Um jogo que foi doloroso de assistir, porque voltámos a ver tudo aquilo que de mau tem acontecido regularmente nos nossos jogos esta época. Futebol previsível e repetitivo, falta de ideias no campo e no banco, um adversário exclusivamente dedicado ao anti-jogo e para o qual não soubemos encontrar antídoto, e um VAR que tem sempre critérios variáveis consoante o resultado da sua avaliação favoreça o Benfica ou qualquer outra equipa. No final, a frustração de vermos uma equipa tão asquerosa como este Moreirense que se apresentou na Luz ser recompensada com um ponto, ainda por cima graças a um autogolo ferido por uma ilegalidade gritante.
Notas de destaque na equipa inicial foram a manutenção do Morato como titular, a entrada do Paulo Bernardo para o lugar do Everton, e a troca do Gonçalo Ramos pelo Darwin na frente. O jogo foi aquilo que se esperava. Desde o seu início que foi disputado quase exclusivamente no meio campo do Moreirense, que se mostrava feliz a enfiar toda a gente à frente da área, saindo de vez em quando com dois ou no máximo três jogadores para o contra-ataque para tentativas de finalização rápidas, que nunca trouxeram qualquer perigo à nossa baliza. Depois, o arsenal completo do anti-jogo: simulação frequente de faltas, com os jogadores a deixarem-se ficar o máximo de tempo possível deitados no relvado, demora excessiva em qualquer reposição de bola em jogo, tudo isto sempre com o beneplácito do árbitro Rui Costa - o guarda-redes do Moreirense, por exemplo, conseguiu só ver o amarelo já no período de compensação após os noventa minutos. O Benfica criou uma grande ocasião de golo ainda relativamente cedo, numa das raras ocasiões em que um jogador nosso (Rafa) conseguiu receber a bola com espaço na área adversária e depois fez um remate cruzado demasiado colocado que enviou a bola ao ferro da baliza. Mas isso foi uma excepção, porque a maior parte do nosso jogo resumiu-se a um infindável número de cruzamentos feitos para a área, onde os oito jogadores do Moreirense dedicados exclusivamente a defender acabavam quase sempre por tratar do assunto com relativa facilidade. Com o passar do tempo a impaciência foi tomando conta da nossa equipa e o discernimento foi sendo cada vez (ainda) menor.
E como as coisas não estavam a correr suficientemente mal, a cerca de vinte minutos do final ficaram ainda pior. Numa das raras vezes que o Moreirense foi à frente, apanhou-se em vantagem graças a um autogolo do Gilberto, no qual o Otamendi teve o papel principal. Primeiro falhou o cabeceamento, tendo a bola seguido para um jogador adversário sobre o lado direito da nossa defesa. Esse jogador fez um cruzamento rasteiro e inofensivo que iria morrer nas mãos do Vlachodimos, mas o Otamendi decidiu antecipar-se ao nosso guarda-redes e fazer o corte, enviando a bola contra os pés do Gilberto para depois ressaltar para a baliza. A questão é que no início da jogada o cruzamento foi feito para dois jogadores do Moreirense que estavam em posição claramente ilegal, sendo que um deles tentou claramente jogar a bola. À letra da lei, isto invalida imediatamente o golo resultante da sequência da jogada. Mas a lei é uma coisa altamente variável para o VAR quando se trata do Benfica. A única certeza que temos é que se for possível a decisão ser desfavorável ao Benfica, sê-la-á. Que foi o caso. Confesso que apesar de esperar sempre o pior do VAR, mesmo assim fiquei chocado com a validação do golo, porque achava que ainda haveria uma réstia de pudor, mas estava obviamente enganado. A coisa só não foi pior para nós porque praticamente na resposta o Darwin empatou, na recarga a um primeiro remate já da sua autoria. Mas com mais de vinte minutos para jogar nada mudou no jogo, foi apenas despejar ainda mais bolas para a área da nossa parte e ainda mais anti-jogo da parte do Moreirense. No final, depois da longa ida ao VAR para validar o golo ilegal do Moreirense, depois de dez substituições, depois de demoras na reposição da bola e de lesões simuladas a exigir a entrada da equipa médica (até assistimos a uma reedição do velho episódio do Paulinho Santos em Alvalade, com o jogador do Moreirense a ser apanhado a piscar o olho de satisfação para o seu banco depois de mais uma destas simulações), mais uma vez o crime compensou e o árbitro Rui Costa deu seis minutos de compensação que são quase o standard para qualquer jogo onde não há tanta perda de tempo. Não que eu achasse que mais tempo faria alguma diferença tendo em conta a forma como o Benfica estava a jogar, mas é uma questão de princípio.
Não consigo fazer destaques na equipa num jogo em que a qualidade foi tão pobre.
Já tinha escrito antes que não alimentava quaisquer ilusões em relação ao título, por isso não foi este resultado que mudou alguma coisa. Mas não podemos perder pontos por jogarmos tão pouco contra equipas tão más como o Moreirense, que ainda por cima não querem jogar futebol. Espero sinceramente uma varridela no plantel, porque há jogadores que não podem, sob quaisquer circunstâncias, continuar no Benfica e não sofrer nenhuma consequência da situação que criaram com o anterior treinador. Não fazer nada em relação a isto é pior do que dar um tiro no pé; é dar um tiro na cabeça. Por outro lado, é muito preocupante continuarmos a ver que até nestes jogos os critérios do VAR continuam sempre a ser-nos desfavoráveis. Qualquer golo do Benfica é sempre escrutinado ao pormenor, à procura de qualquer coisa que dê para o anular. Quando é um golo contra nós, ou um possível penálti a nosso favor, os critérios tornam-se de súbito absurdamente lassos e é sempre preciso 'dar o benefício da dúvida'. É por isso que nos últimos 52 jogos para a Liga nós beneficiámos de três penáltis, sendo que um deles foi naquela fantochada contra a B SAD, em que obviamente não tinha qualquer influência. Em contrapartida, os nossos adversários mais directos beneficiaram de cerca de seis vezes mais. Em termos estatísticos, a isto chama-se uma aberração.
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