Quem tiver assistido a este jogo não achará estranho que eu comece por escrever que uma vitória por 2-0 frente ao Moreirense foi um mau resultado. É que o desperdício foi a nota dominante, e não é exagerado dizer que uma vitória por cinco ou seis golos de diferença seria mais ajustada ao que se passou em campo. Por isso os 2-0 são um resultado muito curto.
Nem sei o que posso escrever. Em relação ao jogo de Famalicão fizemos apenas uma alteração, forçada, que foi a troca do Taarabt pelo Pizzi. De assinalar também a braçadeira de capitão envergada pelo Rúben, mesmo com o André Almeida e o Pizzi na equipa. Para mim o Rúben já a merecia há muito tempo, mas neste caso infelizmente parece ter sido apenas uma forma de nos despedirmos dele, porque deverá estar de saída. Dentro do campo, foi um jogo de sentido único. Muita velocidade, muita agressividade de toda a equipa na recuperação da bola - perdi a conta ao número de vezes que vi a bola a ser recuperada por um dos nossos jogadores mais adiantados - e ocasiões de finalização a surgirem quase desde o apito inicial. Infelizmente, a pontaria esteve pouco afinada e houve muita falta de frieza. O Moreirense ficou enfiado quase dentro da área durante a maior parte do tempo porque foram mesmo obrigados a isso. Chegámos ao golo aos vinte minutos, pelo Rúben Dias na sequência de um canto marcado pelo Everton - o Pizzi ter deixado de marcar todas as bolas paradas é um pormenor relevante. Um momento agridoce se pensar que provavelmente foi o último golo que vi o Rúben marcar pelo Benfica. Já nessa altura tínhamos construído ocasiões suficientes para este poder ter sido para aí o terceiro golo. E peço desculpa por ser repetitivo, mas não consigo mesmo encontrar muito mais para escrever sobre o jogo, porque só me lembro do Benfica a falhar ocasiões umas a seguir às outras, e o resultado a manter-se inacreditavelmente em aberto durante tanto tempo. À beira do intervalo o Darwin isolou-se e meteu mesmo a bola na baliza, mas o golo foi bem anulado por posição irregular. Na segunda parte foi sempre mais do mesmo e os nervos a aumentarem sempre que pensava que um jogo em que a nossa superioridade era tão evidente podia não ser ganho caso houvesse algum lance fortuito a beneficiar o Moreirense. Tivemos que esperar até dez minutos do final para finalmente descansarmos, quando o Darwin arrancou imparável pela direita até à linha de fundo e ofereceu a bola para o Seferovic (que tinha entrado para o lugar do Waldschmidt) empurrar para a baliza. Tenho a certeza que a maior parte de nós terá exclamado 'Finalmente!' quando isto aconteceu.
Descontando a parte da finalização, destaco o Rafa, o Darwin e o Everton pelo muito que trabalharam durante todo o jogo. Constante movimento, inúmeras recuperações de bola, e os principais responsáveis pelas muitas ocasiões criadas. Destaque também para o nosso capitão Rúben Dias pelo golo que desatou o nulo. Num jogo destes, se já fiquei uma pilha de nervos estando nós a ganhar por 1-0 nem quero imaginar o que seria assistir a todo aquele desperdício se estivéssemos empatados.
Se se confirmar a saída do Rúben, desejo-lhe as maiores felicidades porque merece e trabalhou para isso. Em treze épocas no Benfica, e dos muitos jogos que o vi fazer (incluindo antes de chegar à equipa principal) não vi um único em que não ficasse com a sensação que tinha dado tudo e defendido a nossa camisola como só alguém que a sente e percebe o significado dela pode fazer. Um exemplo para todos, incluindo muitos que estão ou estiveram à frente dele na hierarquia de capitães. Compreendo a venda, mas isso não significa que não fique lixado com ela, como fiquei quando vendemos o Félix, o Renato, o Semedo e muitos outros. Infelizmente, ver sair aqueles que mais admiramos ou que vemos como referências já se tornou rotina desde que as leis do mercado tomaram conta do futebol. Quanto aos adeptos, nós ficamos agarrados a uma equipa com plantéis com os quais cada vez sentimos menos afinidade (e a eventualidade de recebermos refugo do Manchester City, ainda por cima com um passado pouco desejável, acentua mais este sentimento).
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