Era uma deslocação difícil, como são em teoria todas as visitas ao Vitória em Guimarães, mas o Benfica acabou por passar no teste com distinção e arrancar uma vitória por números esclarecedores.

Depois da experiência frente ao Tondela, regressámos à fórmula apresentada frente ao Arouca, que tinha melhores resultados. A combatividade faz parte do ADN do Vitória, e portanto logo na fase inicial assistimos a uma tentativa de jogar com linhas subidas e ser agressivo na pressão por parte do nosso adversário, o que acabou por nos causar dificuldades. Não no aspecto de sermos dominados, porque a verdade é que o Vitória praticamente não criou uma ocasião flagrante de golo (a melhor que criou foi numa situação em que o seu avançado estava em posição claramente irregular), mas o Benfica não conseguiu assentar o seu jogo e ser consistentemente perigoso no ataque. As chegadas à área do Vitória eram esporádicas e pareceu-me que explorámos pouco o lado direito, acabando por ser o Prestianni quem foi mais vezes solicitado e apareceu envolvido em situações de maior perigo para o Vitória. No geral, pareceu-me que apesar de pouco esclarecido, ainda assim o Benfica foi superior durante a primeira parte (não sei mesmo que jogo é que o treinador do Vitória terá visto) mas faltava ser muito mais incisivo no ataque para poder ambicionar chegar à vantagem e vencer este jogo. Nos minutos finais da primeira parte, no espaço de três ou quatro minutos ficámos com três jogadores amarelados (Pavlidis, Sudakov e Prestianni) e isto poderá também ter influenciado as escolhas do nosso treinador ao intervalo.

Não houve aquela coisa tão típica de voltar igual na segunda parte e dar mais um tempo para ver se a coisa muda; após o intervalo o Prestianni (que conforme disse, até tinha sido dos mais perigosos do Benfica na primeira parte) e o Sudakov (mais um jogo apagado) já não regressaram, e nos lugares deles vieram o Schjelderup e o Barreiro. E e verdade é que o Mourinho acertou em cheio, porque o Benfica regressou transfigurado. O Barreiro, que em teoria é um médio de características mais defensivas, mostrou muito mais chegada à área do que o Sudakov e foi um parceiro muito mais presente para o Pavlidis. O Schjelderup, em vez de andar a perder-se em iniciativas individuais como habitualmente, teve sempre a preocupação de jogar para a equipa e acabou por proporcionar inúmeras situações de finalização para os colegas. E a direita do ataque passou a ser muito mais solicitada, onde o Lukebakio, a exemplo do Schjelderup na esquerda, teve quase sempre a preocupação de servir os colegas na área. Nos primeiros oito minutos o Benfica teve logo quatro situações flagrantes para marcar: cruzamento do Lukebakio, cabeceamento do Barreiro para defesa por instinto do guarda-redes, com o Pavlidis a falhar a recarga para a baliza vazia, de ângulo já apertado; cabeceamento do Ríos, depois de novo cruzamento do belga num canto à maneira curta, com a bola a passar ao longo da baliza e a tirar tinta ao poste; livre do Lukebakio, defesa apertada do guarda-redes para canto; e finalmente na sequência desse mesmo canto (marcado, obviamente, pelo Lukebakio) o Tomás Araújo apareceu a saltar à vontade no primeiro poste para cabecear para o golo. Foi o culminar lógico de um assalto constante à baliza do Vitória. E não demos sequer oportunidade para reacção ao adversário; foi bola a meio campo e o Benfica a voltar ao ataque. Depois, dois minutos a seguir ao golo o Vitória ficou reduzido a dez e tudo ficou ainda mais fácil. Não houve nenhum tipo de gestão de resultado, simplesmente passámos o resto do jogo a atacar e a construir ocasiões de perigo, podendo o resultado ter sido ainda mais dilatado. Marcámos mais dois golos, o primeiro deles aos sessenta e dois minutos pelo insuspeito Dahl, que apareceu na área a recolher uma bola que o Barreiro tinha sido incapaz de desviar após cruzamento do Aursnes, e descaído para a esquerda rematou forte para o golo, com a bola ainda a tocar na trave. O terceiro aos oitenta e sete, quando o Schjelderup ofereceu mais uma oportunidade de finalização aos colegas, desta vez ao Barrenechea, que rematou à entrada da área para defesa do guarda-redes (pouco antes, da mesma zona, tinha estado muito perto de marcar, sendo negado pelo guarda-redes) e o recém-entrado João Rego apareceu junto ao poste direito a fazer a recarga.

O homem do jogo foi para mim o Lukebakio, que naquele reinício de jogo arrasador do Benfica esteve em todas. É o principal desequilibrador que o Benfica tem no plantel, e quando coloca isso ao serviço da equipa, os resultados estão à vista. Muito boas entradas no jogo do Barreiro e do Schjelderup, que ajudaram a mudar o jogo. Já tinha dito que no jogo com o Arouca o Dahl tinha estado bastante melhor, e neste jogo voltou a estar. Está a fazer aquilo que os benfiquistas esperam que um lateral faça no Benfica: que seja um apoio constante ao ataque, e parece que finalmente começa a perceber isso e que tem que ser muito mais agressivo nas subidas no terreno. Desta vez foi recompensado com um golo, pode ser que isso o motive a continuar. Jogo também bastante positivo do Barrenechea, e cada vez mais parece que o António Silva terá dificuldade em recuperar o lugar (embora vá quase de certeza jogar já no próximo jogo, já que o Otamendi terá que cumprir suspensão).
Segue-se novo jogo com vitória mandatória, sob pena de arrumarmos as nossas aspirações europeias. Para que tal aconteça, precisamos do Benfica que apareceu no início da segunda parte. As minhas expectativas para o Benfica do Mourinho nunca foram e continuam a não ser de futebol espectáculo. Mas espero uma equipa tacticamente organizada e em que cada jogador saiba exactamente o que fazer em campo, e isso parece-me estar progressivamente a acontecer. Além disso, agrada-me a capacidade que tem para ler o jogo e a forma muito clara e objectiva como depois consegue sempre explicar e justificar as opções que toma. Na primeira passagem do Mourinho pelo Benfica foi precisamente em Guimarães que eu achei que a equipa tinha dado o chamado 'clique', quando lá fomos golear por 4-0 com um hat trick do João Tomás. Pode ser que a história se repita.
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