceiro remate do Benfica à baliza do Arouca, terceiro golo. Melhor eficácia seria impossível. Antes do final, o António Silva levou uma cotovelada na cara e ficou a sangrar, aproveitando o Benfica para fazer algo raramente visto, que foi trocar de uma assentada três dos quatro defesas: Gilberto, Ristic e Veríssimo nos lugares do Bah, Grimaldo e António Silva, entrando ainda o João Neves para o lugar do Neres.
Se o João Mário acaba por ser o homem do jogo numa exibição muito bem conseguida pelo colectivo, devido aos dois golos marcado, o Aursnes, mais uma vez a aparecer muitas vezes sobre a esquerda, merece também grande destaque. Esteve nas jogadas dos três golos, fazendo mesmo as duas assistências para os dois golos do João Mário. Realce também para o facto do David Neres ter cumprido praticamente todo o jogo e mesmo que não ao mesmo nível com que nos presenteou na fase inicial da época e antes de se lesionar, esteve pelo menos bastante melhor do que nos últimos jogos, participando em duas das jogadas dos golos - o passe dele na jogada do primeiro golo foi genial.
Nunca será demais realçar a importância desta vitória. Entrámos em campo, contra um adversário complicado, sem Rafa, Gonçalo Ramos e Enzo. A equipa cumpriu a missão na perfeição e com eficácia e profissionalismo. Uma daquelas exibições que esvazia de argumentos os nossos inimigos e os deixa a olhar cada vez mais para cima. Em relação ao Enzo, saiu finalmente, venha o dinheiro e de resto é como disse o Roger Schmidt no final: só interessa quem quer cá estar. Muito obrigado por estes seis meses e um último conselho: cuidado com o degrau. Com a vitória desta noite, os mais directos adversários entrarão agora em campo olhando para a tabela e vendo um atraso de dez, onze e dezoito pontos, com dois jogos entre eles nas próximas jornadas. Mas tenho a certeza que não haverá cá conversas na comunicação social sobre pressão sobre eles. Pressão é só sobre o Benfica, quando quem vem bem atrás ganha um dos seus jogos. Quase que nos deixa a invejar a posição deles.
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