Depois da enorme desilusão na Vila das Aves, o Benfica foi à Madeira completar o jogo contra o Nacional e com aquela que terá sido das exibições mais sólidas que conseguiu nas últimas semanas conquistou, de forma completamente merecida, os três pontos.
Depois da fantochada que tinham sido os oito minutos iniciais jogados em Outubro (dos quais efectivamente nem sei se se tinham jogado quatro, num jogo que nem se devia ter iniciado) cheguei a temer que tivéssemos uma repetição do cenário desta vez, e houve alturas na primeira parte em que pareceu mesmo que isso poderia acontecer, mas felizmente a coisa aguentou-se e conseguimos completar o jogo. Mal o jogo se iniciou, com o Nacional a beneficiar de um lançamento lateral perto da nossa área, os madeirenses beneficiaram pouco depois de uma sequência de dois pontapés de canto (sem que tenham sequer feito um remate na direcção da nossa baliza). Esta pressão sufocante do Nacional, que durou uns bons dois minutos, foi suficiente para gerar grande excitação nos rapazes da SportTV, que no final dos noventa minutos ainda referiam nas entrevistas rápidas a entrada 'fortíssima' dos madeirenses e interrogavam-se sobre o que teria mudado para que não conseguissem mantê-la. Porque para pena deles, o jogo depressa se tornou numa via de sentido único para a área do Nacional. Não fizemos aquilo que se chamaria de um jogo bonito, e mais uma vez me pareceu que o relvado estava pesado e dificultou um pouco a circulação da bola, mas acho que a primeira parte se pode quase resumir ao confronto entre a equipa do Benfica e o guarda-redes do Nacional, Lucas França, que engatou cedo para uma exibição extremamente inspirada e foi mantendo o resultado a zeros. Não me recordo de uma única defesa do Trubin, enquanto que do outro lado vimos o Lucas França negar pelo menos quatro remates com selo de golo: um cabeceamento do Pavlidis, outro do Otamendi, e dois remates do Aktürkoglu. No segundo deles, já no período de descontos, foi mesmo para mim a defesa mais impressionante que fez na primeira parte, mergulhando para ir buscar a bola que caso contrário entraria junto ao poste. O facto mais negativo para mim foi - e isto prolongou-se durante todo o jogo - a quase completa incapacidade que mostrámos para criar situações de perigo a partir de pontapés de canto, dos quais beneficiámos em número bastante elevado.
Na segunda parte o domínio do Benfica foi ainda mais acentuado. As estatísticas mostram que o último remate do Nacional no jogo (que foi interceptado) aconteceu aos 55 minutos de jogo, o que dá uma boa ideia do quão desequilibrado foi o confronto. Mas apesar do completo domínio continuávamos a ter pela frente o grande problema chamado Lucas França e o nulo no marcador. Mesmo faltando muito tempo, confesso que quando passados apenas cinco minutos vi o remate do Kökçü bem de fora da área a ir bater na barra com o guarda-redes do Nacional batido pensei que ia mesmo ser mais um 'daqueles' jogos. O Nacional estava ainda mais encolhido, formava duas linhas bem recuadas acantonadas em frente à baliza e era incapaz de atacar, mas faltava-nos o golo que desataria o nó. Este surgiu apenas de penálti, quase a fechar o primeiro quarto de hora. O lance começa num livre do lado esquerdo, marcado pelo Di María para a área. A bola acabou por sobrar para a esquerda da área, onde o Di María, já junto da linha final, rematou de primeira para a boca da baliza, onde o Pavlidis estava em boa posição para empurrar para o golo, mas um defesa do Nacional cortou a bola com o braço num lance indiscutível. Cheguei a pensar que a noite épica do Lucas França também incluiria defender um penálti, mas o Di María marcou o penálti com a competência do costume e meteu o guarda-redes para um lado e a bola para o outro. Feito o mais difícil, era tempo agora de ir ao segundo para evitar cenários como o da Vila da Aves. Mas o jogo nada teve a ver com esse, porque o Benfica continuou a ter um controlo total, e logo a seguir só não fez logo o segundo porque numa situação extremamente favorável o passe do Florentino para o Di María saiu um bocadinho curto demais. Aos setenta e dois minutos mexemos finalmente na equipa e trocámos o Pavlidis (mais uma exibição muito pouco conseguida) pelo Amdouni. Menos de dois minutos depois foi o suíço quem na área deixou a bola para o remate do Di María, que ainda desviou num defesa a saiu enrolado para entrar junto à base do poste. Jogo resolvido, tempo finalmente para mais algumas substituições, e para o Lucas França voltar a impressionar, numa defesa fantástica a um cabeceamento do recém-entrado Barreiro que levava selo de golo (grande cruzamento do inevitável Di María) que fez a bola ir ainda ao ferro da baliza. Não consigo deixar de mencionar o seguinte: num jogo que o Benfica dominou de fio a pavio, acabámos com quatro cartões amarelos (o dobro do nosso adversário), sendo que à terceira falta cometida no jogo, já bem dentro da segunda parte, o Benfica tinha três amarelos. Foi um critério disciplinar extremamente apertado para o nosso lado. A título de exemplo, o primeiro amarelo, mostrado ao Pavlidis, foi por ter chegado atrasado a uma bola dividida e acabado por pisar ligeiramente o adversário. Mesmo a acabar o jogo houve um lance igual, mas ao contrário, que deixou o Tomás Araújo mal tratado. Não só não foi amarelo, como nem sequer foi assinalada falta. Já antes o Di María tinha também sido pisado, e mais uma vez nem falta foi assinalada.
Já é rotina, mas mais uma vez o destaque maior tem que ser dado ao Di María. Resolveu o jogo marcando os dois golos, o penálti surgiu após um remate dele próprio, de difícil execução, e ainda 'ofereceu' o golo ao Leandro Barreiro com um cruzamento fantástico, que só não teve o sucesso esperado por causa da defesa enorme do Lucas França. O Otamendi fez uma exibição anormalmente boa - eu não sou dos maiores admiradores dele, mas tenho que admitir que esteve num nível elevadíssimo e um dos principais motivos para o Nacional ser praticamente inexistente no ataque. Foi bem acompanhado pelo Tomás Araújo e pelo Florentino nessa tarefa. Gostei também do Aursnes. Aquilo que continua a preocupar-me é mesmo a questão do ponta-de-lança, e se calhar um dia destes temos mesmo o Amdouni a titular nessa posição.
Não foi uma exibição com grande nota artística, mas foi uma evolução muito grande em relação ao último jogo, pelo que foi uma boa reacção a um dos piores jogos do Benfica esta época. Devido a ela, não estamos agora no primeiro lugar, mas temo-lo ao nosso alcance e mantemos nas nossas mãos a possibilidade de passarmos o ano no topo da tabela.
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