Os preciosos três pontos voltaram de Vila do Conde, mas a magra vitória por 3-2 é um resultado mentiroso. A produção ofensiva do Benfica e o domínio que teve durante a maior parte do jogo deveriam ter significado um passeio e uma goleada e em vez disso, e quase exclusivamente por culpa própria, fomos obrigados a suar para arrancar a vitória a dez minutos do final.
Entrando em campo com o onze esperado (apenas as alas mudaram em relação ao jogo em Barcelona, com o Amdouni e o Bruma a jogar nos lugares do Aktürkoglu e do Schjelderup), a primeira parte pode resumir-se de forma simples: foi um massacre por parte do Benfica. O jogo foi quase todo disputado junto à área do Rio Ave, que quase não conseguiu passar do meio campo e nem um remate fez à baliza. Da nossa parte, o habitual desperdício a começar praticamente desde o apito inicial e a fazer os nervos aumentar à medida que vemos a oportunidade para construir um resultado que dê tranquilidade a ser sucessivamente adiada. Gostei mesmo de ver a nossa equipa durante a primeira parte, pareceu-me muito solta, capaz de pressionar constantemente e em terrenos altos e com os jogadores em constante movimento. Só faltavam mesmo os golos, e o primeiro só surgiu à meia hora de jogo. Demasiado tarde para todas as ocasiões que o Benfica já tinha criado até então. Mas quando apareceu, foi mesmo um portento. O Kökçü recuperou uma bola aliviada pela defesa do Rio Ave, e a uns bons vinte e cinco metros da baliza fez um remate colocadíssimo, que colocou a bola no ângulo e sem qualquer hipótese de defesa para o guarda-redes. Antes disso, convém mencionar que o nosso amigo '5 Cents' na cabina do VAR já tinha deixado passar um penálti sobre o Amdouni, que seria difícil para o árbitro de campo ver mas que o VAR tinha a obrigação de ter assinalado, já que o suíço foi claramente pisado por um adversário numa bola dividida. Após o golo, nada mudou, o Benfica continuou claramente por cima e a ameaçar o segundo, que não conseguiu obter antes do intervalo e me deixava a desejar que este não fosse mais um daqueles jogos em que regressamos da pausa a jogar de forma completamente diferente e sofremos as consequências disso.
Não foi o que aconteceu. O Benfica voltou bem do intervalo (durante o qual deixámos o Tomás Araújo no balneário e veio o Barreiro no seu lugar, passando o Aursnes para a lateral direita) e continuou em cima do Rio Ave, acabando por chegar cedo ao segundo golo. Com seis minutos decorridos o Pavlidis baixou a cabeça e investiu pelo meio dos jogadores adversários e de alguma forma conseguiu progredir até à área adversária, onde foi rasteirado. Ele próprio converteu o penálti de forma indefensável, o que começa a ser uma imagem de marca. Bola colocada em força ao ângulo superior da baliza, que não daria qualquer possibilidade de defesa a nenhum guarda-redes, mesmo que adivinhasse o lado. Parecia portanto que estava tudo bem encaminhado para um fim de tarde tranquilo em Vila do Conde, mas nunca podemos subestimar a nossa capacidade para dar tiros nos próprios pés. Continuava o jogo completamente controlado e o Rio Ave com zero remates à nossa baliza, quando o Otamendi fez um mau passe na zona do meio campo que proporcionou um contra-ataque ao Rio Ave. Foi travado em falta pelo Florentino à entrada da área, e do livre resultante o Rio Ave chegou ao golo, num remate com muita força mas que aparentemente não causaria grande perigo, não fosse o facto da bola ter tabelado no Pavlidis na barreira e acabado por entrar, enganando o Trubin. Primeiro remate do Rio Ave à nossa baliza, primeiro golo. Foi aos sessenta e quatro minutos, e naturalmente isto motivou a equipa da casa, enquanto que se notou algum nervosismo da nossa parte. Dez minutos depois fizemos três substituições de uma vez (Renato, Aktürkoglu e Belotti nos lugares do Kökçü, Amdouni e Pavlidis) e imediatamente sofremos o empate. Ou melhor, oferecemos o empate. Mais um daqueles episódios da nossa saída de bola que insistimos em repetir, e sobre os quais já escrevi aqui antes. O guarda-redes colocar a bola directamente nos pés de um jogador à sua frente, que está de costas para o jogo e tem um adversário perto é estar a pedir para que aconteça alguma coisa má, porque a margem de erro é praticamente nula. O Trubin fez isso mesmo e o Florentino errou duas vezes: primeiro não controlou bem a bola enquanto se tentava virar para o jogo, e depois tentou corrigir fintando o adversário em vez de simplesmente aliviar a bola. Perdeu-a, o adversário ficou isolado, e o Rio Ave fez o segundo golo no segundo remate à nossa baliza. Felizmente a reacção foi boa (bem melhor do que quando sofremos o primeiro golo) e conseguimos voltar à vantagem no marcador cinco minutos depois, numa boa transição ofensiva. Muito mérito para o Belotti, que com uma recepção orientada deixou o seu marcador directo pelo caminho e depois soltou a bola na altura certa para o Aursnes, que subia sobre a direita. O norueguês viu bem a desmarcação do Aktürkoglu na zona central e colocou a bola para o turco contornar a saída do guarda-redes e colocar a bola na baliza, de ângulo apertado. E três minutos depois podíamos ter encerrado de vez com o assunto, quando o Barreiro deixou o Aktürkoglu completamente sozinho em frente ao guarda-redes, mas o desperdício voltou a mostrar-se e o remate acabou a embater no poste. Não voltámos a perder o controlo do jogo, e o Rio Ave não chegou sequer a voltar a ter qualquer aproximação perigosa à nossa baliza, acabando mesmo por ficar reduzido a dez na última jogada do encontro.
O Kökçü fez uma grande primeira parte, mas não parece ter gás para durar os noventa minutos. Gostei do Aursnes (como médio e como lateral) e do Carreras. O Aktürkoglu e o Belotti entraram bem e foram decisivos para a vitória. Mau jogo do Florentino, indelevelmente marcado pelo erro grosseiro que ofereceu o empate ao Rio Ave (embora também atribua responsabilidades ao passe do Trubin, porque embirro sempre com aquela opção de saída a jogar). Também o Bruma voltou a irritar-me durante o jogo, por continuar a insistir em complicar demasiado as jogadas.
Se continuarmos a insistir em complicar aquilo que pode ser tão fácil, vai ser uma caminhada muito complicada nas jornadas que restam até ao final do campeonato. Acima de tudo, é difícil de compreender que ainda não tenhamos conseguido melhorar o problema da falta de eficácia em frente à baliza, que nos atormenta desde o início da época e que já nos causou demasiados dissabores (em particular na Champions). E quando juntamos a isso os erros (individuais e colectivos) na defesa, tudo se torna ainda mais difícil. Felizmente tudo acabou bem hoje e continuamos a depender exclusivamente de nós próprios para chegar ao título de campeão.
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