Seria necessário marcar três golos em Anfield para conseguirmos dar a volta à eliminatória. Era pouco provável, mas conseguimo-lo. Infelizmente a defesa voltou a comprometer e por isso acabámos por ser eliminados. Mas conseguimos ser dignos na eliminação e podemos sair de cabeça erguida com a nossa prestação na Champions esta época.
Conforme referido, era preciso marcar e por isso não houve qualquer autocarro. Perante um Liverpool que fez descansar vários titulares (mas cujos substitutos chegariam e sobrariam para vencer a maioria dos seus jogos) o Benfica apresentou-se a jogar da forma como seria mais habitual em qualquer jogo da nossa liga, com o Diogo Gonçalves no lugar do Rafa e sem particulares cautelas defensivas. Alinhámos num esquema táctico semelhante ao apresentado contra a B SAD, com o Taarabt ao lado do Weigl e o Gonçalo Ramos no vértice mais adiantado do triângulo do meio campo. O Liverpool tomou naturalmente conta das operações, mas o Benfica tentava sair em transição sempre que recuperava a bola e deixava a ideia de que poderia mesmo marcar, tendo o primeiro sinal de perigo sido dado pelo Everton, com um remate de fora da área que levou a bola a passar muito próxima do poste com o Alisson já batido. Só que a forma como defendemos é o nosso grande problema, e aos vinte e dois minutos o Liverpool colocou-se em vantagem num lance quase igual ao que lhes tinha dado a vantagem na primeira mão. Canto do lado direito da nossa defesa, marcado com a bola a fugir da baliza, e o Konaté a saltar entre os nossos centrais para cabecear, fazendo outra vez a bola entrar bem junto ao poste. A resposta do Benfica foi dada com um golo anulado ao Darwin logo no minuto seguinte, por fora-de-jogo do uruguaio, mas fica pelo menos na retina a boa finalização dele com o Alisson pela frente. Podíamos ter sofrido o segundo golo em duas ocasiões, mas numa delas o Vlachodimos fez uma grande defesa ao um remate do Díaz depois de ter deitado o Weigl, e na outra o cabeceamento do Firmino desviou nas costas do Vertonghen e saiu por cima. E assim chegámos ao empate dez minutos depois do golo do Liverpool. Um desarme do Milner ao Diogo Gonçalves acabou por oferecer a bola ao Gonçalo Ramos, que em frente ao Alisson finalizou com um bom remate, forte e colocado. A defesa do Liverpool jogava subida no terreno e deixava bastante espaço nas suas costas, mas cometia alguns erros na organização da linha defensiva que nos permitiam tentar explorar esse espaço. Até ao intervalo, foram do Liverpool as melhores situações para voltar a marcar, primeiro num contra-ataque depois de uma muito má falha defensiva do Benfica, que deixou um espaço enorme no meio da defesa que bastou ao Liverpool chutar a bola para a frente para aproveitar. O Firmino tentou servir o Díaz, mas no momento exacto o Grimaldo fez um corte fantástico para evitar o golo. Depois, mesmo a acabar a primeira parte, num remate do Keita de fora da área que fez a bola tirar tinta ao poste.
Ao intervalo o Benfica trocou o Diogo Gonçalves pelo Yaremchuk e como habitualmente encostou o Darwin à esquerda. Na fase inicial o jogo esteve muito morno, disputado a um ritmo bastante lento e sem ocasiões para nenhuma das equipas, mas já sabemos que nunca podemos estar completamente tranquilos quando defendemos da forma habitual, porque os disparates acabam sempre por surgir. Ao fim de dez minutos, portanto, o Liverpool marcou, em mais um lance digno para aí dos distritais. O Vlachodimos saiu aos pés do Díaz, que não tinha conseguido controlar bem uma bola que lhe fora passada, mas desajeitadamente não a conseguiu agarrar. Com a bola ali solta e sem pressão de ninguém, o melhor que o Vertonghen se lembrou de fazer foi um alívio pífio que deixou a bola nos pés do Diogo Jota sobre o vértice da área do outro lado. Depois o Jota apenas teve que passar a bola (ou falhar o remate, não sei bem) para o Firmino aparecer à vontade ao segundo poste para encostar (o Vertonghen, dando sequência ao primeiro disparate, depois deve ter achado que marcar o avançado não valia a pena). Ainda mais confortável no jogo, o Klopp fez entrar os habitualmente titulares Salah, Fabinho e Thiago, e dez minutos depois do segundo golo chegou ao terceiro. Mais uma falha defensiva que só se pode classificar de grotesca, e mais um golo sofrido numa bola parada. Livre marcado desde o lado direito da nossa defesa, bola metida no segundo poste, Otamendi a falhar o cabeceamento de forma patética, e o Firmino a passar entre uns estáticos Gilberto e Gonçalo Ramos para marcar mais uma vez à vontade. Parecia que estava tudo acabado e que até deveríamos começar a preocupar-nos com a possibilidade de uma goleada, dadas as facilidades concedidas na defesa, mas a resposta do Benfica foi excelente e até surpreendente. Já com o João Mário em campo no lugar do Taarabt, aos setenta e três minutos uma boa saída a jogar do Benfica viu o Vertonghen colocar a bola nos pés do Grimaldo sobre a linha do meio campo, e depois a assistência do espanhol saiu perfeita para isolar o Yaremchuk, que ultrapassou o Alisson e marcou. O golo foi inicialmente invalidado por fora-de-jogo, mas o VAR reverteu a decisão. Animou-se a equipa e animaram-se os nossos adeptos que a acompanharam, que durante todo o jogo não se cansaram de manifestar o seu fantástico apoio, e oito minutos depois do golo do Yaremchuk, o Benfica empatava o jogo. Grande passe do Weigl a desmarcar o João Mário nas costas da defesa, que não conseguiu controlar bem a bola mas esta sobrou para o Darwin e o uruguaio, sobre a esquerda, marcou com um toque de classe de primeira a desviar a bola do Alisson. Mais uma vez, golo anulado pelo auxiliar e decisão revertida pelo VAR. E foi o Alisson quem evitou que o jogo entrasse em ebulição logo no pontapé de saída do Liverpool, porque o Gilberto recuperou imediatamente a bola, lançou o Paulo Bernardo (tinha entretanto substituído o Gonçalo Ramos) pela direita, e o cruzamento largo deste desde a linha de fundo foi finalizado pelo Darwin com um pontapé fantástico de primeira que obrigou o Alisson a mergulhar para ir defender a bola bem juntinho da base do poste. Já no perído de descontos, novamente o Darwin a marcar, mas desta vez o auxiliar lá acertou mesmo uma e o golo foi bem invalidado por posição irregular do uruguaio.
O Darwin é naturalmente um dos maiores destaques. Marcou apenas um golo que valeu, mas teve quatro finalizações no jogo, todas de grande classe. Em frente a um guarda-redes de nível mundial como é o Alisson, marcou três em três, sempre com qualidade, ainda que duas tenham depois sido invalidadas. O remate que o Alisson defendeu é outra finalização ao alcance de poucos, e se tem entrado acho que ele ficava já em Inglaterra. Neste momento o Darwin é daqueles jogadores que nos faz ficar entusiasmados mal a bola lhe chega aos pés, porque imediatamente antecipamos alguma coisa especial. Já tinha saudades de ter um jogador assim no Benfica. Outro grande destaque no Benfica foi o Grimaldo. Da defesa foi o único que esteve a um nível superior, tendo fechado sempre bem o seu flanco, evitado um golo quase certo, e ainda feito a assistência para o segundo golo. O pior para mim foi mesmo a dupla de centrais. O Benfica tem neste momento um central de grande nível, Veríssimo, e os que jogaram ontem já estão na fase descendente das suas carreiras. Para mim seria uma boa medida para a próxima época arranjar um central para fazer dupla com o Veríssimo, e não continuarmos a apostar nestes dois.
Segue-se no domingo a visita à equipa da junta de salvação bancária. O terreno já está naturalmente preparado, tendo previsto há duas semanas quem seriam os árbitros nomeados para o jogo: Fábio Veríssimo no campo e o inefável Hugo Miguel no VAR, pela décima segunda vez(!) num jogo do Benfica esta época. Não que eu ache que o Benfica seja o grande favorito para esse jogo, mas assim já temos a garantia de que começamos o jogo com o campo inclinado. Com uma dupla destas, por exemplo, não tenho dúvidas que o Benfica ontem teria perdido 3-0 porque os nossos três golos, que tiveram todos que passar pelo crivo do VAR, seriam invalidados após uma minuciosa escolha do frame certo e de uma linha traçada de forma cirúrgica para descortinar uma unha em fora-de-jogo (este mesmo VAR já no jogo da primeira volta anulou um golo ao Darwin por 4 centímetros). Mas tal como neste jogo, temos que jogar pela honra do nosso emblema, e espero que a exibição de ontem e comunhão com os adeptos (que será a mesma no domingo) sirvam de motivação adicional para esse jogo.
P.S.- Também ontem os nossos miúdos foram dar um (previsível) amasso à melhor academia do mundo, que pode pelo menos celebrar o feito de pela primeira vez na história ter chegado aos quartos de final da UEFA Youth League. Já nós, juntamo-nos a Chelsea, Real Madrid e Barcelona como recordistas de presenças nas meias-finais (quatro) e já somamos três presenças na final, faltando-nos mesmo é o título que já merecemos há algum tempo. Naturalmente que as justificações chovem, inventando coisas como os jogadores do Benfica já jogarem juntos há muito tempo, enquanto que os pobres bancários só se juntaram para este jogo (só pode dizer isto quem não acompanhe de todo os jogos das camadas jovens, já que a nossa equipa na Youth League é também formada por um misto de jogadores que alinham nos juniores, Sub-23 e equipa B). O que eu vi foi uma enorme (e esperada) diferença de classe, e até os prodígios que desceram da equipa principal dos bancários para vir ajudar neste jogo (os laterais Gonçalo Esteves e Nazinho, e o famoso Essugo) foram dos que mais comprometeram, pois os nossos extremos Pedro Santos e Diego Moreira fizeram deles o que quiseram e foram os homens do jogo, enquanto que no meio campo o Martim Neto e o Cher N'Dour mandaram naquilo tudo.
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