Depois do resultado da primeira mão a tarefa era bastante difícil, e a eliminação acabou mesmo por se confirmar na segunda. Num assomo de brio ainda conseguimos evitar aquela que seria uma quase inédita quarta derrota consecutiva, mas fiquei sempre com a sensação de que raramente conseguimos deixar o Inter muito desconfortável na eliminatória.
Já não fico obviamente surpreendido quando olho para a constituição da equipa e vejo as escolhas habituais, mais ainda assim consegui achar uma escolha estranha do nosso treinador quando decidiu fazer o Neres regressar ao banco para promover o regresso do Florentino. Dados os momentos de forma actuais dos nossos jogadores, esperaria que o ele ocupasse ou o lugar do João Mário numa ala, ou até mesmo o lugar do Rafa no meio, função que já desempenhou esta época várias vezes com sucesso. Em vez disso voltámos a entregar as alas ao João Mário e ao Aursnes, o que já tínhamos visto na primeira mão ter dificuldades frente a uma equipa que sobrepovoa a zona central. Era importante, se não mesmo fundamental marcar primeiro se queríamos ter alguma perspectiva de ainda discutir o apuramento, mas a fase inicial mostrou-nos um Benfica muito pouco incisivo no ataque, que julgo nem sequer ter conseguido fazer um único remate durante largos minutos. Pelo contrário, a nossa defesa, mesmo sem ser submetida a uma pressão intensa, parecia tremer com cada ataque adversário. E era mesmo o nosso capitão e jogador mais experiente quem mais erros cometia. Aparentemente com excesso de vontade (ou nervos), o Otamendi insistia em entrar 'à queima' a quase todos os lances, perdendo-os frequentemente e deixando a equipa exposta. E o Inter chegou cedo (aos catorze minutos) ao golo que o deixava completamente confortável num lance assim, em que não só o Otamendi perdeu a bola dividida com o Dzeko como depois o Grimaldo tentou também ir ao lance e não conseguiu o corte. A partir daí ficámos completamente expostos e o remate colocado ao poste mais distante, já dentro da área, não deu possibilidades de defesa ao Vlachodimos. O Benfica continuou inócuo no ataque e só à meia hora finalmente conseguiu rematar à baliza adversária, num livre frontal do Grimaldo. Pouco depois chegou o golo do empate, num raro momento em que apanhámos a equipa do Inter descompensada numa transição. O Rafa recebeu a bola solto na direita, no limite do fora-de-jogo, e o cruzamento saiu direitinho para o meio da área, onde o Aursnes apareceu sem marcação para cabecear, com o Dumphries a chegar já tarde. A forma como decorreram os minutos a seguir ao golo e até ao intervalo, durante os quais o Inter já não pareceu uma equipa tão segura de si própria, fez-me acreditar que se conseguíssemos fazer o segundo golo a eliminatória poderia ficar em aberto.
Para a segunda parte regressámos com o Neres, que veio dar maior dinâmica ao ataque e deixar-me ainda mais perplexo com o facto de não ter sido aposta de início. A surpresa veio no facto dele ter substituído o Gilberto, o que significou que o nosso faz-tudo norueguês desta vez pôde estrear-se nas funções de lateral direito. E até achei que o Benfica, talvez por influência do Neres, veio melhor para a segunda parte. Vi mais posse de bola no meio campo adversário e aproximações à área. E tal como na primeira mão, voltámos a ver uma decisão infeliz da arbitragem - parece que já é um clássico sempre que atingimos esta fase da prova. Desta vez a equipa de arbitragem espanhola fechou os olhos a um penálti que pelo menos na repetição é por demais evidente, do Lautaro sobre o Aursnes. Tal como disse, se o Benfica tivesse feito o segundo golo antes do Inter, talvez a eliminatória pudesse ter outra história. Tal não aconteceu e por isso continuámos expostos às nossas desconcentrações defensivas e cinismo italiano. E aos sessenta e cinco minutos provámos disso mesmo, com o golo a surgir pelo lado do nosso lateral improvisado, e o cruzamento rasteiro a encontrar o Lautaro completamente sozinho no meio da área, depois de fugir à marcação dos centrais. A quinze minutos do final lá trocámos de Gonçalos (o Ramos devia estar estoirado, porque andou por ali a correr até à exaustão, mesmo que sem grandes resultados práticos) mas estranhamente continuámos a insistir no João Mário e no Rafa, que sinceramente nesta altura quase parecem atrapalhar mais do que ajudar. A troca de Gonçalos não surtiu grandes efeitos, mas o Inter, que na mesma altura fez três alterações de uma vez, teve a recompensa imediata. Acabadinho de entrar, o Correa, mais uma vez pela direita, deixou o Otamendi nas covas com um simples toque e disparou cruzado ao poste mais distante para o terceiro golo. O Inter neste jogo fez três remate à baliza do Benfica e marcou três golos, sem que o Vlachodimos pudesse fazer o que quer que fosse. Com a eliminatória mais do que resolvida, finalmente houve do banco uma resposta imediata a este golo e entraram o Musa e o João Neves para os lugares do Rafa e do Chiquinho, e a equipa pareceu ter um abanão positivo. Mesmo sem nada já para ganhar, fomos à procura de melhor sorte e a quatro minutos do final, depois de um livre da direita do Grimaldo,o António Silva cabeceou para o golo, isto já depois do Neres ter acertado em cheio no poste numa excelente ocasião para o Benfica. Ainda tempo para a tradicional substituição do minuto 89, na qual trocámos (finalmente!) o João Mário pelo Schjelderup e mesmo a acabar o jogo chegámos ao empate. Novamente o Grimaldo na origem do golo, entrando pela esquerda numa boa iniciativa individual em que fez um túnel ao Brozovic e colocando a bola no interior da área, onde depois de um ressalto sobrou para o remate de primeira do Musa.
Acabo por escolher o Grimaldo como o jogador a destacar, pelas duas assistências para golo que fez. Também o Neres merece ser mencionado, porque ao contrário de boa parte da equipa parece estar em boa forma e tem mexido sempre com os jogos quando entra. O motivo pelo qual começa no banco e optamos por dois médios sem grande capacidade de explosão nas alas, só o nosso treinador pode explicar. Quero falar também do Otamendi, que nesta altura parece ser uma parte importante do problema. Está num momento de forma bastante mau, e o pior é que tem estado directamente ligado a quase todos os golos que o Benfica tem sofrido nesta fase negra. O segundo golo do Porto tem intervenção directa dele, o do Chaves nem vale a pena falar, e ontem está em dois dos três golos do Inter. A forma como foi batido com tanta facilidade pelo Correa no lance do terceiro golo é difícil de aceitar. Eu acho sempre que ele se faz aos lances com demasiada sofreguidão e um adversário inteligente consegue tirar partido disso.
Objectivamente, isto foi uma campanha muito boa do Benfica na Champions. Nunca ganhámos tantos jogos ou dinheiro, e nunca jogámos com a convicção e personalidade com que o fizemos até aos oitavos. Mas a verdade é que julgo que a maioria dos benfiquistas se sentirá frustrada nesta altura, porque temos a sensação de que estaria perfeitamente ao nosso alcance fazer ainda melhor. Infelizmente o pior momento de forma da época surgiu precisamente nesta altura decisiva e isso para já custou-nos a eliminação da prova. Não há vitórias morais, mas julgo que pelo menos foi importante para a nossa equipa terem conseguido evitar a derrota no jogo de ontem. Ao contrário de outros jogos, eu não tenho muito a apontar-lhes em termos de atitude e gostei que não tivessem simplesmente baixado os braços mesmo com um resultado extremamente negativo. Agora é mostrar vontade no jogo contra o Estoril e regressar rapidamente às vitórias.
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