Antes desta última jornada da Champions obviamente que tinha esperanças de acabar no primeiro lugar do grupo. Mas essa esperança assentava sobretudo na convicção de que a Juventus quereria dar um último arzinho da sua graça perante os seus adeptos e tirar pontos ao PSG. O que nunca me passou pela cabeça foi que o Benfica o conseguisse recuperando a desvantagem que tinha para o PSG na diferença de golos. Por ter sido assim, e da forma que isso aconteceu, é que torna esta jornada épica e inesquecível.
Portanto, entrámos em campo com a calma de termos a questão do apuramento resolvida, e sabendo que para chegar ao primeiro lugar ou teríamos que fazer um resultado melhor do que o do PSG em Turim, ou então recuperar uma diferença de quatro golos para o PSG. A equipa apresentada não teve qualquer surpresa: na ausência do Enzo, o escolhido para a posição dele foi o Aursnes, e depois jogaram os do costume. Do outro lado, o Maccabi ainda sonhava com o terceiro lugar, bastando-lhe para isso fazer melhor do que a Juventus frente ao PSG. O primeiro sinal de perigo até foi dado pela equipa israelita, quando teve um jogador a surgir solto na área para rematar cruzado e fazer a bola passar muito perto do poste. A resposta do Benfica foi uma excelente incursão do Aursnes pela esquerda, seguida de um passe atrasado para o Gonçalo Ramos rematar de primeira ao poste. A entrada dos israelitas no jogo até foi forte e decidida, mas o Benfica não se deixou intimidar por isso e pelo ambiente no estádio, e com calma foi assentando o seu jogo até que, com aparente naturalidade, passou a controlá-lo e o Maccabi foi sendo empurrado para trás. O Rafa deu o segundo aviso, num remate em arco de fora da área que obrigou o guarda-redes a uma grande defesa. E aos vinte minutos chegou mesmo o golo. Na insistência a um pontapé de canto, na sequência do qual os jogadores do Maccabi perante a pressão a que estavam a ser sujeitos simplesmente aliviaram a bola de qualquer maneira, esta foi ter com o Bah sobre a esquerda, que aproveitando a presença do Otamendi na área colocou para lá a bola com um cruzamento largo e em balão. De cabeça, o Otamendi assistiu o Gonçalo Ramos no meio que, com um grande golpe também de cabeça, fez a bola entrar juntinho ao poste. Um belíssimo golo. Infelizmente não conseguimos ter muito tempo para apreciar a vantagem. Primeiro porque chegaram notícias do golo do PSG emTurim, que nos mantinha no segundo lugar, e depois porque apenas seis minutos após o nosso golo o Maccabi chegou ao empate, num penálti a castigar uma mão desastrada do Bah na área. À meia hora de jogo, mais uma contrariedade quando de forma surpreendente o Gonçalo Ramos e o Aursnes foram substituídos pelo Musa e o Chiquinho - este último foi colocar-se sobre a esquerda, passando o João Mário para o meio ao lado do Florentino. O Gonçalo Ramos já se tinha queixado do pé, mas a saída do Aursnes foi mesmo inesperada. O Benfica continuou por cima no jogo até ao intervalo, mas sem criar muitas ocasiões de perigo. A posse de bola foi ficando cada vez mais desequilibrada a nosso favor, mas o Neres parecia estar em noite desinspirada, e na melhor situação que criámos o Musa isolou-se pela direita e finalizou a jogada com um remate completamente disparatado para a bancada, quando tinha dois colegas no meio a quem poderia ter tentado passar a bola - foi tão mau que até vimos uma rara manifestação de desagrado por parte do Roger Schmidt. Ao intervalo, entretanto a notícia de que a Juventus tinha chegado ao empate e portanto estava tudo como no início.
Segunda parte com mais Benfica e mais perigoso, com o primeiro aviso a ser um ensaio do golo que estava para vir. Cruzamento do Bah e o Chiquinho surgiu solto ao segundo poste, mas não conseguiu acertar bem na bola quando rematou de primeira, com esta a sair ao lado. Antes de fechado o primeiro quarto de hora, mais um grande cruzamento do Bah e desta vez o Musa antecipou-se ao seu marcador ao primeiro poste e mergulhou para cabecear para o golo. E assim o Benfica voltava à liderança do grupo, dado que o PSG continuava empatado. Dez minutos depois, falta sobre o Chiquinho à entrada da área, sobre a esquerda, e quase todos nós adivinhámos o que aí vinha. Marcação exemplar do livre pelo Grimaldo, bom a bola a sobrevoar a barreira e a cair rapidamente para o terceiro golo. A má notícia foi que nesse preciso momento o PSG também marcou e portanto voltámos a cair para segundo. Entretanto o Maccabi deve ter querido arriscar um bocado mais no ataque, já que precisaria do empate para seguir para a Liga Europa, e foi perdendo a pouca organização defensiva que já tinha. Disso se aproveitou o Benfica, que apenas quatro minutos depois fazia o quarto golo. O Maccabi fez uma tentativa desastrada de sair para o ataque numa iniciativa individual e o Neres recuperou a bola ainda no meio campo defensivo adversário. Progrediu até à entrada da área pelo meio e depois fez um grande passe pelo meio dos defesas para que o Rafa, com um simples toque 'em colher' picasse a bola sobre o guarda-redes para marcar - acho que só mesmo o Rafa chegaria àquela bola antes de toda a gente. Neste momento faziam-se as contas e ao percebermos que, caso nada mudasse em Turim, faltariam dois golos para chegar ao primeiro lugar, começámos a ver isso como uma possibilidade bastante real porque ainda faltavam dezassete minutos para os noventa. Foi por isso até uma vez mais surpreendente quando o nosso treinador, a oito minutos do final, retirou o Rafa e o Neres do jogo para colocar o Henrique Araújo (estreia na Champions) e o Diogo Gonçalves. Mas tal como os dois primeiros suplentes que entraram, também estes entraram em alta rotação - quando fizemos as substituições comentei com amigos que se o Henrique Araújo ia entrar então pelo menos mais um golo marcaríamos. E a dois minutos do final a 'previsão' confirmou-se, com a insistência do Benfica depois de um grande remate do Diogo Gonçalves ao poste a fazer-se com um passe fantástico do Bah a aproveitar a grande desmarcação do Henrique no meio da área e este a finalizar com um remate rasteiro de primeira junto do primeiro poste. Faltava pouco tempo mas toda a gente parecia acreditar mesmo que ia acontecer - fantástica a imagem dos adeptos do Benfica a festejar este quinto golo com gestos para os jogadores a indicar que só faltava mais um. Entretanto aproveitou-se para trocar o António Silva pelo Veríssimo e promover o regresso deste à equipa principal um ano depois da grave lesão que sofreu. Três minutos de descontos e no segundo destes o Chiquinho recuperou uma bola na esquerda, evitou um par de adversários e colocou-a no João Mário no meio. Este progrediu um pouco e a uns bons vinte e cinco metros da baliza desferiu um remate rasteiro que fez a bola entrar juntinho ao poste. Um grande, grande golo (um lance que foi quase uma cópia do remate do Diogo minutos antes que tinha acabado no poste) e o improvável acabava de acontecer. E foi quase icónico ver o João Mário, nos festejos, a perguntar se já estava ou se ainda seria preciso mais um. Não foi, o jogo acabou logo a seguir e só foi preciso esperar mais um minuto pelo final do jogo em Turim. Onde o PSG, confiante que acabaria em primeiro, o gastou a queimar tempo à espera do final do jogo, que fez deflagrar os festejos da nossa equipa em Israel.
Seria injusto não elogiar toda a equipa depois daquilo que conseguiram. Mas uns elogios especiais para jogadores como o Bah, Grimaldo, Otamendi, João Mário ou Rafa não ficam mal. Quando à meia hora de jogo vi entrar o Musa e o Chiquinho (ainda por cima com o Gonçalo Ramos e o Aursnes a jogar bem) torci o nariz, mas não tinha razões para o fazer. O Musa deu início à cavalgada até ao primeiro lugar e o Chiquinho entrou em altíssima rotação, acabando por fazer um jogo muito bom - se calhar um dos melhores que o vi fazer pelo Benfica. E por falar em suplentes, o Henrique Araújo e o Diogo Gonçalves também entraram muito bem e ainda dinamizaram mais o nosso ataque, sendo importantíssimos no ataque final à procura dos dois golos que faltavam, com o madeirense a assinalar a estreia na Champions com um golo.
Quem diria, à data do sorteio, que o Benfica acabaria o grupo no topo? Mas neste momento parece que a nossa equipa acredita que nada é impossível. A motivação é mais alta do que nunca, os jogadores divertem-se a jogar futebol e cada um deles parece estar a jogar o seu melhor futebol. Os que entram para os lugares dos que saem dão tudo para mostrar que também podem ser úteis e a equipa não abana ou perde eficácia. É com muita pena que em breve irei ver este momento ser interrompido para irem brincar às selecções durante um mês.
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