O jogo esteve muito longe de ser tão fácil quanto o resultado pode fazer crer, mas com uma mentalidade muito forte conseguimos quebrar a malapata em Guimarães (onde tínhamos empatado nas três últimas épocas) e conquistar uma vitória muito importante, por números que não deixam dúvidas. Foram três golos em casa de uma equipa que não sofria golos como visitada há cinco jogos consecutivos.
O jogo antevia-se complicado, e a chuva forte que deixou o campo pesado e encharcado não ajudou. O Benfica entrou em campo com o mesmo onze pela terceira jornada consecutiva, e de imediato se viu aquilo que era esperado: uma entrada muito forte por parte do Vitória, que veio com tudo para cima do Benfica e que logo no segundo minuto teve uma ocasião flagrante para marcar. Valeu-nos que o desvio do Telmo Arcanjo, que surgiu solto ao segundo poste, saiu ao lado da nossa baliza. O Vitória pressionava de forma extremamente agressiva, com quase toda a equipa metida no nosso meio campo e três, quatro, até cinco jogadores em cima da nossa área a morder as canelas aos nossos jogadores sempre que tentávamos sair a jogar. Passámos por isso por dificuldades nos primeiros vinte minutos, durante os quais praticamente não conseguimos fazer uma jogada com mais de três passes certos seguidos. E a exemplo do que já aconteceu no jogo anterior, a nossa ala direita, com o Tomás Araújo e o Di María, foi muito pouco útil e quando conseguíamos sair era pelo lado oposto, onde o Carreras e o Aktürkoglu assumiam as despesas. Mas acabou por ser a pressão alta do Vitória a resultar no nosso golo inaugural - pressionar assim tão alto tem sempre os riscos associados quando a equipa pressionada consegue ultrapassar essa linha de pressão. Aos vinte e um minutos, numa jogada em que cheguei a ver o caso muito mal parado, com o Tomás Araújo, o António Silva e o Florentino a serem muito apertados sobre a direita da nossa área, o passe deste último acabou por conseguir sair paralelo à linha lateral até aos pés do Pavlidis sobre a linha do meio campo, que rodou e de imediato soltou para o Aktürkoglu do lado oposto do campo. Depois foi uma jogada de contra-ataque perfeitamente desenhada, com o turco a progredir para a área e a soltar na altura certa para o Kökçü, que já na área rematou para uma defesa do Varela que deixou a bola para o Pavlidis empurrar para a baliza deserta (um lance quase igual ao que aconteceu a semana passada contra o Arouca, em que o Aktürkoglu rematou para defesa do guarda-redes e depois o Di María não conseguiu fazer o mesmo que o Pavlidis). Um golo muito importante para abanar o ímpeto do Vitória, que nos minutos seguintes acusou de forma notória o golpe e isso permitiu finalmente ao Benfica respirar e jogar de forma mais controlada. Ao ponto de até termos conseguido marcar mais uma vez. Sem surpresa nenhuma, nova jogada pelo lado esquerdo, onde o Aktürkoglu solicitou a entrada do Carreras que colocou a bola à frente da baliza para o Pavlidis empurrar, mas desta vez o grego foi demasiado rápido e adiantou-se à linha da bola, ficando em posição irregular. Mas o nosso adversário voltou a ganhar novo ânimo para os minutos finais da primeira parte, motivado por um livre marcado para a área do qual resultou um cabeceamento para uma defesa por instinto do Trubin, que de forma quase inacreditável evitou um golo que parecia quase certo. Mas conseguimos suster o novo ânimo do Vitória até ao intervalo com segurança.
Não mudámos nada ao intervalo e o jogo voltou com o Vitória ainda por cima do jogo e a assumir as despesas do ataque. Ao fim de poucos minutos, no entanto, o Di María acusou problemas físicos e acabou por ser substituído pelo Schjelderup, que se foi colocar sobre a esquerda, mudando o Aktürkoglu para a direita. Gosto muito do Di María, mas há males que vêm por bem. Ele não estava a ter qualquer utilidade neste jogo, e com esta alteração a nossa equipa ficou mais equilibrada e passou a ter capacidade para sair a jogar pelos dois flancos. Apesar do Vitória continuar por cima, pareceu-me que estivemos bastante mais seguros na segunda parte e não permitimos que o Vitória conseguisse causar tantos problemas à nossa defesa. O que não podíamos controla era a vontade de inventarem livres perigosos à entrada da nossa área, mesmo ao jeito do Tiago Silva. Foram dois quase na mesma posição, e ambos completamente inventados. Felizmente morreram ambos na barreira, mas ficou bem patente o perigo a que estávamos sujeitos (o indivíduo do apito é aquele que teve uma exibição arbitral épica na Amadora quando o clube dos bancos lá jogou). A vinte minutos do final lá tivemos a repetição de um cenário tantas vezes visto esta época, em que o Tomás Araújo já não conseguiu aguentar mais e teve mesmo que ser substituído. Eu honestamente não sei se aquilo que o Tomás Araújo consegue oferecer à equipa a jogar na lateral direita durante 60-70 minutos é assim tanto que justifique termos que queimar sempre uma substituição em todos os jogos, mas o treinador é o Bruno Lage, ele lá saberá. Mas mais uma vez, há males que vêm por bem e com a entrada do Barreiro para o meio campo e o desvio do Aursnes (que nem estava a ter um jogo particularmente bem conseguido) para a direita achei que a nossa equipa ficou mais uma vez melhor. E enquanto as equipas se ajustavam, aproveitou o Carreras para dar mais um golpe decisivo no jogo. Deixado na esquerda no um para um com o lateral direito do Vitória, ultrapassou-o numa iniciativa individual de classe, e já de ângulo apertado rematou a bola entre o Varela e o poste mais próximo para um grande golo. Não digo que o jogo ficou resolvido porque se há equipa que eu acho que nunca desiste é o Vitória, e quase na resposta esteve muito perto de voltar à discussão do resultado. Valeu-nos mais uma defesa estrondosa do Trubin, literalmente o segundo golo que ele defendeu neste jogo, com uma estirada de reflexos espantosos. Não voltou o Vitória ao jogo, aproveitou o Benfica para o matar a seis minutos do final. O Schjelderup foi travado em posição frontal à área do Vitória, ainda um pouco longe dela, e no livre resultante o Kökçü rematou para uma defesa incompleta do Varela (tentou agarrar a bola e deixou-a fugir para a frente). No sítio certo lá estava mais uma vez o Pavlidis, que de pé esquerdo empurrou para o terceiro golo. Só aí é que o Vitória finalmente se entregou, com o Benfica a colocar o Bruma, Dahl e Belotti em campo para os minutos finais.
A figura do jogo pode ser o Pavlidis pelos dois golos, mas o homem do jogo para mim foi o Trubin. Esteve sempre seguríssimo e fez duas defesas estrondosas que evitaram dois golos certos. Outros destaques foram para mim o Florentino, que começou mal o jogo mas foi sempre subindo de rendimento até acabar por ser um dos melhores, e o Carreras. Os dois turcos também estiveram num bom nível. O Aktürkoglu está de regresso à boa forma e é sempre uma das opções mais válidas para fazer as transições ofensivas, e o Kökçü é o organizador de jogo por onde passam quase todas as bolas quando saímos para o ataque.
Tal como há duas semanas no Porto, havia muita gente a salivar e a apostar muitas fichas na perda de pontos por parte do Benfica neste jogo. Eu confesso que nesta altura até me sinto menos preocupado com os jogos teoricamente mais difíceis. Por norma preparamos bem os jogos e os nossos jogadores apresentam-se com a atitude competitiva que se exige. E quando os nossos jogadores estão ao seu melhor nível, nenhuma equipa em Portugal consegue fazer-nos frente. São os jogos mais fáceis que por vezes me deixam mais apreensivo, porque eu acho que nós temos uma irritante tendência para a sobranceria neles. Já tivemos diversos exemplos esta época do que pode acontecer nesses jogos, e é por isso que eu espero que o cenário não se repita uma vez mais com o AFS. Somos claramente favoritos, mas temos que entrar em campo com a atitude que justifique esse favoritismo, e não ficar à espera que sejam as camisolas a ganhar o jogo.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.