Um empate final que acaba por ser um resultado algo frustrante, porque ficamos com a sensação de que perdemos uma boa oportunidade para vencermos num estádio onde tradicionalmente temos muitas dificuldades. Mas fica a satisfação de termos visto, para variar, uma boa exibição da nossa equipa no Porto, muito assente numa atitude competitiva muito superior à que temos vindo a mostrar. Aquela que desejamos ver em todos os jogos da nossa equipa.
Nos dias que antecederam o jogo já quase toda a gente tinha a certeza quase absoluta sobre qual seria o onze titular do Benfica. O nosso treinador acabou por surpreender ao retirar o Everton da equipa para colocar o Nuno Tavares, jogando o Grimaldo mais adiantado. O objectivo seria certamente controlar melhor as investidas do Corona por aquele lado, e a verdade é que isso foi conseguido, já que ele esteve muito menos em jogo do que costuma ser habitual nos jogos do Porto. O Benfica foi diferente, para melhor, daquilo que tem sido a norma nos últimos meses, e também daquilo que costuma ser mais habitual nas visitas a casa do Porto. E isso passou muito por uma diferença de atitude. Os nossos jogadores foram aguerridos, não se encolheram nem tiveram medo de meter o pé quando foi preciso. O jogo foi sempre equilibrado,, com cada bola a ser disputada até ao limite e muita luta no meio campo, com poucas ocasiões de golo de parte a parte. O Benfica tentou jogar com linhas subidas e pressionar a saída de bola do Porto, e depois sair rápido sempre que conseguia recuperar a bola. Em termos de saída de bola, conseguíamos quase sempre fazê-lo bem muito por culpa do Weigl, que vinha buscar a bola aos centrais e assim impedia que os dois avançados do Porto fossem capazes de fazer a pressão de forma mais eficaz. A defender, vimos muitas vezes o Nuno Tavares a fechar mais ao meio, com o Grimaldo a recuar na esquerda. O Porto jogou mais na habitual tentativa das bolas puxadas para os homens da frente, e procurar arranjar bolas paradas para serem marcadas pelo tipo que é uma espécie de exemplo perfeito do azeiteiro bimbo (Sérgio Oliveira). Um exemplo também de um jogador absolutamente mediano que no Porto é elevado a internacional à custa da marcação de penáltis e bolas paradas. O primeiro aviso do Benfica foi dado cedo, numa desmarcação do Darwin pela esquerda a passe do Weigl, para depois assistir o Seferovic que rematou ao lado. O nosso lado esquerdo parecia estar a funcionar bem com os dois laterais e era muito por esse lado que íamos insistindo mais. Foi precisamente daí que nasceu o nosso golo, pouco depois de concluído o primeiro quarto de hora: cruzamento largo no Nuno Tavares a encontrar o Seferovic na área, que com um toque de primeira de enorme classe isolou o Grimaldo. Depois este, à saída do Marchesín, picou-lhe a bola por cima. Uma bonita jogada de equipa a resultar num bonito golo. O Benfica mostrava-se confiante a seguir ao golo e continuou um pouco mais por cima, mas um bocado do nada (o lance nasce de um lançamento de linha lateral no nosso lado direito) o Porto acabou por chegar ao empate oito minutos depois. Um golo algo feliz porque o remate enrolado do Taremi, desferido bem no meio da área depois do Corona ter ganho sobre o Gilberto, não levaria a direcção da baliza mas o Marega, apesar de se esforçar para não tocar na bola, acabou mesmo por fazê-lo ao de leve, levando a que esta ainda fosse bater no poste antes de entrar. A resposta do Benfica foi quase imediatamente a seguir desperdiçar uma ocasião soberana para voltar à vantagem. Mais uma boa jogada da equipa, que começa na saída de bola pelo Weigl, com esta a viajar da esquerda para a direita passando por vários jogadores até que o Pizzi fez o passe rasteiro para a marca de penálti, onde o Darwin rematou para fazer a bola acertar em cheio no poste. O jogo continuou muito disputado, com poucas ocasiões de parte a parte mas pareceu-me que com uma ligeira superioridade nossa. O Porto teve uma boa ocasião num remate cruzado do Díaz que passou perto do poste, e o Benfica teve quase em cima do intervalo mais uma grande ocasião, na qual o Darwin se isolou descaído para a esquerda depois de uma boa transição feita pelo Rafa, e depois decidiu rematar de ângulo muito apertado quando bastaria ter dado um ligeiro toque para trás para apanhar o Rafa completamente sozinho em frente à baliza.
No início da segunda parte vimos alguns sinais daquilo que o Porto tenta quase sempre fazer quando e sente apertado, que é levar o jogo para a arruaça e quezílias de forma a fazer os nossos jogadores perder a cabeça. Pena que o Pizzi, um dos nossos jogadores mais experientes, tenha sido precisamente aquele que caiu nesse embuste. E provavelmente com um árbitro mais solícito como o pasteleiro teriam conseguido arrancar a sua expulsão, quando o já citado azeiteiro ficou a rebolar agarrado à cara depois do Pizzi o ter atingido com a bola no peito quando estava no chão. Aliás isto foi uma constante durante todo o jogo. Acho que nos jogadores do Porto há uma ligação nervosa qualquer entre as canelas e a cara, porque qualquer toque ou falta que sofriam ficavam imediatamente a rebolar no chão agarrados à cara. No jogo jogado, as coisas continuaram muito no pendor da primeira parte, mas com ainda menos situações de perigo de parte a parte. Muitas faltas a travar as jogadas quase à nascença e as equipas a conceder muito pouco espaço ao adversário. Ainda assim, continuei a achar que o sinal mais era nosso. A melhor ocasião foi do Benfica, numa bola que sobrou para o Rafa dentro da área depois do Grimaldo a ter ganho de cabeça, mas a saída rápida do Marchesin aos seus pés conseguiu evitar o golo. A resposta do Porto, para variar, foi em mais uma bola parada, num cabeceamento de algum perigo do Marega que obrigou o Vlachodimos a defender junto ao relvado. A pouco mais de um quarto de hora do final, uma entrada brutal do Taremi sobre o Otamendi valeu-lhe o vermelho directo (assinalado pelo VAR, porque inicialmente o árbitro tinha-se ficado pelo amarelo) e um pouco paradoxalmente isto acabou por dificultar um bocado mais o nosso jogo. O domínio territorial do Benfica acentuou-se, mas por outro lado o Porto cerrou fileiras e baixou as linhas, e tornou-se mais complicado encontrar vias para atacar a baliza deles. Aliás, pouco depois da expulsão ainda tivemos um susto grande, quando o Marega surgiu solto ao segundo poste mas só conseguiu tentar finalizar com o peito, acabando por amortecer a bola para as mãos do Vlachodimos. Como já temos muitos anos disto e já sabemos o que é que a casa gasta, o Pizzi foi substituído pouco depois porque sabemos que nas raras situações em que um jogador do Porto vai para a rua contra nós, a tendência imediata é para tentar reequilibrar as coisas com uma expulsão do nosso lado. Tivemos algumas tentativas de golo como um cabeceamento do Vertonghen, um remate do entretanto entrado Everton ou novo cabeceamento do Gilberto, mas a verdade é que não conseguimos materializar a superioridade numérica numa pressão mais incómoda para o Porto e achei que o jogo até nos estava mais favorável quando estávamos a jogar contra onze.
Este foi mais um daqueles jogos em que achei que a equipa valeu muito como um todo e isso torna mais complicado fazer grandes destaques. Mas acho que o Weigl merece ser mencionado. Foi um dos principais responsáveis para que conseguíssemos quase sempre sair a jogar com critério, pela sua visão de jogo e extrema calma e lucidez que tem com a bola nos pés. Sendo eu um admirador confesso dele desde que chegou ao Dortmund, é com imenso agrado que nos vejo finalmente a começar a tirar partido das suas qualidades. Os sucessivos jogos a titular e o progressivo entendimento daquilo que o treinador espera dele parecem estar a fazer-lhe maravilhas. Espero que não se volte mais a considerar o regresso do Gabriel à posição seis, até porque essa não é a posição dele. Bom jogo também do Grimaldo, que sem tantas preocupações defensivas jogou mais solto e marcou um grande golo. Também gostei da actuação dos nossos centrais. Impuseram-se na sua zona e jogaram da forma rija que estes jogos com o Porto exigem. Finalmente, uma menção também para o Rafa, que é sempre importante nas transições rápidas.
À excepção do jogo que vencemos lá com o Bruno Lage ao comando, este terá sido dos melhores jogos que o Benfica fez no Estádio do Ladrão nos últimos anos. E um dos principais motivos foi a atitude da equipa. Talvez pela falta de público, os nossos jogadores nunca se encolheram ou deixaram intimidar, e quando o Porto perde a capacidade de intimidação contra o Benfica e contra a arbitragem, perde mais de metade dos argumentos que tem. Talvez por isso o Sérgio Conceição estivesse tão irritado no final. Também confesso que não alinho completamente com a visão que o nosso treinador teve do jogo, porque não fomos propriamente avassaladores. Acho, isso sim, que jogámos para ganhar e que fomos a equipa que esteve um pouco mais perto de o conseguir. E quando conseguimos fazer isso neste estádio, é sempre algo muito positivo. Espero também que esta exibição sirva de motivação e mote para o resto da época. No fundo, que apesar dos dois pontos perdidos, tenhamos ganho uma equipa. Porque se jogarmos sempre com esta atitude, será muito mais difícil para qualquer equipa conseguir tirar-nos pontos.
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