Um jogo que começou por dar várias indicações que tinha tudo para correr mal, mas dois rasgos de génio mesmo a acabar a primeira parte viraram tudo do avesso e acabou numa vitória tranquila.
Acho que ninguém, mas ninguém mesmo, deve ter ficado surpreendido com o onze inicial. Obviamente que, por mais frustrante que o jogo anterior tenha sido, praticamente nada mudou - apenas a troca do Musa pelo Cabral na frente - e voltámos a apresentar a pior ala esquerda que tenho memória de ver jogar no Benfica. E tenho a leve suspeita que irá continuar a jogar até ao final da época: o João Mário é uma causa perdida, será sempre titular independentemente daquilo que jogar e das opções que existam, e o Morato provavelmente continuará a ser escolhido à frente de qualquer lateral esquerdo de raiz, aumentando para quatro o número de jogadores para essa posição que na opinião do nosso treinador não parecem ser mais competentes do que ele (Ristic, Jurásek, Álvaro e Bernat). Demos o primeiro sinal de perigo no jogo através de um livre directo do Kokçu, mas depressa deu para ver que teríamos problemas. O Estrela dava-nos a iniciativa do jogo, juntava linhas atrás, e depois aproveitava as perdas de bola do Benfica (como acontece frequentemente, perante uma equipa fechada atrás fazíamos muita circulação de bola sem criar grande perigo) para contra-atacar com apenas um ou dois jogadores, e mesmo assim criar mais perigo. Mais uma vez, tivemos uma quantidade assustadora de passes errados neste primeira fase do jogo, com especial destaque para o Otamendi neste capítulo. O cenário complicou-se perto da meia hora, quando numa demonstração de enorme passividade da nossa defesa, o Estrela marcou. O Léo Jabá, sozinho (como já o tinha tentado fazer diversas vezes), arrancou com a bola e passou pelo meio dos nossos defesas (incluiu uma entrada disparatada de carrinho à queima por parte do Otamendi), chegou à linha de fundo e tentou o cruzamento rasteiro, que o Trubin interceptou, ainda conseguiu recuperar a bola e, com toda a gente a olhar, rematou de ângulo apertado entre as pernas do Trubin, que se recolocava ao primeiro poste. O Benfica continuava a revelar dificuldades e a única situação de perigo criada foi num passe do Di María para as costas da defesa, onde o Cabral apareceu solto e tentou finalizar de primeira, mas colocou a bola com pouca força nas mãos do guarda-redes. Os momentos decisivos do jogo aconteceram perto do intervalo. Primeiro, uma bola longa para as costas da nossa defesa, o Otamendi parece ter o lance controlado mas em vez de atrasar a bola para o Trubin ou simplesmente atirá-la para fora resolve tentar um corte desnecessário de carrinho e deixa a bola nos pés do adversário, que seguiu isolado para a baliza. Valeu-nos a mancha do Trubin, que ainda tocou na bola e fez com que o adversário perdesse ângulo de remate. Depois, repetição da fórmula que tinha dado a oportunidade anterior ao Cabral, mas desta vez ele controlou o passe do Di María no peito e finalizou com um pontapé de bicicleta. Ainda estávamos a festejar este fantástico golo e de repente o Benfica consumou a cambalhota. Novo passe longo do Di María, a defesa cortou e o Cabral ganhou a segunda bola, tocando-a para o lado. De forma espontânea e de primeira, à entrada da área o Rafa desferiu um remate cruzado que colocou a bola junto ao poste mais distante. Mais um grande golo, e um grande suspiro de alívio à saída para o intervalo.
Felizmente não reentrámos no jogo desconcentrados, e ao contrário da primeira parte deixámos de permitir tanto espaço ao adversário para contra-atacar - também porque as perdas de bola diminuíram. A entrada do Florentino para o lugar do Kokçu ao intervalo pareceu-me trazer mais equilíbrio à equipa e ajudou a estabilizar o nosso jogo, mas suspeito que o turco não deva ter ficado em grandes condições depois da pancada que levou mesmo antes do apito (e o Estrela passou o jogo todo a meter bem o pé, que o digam vários jogadores nossos como o Rafa, o Di María ou o João Neves). E obviamente, o golo madrugador ainda ajudou mais. Uma situação quase inacreditável: marcámos na sequência de um pontapé de canto. Em vez de marcarmos o canto à maneira curta ou de o Di María tentar marcá-lo directo, em vez disso enviou a bola para perto da marca de penálti, onde o Cabral, sem tirar os pés do chão, cabeceou à barra para depois o Otamendi marcar na recarga. Ficámos então numa posição muito confortável no jogo e só não fizemos o quarto golo logo a seguir, numa das melhores jogadas da equipa durante todo o jogo, porque o guarda-redes conseguiu defender com o corpo um remate do Rafa isolado na área. Com o jogo já muito inclinado para o nosso lado, a vinte minutos do final o Estrela ficou reduzido a dez e o Roger Schmidt permitiu-se fazer três substituições de uma vez, trocando o Cabral, o Rafa e o João Mário pelo Marcos Leonardo, o Neres e o Bah. Foi bom ver o regresso do Bah, até porque isso permitiu a mudança do Aursnes para a esquerda do meio campo, onde prefiro vê-lo. Pareceu-me então que o Benfica se sentiu excessivamente confortável e relaxou um pouco em demasia, pelo que o jogo ficou mais partido. O nosso quarto golo aparentava poder acontecer a qualquer instante, não tanto por estarmos a criar muitas ocasiões, mas mais pelo espaço que o Estrela concedia atrás, mas no entanto foi o Trubin quem teve que se aplicar para evitar o segundo golo do Estrela no seguimento de um pontapé de canto, num cabeceamento do recém entrado Rodrigo Pinho. Perto do final, oportunidade para a estreia do Rollheiser, que entrou para o lugar do Di María, e o quarto golo a surgir já em tempo de compensação. Aproveitámos da melhor maneira uma desconcentração de um jogador do Estrela, que fez um passe para trás sem olhar, não reparando que o Neres tinha ficado atrasado após a última jogada. Este antecipou-se ao defesa para ganhar a bola, e pelo corredor central serviu o Marcos Leonardo, que esperou pela saída do guarda-redes e colocou a bola junto ao poste. Vai aproveitando da melhor forma os minutos que lhe estão a ser dados e marcando com regularidade - são três golos em pouco mais de uma hora de jogo acumulada na Liga.
A distinção de homem do jogo foi atribuída, com justiça, ao Cabral. Marcou um excelente primeiro golo que deu início à reviravolta e esteve directamente envolvido nos dois golos seguintes, sendo dele a assistência para o golo do Rafa (embora o mérito seja praticamente todo do Rafa). Conforme já escrevi antes, à medida que tem vindo a ganhar ritmo de jogo e se vai adaptando à equipa (e a equipa a ele) vai conseguindo provar a sua utilidade, e poderemos ganhar nele um ponta-de-lança para a segunda metade da época. O Rafa também é um dos destaques habituais, e o Di María, em cujos pés se iniciaram as jogadas dos três primeiros golos. O Trubin teve pouco trabalho, mas teve duas defesas que evitaram golos.
Ainda bem que tudo acabou bem, mas mais uma vez tivemos uma entrada pouco concentrada no jogo. Isto tem acontecido com alguma frequência e acabamos depois por vezes por sofrer golos (só assim de repente, nos últimos cinco jogos isso aconteceu em quatro deles, com o Braga, o Rio Ave, o Estoril, e agora o Estrela) que depois criam mais ansiedade, motivam o adversário, e obrigam a equipa a um esforço extra para recuperar. Parece-me excessivo para que seja apenas uma coincidência. Fiquei satisfeito com o regresso do Bah, que a juntar-se à recuperação do Neres nos faz uma equipa mais forte e com mais opções para atacarmos os objectivos que ainda temos.
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