Mais um jogo muito na linha do que têm sido as nossas exibições esta época. Um empate na Bélgica, fruto de uma grande ineficácia no ataque e do já mais do que habitual desleixo defensivo, que persiste independentemente dos jogadores que alinhem.
Eram esperadas naturais poupanças neste jogo e por isso houve mudanças no onze, em especial na defesa. Helton, João Ferreira, Jardel, Pedrinho e Waldschmidt lançados a titulares. No meio campo, a dupla Weigl/Taarabt manteve a titularidade. O Benfica entrou bem, mas quando por volta dos dez minutos já tínhamos desperdiçado umas três ocasiões para marcar (o Everton por exemplo conseguiu atirar por cima quando devia estar a uns dois metros da linha de golo) disse para mim mesmo que era certinho que a primeira vez que os belgas fossem à frente, marcavam. Bingo. Subida do lateral direito deles, cruzamento para a área, e golo de cabeça em antecipação ao Jardel, porque estavam lá três jogadores do Standard para os nossos dois centrais sem que tivesse havido ou acompanhamento dos médios ou no mínimo o lateral do outro lado a vir fechar ao meio - o nosso médio mais defensivo, neste caso o Weigl, tem que passar a maior parte do jogo a acudir ao buraco que as subidas do lateral esquerdo deixam, porque o Everton não sabe como compensá-las (e mesmo assim acho que uns três quartos dos golos que sofremos nascem sempre por aquele lado) e o outro médio, o Taarabt, deve achar que defender é uma marca de insecticida. Felizmente a resposta foi boa, ou melhor, não nos deixámos abalar porque continuámos por cima e a criar ocasiões, e o empate surgiu logo depois. Um bom passe do Pedrinho desmarcou o Taarabt, e em esforço e quase sobre a linha de fundo, já com o guarda-redes a sair-lhe aos pés, o marroquino conseguiu fazer o cruzamento para a entrada de cabeça do Everton. Apesar do golo sofrido contra a corrente do jogo, este parecia ter tudo para nos correr de feição dada a facilidade com que o Benfica criava situações de desequilíbrio no ataque e ocasiões para finalizar. Se não chegámos ao intervalo em vantagem - que podia mesmo ser confortável - foi por uma conjugação de vários factores. Inspiração do guarda-redes adversário, que fez uma série de defesas de bom nível; má finalização dos nossos jogadores; e sobretudo - e foi isto que conseguiu deixar-me seriamente irritado - uma péssima capacidade de decisão e definição das jogadas. Não estou a exagerar se disser que contei pelo menos uma mão cheia de situações em que nós recuperámos a bola, saímos para o ataque e ficámos numa situação de quatro jogadores nossos para três defesas belgas, e em nenhuma dessas situações conseguimos sequer rematar. Ou o passe final era mal feito, ou o portador da bola agarrava-se demasiado tempo a ela e soltava-a na altura errada, ou inexplicavelmente punha um travão na progressão e parecia ficar à espera que os adversários tivessem tempo para se recompor.
Na segunda parte, durante o período inicial resolvemos adormecer e o Standard teve três ou quatro ataques, que obviamente acabaram num golo. Nós podemos fazer vinte ataques que andamos alegremente a desperdiçar, mas basta darmos um par de ocasiões aos adversários que eles imediatamente aproveitam. O golo nem foi nada de particularmente elaborado, simplesmente uma saída para o ataque e um remate em zona frontal, ainda fora da área, que desviou ligeiramente no Vertonghen e acabou por entrar quase a meio da baliza - apesar do ligeiro desvio ainda acho que o Helton poderia ter feito mais. Foram entrando no jogo os suspeitos do costume - Pizzi, Rafa, Gabriel, Seferovic - e chegámos ao empate num penálti que na minha opinião foi, na melhor das hipóteses, muito forçado. O João Ferreira, numa incursão até à área adversária, acabou por cair numa disputa de bola e o árbitro considerou que tinha sido falta. O Pizzi transformou-o exemplarmente e reduziu a injustiça que era aquele resultado. Com tanta incompetência na finalização, só mesmo de penálti é que chegámos ao golo. E podíamos perfeitamente ter ganho, já que continuámos sempre por cima no jogo e a criar situações para marcar. O Darwin acertou no poste já de ângulo muito apertado, depois de já ter ultrapassado o guarda-redes, e o Pizzi, em período de descontos, acertou na trave - se tivesse levantado a cabeça também poderia ter tocado a bola para o lado, o que deixaria o Darwin com uma finalização simples. A jogada final do encontro foi apenas mais uma oportunidade para me deixar ainda mais irritado do que já estava com tanta ocasião falhada para ganhar este jogo. Com um minuto para jogar, a nossa equipa não se mostrou minimamente interessada em fazer a bola chegar até à área adversária, progredindo lentamente de lateralização em lateralização até ao apito final do árbitro. Com a bola numa zona lateral e a poder fazer no mínimo um cruzamento largo para a área (como aquele que o Gabriel fez que resultou no golo contra o Paços), sabendo perfeitamente que o árbitro poderia apitar a qualquer momento, os nossos jogadores preferiram fazer um passe para trás. Duvido que fizesse alguma diferença, e a vitória de pouco serviria porque o Rangers ganhou o seu jogo, mas a atitude conseguiu enervar-me ainda mais.
Não me parece que tenham havido jogadores a destacar-se muito. Houve tanta asneira feita que quando penso em qualquer um dos jogadores que actuaram só me consigo lembrar dos respectivos erros e é-me impossível dizer que estiveram bem. Foi-nos 'prometido' que jogaríamos o triplo, mas eu vejo jogadores que até parecem ter regredido esta época.
Num jogo em que se calhar podíamos ter marcado meia dúzia de golos e no final acabamos por empatar a irritação é o que eu mais retiro dele. E a somar à ineficácia a atacar, a constante incompetência a defender tem que ser um motivo de séria preocupação para a nossa equipa técnica. É incompreensível como se continuam a cometer os mesmos erros jogo após jogo. O Benfica sofreu nove golos em seis jogos da Liga Europa, tendo como adversários o Rangers, Lech Poznan e Standard de Liège. Quando tivermos que jogar contra equipas que vieram da Champions, como será?
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