Foram mais uma vez várias as mudanças em relação ao que costuma ser o nosso onze mais habitual, mas isso não impediu o Benfica de dominar o jogo contra o Boavista do princípio ao fim, e obter uma vitória inteiramente merecida e escassa para tanto domínio e oportunidades criadas.
O Bruno Lage voltou a optar pela disposição táctica em que o Carreras actua como falso terceiro central, com o Dahl mais encostado sobre a esquerda. Do lado oposto, o Leandro Santos. A dupla de centrais foi constituída pelo Tomás Araújo e o Otamendi, o meio campo teve os dois únicos médios disponíveis Kökçü e Aursnes, e na frente jogaram desta vez o Amdouni, Belotti e Bruma. A fase inicial do jogo até foi algo morna, apesar do Benfica ter tomado imediatamente a iniciativa. Mas perante um Boavista fechado atrás e que deixava apenas o Bozenik na frente, o Benfica circulava a bola sem velocidade suficiente para desmontar e encontrar brechas na defesa adversária. Foi por volta dos vinte minutos que o Benfica resolveu aumentar a velocidade e aí o Boavista começou a mostrar ser incapaz de acompanhar o nosso ataque e a abrir buracos por todo o lado. A grande excepção, que acabou por se tornar na grande figura do jogo, foi o guarda-redes Vaclik, que só à sua custa terá evitado uma goleada das antigas. Nem posso estar aqui a enumerar todas as ocasiões de perigo que o Benfica criou, porque senão este post seria enorme - foram mais de 30 remates e duas mãos cheias de oportunidades flagrantes de golo. O marcador funcionou pela primeira vez apenas aos vinte e oito minutos, quando o Bruma na esquerda se livrou com facilidade do marcador directo e meteu a bola no centro da área para uma finalização de primeira do Belotti, que assim se estreou a marcar pelo Benfica. Depois foi ver as oportunidades a acumularem-se e o Vaclik e engatar para uma exibição épica. Só na primeira parte o Belotti poderia ter chegado ao hat trick, com o Benfica a descobrir que podia criar perigo com alguma facilidade se conseguisse colocar a bola rapidamente na área, onde o italiano conseguia quase sempre antecipar-se aos defesas. Acertou no poste numa ocasião, e viu o Vaclik negar-lhe o golo noutra, tudo em lances deste tipo. Quando o apito para o intervalo chegou, já o resultado era insatisfatório para aquilo que se tinha visto.
A segunda parte, para a qual o Boavista regressou com considerável atraso, foi a continuidade da primeira. O Benfica ameaçou o golo pelo Aursnes e a seguir pelo Bruma, e neste último lance o VAR alertou o árbitro para uma falta anterior ao remate do Bruma que levou à amostragem do cartão vermelho a um jogador do Boavista. A inferioridade numérica nada mudou, porque seria difícil o Boavista ser ainda mais dominado do que já estava a ser, mas a falta de jeito à frente da baliza e a inspiração quase absurda do Vaclik continuavam a retardar o segundo golo. Depois de mais uma defesa a uma situação do Amdouni isolado (passe magnífico do Carreras) e a seguir outra defesa a mais um remate do Belotti, confesso que comecei a ficar enervado com a possibilidade remota de um golo fortuito do Boavista acontecer completamente contra a corrente do jogo. No entanto, aos sessenta e oito minutos trocámos o Amdouni e o Belotti pelo Aktürkoglu e o Pavlidis, e bastaram dois minutos para esta dupla construir o segundo golo: passe do Kökçü a desmarcar o compatriota sobre a direita da área, e passe deste para o Pavlidis, completamente à vontade à frente da baliza, empurrar para o golo. Finalmente alguma tranquilidade no marcador, que aumentou sete minutos depois (com mais uma defesa incrível do guarda-redes do Boavista pelo meio, a um remate à queima-roupa do Kökçü), altura em que o Dahl foi puxado na área e o Kökçü converteu o penálti - teve que colocar a bola bem junto ao poste para evitar a defesa do Vaclik. Para os minutos finais, o Benfica fez entrar o Cabral e o Nuno Félix, mudando para um 442 clássico (saíram o Carreras e o Kökçü), e depois ainda deu para vermos a estreia oficial do Diogo Prioste pela equipa principal. O resultado, esse, não voltou a mexer apesar do Benfica nunca ter deixado de carregar à procura de mais golos.
Quanto aos melhores do Benfica, começo pelo Belotti. Não é um portento técnico, mas é muito forte fisicamente e foi sempre um perigo para a baliza do Boavista. Se calhar com um guarda-redes que não estivesse em modo super-herói, poderia facilmente ter feito um hat trick. Kökçü também muito bem como cérebro do jogo ofensivo do Benfica. E estou muito bem impressionado com o Dahl. Bom pé esquerdo, muito disciplinado tacticamente, e é muito inteligente a movimentar-se sem bola - acho que quando a equipa estiver mais familiarizada com ele, podemos tirar muito partido disso. Com ele a jogar naquela posição, quando temos bola o Carreras deixa de ser central e pode explorar terrenos mais interiores, com o sueco a manter-se mais sobre a linha. O lado esquerdo funcionou muito bem com estes dois mais o Bruma em combinações constantes. Do outro lado, o Leandro jogou demasiado pelo seguro e não conseguiu ser tão incisivo como o Dahl.
Mesmo dando o desconto de ter sido um jogo contra o último classificado, que está praticamente a recomeçar do zero, gostei bastante daquilo que o Benfica fez, principalmente tendo em conta que apresentámos uma equipa tão diferente do habitual. Os reforços de Janeiro estão a mostrar que podem ser ajudas preciosas para enfrentar a fase final da época. Tendo em conta o cada vez mais evidente nervosismo do Sporting, esperemos que consigamos manter o bom momento e continuar aproveitar a quebra do outro lado. A desvantagem pontual para o primeiro lugar, para já, está anulada.
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