Ainda a meio da primeira parte deste jogo dei comigo a pensar por que motivo é que eu ainda me incomodo a ver os nossos jogos. Porque é de facto frequentemente um incómodo vê-los, e por uma razão muito simples: o Benfica joga mal.
Com o Darwin a chegar em cima da hora e sem o Taarabt, avançaram o Meïté e o Yaremchuk para a titularidade. Não que eu ache que neste momento, e salvo uma ou outra honrosa excepção, faça grande diferença que é ou não titular, porque a qualidade do futebol é a mesma. Disse na introdução que acho que o Benfica joga mal. Mas se preferirem, podemos dizê-lo por outras palavras: o Benfica não sabe jogar. Quando lhe oferecem a iniciativa de jogo e o deixam ter bola, simplesmente não sabe o que fazer com ela. É um vazio gritante de ideias. O Braga ganhou este jogo fechando-se atrás e dando a iniciativa ao Benfica, saindo depois para o contra-ataque sempre que uma das infindáveis trocas de bola e lateralizações acabava inevitavelmente na perda da posse. Basta isso para ganhar a este Benfica. A título de exemplo, basta dizer que quase no final da primeira parte o Benfica tinha mais do dobro da posse de bola do Braga, e metade dos remates. O Vertonghen ainda meteu a bola na baliza do Braga numa ocasião, mas o golo foi anulado por toque com a mão quando controlou a bola, e pouco depois num livre completamente inventado sobre a linha da área o Braga marcou pelo Iuri Medeiros, num remate que eu considero ser um frango do Vlachodimos. Ainda antes do livre ser marcado dizia para mim próprio que o remate ia sair para o lado do guarda-redes. Mas o guarda-redes não conseguiu prever isso e teve enormes responsabilidades no golo.
Ao intervalo, Darwin e João Mário para os lugares do Everton e do Gonçalo Ramos (dada a absoluta inutilidade do Yaremchuk, surpreendeu-me a sua continuidade) mas mais do mesmo e segundo golo do Braga, pelo André Horta, em mais um lance em que a nossa equipa defendeu de uma forma que envergonharia até uma equipa de infantis. O Vertonghen veio até à esquerda aliviar uma bola, que foi parar aos pés de um adversário, e como ninguém compensou ficou ali uma bela cratera bem no meio da defesa onde o Ricardo Horta ficou simplesmente à espera que a bola lhe chegasse, para depois assistir o irmão, que entrou como quis pelo meio dos jogadores do Benfica. Uma hora de jogo decorrida e o jogo parecia arrumado, até porque o Braga parecia ser mais capaz de ampliar a vantagem. Cinco minutos depois o Benfica fez três substituições de uma vez - Paulo Bernardo, Diogo Gonçalves e Seferovic para os lugares do Vertonghen, Meïté e Yaremchuk, descendo o Weigl para central - e pouco depois, no espaço de apenas três minutos, o jogo estava empatado. Os golos aconteceram aos setenta e quatro e setenta e sete minutos. O primeiro pelo Darwin, na marcação de um penálti por mão do André Horta - atenção que assitimos a um momento histórico, em que o Hugo Miguel como VAR assinalou um penálti a favor do Benfica, já que ele tem um longo historial em fazer precisamente o contrário, revertendo penáltis a nosso favor. O segundo foi na sequência da melhor (se calhar a única) jogada que fizemos em todo o jogo. Cruzamento largo do Seferovic da direita para o segundo poste, onde o Darwin amorteceu de cabeça para o João Mário finalizar em cima da baliza. Jogo relançado, mas isto já era competência a mais: um minuto depois, mais uma vez o Benfica a defender de forma atroz e o Braga novamente em vantagem. Na sequência de um pontapé de canto contra nós, a bola viajou até à esquerda, a defesa não subiu, e um cruzamento muito largo foi encontrar o Vitinha completamente sozinho do outro lado para marcar com um remate cruzado. Depois disso foi pressionar com o coração e sem cabeça, mas o resultado estava feito (mas gostei muito de um lance no qual o Darwin é agarrado pela camisola, consegue mesmo assim libertar-se e ganhar uma boa posição na área, e o árbitro apitou para marcar falta... contra o Benfica).
Destaque no Benfica só se for o Darwin, que provou mais uma vez que sem ele o nosso ataque pura e simplesmente é inexistente. Só mesmo quando ele está em campo é que parece que conseguimos dar pelo menos a sensação de perigo junto da baliza adversária.
Era difícil conseguirmos um resultado positivo num jogo em que jogámos decentemente para aí durante cinco minutos. Custa-me muito ver a nossa equipa e ter a clara sensação de que não têm um plano e não sabem o que fazer. Até mesmo nas bolas paradas: tivemos nove pontapés de canto durante o jogo e não criámos uma única situação de perigo, sendo muitos deles marcados para uma zona onde o guarda-redes saltava à bola sem qualquer oposição. Em contrapartida, conseguimos sofrer um golo na sequência de um dos dois pontapés de canto de que o Braga dispôs. Não sei o que irá acontecer na terça frente ao Liverpool, nem estou particularmente preocupado com isso porque já escrevi várias vezes aqui que a Champions é uma competição que não me entusiasma absolutamente nada. Mas a defender com a qualidade que mostrámos hoje é que não vamos a lado nenhum.
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