VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 13 de Fevereiro de 2022

Raridade

A qualidade do nosso futebol continua longe dos mínimos exigidos mas conseguimos duas vitórias consecutivas, o que nos tempos que correm tem sido uma raridade. Pelo menos realce para o facto da equipa ter conseguido durante a segunda parte reagir a um golo que na altura veio contra a corrente do jogo e dado a volta ao resultado, o que só pode ser algo que contribua para melhorar a confiança.

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Outra raridade: o mesmo onze em dois jogos seguidos. Logo, a mesma táctica também. A entrada do Benfica no jogo nem foi particularmente má: durante os primeiros vinte minutos a iniciativa do jogo pertenceu-nos quase exclusivamente. Depois de uma boa jogada de equipa logo nos primeiros minutos, na qual colocámos vários jogadores no ataque e fizemos a bola circular bem entre eles, sem que no entanto alguém acabasse por finalizar a jogada, a seguir começámos a revelar as nossas habituais dificuldades em jogar contra equipas a jogar fechadas num bloco muito baixo e por isso não conseguíamos criar situações de perigo. Era aquele cenário habitual de demasiados passes laterais ou para trás, com circulação de bola feita de forma lenta e que assim favorecia a equipa que defendia. Ficou-me especialmente na retina o pouco atrevimento do Lázaro na direita, hesitante em avançar mais do terreno de forma a dar uma opção de passe mais arriscado para aquela zona, acabando quase sempre por receber a bola numa situação em que já estava controlado pelo médio daquele lado e por isso a bola voltava sempre a ser devolvida para um colega mais atrasado. O Everton tem sido um dos jogadores em melhor forma ultimamente, e pareceu-me também que o Santa Clara teve isso em atenção, já que raramente lhe concedeu espaço e normalmente fazia mesmo mais do que um jogador cair-lhe imediatamente em cima de forma a que não pudesse arrancar com a bola controlada. Quando o Benfica começou a dar alguns sinais mais positivos e num curto espaço de tempo criou duas grandes ocasiões para marcar - o Darwin, isolado pelo Rafa, atirou ao lado e o Vertonghen, depois de uma recuperação de bola numa zona adiantada, já dentro da área atirou ao poste - o Santa Clara chegou ao golo na primeira situação clara de golo que criou. Uma transição rápida na qual fomos batidos pela direita, e depois quando o passe seguiu para a zona central o Otamendi estava atrasado e colocou o adversário em jogo. O Vlachodimos ainda defendeu o primeiro remate cruzado, mas a bola acabou por sobrar para a recarga de um adversário, que se antecipou ao Grimaldo para marcar. O golo foi inicialmente invalidado pelo auxiliar mas o VAR reverteu a decisão, e a nossa equipa acusou, e bem, o golpe. O futebol que praticámos até ao intervalo foi muito fraco, e até nos arriscámos mesmo a conceder mais um golo que nos colocaria em situação muito complicada.

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Voltámos para a segunda parte sem alterações na equipa e também sem melhorias no futebol praticado. Ainda e sempre uma exasperante falta de objectividade, demasiadas lateralizações e jogadas aparentemente sem o objectivo de chegar ao golo, mas sim de apenas manter a posse da bola. Acima de tudo, a sensação com que fico ao ver-nos jogar é a de que quase todos os jogadores têm um enorme receio de falhar, e por isso quase não arriscam nada. Não arriscam um passe de ruptura, um remate espontâneo, às vezes nem sequer um cruzamento e preferem entregar essa responsabilidade ao colega mais próximo - se há coisa que me irrita é ver um lateral ou um extremo a chegar perto da linha de fundo e a fazer a bola voltar para trás. Felizmente que do banco cedo chegou a decisão de que alguma coisa teria que mudar e desta vez acertámos nas substituições, porque elas fizeram efeito imediato. Aos cinquenta e oito minutos trocámos o Paulo Bernardo e o Everton pelo Taarabt e o Yaremchuk. O ucraniano foi colocar-se no centro do ataque e o Darwin caiu para a esquerda. A loucura do Taarabt fez com que finalmente houvesse alguém em campo sem medo de tentar passes de ruptura, e foi com dois desses passes para o Rafa na ponta direita que no espaço de dois minutos marcámos dois golos e demos a volta ao resultado. Primeiro, o Rafa depois de receber a bola veio para dentro e quando estava mesmo a vir para trás e a sair da área sofreu um penálti desastrado, que o Darwin converteu com classe. Logo a seguir fez a bola seguir para o Yaremchuk que, mesmo sobre a linha final, conseguiu fazer um cruzamento em esforço que foi encontrar o Darwin completamente sozinho na zona do segundo poste, e este com a baliza completamente à sua mercê rematou de forma a ainda fazer a bola bater na trave antes de entrar. Com o mais difícil feito, o melhor seria termos marcado um terceiro para nos colocarmos a salvo de surpresas, mas não revelámos muita arte para o fazer - lembro-me apenas de uma situação na qual o Gonçalo Ramos ficou em muito boa posição na área mas acabou por rematar para as mãos do guarda-redes. Depois nos minutos finais acabámos por recuar as linhas, trocámos o Gonçalo Ramos pelo Meïté para tentar segurar mais o meio campo e foi o Santa Clara quem teve mais iniciativa, mas não chegou a criar qualquer tipo de ameaça à nossa baliza. Uma coisa que eu não consegui perceber foi que já mesmo na fase final o Grimaldo ficou em dificuldades físicas, mas mesmo tendo ainda uma substituição por fazer optámos por mantê-lo em campo, tendo o recentemente entrado Diogo Gonçalves recuado para lateral esquerdo e o Grimaldo passado a jogar mais adiantado (fui agora recordado que já tínhamos feito as três interrupções permitidas para substituições, por isso já não seria possível substituí-lo).

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O destaque é fácil de fazer: é o Darwin por ter marcado os dois golos que nos permitiram conquistar os três pontos. O Taarabt foi importante para dar um safanão no jogo, mas depois da entrada fulgurante depressa o apanhámos de regresso às asneiras e jogadas sem nexo do costume (embora também tenha sido dele o passe que deixou o Gonçalo Ramos em posição para marcar). O Rafa esteve um pouco melhor neste jogo, já que esteve nas jogadas dos dois golos e na primeira parte já tinha deixado o Darwin isolado em frente ao guarda-redes.

 

Já que não parece haver maneira de apresentarmos um futebol de qualidade, ao menos que consigamos ir ganhando os jogos com maior ou menor dificuldade. Não me é fácil ultimamente ver os jogos do Benfica, porque os níveis de irritação andam quase sempre altos durante os noventa minutos, e só mesmo a sensação de alívio quando o árbitro apita para o final connosco em vantagem é que acaba por compensar. O caminho faz-se caminhando, e nós parecemos estar a fazê-lo com passos muito pequeninos. Mas vitórias são vitórias, e com elas deverá vir confiança. Que esta vá crescendo e nos ajude a produzir algo mais próximo da qualidade que o Benfica merece.

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publicado por D'Arcy às 20:04
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De Alberto Pina a 14 de Fevereiro de 2022
Apenas um reparo: o Grimaldo não podia ser substituído porque apesar de só termos feito quatro substituições, foram gastas as três interrupções permitidas.
Se foi uma distração da equipa técnica, ou um risco assumido, provavelmente não saberemos. Mas achei estranho.
Cumprimentos.
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