Mais uma vitória, mais um passo na direcção certa. Mais uma vez a exuberância não marcou presença no relvado, mas fomos uma equipa muito pragmática, que controlou o jogo praticamente do primeiro ao último minuto e obteve uma vitória que não oferece possibilidade de qualquer contestação. Em retrospectiva, talvez me tenha sentido mais enervado na bancada durante o jogo do que aquilo que seria justificável, mas quando uma vantagem mínima se arrasta mesmo até ao final do jogo é impossível evitar o receio de algum golpe do destino.
Foi quase um regresso à formula inicial desta época, porque face às ausências certas, com a excepção do Aursnes no lugar do Enzo, jogámos com a equipa que foi mais habitual durante esses primeiros meses. O Benfica abordou o jogo com uma calma aparente que chegou a parecer excessiva, mas a estratégia foi fortemente condicionada por um Famalicão muito fechado e bem organizado atrás. O ala direito Sanca estava particularmente atento às subidas do Grimaldo por aquele lado, passando uma boa parte do tempo a jogar quase como se fosse um lateral, o que fazia com que o nosso bem conhecido Alexandre Penetra acabasse por regressar à sua posição de origem no centro da defesa para formar uma linha de cinco. Não era possível criar a avalanche de situações perigosas a que estamos mais habituados, e eram sobretudo o Rafa e o Grimaldo a tentar mais acelerações, mas o Rafa voltou a ser um alvo preferido de faltas da equipa adversária. Sobretudo durante a fase inicial do jogo, o Famalicão abusou das faltas para travar logo à nascença as transições do Benfica, beneficiando de uma excessiva liberdade disciplinar para o fazer. Foi por isso precisa muita paciência para furar a muralha defensiva do Famalicão, que no ataque quase não existia. A constante circulação de bola sem grande progressão por parte do Benfica chegava a ser enervante, mas era difícil jogar com mais velocidade e passes de ruptura frente a um adversário que não saía lá de trás. Mas apesar das cautelas específicas do Famalicão em relação ao Grimaldo, foi mesmo por ali que, aos trinta e seis minutos, o golo surgiu. O lance começa num grande passe em profundidade do Otamendi para o Grimaldo, que ganhou em velocidade ao marcador directo e fez o cruzamento rasteiro e de primeira para a zona frontal da baliza. Um defesa do Famalicão tentou cortar para canto mas a bola foi ter aos pés do Grimaldo, que voltou a colocar a bola de primeira na mesma zona, onde o Gonçalo Ramos apareceu a antecipar-se a toda a gente para fazer o golo com um remate rasteiro e colocado junto do primeiro poste. O mais difícil estava feito, e esperava que este golo fizesse o Famalicão sair lá de trás. A verdade é que, quase como aconteceu no jogo com o Boavista, quase na resposta o Famalicão foi à frente e criou uma situação de algum perigo, mas durante o resto do jogo vimos que isso não de uma situação pontual.
Isto porque a segunda parte foi ainda mais dominada pelo Benfica. O Famalicão não fez um único remate, nem sequer para fora, durante todo o segundo tempo. Mas o ritmo continuou a não ser entusiasmante. O Benfica apostou mais em remates de fora, já que continuava a ser difícil desmontar as duas linhas defensivas do Famalicão, mas geralmente sem grande sucesso - o mais perto do golo que estivemos foi num remate espontâneo do Gonçalo Ramos, que obrigou o guarda-redes a uma boa intervenção. O momento de maior emoção chegou perto do minuto setenta, quando um bom passe do Grimaldo por cima da defesa encontrou o Rafa sozinho, e o cabeceamento deste me balão fez a bola passar por cima do guarda-redes e ir embater na barra da baliza. No seguimento da jogada, mais um momento para juntar ao currículo do Artur Soares Dias nos jogos do Benfica, quando bem à frente dele um jogador do Famalicão, na disputa da bola com o Otamendi na área, teve um momento digno de basquetebol. Um penálti do mais claro que poderia haver, que o Artur Soares Dias ignorou. Mas se ainda consigo imaginar eventualmente que ele não tenha tido a melhor visão do lance, já o facto do VAR não ter intervindo já é muito mais incompreensível para mim. Provavelmente estaria com receio que daqui a alguns meses viessem especular que ele teria intencionalmente beneficiado o Benfica, e lhe fossem vasculhar as finanças pessoais. É que é assim que condicionam árbitros e se assegura que eles em qualquer momento de decisão acabem por se sentir pressionados a decidir preferencialmente contra o Benfica. Na sequência do lance, os justos protestos do Otamendi valeram-lhe um cartão amarelo. Conforme escrevi, objectivamente não me parece que a vitória alguma vez tivesse estado em causa, porque o Famalicão não conseguiu jogar de forma a causar-nos qualquer tipo de problema, mas o resultado era suficiente para me deixar enervado com receio de algum azar. O Benfica fez apenas duas substituições, ambas já dentro dos últimos dez minutos de jogo, entrando o Musa e o João Neves para os lugares do Neres e do Rafa, e estes dois jogadores acabaram por estar envolvidos na jogada do golo, já em período de descontos (antes o Musa já tinha tido mais um remate de fora da área, que poderia ter levado melhor direcção). A jogada começa no Musa, que consegue descobrir o João Neves solto na área sobre a direita. A tentativa de cruzamento deste não levou a melhor direcção e a bola foi afastada para a entrada da área, onde o Bah a ganhou e colocou no Grimaldo na zona frontal. E mais uma vez (creio que foi a terceira vez que ele apareceu ali durante o jogo a tentar o remate) ele tentou o remate de fora, a bola desviou ligeiramente num defesa e obrigou o guarda-redes a uma defesa de recurso, largando a bola para a frente. Depois o Gonçalo Ramos foi mais rápido do que todos a chegar ao ressalto e finalizou com muita calma.
O Gonçalo Ramos é evidentemente o homem do jogo pelos dois golos. A acompanhá-lo nos lugares de destaque coloco, quase de forma surpreendente, dois defesas: o Grimaldo e o Otamendi. O Grimaldo foi dos que mais tentaram criar desequilíbrios pelo seu lado, e como resultado disso esteve directamente envolvido nas jogadas dos dois golos. O Otamendi tentou sempre empurrar a equipa para a frente, tendo várias vezes até avançado ele no terreno com a bola controlada, e foi de um passe de ruptura dele que nasceu o primeiro golo (depois tentou mais vezes durante o jogo, sem o mesmo sucesso).
Mais uma jornada passou e estamos mais perto do nosso objectivo. Faltam agora nove vitórias, mas enquanto for matematicamente possível, os ataques selvagens vão continuar. Já perderam qualquer tipo de vergonha ou noção do ridículo e atiram com o que quer que lhes passe pela cabeça cá para fora. Acho que ainda vou ver notícias sobre suspeitas de que o Artur Soares Dias foi pago para beneficiar o Benfica. Agora a táctica é ainda mais agressiva, e já mandam cá para fora notícias sobre árbitros no activo. Imagino que este tipo de comportamentos em nada os pressione ou afecte a sua capacidade de decisão em jogos que envolvam o Benfica. A mensagem é clara: se decidirem a favor do Benfica e por acaso tiverem o azar de se enganarem, qual é explicação? Foram subornados, obviamente. Qual é a forma de se protegerem? Em caso de dúvida (e às vezes até quando poucas dúvidas há) é decidir contra o Benfica. Já ignorar murros ou chapadas do Pepe dentro da área ou entradas assassinas de qualquer jogador do Porto, isso não tem consequências. Que condições têm estes árbitros para arbitrar jogos do Benfica?
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