O resultado até pode fazer pensar que foi fácil, mas longe disso. A vitória do Benfica no Bessa foi indiscutível e justíssima, mas foi preciso trabalhar muito para a conquistar frente a uma equipa que fez tudo o que podia para dificultar a nossa tarefa.
Não sei se alguém ainda teria dúvidas sobre isso, mas depois da conferência de imprensa de antevisão ao jogo do nosso treinador fiquei sem grandes dúvidas que a aposta para substituir o suspenso Otamendi no centro da defesa iria recair sobre o jovem António Silva. O que veio a verificar-se. De resto, o onze esperado. Os minutos iniciais deixaram antever dificuldades, com o Boavista a ser aquilo que se esperaria de uma equipa do Petit. Muita intensidade no jogo, muita gente a fechar os caminhos para a baliza, e saídas rápidas para o ataque com futebol directo para um ou dois jogadores rápidos da frente. O que valeu inclusivamente um cartão amarelo ao estreante António Silva logo aos sete minutos, mas o Boavista acabou por nunca conseguir ameaçar seriamente a nossa baliza. O Benfica demorou uns bons quinze minutos até encaixar no jogo do Boavista e começar a remeter o adversário para o seu meio campo, cortando logo à nascença as tentativas de saída do Boavista, mas a partir do momento em que o fez tomou definitivamente conta do jogo e nunca mais perdeu o controlo do mesmo. Fundamental para isso o trabalho do nosso meio campo - é verdade que acabámos de contratar o Aursnes, que imagino que não tenha vindo para simplesmente andar a aquecer o banco, mas a dupla Florentino/Enzo neste momento está a funcionar quase na perfeição e é fundamental para que o Benfica consiga impor o seu jogo de pressão alta. Um pormenor que também me pareceu ter alguma influência foi o estado do relvado, ao qual nos tivemos de adaptar. Pareceu-me lento e pesado, com a relva a soltar-se com demasiada facilidade, o que foi uma dificuldade acrescida ao nosso estilo de jogo. Chegámos ao fundamental primeiro golo à meia hora de jogo, e quase sem surpresa, na sequência de um pontapé de canto. Depois de um par de anos em que isto parecia ser uma fantasia, esta época tornou-se quase rotina. Canto marcado na direita pelo Neres, ligeiro desvio de cabeça de um adversário na zona do primeiro poste, e na zona da marca de penálti o Morato até teve que se baixar para cabecear no meio dos adversários e fazer o golo. A partir daqui a estratégia do Boavista ficou seriamente comprometida, e bastou arriscarem um pouco mais para que o Benfica passasse a ter ocasiões para ampliar a vantagem. Duas delas flagrantes, a primeira pelo Gonçalo Ramos, que já dentro da área viu o seu remate ser desviado pelo pé do guarda-redes, e a segunda mais do que flagrante, mesmo a fechar a primeira parte. Bola longa do António Silva para as costas da defesa adversária a isolar o Rafa, que tocou a bola para o lado deixando o João Mário completamente à vontade para atirar para a baliza vazia, só que ele atirou ao lado. Chamei-lhe todos os nomes de que me lembrei, mas felizmente na segunda parte ele redimiu-se do falhanço.
Ao intervalo o Boavista tinha um remate feito (para fora), zero ocasiões de golo criadas, e pouco mais de 30% de posse de bola, o que mostra bem o controlo que o Benfica teve no jogo. Na segunda parte foi mais do mesmo - aliás, o jogo resumiu-se à expectativa em ver quanto tempo é que o Benfica demoraria a chegar ao segundo golo. Andou perto, mas foi preciso esperar até pouco depois da hora de jogo, quando fizemos três substituições de uma assentada e que acabaram por se revelar decisivas - em particular a entrada do Musa, que ao contrário da exibição apagada quando se estreou no último jogo acabou por estar muito mais em foco e ser decisivo na confirmação da vitória. Para além dele, entraram o Diogo Gonçalves e o Bah para os lugares do Gilberto e do Neres - o Petit prestou especial atenção à nossa ala direita e esta esteve bem menos influente hoje do que aquilo que tem sido habitual. Ao sessenta e sete minutos, finalmente o golo da tranquilidade: cruzamento do Grimaldo na esquerda, o João Mário ganhou de cabeça e depois o Musa conseguiu ganhar a luta com os defesas e tocar para trás para o remate vitorioso do mesmo João Mário, que assim se redimiu daquele falhanço escandaloso a fechar a primeira parte. O golo limitou-se a dar-nos mais tranquilidade, porque em jogo jogado nada mudou. O Benfica não abrandou e continuou à procura de golos, enquanto que o Boavista não revelava capacidade para reagir, e ainda bem, porque eu não me esqueci daqueles dois golos que marcaram a época passada também numa altura em que vencíamos por dois. A dez minutos do final, uma situação digna da Twilight Zone: o VAR interveio e avisou o árbitro de um penálti a favor do Benfica. Coisa quase nunca vista. A falta foi sobre o Musa, que se escapava pela esquerda e levou com os pitons do adversário cravados sobre o tendão de Aquiles. O árbitro João Pinheiro (que já tinha tido a honra de ser o primeiro a amarelar o arruaceiro do nosso treinador em Portugal - até na forma como ele depois do jogo aceitou a punição mostrou classe) assinalou pontapé de canto, mas o VAR alertou-o do erro. O João Mário marcou sem dificuldade e aumentou o ambiente de festa que os adeptos benfiquistas já criavam no Bessa desde o início do jogo. Nos minutos finais, assinalam-se mais duas estreias pelo Benfica, com as entradas do Ristic e do Aursnes, sem tempo para mostrar serviço.
Como é tradição, pelos golos que marcou, o João Mário será considerado o homem do jogo (mas ele fez mais do que isso, e tal como no último jogo até gostei mais de ver os minutos em que ele passou a cair mais para o lado direito, o que aconteceu depois da entrada do Diogo Gonçalves para a esquerda). Mas para mim o Florentino fez um jogo monstruoso. É um verdadeiro polvo no meio campo, antecipa os lances e recupera e corta bolas durante o jogo inteiro, muitas vezes à entrada da área adversária. O Morato voltou a fazer um bom jogo, o jovem António silva mostrou que podemos contar com ele como opção válida sem quaisquer reservas - muita maturidade como geriu os tempos de entrada depois de ver um amarelo tão cedo - e o Musa entrou muito bem no jogo. Para um jogo de muita luta, foi importante um avançado com espírito de luta como ele mostrou.
Sete jogos oficiais, sete vitórias, vinte golos marcados e dois sofridos. Na liga, oito marcados e zero sofridos. Mas sabemos que até agora ainda não fomos postos verdadeiramente à prova e continuamos à espera de um adversário a sério. Talvez lá para o final de Outubro, quando recebermos o Chaves, tenhamos finalmente um adversário digno desse nome, embora desconfie que daqui até lá o Chaves vá perder imensa qualidade. Para mim, é já na terça que iremos enfrentar um dos mais difíceis adversários que temos em Portugal, e já há várias épocas. Tem uma pastelaria no Porto.
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