O desfecho da eliminatória já tinha ficado praticamente traçado em Lisboa e a viagem à Dinamarca serviu apenas para o confirmar, cumprindo todos os objectivos: vitória no jogo e na eliminatória, com um futebol fiel às novas ideias e aparentemente sem termos que gastar demasiadas energias.
Até achei algo surpreendente que não tivessem havido quaisquer poupanças no onze inicial, no qual a única alteração foi a entrada do Chiquinho para o lugar do Neres, que tinha ficado em Lisboa. O jogo da primeira mão já tinha mostrado que a diferença de qualidade entre as duas equipas era considerável, por isso foi com naturalidade que o Benfica assumiu o controlo deste jogo também, mesmo que sem grande exuberância ou correrias. A pressão alta continuou a ser uma imagem de marca, mesmo que no ataque não parecesse haver necessidade para imprimir uma velocidade tão grande como noutras ocasiões. O Chiquinho não é o Neres e não joga com o pé esquerdo, por isso as movimentações dele são diferentes e isso acaba também por alterar as rotinas da equipa no ataque. Os dinamarqueses apenas conseguiam responder em bolas paradas - e nisso incluem-se os lançamentos de linha lateral, que aproveitavam para meter a bola na área. O nosso golo apareceu a meio da primeira parte numa boa movimentação do Enzo, que apareceu na zona de finalização para aproveitar um bom cruzamento do Gonçalo Ramos a partir da esquerda. A eliminatória estava mais do que resolvida, mas os dinamarqueses tinham vontade de dar um ar de sua graça e talvez interromper a péssima sequência de resultados que levam, tendo uma grande oportunidade que nasceu num passe do Otamendi para o Gilberto que saiu curto, para depois o mesmo Otamendi abordar o lance de forma algo displicente tentando fazer um corte controlado em vez de atirar a bola para fora. Valeu o Vlachodimos, que correspondeu com uma boa defesa depois da bola ainda ter tabelado no Morato. Para a segunda parte regressaram o Henrique Araújo e o Yaremchuk nos lugares do Gonçalo Ramos e do Rafa e foi o jovem madeirense a ampliar a vantagem ao fim de dez minutos, com um oportuno cabeceamento depois de um cruzamento do João Mário na esquerda, na sequência de um canto marcado à maneira curta - continuamos a revelar uma enorme melhoria nas bolas paradas em relação às últimas épocas. O Benfica jogou num ritmo ainda mais pausado depois do segundo golo, e disso se aproveitou o Midtjylland para ter maior iniciativa no jogo, sendo recompensado com um golo. Muito espaço dado na direita da nossa defesa permitiu um cruzamento largo bem para meio da nossa área, onde o ponta-de-lança Kaba saltou à vontade e cabeceou à barra, para a bola depois sobrar para o Sisto fazer a recarga. Os dinamarqueses acreditaram que poderiam chegar ao empate, mas à beira do final o Diogo Gonçalves, que tinha entrado para o lugar do Chiquinho, acabou com essa crença fazendo o golo da noite. Partindo da esquerda para o meio, aproveitou o espaço que lhe deram à entrada da área, olhou para a baliza, e com um remate cruzado e em arco colocou a bola na gaveta. Até final, menção para a estreia oficial do Diego Moreira, e para um golo do Midtjylland que foi anulado pelo VAR por posição irregular.
Um destaque que parece começar a tornar-se habitual para o Enzo. Três golos nos primeiros três jogos para um médio centro não é uma coisa habitual, mas para além disso é óbvio em praticamente tudo o que faz em campo - desarmes, passes, tempo de entrada aos lances, acompanhamento das jogadas de ataque - o quão certeira foi a sua contratação. É o jogador por quem (des)esperávamos há muito tempo para aquele meio campo. O Rafa foi um dos principais dinamizadores do ataque na primeira parte e o Florentino mais uma vez foi o complemento ideal do Enzo. Aproveito para dizer ainda que se é para termos uma opção de banco para as alas, prefiro o Diogo Gonçalves (e não digo isto simplesmente pelo golo) ao Chiquinho - este poderá ser mais útil atrás do avançado do que numa ala.
Sem exuberância mas com profissionalismo e eficiência, o dever foi cumprido. Avançamos para o playoff da Champions, onde iremos encontrar um Dínamo de Kiev orientado pela velha raposa Lucescu. Acho que é óbvio para todos que a obrigação do Benfica será passar e progredir para a fase de grupos, mas este adversário deverá ser o mais difícil que apanhamos nesta fase da época, por isso será necessário abordar a eliminatória com o máximo de atenção.
P.S.- Surpreendido com a tristíssima notícia do desaparecimento do Chalana. Para mim, como para tantos outros da minha geração, é um daqueles nomes míticos do Benfica que nos fizeram benfiquistas - para mim pensar no Benfica dessa altura é recordar imediatamente Bento, Humberto Coelho, Chalana, Carlos Manuel, Sheu ou Nené. Um dos jogadores mais populares e carismáticos do futebol português numa altura em que essas coisas não se adquiriam nas redes sociais. Um talento incomparável e irrepetível do Benfica e de Portugal. O nosso pequeno genial.
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