O título pode parecer estranho para um texto a referir-se à exibição brilhante que o Benfica realizou frente à Juventus. Se, antes do jogo, tivessem perguntado a qualquer benfiquista se ficaria satisfeito com uma vitória por 4-3 frente à Juventus, julgo que não haveria um único a responder negativamente. No entanto, chegados ao final dos noventa minutos, creio que muitos de nós nos podemos dar ao luxo de dizer que este resultado acabou por saber mesmo a pouco, tal foi a superioridade evidente que o Benfica demonstrou durante largos períodos de tempo, ao ponto de uma goleada de contornos históricos ter sido uma perspectiva bastante realista.
O Benfica manteve a fórmula de Paris e do Ladrão, e o Neres continuou no banco com o Aursnes a manter a titularidade sobre a esquerda, movendo-se mais uma vez o João Mário mais para a direita. Os primeiros minutos do jogo só se podem descrever como um sufoco para a Juventus. A forma como o Benfica pressionou e remeteu a Juventus para perto da sua área foi simplesmente exemplar, e os italianos mal conseguiram respirar. Foi ataque atrás de ataque sem que a Juventus conseguisse sequer responder com algum contra-ataque, porque a bola era quase sempre recuperada ainda bem dentro do meio campo adversário. As tentativas de saída dos italianos eram invariavelmente pelo Kostic em acções individuais pela esquerda e pouco mais. O golo que surgiu aos dezassete minutos era por isso quase uma inevitabilidade. Repetindo uma fórmula que teve sucesso no início da época, um canto marcado de forma curta na esquerda do ataque terminou com um cruzamento do Enzo para o cabeceamento com sucesso do António Silva, que assim se estreou a marcar pela equipa principal. Infelizmente, quase não tivemos tempo para saborear a vantagem, já que praticamente na resposta, e se calhar na primeira vez que a Juventus chegou à nossa baliza, marcou. Foi também no seguimento de um pontapé de canto, e depois de duas defesas fantásticas do Vlachodimos em cima da linha a remates do Vlahovic, a bola acabou por sobrar para o Kean (que durante toda a jogada tinha estado plantado em fora de jogo quase encostado ao nosso guarda-redes, mas que quase por acaso depois do último toque do Vlahovic já estava atrás da linha da bola) que aproveitou para marcar. Este revés injusto poderia ter afectado a equipa mas isso não aconteceu, até porque também não tivemos que esperar muito para regressar à vantagem. Um penálti tonto cometido pelo Cuadrado, ao tocar a bola com o braço, permitiu ao João Mário uma conversão exemplar para nos devolver a liderança no marcador ainda antes de atingida a meia hora. Depois disso o festival ofensivo do Benfica continuou, e aos trinta e cinco minutos voltámos a marcar. Um pontapé longo do Vlachodimos, a bola a sobrar para o Aursnes, que a endossou ao Rafa. O Rafa correu com ela, passou-a ao João Mário na direita e correu de imediato para o interior da área, onde recebeu o passe perfeito do João Mário e marcou com um toque artístico de calcanhar. Dois golos de vantagem ao intervalo e uma demonstração de superioridade tão grande que poucos duvidariam que o apuramento para os oitavos não estivesse já selado.
E o regresso par a segunda parte encarregou-se de confirmar isso mesmo, porque o Benfica continuou a ser imensamente superior e a carregar na procura de mais golos. O Rafa era um autêntico demónio à solta e qualquer bola que lhe fosse parar aos pés significava problemas para a Juventus. O Aursnes e o Florentino levavam enorme vantagem nos duelos a meio campo e os ataques do Benfica sucediam-se. Bastaram cinco minutos para chegar ao quarto golo. A tentativa da Juventus sair pelo Bonucci resultou numa perda de bola graças a uma antecipação do Grimaldo, que depois viu bem a desmarcação do Rafa pelo espaço que tinha ficado aberto com a subida do defesa italiano, e o Rafa com toda a calma picou a bola sobre o guarda-redes. Neste momento já não era a vitória ou o apuramento que estavam em causa, mas sim que contornos esta goleada poderia assumir, porque com o volume ofensivo do Benfica era fácil pensar que iriam surgir mais golos. Do lado oposto, a Juventus nem sequer existia em termos ofensivos. As ocasiões para o Benfica sucediam-se e falhámos várias oportunidades para fazer o quinto golo, com o Gonçalo Ramos a destacar-se neste aspecto particular. O cenário era de tal forma desfavorável para os italianos que a vinte minutos do final pareceram literalmente atirar a toalha ao chão, substituindo dois jogadores nucleares como o são o Vlahovic e o Kostic. Indiferente a isto, o Benfica continuava por cima e voltou a falhar uma situação flagrante para marcar, quando o Rafa concluiu mais uma grande jogada do Benfica rematando de pé esquerdo por cima quando tinha a baliza completamente à sua mercê. Ironicamente, foi o miúdo inglês Iling-Junior, que tinha entrado para o lugar do Kostic, quem logo a seguir fez uma incursão pelo lado direito da nossa defesa e cruzou para um golo que a Juventus não justificava de todo. Marcou o Milik com um remate de primeira, deixado demasiado à vontade pelo Otamendi. Um minuto depois, o mesmo protagonista a entrar pelo mesmo lado, aproveitando um evidente cansaço do Bah, e novo cruzamento que terminou em golo do McKennie depois de alguma insistência na área. E quase do nada, pouco fazendo para o justificar, a Juventus voltava ao jogo. Respondeu o Benfica refrescando a direita e trocando o Bah pelo Gilberto, o que estancou as entradas por aquele lado. E voltou a desperdiçar, quando o Rafa se isolou e correu meio campo sozinho para depois acertar no poste à saída do guarda-redes. Foi substituído para a ovação juntamente com o Gonçalo Ramos logo a seguir, e já no período de descontos o Neres, que o substituiu, ainda teve tempo para desperdiçar nova ocasião de golo.
Homem do jogo obviamente o Rafa. Dois golos e ficou a dever-nos outros dois. Foi um quebra-cabeças para a Juventus sempre que a bola lhe chegava aos pés, sem que os italianos conseguissem encontrar soluções para ele. A diferença de velocidade para os defesas da Juventus fizeram-no quase impossível de travar. Está em grande forma e parece jogar com uma felicidade talvez nunca vista. Fez-lhe bem o adeus ao clube da FPF, e espero que seja inflexível nessa posição. Mais um grande jogo do Aursnes, mesmo a jogar numa posição que não parece ser a mais natural, encostado mais à esquerda. Creio que já não deixará dúvidas a ninguém o acerto da sua contratação. Muito bem também o João Mário, e mantenho a opinião que jogar mais pela direita do que pela esquerda parece beneficiar o seu jogo, mas naturalmente deverá abandonar esse posicionamento assim que o Neres regressar ao onze. Destaques também para mais um jogo enorme do Florentino e também do Grimaldo - não sei se me recordo de uma situação de perigo que a Juventus tenha criado pelo seu lado.
Mais um objectivo da época fechado - depois do apuramento para a fase de grupos, a qualificação para os oitavos. Quando o sorteio nos ditou o PSG e a Juventus como adversários muitos dos nossos inimigos terão esfregado as mãos de contentamento e antecipado a nossa eliminação. Quem diria que com um jogo por disputar estaríamos ainda invictos e com a qualificação selada? A equipa continua a dar grandes mostras de confiança, a mostrar-se fiel a um plano de jogo, e a presentear-nos com grandes exibições. A desta terça-feira teve momentos brilhantes e só foi pena que aqueles dois golos de rajada da Juventus tenham dado uma expressão mentirosa ao resultado, porque a superioridade do Benfica sobre o seu adversário foi muito maior do que aquela que o resultado possa deixar adivinhar. Agora é manter a atitude contra o Chaves. Há muita gente ansiosa por nos ver escorregar.
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