Tarefa cumprida: mais uma vitória sem discussão e agora vai haver uns quantos que vão ter que passar o Mundial a olhar para uma desvantagem de oito ou mais pontos em relação a nós. Desta vez, e para variar, não vou dizer que nos ficámos a dever uma goleada. A vitória foi justa e os números ajustam-se ao que se viu em campo, numa exibição menos fulgurante mas ainda assim sólida por parte da nossa equipa.
Com a recuperação do Gonçalo Ramos pudemos apresentar o nosso onze base para este jogo. O que me pareceu um pouco preocupante foi a falta de opções no banco, que com as lesões do Draxler e do Aursnes me parecem demasiado limitadas. Cinco defesas no banco, dos quais três centrais, e apenas três opções do meio campo para a frente, que foram o Musa, o Chiquinho e o Diogo Gonçalves - talvez por isso mesmo apenas tenhamos feito três das cinco substituições. O Benfica entrou no jogo como de costume, em cima do adversário e a tentar marcar cedo. Sobre o Gil Vicente, nunca me pareceu que tivessem vindo para a Luz com o propósito de estacionar o autocarro e praticar anti-jogo. Tentaram sempre, na medida daquilo que o Benfica lhes permitia, jogar futebol, o que é uma agradável diferença para o que se vê na maioria das equipas que nos visitam. O Rafa foi dando os primeiros avisos do Benfica, e foi sobre ele que logo aos oito minutos foi cometida a falta para penálti, numa entrada pela direita do ataque. O João Mário converteu-a com a eficácia do costume e tudo parecia indicar mais uma noite descansada na Luz, provavelmente com goleada. Nos minutos que se seguiram o Benfica continuou em cima do adversário e a somar tentativas de finalização, mas pareceu-me que houve alguma sobranceria da nossa parte com o golo madrugador. Muitas das jogadas de ataque perderam-se porque mesmo dentro da área os nossos jogadores tentavam mais um toque ou mais um passe para um colega em vez de rematarem, caindo naquele lugar comum em que se diz que parecem querer entrar com a bola pela baliza. E aos quinze minutos de jogo foi o Gil Vicente quem beneficiou de um penálti, praticamente na primeira vez que chegou à área do Benfica. Um cruzamento largo desde a direita da nossa defesa para a zona do segundo poste, cabeceamento para trás do Navarro e a bola foi encontrar o braço do Otamendi. Um lance infeliz, até porque a jogada não parecia representar qualquer perigo para a nossa baliza. O mesmo Navarro converteu-a e deu o empate ao Gil Vicente. Este golo pareceu quebrar o nosso ímpeto, porque a seguir ao mesmo deixámos de atacar tanto a baliza adversária e sobretudo, a pressão quase que deixou de ser feita, o que permitiu ao Gil Vicente longos períodos de posse de bola - é verdade que pouco fizeram com ela em termos ofensivos, mas foram capazes de a guardar e circular por toda a equipa sem que o Benfica mostrasse capacidade para a recuperar. E sem bola não se marcam golos. Só a partir da meia hora começámos novamente a apertar o adversário e a acelerar no ataque, e por isso mesmo chegámos ao golo a dez minutos do intervalo. Tudo nasceu numa bola recuperada pelo João Mário e o Florentino ainda no meio campo do Gil Vicente, a bola seguiu par ao Rafa na zona central, daí para o Neres que entrou pela direita e cruzou já perto da linha fundo, com a bola a ser desviada por um defesa e pelo guarda-redes e a sobrar para o Gonçalo Ramos encostar quase em cima da linha. Tudo de volta ao normal, e agora era uma questão de marcarmos mais um para acabar com as dúvidas.
Já estamos também habituados a ver o Benfica entrar forte nas segundas partes e marcar cedo, e mais uma vez isso aconteceu. O jogo foi de sentido único desde o regresso dos balneários e ainda antes de cumpridos dez minutos o Benfica chegou ao terceiro. Uma jogada tantas vezes vista esta época, mas que continua a dar frutos. Pontapé de canto na esquerda do ataque marcado à maneira curta entre o João Mário e o Enzo, para depois sair um cruzamento do Enzo desde a projecção do canto da área que foi direitinho à cabeça do Gonçalo Ramos. O cabeceamento saiu certeiro para junto da base do poste e o guarda-redes, apesar de ainda tocar na bola, foi incapaz de impedir que entrasse. Com este golo pareceu-me que o Benfica entrou em gestão de esforço, mas controlando sempre o jogo. Não construímos a habitual sucessão de ocasiões flagrantes para marcar e o Gil Vicente até é capaz de ter sido uma das equipas que mais posse de bola conseguiu ter na Luz esta época, mas nada conseguiu fazer com ela. O Vlachodimos não fez uma única defesa na segunda parte, e o único remate do Gil Vicente surgiu já no período de descontos, ao lado da baliza. A meio da segunda parte trocámos o Gonçalo Ramos e o Rafa (convinha ter cautelas para que o sarrafeiro do Rafa não visse um amarelo que o retiraria do próximo jogo para a liga, que será em Braga) pelo Musa e o Chiquinho e o croata desperdiçou uma das melhores ocasiões de golo do Benfica na segunda parte - isolado por um excelente passe do João Mário, acabou por permitir a defesa ao guarda-redes para canto. Na sequência do mesmo, mais uma grande ocasião de golo para o Benfica. O Gil Vicente tentou sair a jogar e o Benfica recuperou a bola ainda no meio campo adversário, para depois o David Neres tentar um remate rasteiro e em arco à entrada da área, sobre a direita, fazendo a bola ir embater no poste. Teria sido mais um grande golo do brasileiro, que naquela zona do campo é sempre um perigo quando encontra espaço para rematar. O final de jogo chegou de forma tranquila, com o muito público que encheu as bancadas da Luz apesar do temporal em festa, despedindo-se da equipa antes da pausa com uma enorme ovação.
O homem do jogo é obviamente o Gonçalo Ramos por mais dois golos somados. É uma espécie de goleador tranquilo; fala-se pouco dele, dá pouco nas vistas, mas os golos vão-se somando e é o melhor marcador da liga e da nossa equipa. Continua a fazer-me confusão quando ouço pessoas a dizer que o Benfica precisa de ir buscar um número nove, porque o Gonçalo Ramos não só marca golos como parece ser o tipo de jogador ideal para encaixar na nossa táctica. Outro destaque óbvio para o Enzo, que é um dos principais responsáveis pelo salto qualitativo dado esta época. Para mim o maior mérito dele é não parecer complicar nada: tudo aquilo que faz parece sempre ser a solução mais óbvia e simples para a situação em questão, e raramente erra. Andámos anos à espera de um jogador assim, e ficarei com muita pena se o vir sair já no final desta época. Rafa. João Mário e Neres também estiveram num bom nível.
Com o campeonato posto de lado durante o próximo mês, segue-se a Taça da Liga. A competição será certamente utilizada para dar minutos a alguns dos jogadores menos utilizados, conforme já foi admitido pelo nosso treinador, e dar ritmo aos que recuperam de lesões e que certamente serão muito úteis quando regressarmos à liga. Mas mesmo assim é uma competição que tenho a certeza que será levada muito a sério, não só porque devemos sempre ambicionar ganhar todas as competições em que participamos, mas também porque quereremos honrar o historial que temos na mesma, onde continuamos a ser de longe o clube com o melhor palmarés.
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