A visita a casa do último classificado esteve longe de ser uma tarefa fácil, mas o Benfica conseguiu facilitá-la com uma entrada de rompante e dois golos madrugadores, que proporcionaram uma margem de algum conforto para o resto do jogo. Sem nunca ter assumido o controlo do jogo, o Paços ainda assim conseguiu o feito pouco usual de acertar três vezes nos ferros da nossa baliza, o que acaba por marcar o jogo.
Em relação ao jogo nos Açores, a grande novidade foi a chamada à titularidade do Gonçalo Guedes para o lugar que tinha sido do Draxler. No centro da defesa, o natural regresso do Otamendi. A entrada do Benfica no jogo foi uma repetição do cenário que tínhamos visto contra o Santa Clara. Entrada muito forte e com muita pressão, com quase toda a equipa bem metida no meio campo adversário e a pressionar bem junto da área do mesmo, a quase não deixar tempo para respirarem. O Gonçalo Guedes andou a deambular entre a esquerda e as costas do avançado, trocando muitas vezes de posição com o Aursnes, e com isso deu grande dinâmica ao nosso ataque. Foi numa situação em que mais uma vez o Benfica não deixou o Paços sair e recuperou a bola em zona alta que o Gonçalo Guedes foi derrubado à entrada da área. Apesar do livre ser mais sobre o lado esquerdo, nesta fase isso já pouco importa para o Grimaldo e todos nós devemos ter antecipado o que dali poderia sair. E saiu mais uma vez um livre marcado de forma exemplar - o espanhol parece ter dominado a arte de fazer a bola sobrevoar a barreira para depois baixar rapidamente para a baliza, e quando o guarda-redes do Paços voou para lhe tocar já ela estava dentro da baliza. Foi aos sete minutos, e o facto de só depois desse primeiro golo o Paços ter chegado perto da nossa área mostra bem a forma como entrámos no jogo - nesse lance, o que me ficou na retina foi uma rara confirmação de que o Enzo é humano, pois foi dele a perda de bola que proporcionou o ataque do Paços. A chegada do Paços à frente foi no entanto respondida com novo golo do Benfica pouco depois. Nova iniciativa individual do Gonçalo Guedes à entrada da área pacense, vindo da esquerda para o meio para depois fazer um passe pelo meio dos defesas que deixou o Aursnes sozinho em frente ao guarda-redes. O remate cruzado deste ainda foi defendido, mas a bola sobrou para o João Mário, que apenas teve que empurrar para a baliza deserta. Reclamou o Paços por um fora de jogo inexistente, por algum motivo o VAR ainda demorou mais tempo do que seria normal para um lance que não oferecia dúvidas na repetição, mas o golo lá foi validado, isto perante os sucessivos gestos bizarros de impotência por parte do árbitro para os jogadores do Paços. Dois golos madrugadores poderiam indiciar uma potencial goleada, mas honra seja feita ao Paços, que não baixou os braços e nunca se deu por vencido. Sempre que possível tentaram vir para a frente e criar perigo, o que até os deixou por diversas vezes mais expostos atrás. E um terceiro golo do Benfica provavelmente até poderia ter feito mesmo o jogo ir para a goleada, mas o mais perto que isso esteve de acontecer foi num remate do Gonçalo Guedes, que fez a bola passar muito perto do poste. O Paços, por sua vez, enviou a primeira bola ao poste num grande remate de fora da área.
A segunda parte não me agradou muito. Nunca me pareceu que o Benfica tivesse deixado de ter a mão no jogo, mas achei que ficámos numa espécie de limbo, no qual não matámos de vez o jogo mas também não conseguimos metê-lo no congelador. Por isso tivemos um jogo demasiado partido para o meu gosto, no qual o Benfica tinha a maior parte da posse da bola mas onde o Paços, sempre que a recuperava, conseguia encontrar espaços para contra-atacar e causar algum incómodo. Para além disso o Benfica criou poucas situações de muito perigo junto à baliza adversária, o que também não deve ser alheio ao facto de cedo termos ficado privados do Gonçalo Ramos, entrando a inevitabilidade Musa para o seu lugar. As melhores situações de golo durante a segunda parte foram aliás quase todas do Paços, e estive sempre com a sensação de que o aparente conforto do Benfica no jogo desapareceria rapidamente caso o Paços tivesse conseguido aquele golo que relançaria a incerteza no resultado. No seguimento de um livre, nova bola no poste, pelo mesmo jogador - o holandês Thomas. Já mais perto do final, num lance que até parecia ser de muito perigo, o Vlachodimos evitou o golo num remate cruzado já perto da linha de fundo com um a defesa por instinto com o braço. E mesmo a acabar o jogo, no último lance da partida, mais uma bola no poste, num remate cruzado do recém-entrado ponta de lança Fábio Gomes. Da parte do Benfica, o remate mais perigoso pertenceu ao Grimaldo, e houve ainda um lance em que o Musa chegou uma fracção de segundo atrasado para desviar um cruzamento perigoso do mesmo Grimaldo. Na fase final do jogo trocámos o Florentino e o Gonçalo Guedes pelo Chiquinho e o Draxler, e o primeiro trouxe alguma qualidade na saída de bola. Já o Draxler não deu a mesma mobilidade do Gonçalo Guedes, mas também é verdade que nessa fase o Guedes já tinha quase desaparecido do jogo.
O Gonçalo Guedes, que esteve nas jogadas dos dois golos, foi um dos destaques na nossa equipa. A sua contratação, mesmo que só por meia época, veio trazer-nos a dinâmica que faltava à meia esquerda do nosso ataque - o papel que com quase toda a certeza estaria pensado para o Horta, caso se tivesse concretizado a sua contratação. As constantes trocas de posição entre ele, o João Mário e o Aursnes no ataque baralham bastante as marcações aos adversários, e juntamente com o Gonçalo Ramos são os primeiros a pressionar imediatamente a saída de bola. O Aursnes foi outro dos jogadores em destaque, mesmo actuando numa posição que não parece ser a mais natural para si, mas o norueguês parece ser um profissional de excelência com grande disciplina táctica. Outro destaque natural para o Grimaldo, que está no seu melhor momento de sempre desde que chegou ao Benfica. Mais um livre exemplarmente executado, e sempre um dos jogadores mais activos no ataque à profundidade pela esquerda.
Janeiro está a chegar ao fim e o Benfica segue no primeiro lugar. A coisa pode ser tão má que, se por acaso o Benfica conseguir continuar a ser competente e ganhar o próximo jogo, os mais directos adversários entrarão em campo a dez, onze e dezoito pontos de distância, com dois deles a defrontarem-se - é muito mau para quem tem em marcha um plano para tentar manter o Benfica afastado dos lugares da Champions. O tempo para a habitual golpada começa a escassear, e com a integração dos reforços de Inverno o nosso plantel fica mais equilibrado e as possibilidades de acidentes de percurso tornam-se mais raras. Por isso o desespero começa a tornar-se mais evidente nas hostes inimigas, que continuam a ansiar lançar a instabilidade do nosso lado. Ontem assistimos à recuperação pelo Expresso (que foi sempre um dos braços armados do golpe dado para impedir o penta do Benfica) de um suposto caso de aliciamento feito em nome do Benfica a um jogador do Marítimo, a que os avençados estrategicamente colocados no resto da imprensa rapidamente deram eco. Isto depois de esta semana termos ficado a saber que, pelos vistos, o Porto como mero assistente num processo que envolve o Benfica terá tido acesso à matéria investigada quando o mesmo terá sido negado aos próprios arguidos - é a famosa justiça à moda de Palermo, e o facto do processo ter sido transferido lá para cima não será certamente alheio a este facto. Isto são apenas mais pormenores para juntar à forma como tem sido constantemente noticiado o julgamento dos três arguidos ligados ao Porto no caso dos e-mails, em que cada notícia que sai é dada de forma a fazer parecer que é o Benfica quem está a ser julgado. Eles não vão parar. Deu-lhes muito trabalho dar o golpe para interromper a hegemonia que o Benfica estava a estabelecer no futebol português. A pior coisa que lhes pode acontecer é o Benfica voltar ao topo tão depressa.
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