Foi acima de tudo uma vitória do crer. Não posso fazer rasgados elogios à exibição, uma vez que durante dois terços do jogo ela esteve muito longe do ideal e só depois de estarmos em desvantagem é que se acendeu finalmente a chama. Mas a reacção ao golo sofrido e a crença que era possível dar a volta valeram-nos o direito a ser felizes.
Já todos sabíamos que o Jardel ocuparia a vaga do Rúben Dias e essa foi mesmo a única alteração na equipa. Durante a semana, como vai sendo cada vez mais habitual, foi-se construindo um cenário intimidante para o Benfica, como se de repente o Portimonense fosse um adversário temível e o Benfica estivesse sob enorme pressão. Esperava por isso uma resposta à altura da nossa parte, entrando no jogo de forma decidida para marcar cedo e afastar qualquer sombra de nervosismo. Mas não foi isso que aconteceu. Quer dizer, a entrada até nem foi assim tão má, mas antes dos dez minutos o Seferovic, completamente isolado depois de um grande passe do João Félix, falhou de forma escandalosa o golo finalizando com um passe para as mãos do guarda-redes e senti que isso foi uma espécie de saltar da tampa para o nervosismo generalizado. Da equipa e dos mais de sessenta mil que quase lotaram a Luz, com o nervosismo da equipa a alimentar o das bancadas e o das bancadas a passar para o relvado, num ciclo vicioso letal. A partir daí vi uma equipa a jogar muito sobre brasas, com demasiado receio do erro, o que levava à lentidão de processos, a jogadores a não procurarem a bola, passes simples falhados e erros causados precisamente porque o medo de errar levava à demora na tomada de decisão. Logo a seguir a essa ocasião, uma oportunidade flagrante para o Portimonense depois dos seus jogadores andarem praticamente a passear pela nossa área com a bola sem que ninguém se atrevesse a pressionar sequer, quanto mais a meter o pé, que numa primeira instância foi defendida pelo Vlachodimos e depois a recarga do Dener, completamente sozinho quase à entrada da pequena área, saiu para a bancada. O Benfica era incapaz de reagir, o Portimonense tinha demasiado espaço no meio e via os seus jogadores a conseguir progredir quase sem serem estorvados porque toda a gente se encolhia e parecia ter medo de meter o pé. O Portimonense foi claramente melhor durante a primeira parte e teve mais duas ocasiões flagrantes para marcar. Numa o mesmo Dener, mais uma vez completamente à vontade na mesma posição depois de uma perda de bola do Florentino (precisamente por ter demorado demasiado tempo a decidir) rematou para fora. Na outra foi o Vlachodimos a defender o remate do Tabata, que surgiu solto a rematar de ângulo apertado. O Benfica só no último quarto de hora começou a querer dar algum sinal de si, mas as tentativas de remate ou eram cortadas, ou saíam à figura do guarda-redes.
Desejava e esperava um safanão na equipa ao intervalo semelhante ao de Braga, mas depressa percebi que continuava tudo na mesma. O Portimonense deu o primeiro sinal de perigo num desvio a um livre lateral que fez a bola passar muito perto do poste. Logo a seguir, com sete minutos decorridos, marcou mesmo. E para quem estava a ver o jogo de certeza que isso não foi surpreendente, porque até ao momento o Portimonense estava mesmo a merecer a vantagem. O golo foi muito simples e demonstrou mais uma vez a forma macia como estávamos a jogar. Uma simples tabela na zona frontal da área e o Tabata a aproveitar a enorme cratera que foi deixada quando o Ferro atacou a bola para entrar na área, evitar o Vlachodimos, e marcar de ângulo apertado. A resposta do Benfica apenas começou a aparecer a meia hora do final, quando trocámos o Samaris pelo Jonas. Imediatamente a seguir o João Félix isolou-se, mas um defesa do Portimonense conseguiu o desarme no limite. No minuto seguinte, o golo do empate, resultado da pressão alta do Benfica. Uma série de passes feitos no limite acabou com um defesa do Portimonense a não controlar bem a bola, permitindo a antecipação do Rafa que depois finalizou com muita classe à saída do guarda-redes, picando-lhe a bola por cima. Este golo serviu para fazer o vulcão da Luz entrar em erupção, e com o apoio do público o Benfica foi completamente para cima do adversário. Ainda estou para perceber como é que não marcámos o segundo golo logo na jogada seguinte, com o Rafa a permitir a defesa ao guarda-redes quase em cima da linha de golo. Depois foi o Grimaldo a rematar e a obrigar o guarda-redes a nova defesa apertada. E apenas quatro minutos depois do primeiro golo, o Rafa voltava a marcar e colocava o Benfica na frente, depois de uma desmarcação do Seferovic com a bola a seguir para o Grimaldo e finalmente a sobrar para o Rafa no meio da área. O mais difícil estava feito, mas depois do segundo golo o Benfica retraiu-se novamente em vez de continuar a carregar em cima de um Portimonense que estava completamente perdido em campo. Isto permitiu ao nosso adversário reorganizar-se e voltar a incomodar-nos, tendo até ameaçado chegar ao empate depois de um mau passe do Florentino. Havia neste momento um espaço muito grande no meio campo, e a dez minutos do final o Bruno Lage corrigiu isso mesmo fazendo entrar o Gedson para o lugar do João Félix, deslocando o Pizzi novamente para a direita e colocando o Gedson no meio. Isso matou por completo o Portimonense, que não mais conseguiu encontrar espaços para atacar e acabou dizimado pelas transições rápidas do Benfica assim que recuperava a bola. No espaço de sete minutos o Benfica fez três golos de rajada: o primeiro pelo Seferovic, a passe do Pizzi (que tinha ele próprio recuperado a bola); o segundo pelo mesmo Seferovic, que só teve que encostar um centro rasteiro do André Almeida, que também tinha recuperado a bola e depois tabelado com o Pizzi antes de fazer o cruzamento; e o terceiro já em período de descontos, numa jogada que começa no nosso guarda-redes, passa pelo Jonas, Rafa, abertura na direita para a entrada do André Almeida e cruzamento direitinho para a cabeça do Jonas, que tinha acompanhado a jogada. Tudo simples e eficaz, chegando o Jonas ao golo 300 da carreira. E assim se construiu uma goleada num jogo em que tivemos grandes dificuldades a maior parte do tempo.
O homem do jogo é naturalmente o Rafa, que foi o responsável pela reviravolta no marcador resgatando assim a equipa do abismo onde se tinha metido. O Jonas até nem participou assim tanto no jogo mas a entrada dele motivou muito a equipa em termos anímicos, e a verdade é que foi com ele em campo que marcámos cinco golos. O Seferovic marcou dois golos, o André Almeida somou mais duas assistências e o Pizzi uma, mas é difícil ignorar o mau jogo que fizemos durante a primeira hora. Mesmo jogadores como o Ferro ou o Florentino, que têm sido figuras de destaque, pareceram acusar a pressão e falharam passes de forma inexplicável.
O mais importante, que eram os três pontos frente a uma equipa que certamente estava motivada para agradar à casa mãe, foi conseguido. Com maior dificuldade do que o esperado e desejado, mas o que conta é o resultado final. E assim estamos um passinho mais perto da meta, e mantemos aquela minúscula margem de erro. Os nossos inimigos apostavam muito neste jogo, e certamente irão apostar ainda mais no próximo, porque o desespero vai-se acumulando. Seria bom não entrarmos no próximo jogo como entrámos hoje e em Braga.
P.S.- Depois do muito que foi dito sobre a nomeação do Artur Soares Dias para este jogo (e com razão, dado o seu historial nos nossos jogos) é justo reconhecer que ele fez uma arbitragem isenta e sem erros. Quando ele quer, consegue ser muito bom árbitro. É pena que pareça não o querer mais vezes.
De António Madeira a 5 de Maio de 2019
Olá, D`Arcy.
Jogo muito, muito difícil, mas que fica resumido em grande parte pelo teu "Mas a reacção ao golo sofrido e a crença que era possível dar a volta valeram-nos o direito a ser felizes."
Foi isto que decidiu o jogo. Se em Braga o adversário tinha tido mérito na forma como nos anulou na primeira parte, o Portimonense fez o mesmo hoje. Agora imaginemos, por uns instantes, que eles jogavam assim o campeonato inteiro e não apenas quando o dono manda. Teríamos um campeonato não só mais interessante, mas também mais justo.
Só que os jogos têm 90 minutos, não têm 60. E no total, fomos melhores em todos os capítulos do jogo.
Foi preciso sofrer? Foi. Muito, mas a nós nunca ninguém nos deu nada. É tudo ganho na garra, no querer, até à última jornada. Digam-me um campeonato nos últimos anos que vencemos com folga ou margem sobre o segundo...
A juntar a todas as influências exteriores, há que referir que três jogadores que estiveram hoje em campo estavam há uns meses na equipa B. Imaginem a pressão que estes miúdos com 18, 19 anos estão a sofrer neste momento... Eu não imagino.
E isso notou-se hoje, tal como se notara em Braga.
Não tenho dúvidas que isto fará deles homens e grandes (ainda mais) jogadores.
Também houve, pareceu-me, um maior apoio das bancadas, apesar do nervosismo compreensível, mas só o facto de não se terem ouvido assobios, já é de louvar.
Quanto aos jogadores, três destaques: Rafa, Pizzi e Almeida. E que alegria é ver o Jonas a marcar...
Agora, é esperar por mais uma semana onde o Rio Ave se transformará num Barcelona e onde a onda vermelha será novamente preponderante em Vila do Conde, onde já fomos tão felizes recentemente.
Eu acredito! Vai, Benfica!
De Anónimo a 5 de Maio de 2019
Jogaram drogados até á medula ... assim podiam ser campeões, parecia uma equipa de craques, quando apenas são uma equipa de fundo da tabela !
De Manuela a 5 de Maio de 2019
Vi o mesmo jogo, mas custa-me parabenizar ASD pela arbitragem que fez. Trata-se do filho da mãe mais habilidoso no uso do apito e ontem voltou a demonstrá-lo. Quem tiver paciência para isso, que conte as vezes que os nossos jogadores foram desarmados com falta e ele mandou seguir. Sobre o João Félix foram duas, e dariam livres perigosos.
Quanto à forma macia como defendemos quero acreditar que nada teve a ver com nervosismo, pressão ou receio. Sabemos nós e sabe a equipa técnica do SLB que, com a nomeação do habilidoso ASD e do Inácio azul para assistente, a armadilha estava montada: qualquer contacto com um jogador do adversário daria queda aparatosa e consequente falta, livre perigoso, amarelos e eventualmente, o penaltizinho que este artista tanto gosta de assinalar contra nós. Era notória a forma como o próprio Samaris, que nunca se esquiva a um "corpo a corpo", travava antes de tocar num portimonense; foi clarinha a cerimónia que os 6 ou 7 jogadores do Benfica dentro da grande área, tiveram em meter o pé na jogada que descreves, ainda na primeira parte e que termina com um remate por cima.
Venham as novas armadilhas, eu sei que há profissionais do SLB peritos em desarmá-las.
Viva o Benfica!
De antonio fonseca a 5 de Maio de 2019
Bom dia,
Completamente de acordo com o comentário do moderador.
Mais uma vez demos 50 minutos de avanço ao adversário. Ainda bem que as coisas se acertaram e a reviravolta no marcador surgiu. Mas atenção que faltam duas finais, mormente a do próximo fim de semana que se apresenta díficil porque o Rio Ave está a jogar muito e bastante motivado para nos derrotar.
A entrada tem que ser completamente virada para a antecipação e a motivação para se resolver o jogo não dando as vantagens que os últimos jogos deram aos nossos adversários.
Por isso vamos a vila do conde e ganhar os três pontos para se festejar o título no último jogo em casa com o santa clara.
Saudações benfiquistas.
De Dias Pereira a 5 de Maio de 2019
Boa noite.
É cada vez mais difícil compreender porque é que uma equipa que lidera, isolada, a tabela classificativa, com o fim da prova cada vez mais perto, não consegue – nem mesmo perante o seu público, com casa cheia… – entrar em campo como lhe compete, jogando com tranquilidade e impondo, de forma natural, a sua superior qualidade individual e colectiva…
Tem sido assim, sucessivamente, pelo menos na última meia dúzia de jogos (pecando eu por defeito…)
Relativamente ao jogo de ontem, então, é ainda mais difícil compreender a razão disso. Se em Braga jogávamos perante uma equipa de alguma qualidade, e se justificavam algumas cautelas iniciais, ontem defrontávamos, em nossa casa, uma equipa que nos é infinitamente inferior, e que, apesar de ter alguns jogadores rápidos do meio campo para a frente, tem como objectivo não descer de divisão. E o que se viu foi um Benfica de movimentos tolhidos, sempre muito intranquilo, a jogar exageradamente para os lados e para trás, e a tremer sempre que o adversário subia de forma mais assertiva no terreno, obrigando-se a jogar no pontapé para a frente e no salve-se quem puder, como se as camisolas estivessem ao contrário e nós, Portimonense, jogássemos em casa do poderoso Benfica! Haja decência!!!
E o que assusta é que esta postura é uma reincidência, que já nem é apenas desta época. Eu ainda não me esqueci dos Estoris, Moreirenses e Tondelas das épocas passadas, nem dos empates caseiros, em sufoco total e absoluto, contra os Portimonenses das Taças da Liga das épocas anteriores…
Isto não é – não pode ser! – o Benfica! Isto é uma aberração, total e completa!
Uma equipa madura, que integra jogadores com muitos anos de futebol, e de experiência – e mesmo que não fosse assim!... – não pode, repito, não pode, jogar como o Benfica o fez ontem!
Ontem, os erros individuais, e colectivos, de atitude e postura, de posicionamento, e de desempenho técnico e físico, foram os mesmos dos últimos largos – larguíssimos!… – meses, os quais não se corrigem, sabe-se lá se por laxismo e incúria, ou se por se achar isso desnecessário. Os passes falhados a meia dúzia de metros, os adornos inúteis nas jogadas que se querem simples, a falta de assertividade na abordagem dos lances, a falta de pressão sobre o portador da bola, a falta de velocidade na procura do espaço e da bola, o dar-se à marcação por passividade excessiva, enfim… tudo aquilo que tenho vindo a apontar como nefasto ao nosso jogo, voltou a estar ontem em campo! Com a agravante de ter não ter sido erradicado, nem mesmo depois de, em duas jogadas fortuitas, o Rafa ter revertido a desvantagem no marcador.
(Um parêntesis para notar que o segundo parágrafo do texto do D’Arcy enumera muito daquilo que eu tenho apontado como negativo, e penalizador, no nosso futebol. Agora, contenham-se, e não digam que o homem é um mau benfiquista, ou que é um conhecido não sei quê de outros blogues, de outras cores clubísticas…)
Continuo a dizer que este grupo de jogadores tem que fazer uma equipa mais forte, muito mais forte, do que esta que temos visto, particularmente nos últimos dois meses. As goleadas estão a encobrir muita coisa, desde a gritante falta de qualidade no jogo defensivo à falta de eficácia e à intermitência da mediocridade na manobra ofensiva, passando pela enervante passividade, e mesmo alguma arrogância e convencimento abusivo, no modo como se abordam os jogos.
(continua)
De Dias Pereira a 5 de Maio de 2019
(continuação)
Escrevi, recentemente, que as últimas três jornadas nos destinavam três equipas nada simpáticas, e acrescentei que se a atitude não fosse diferente daquela com que temos abordado os últimos jogos, iríamos ter muitas dificuldades e, eventualmente, não atingiríamos os nossos objectivos. Não me enganei. E também não vi a reversão dos erros em que temos incorrido!
No próximo domingo vamos jogar frente a um adversário que nos tem apresentado extremas dificuldades, e que nos tem tirado pontos e qualificações, num passado recente, designadamente em Vila do Conde. Se ao modo como nos temos apresentado juntarmos as dificuldades que nos esperam, e as manobras que os nossos adversários – num patamar de desespero quase absoluto… – vão certamente ensaiar, teremos criado um cenário negro, que só poderemos ultrapassar se formos radicalmente diferentes, para melhor, do que temos sido, repetidamente, nos últimos jogos.
Se me pedissem a receita para estas últimas duas semanas, eu prescreveria uns banhos de humildade – eventualmente com umas sessões de trabalho braçal em hortas comunitárias da periferia, apimentadas com interacções verbais com quem tem de fazer a vida com um orçamento a rondar o ordenado mínimo nacional – várias sessões de psicoterapia, individuais e em grupo, e sessões de treino intensivas, com muito nervo e pouco recreio. Mas isso sou eu, que serei um mau benfiquista, um tipo abusiva e incomodamente exigente, que nunca está satisfeito com nada. Nem mesmo quando a equipa acumula goleadas que só têm paralelo na história do Benfica lá bem para trás, nos longínquos anos 60…
Não é de espantar que não haja paciência para tipos como eu…
Acorda, Benfica! Acordem, benfiquistas! Força, Benfica!
Viva o Benfica!
Saudações benfiquistas!
De Dias Pereira a 8 de Maio de 2019
Boa noite.
Apesar de não ter expressamente a ver com o post, permito-me deixar uma nota a estranhar o facto do E Pluribus Unum ter deixado de comentar neste espaço.
Embora não saiba, de todo, o que terá ocorrido - se está impossibilitado de aqui vir, por razões de saúde, ou se a sua ausência é voluntária... - gostaria de expressar os meus votos sinceros de resolução dessa ausência, se tal for passível de resolução.
Espero que o possamos ter entre nós de novo...
Viva o Benfica!
Saudações benfiquistas!
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