Depois de falharmos a Champions, Supertaça e Taça da Liga, deixámos agora o campeonato encaminhado para o mesmo destino. Nove e cinco pontos de atraso ainda antes terminada a primeira volta julgo que nem o mais pessimista adepto benfiquista poderia prever.
Isto nem é um post sobre o jogo de ontem, porque não o vi e, sabendo já do resultado, obviamente que já não vou ver a gravação. Aliás, o resultado nem sequer é uma grande surpresa. Tendo em conta a qualidade do futebol que temos apresentado nos últimos meses, e somando a isso mais de meia equipa recém recuperada da COVID-19 e a preparação do jogo a ter que ser feita sem a presença do treinador, que nem sequer se pôde apresentar no banco, aquilo tinha tudo para correr mal e era preciso mesmo uma boa dose de optimismo para esperar algo melhor. O problema vai para além do jogo de ontem, esse foi apenas um sintoma da situação geral, e o que é pior é não vermos perspectivas disso melhorar. De uma forma concreta, o que eu tenho visto não é evolução, mas sim regressão. A nossa equipa hoje em dia joga muito pior do que jogava quando a época começou. Em termos individuais, a regressão de certos jogadores chega a ser assustadora: o Darwin ou o Everton, por exemplo, são uma sombra daquilo que mostraram quando chegaram, e ninguém diria que valem aquilo que pagámos por eles, ou que um deles é titular indiscutível da selecção brasileira. Isto não é normal. Pior ainda, a gestão desportiva deixa-me a pensar se quem é responsável por ela vê as mesmas coisas que o adepto normal vê. Parece-me que há problemas e lacunas evidentes na equipa, mas a única prioridade nesta janela de transferências foi contratar mais um defesa central (e dispensar outros dois). Temos lacunas graves no meio campo, identificadas nas posições seis e oito. Até posso admitir que depois do enorme investimento feito no início da época não haja verbas para grandes loucuras, mas temos o Florentino e o Gedson emprestados sem jogar. Tive esperanças que os fizéssemos regressar, dando-nos pelo menos mais opções, mas não, e o Gedson até foi recambiado para a Turquia. Entretanto continuaremos a ver frequentemente um número oito de origem (Gabriel) a jogar pessimamente na posição seis, e um jogador aleatório que nem sabe que posição deve ocupar em campo (Taarabt) a semear o caos adaptado à posição oito. O Cervi esteve com um pé na porta de saída, mas depois faz um par de jogos e afinal não, é para ficar. O mesmo pelos vistos para o Chiquinho. No ataque temos o Darwin cada vez mais espremido e a jogar de forma quase desesperada, e temos o melhor marcador da época anterior emprestado. Uma pessoa fica com a sensação de que navegamos à vista e que não existe um plano a médio prazo (já nem digo a longo prazo). Volto a escrever, como já o fiz várias vezes, que a minha opinião sobre o nosso treinador é enviesada porque não gosto dele e nunca vi com bons olhos o seu regresso. Mas aquilo a que estou a assistir defrauda por larga margem as piores perspectivas que eu pudesse ter, e eu já achava que o regresso dele era um erro histórico.
Esta época seria sempre atípica por nos faltar aquilo onde seremos sempre mais fortes do que qualquer adversário: a força da nossa massa adepta. Mas atípica não pode significar desastrosa. E é ainda mais desastrosa porque vem na sequência da já de si desastrosa segunda metade da época passada. Isto significa que não soubemos identificar e corrigir aquilo que fez com que na época passada entregássemos de mão beijada um campeonato que estava ganho, e que tenhamos no processo rebentado com o melhor treinador que tivemos neste clube nos últimos anos (é uma opinião, obviamente discutível, mas há muitos anos que eu não me recordo de ver o Benfica jogar futebol como jogou com o Bruno Lage, com resultados como apenas um empate e uma derrota em trinta e muitos jogos). Para o lugar dele fomos buscar uma opção que já tinha muita probabilidade de correr mal, numa espécie de 'all in', e não resolvemos os problemas que tinham dado cabo do treinador anterior. Apesar de não gostar do JJ, eu não acredito que de um momento para o outro ele tenha passado a ser um absoluto incompetente; há outros factores que estão a contribuir para aquilo a que estamos a assistir. A continuarmos neste rumo, o rotundo fracasso parece ser o único desfecho possível.
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