Finalmente uma vitória para travar uma série negra, num jogo onde os nervos estiveram sempre presentes. Teria sido melhor uma vitória por números mais convincentes para afastar fantasmas, e a exibição do Benfica até mereceria algo mais, mas os importantes três pontos foram somados e é sobretudo isso que interessa.
Parece que o Aursnes a lateral direito veio para ficar, pelo menos até o Bah regressar da lesão, e hoje repetiu a posição de início. A outra (grande) novidade foi a titularidade do João Neves no meio campo, relegando o Florentino para o banco. O jogo foi o esperado, de um lado (o lado errado, porque o Estoril fez a rábula de escolher o campo ao contrário) uma equipa a querer ganhar mas a jogar sobre brasas. Do outro, uma equipa apenas interessada em defender, a jogar com um bloco muito baixo e a queimar tempo. Os principais dinamizadores do jogo do Benfica eram o Neres no ataque, e o Neves no meio campo, ambos a oferecerem-se sempre ao jogo e a estarem constantemente em acção. A primeira grande ocasião de golo foi mesmo do João Neves, que apareceu completamente sozinho à entrada da pequena área após a marcação de um canto e cabeceou para a bancada. Depois foi o Rafa quem não conseguiu aproveitar um mau corte da defesa do Estoril, e muito perto do poste da baliza acertou com a canela na bola e voltou a atirá-la para a bancada. O nervosismo do Benfica foi muito acentuado pela actuação do árbitro Rui Costa, que tornava muito complicado qualquer tipo de pressão mais efectiva sobre os jogadores do Estoril: lance em que um jogador do Benfica metesse o pé e recuperasse a bola era imediatamente interrompido por falta. Um lance na área sobre o Aursnes, que me pareceu ser mesmo penálti mas que não foi assinalado, só piorou a situação. E pouco depois da meia hora, foi mesmo marcado penálti por uma falta sobre o João Mário, mas o mesmo encarregou-se da marcação e fê-lo de forma pouco eficaz, com um remate rasteiro para o meio da baliza que o guarda-redes defendeu com os pés. E o nervosismo sempre a somar. Valeu ao Benfica que quase sobre o intervalo, na marcação de um canto à maneira curta sobre a direita, o Neres inventou uma jogada individual em que passou pelo meio de dois adversários, entrou na área e sobre a linha de fundo meteu a bola para o poste mais distante, onde o Otamendi cabeceou completamente à vontade para meter a bola no ângulo da baliza mais próximo de onde o Neres tinha feito o centro. A melhor maneira de acalmar os nervos, que em face daquilo que se ia desenrolando sobre o terreno em nada eram justificados: o Estoril era completamente inofensivo e durante toda a primeira parte apenas por uma vez chegou à nossa área, num cabeceamento que passou perto do poste mas que pareceu estar bem controlado pelo Vlachodimos.
A segunda parte continuou a ser controlada pelo Benfica, que insistia em não chegar a um segundo golo que nos traria a necessária e merecida tranquilidade. E provavelmente foi mesmo por falta da mesma que não conseguimos chegar a esse golo (uma espécie de pescadinha de rabo na boca) porque ocasiões para o fazer existiram, mas como ocorre frequentemente quando a cabeça não ajuda, a definição das jogadas deixou quase sempre muito a desejar. O Neres e o Rafa até iam desequilibrando a defesa do Estoril com a sua velocidade e movimentação, mas quando chegava a hora de definir o último passe ou a finalização, o disparate era quase sempre o resultado. Numa quase estranha demonstração de actividade, o nosso treinador mexeu 'cedo' na equipa, efectuando duas alterações logo aos sessenta e quatro minutos: entraram o Florentino e o Musa para os lugares do Chiquinho e do Gonçalo Ramos. O Florentino veio trazer um pouco mais de ordem e segurança ao meio campo, já que o Chiquinho esteve numa tarde particularmente desinspirada, e o Musa trouxe a sua habitual capacidade de luta. Pouco depois a bola ainda chegou mesmo a entrar na baliza do Estoril, mas eu nem sequer festejei o golo porque mesmo à minha frente foi logo visível a posição irregular do Aursnes no início da jogada. O João Mário demorou demasiado a fazer o passe, e quando o fez o Aursnes já estava a recuar da posição de fora de jogo, mas não suficientemente rápido para fugir dela. Da jogada retenho o bom trabalho do Musa a virar-se rapidamente na área para se libertar do defesa e finalizar, depois de receber o passe curto do Rafa. Ainda voltámos a estar perto do golo quando o Rafa recuperou uma bola em zona alta e numa iniciativa individual a levou até à zona de finalização, onde o João Mário apareceu para a fazer raspar o poste depois de a ter desviado com o peito. O jogo pouca história mais teve até final, exceptuando mais algumas decisões enervantes do árbitro no que diz respeito a faltas e apenas mais uma substituição feita perto do final, a troca do Neres pelo Gonçalo Guedes, ficando duas substituições ainda por fazer. Mas como o nosso treinador já disse, ele não é obrigado a fazer as cinco substituições todos os jogos - embora eu me pergunte por vezes que jogos é que ele está a ver quando deixa que certos jogadores façam os noventa minutos completos. O Estoril continuou a ser completamente inofensivo e apenas me recordo de um pontapé feito que fez a bola sair muito por alto, não representando qualquer perigo.
O melhor do Benfica foi para mim o Neres. Mesmo se não tivesse inventado a jogada do golo já o seria, por ser o jogador mais activo no ataque e aquele que mais tentou levar perigo à baliza adversária. O que não é surpresa porque de algumas semanas a esta parte já vinha mostrando estar num momento de forma pelo menos aceitável dentro da descolorida realidade da nossa equipa. O João Neves aproveitou bem a estreia a titular e entregou-se por completo ao jogo, correu, meteu o pé, fez aberturas para os colegas e esteve num nível bastante bom. Importante também o golo para o Otamendi naquele que eu acho ser, conforme o escrevi antes, o pior momento dele esta época. No ponto oposto, é um mistério para mim não só como é que o João Mário é titular, mas também como continua a fazer os noventa minutos. O Rafa pode andar a fazer quase tudo mal, mas pelo menos a velocidade dele ainda vai mantendo os defesas em sentido. O João Mário nem isso, perde quase todos os lances divididos ou em velocidade, pouco ou nada ajuda a defender, parece claramente esgotado e pouco inspirado, e hoje até o penálti falhou (só acontece a quem lá anda, é certo, e já marcou muitos esta época, mas para mim parece-me apenas mais um sinal do momento de pouco fulgor que atravessa).
Será preciso produzir mais e melhor para as últimas cinco jornadas se queremos manter-nos no topo até final. É que há equipas que pouco ou nada jogam e depois ganham mesmo assim porque têm outras forças a apoiá-los. Nós não temos essa sorte, se fraquejarmos nem que seja um pouco e dermos a menor oportunidade, as mesmas forças que apoiam os outros rapidamente aparecerão para nos empurrar para baixo. Foi bom e importante regressar às vitórias, mas o salto qualitativo a dar durante a semana terá que ser grande para regressarmos de Barcelos com mais três pontos.
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