Finalmente alguns sinais de reacção da equipa às críticas (justificadas) de que tem sido alvo. Mesmo não tendo sido uma exibição deslumbrante, foi de longe o melhor jogo do Benfica das últimas semanas. Vi sinais de melhorias, desta vez não vimos grandes quebras de rendimento ao longo dos noventa minutos e no final tivemos uma vitória incontestável, inclusivamente com dados estatísticos mais condicentes com aquilo que é esperado num jogo do Benfica.
Três regressos no onze do Benfica: Otamendi, Pizzi e Seferovic. Ferro, Taarabt e Waldschmidt saíram para lhes dar lugar. O central português, diga-se, correspondeu no último jogo (foi, a par do Vertonghen, dos menos maus) e mostrou que está pronto para contribuir quando necessário. O figurino do jogo foi o habitual e esperado. O Tondela enfiou toda a equipa atrás da linha da bola, e o Benfica teve posse de bola avassaladora, que em momentos andou perto dos 80%. Mas houve algumas diferenças na forma como jogámos. Houve uma atitude melhor por parte dos jogadores, e apesar das naturais dificuldades que continuamos a revelar para furar a organização defensiva de equipas que defendem com toda a gente, houve maior velocidade na circulação de bola. Importante e interessante também, uma maior vontade em explorar as alas em vez de insistir constantemente pelo meio. Vimos quer o Grimaldo na esquerda, quer o Gilberto na direita (o brasileiro está a ganhar cada vez mais confiança e começa a ser uma presença constante em zonas mais adiantadas) muito mais em jogo. Outro pormenor importante foi a presença frequente do Everton na direita o que faz com que, por ser destro, acabe por procurar ganhar a linha e cruzar a bola em vez daquilo que acontece quando joga na esquerda, onde vem sempre para o meio. Mesmo que frequentemente não tivessem resultados práticos, a verdade é que o Benfica efectuou muito mais cruzamentos do que tem sido habitual, o que pelo menos faz com que a bola ande muito mais tempo na área adversária ou nas imediações dela e dai resultem mais situações de potencial perigo, em vez de a vermos a circular sem grande objectividade pelo meio campo. Foi uma primeira parte de sentido único, em que o Tondela não existiu no ataque e o Benfica, sem que se possa dizer que massacrou, fez pelo menos mais do que o suficiente para justificar ir para o intervalo em vantagem. Criámos algumas ocasiões de golo, as melhores das quais pelo Darwin (grande defesa do guarda-redes) e pelo Pizzi (remate interceptado por um defesa) mas não chegámos ao merecido golo, pelo que seria ainda mais importante que, ao contrário dos últimos jogos, não voltássemos a ter uma quebra de rendimento na segunda parte. Acho que o facto de eu próprio não me sentir completamente irritado à saída para o intervalo apesar de ainda estarmos empatados era para mim um sinal que algo estava a ser diferente, para melhor.
Felizmente isso não aconteceu - pelo contrário, o Benfica conseguiu não só manter alguma regularidade como ainda melhorar alguns aspectos do seu jogo. Felizmente também, o merecido golo acabou por aparecer relativamente cedo, por isso não houve tempo para que um eventual nervosismo com a persistência do nulo pudesse começar a afectar a equipa. Esse golo surgiu logo aos nove minutos deste segundo tempo, depois de uma boa jogada de envolvimento entre o Darwin, o Pizzi e o Everton na esquerda da área. A bola conseguiu viajar entre estes três jogadores sem sequer tocar no chão, até o Darwin fazer o cruzamento para a finalização quase em cima da linha de golo pelo Seferovic. O golo foi inicialmente invalidado pelo auxiliar, mas a revisão do VAR acabou por confirmá-lo mesmo. Outra coisa positiva no jogo foi que o Benfica não se encolheu imediatamente a seguir a ter alcançado a vantagem. Continuámos a mandar no jogo e a procurar chegar ao golo da tranquilidade, ainda que com pouco acerto na finalização - parece-me natural dado que a confiança da equipa ainda não parece ser muita. O Tondela continuava incapaz de incomodar, e creio que terá feito o primeiro remate do jogo a quinze minutos do final - um remate muito torto, à entrada da área. Mas um resultado de 1-0 é sempre perigoso, porque um qualquer lance fortuito pode sempre deitar tudo a perder, e a cinco minutos do final tivemos um exemplo perfeito disso. Logo a seguir ao Weigl ter desperdiçado, na sequência de um pontapé de canto, mais uma ocasião para o segundo golo, o Tondela, absolutamente do nada e sem que nada tivesse feito para o justificar, dispôs de uma ocasião flagrante para empatar. Uma má abordagem do Grimaldo a um cruzamento largo vindo da direita deixou um adversário completamente sozinho e com a bola controlada em frente à baliza. Valeu-nos a intervenção do Vlachodimos. O nosso guarda-redes fez apenas uma defesa em todo o jogo, mas ela foi fundamental. Na resposta a este lance, o Benfica marcou pelo Darwin, mas o golo foi anulado. Pareceu-me que foi a decisão correcta, porque havia posição irregular. No início da jogada há um possível penálti por mão na bola de um defesa do Tondela, mas sinceramente acho que seria um pouco forçado - penáltis daqueles são para o Porto e o Sporting, os líderes destacados na tabela dos penáltis. Nós continuamos com zero. Foram dados sete minutos de compensação (justificados, já que para além das substituições todas o jogo esteve parado bastante tempo quer no golo que nos foi validado, quer no que foi invalidado) e ao contrário de os termos passado a sofrer, como tem sido mais habitual, chegámos mesmo ao segundo golo nesse período. Quem marcou foi o Waldschmidt, que entretanto já tinha entrado para o lugar do Seferovic. Foi na sequência de mais uma boa jogada, na qual a bola viajou rapidamente da esquerda até à direita (ao contrário dos cinco ou seis toques que habitualmente temos que dar para fazer isso acontecer) e depois o Darwin ultrapassou o adversário directo e fez a assistência. Jogo fechado, com justiça, e três pontos conquistados.
O meu destaque vai para o Darwin, autor das duas assistências para os golos. Ainda não esteve bem na finalização, apesar de ter estado perto de marcar noutras ocasiões (na que marcou o golo foi bem anulado) e esteve bem melhor do que nos últimos jogos. Esperemos que possa regressar em breve ao nível pré-COVID, porque se é verdade que recuperou do vírus rapidamente, a forma tem demorado mais tempo a recuperar. Mais algumas menções para os dois laterais, que se integraram mais no ataque e em especial o Gilberto parece estar cada vez mais interventivo. Gostei também do Weigl - continuo a achar que nunca será o seis que o nosso treinador prefere, mas é um jogador de enorme classe a quem a titularidade regular está a fazer muito bem. E o Otamendi deve ter feito o melhor jogo pelo Benfica desde que chegou.
Como eu (e outros) já o disseram em várias ocasiões, mesmo quando as coisas não correm pelo melhor, quando a atitude competitiva é boa é meio caminho andado para se chegar a um bom resultado. O Benfica não fez uma exibição de encher o olho, mas os jogadores correram e esforçaram-se durante todo o jogo, e com isso conseguiram uma vitória absolutamente indiscutível. Foi contra o Tondela, é certo, mas já vimos o Benfica ter imensas dificuldades contra equipas como eles e que até estão mais no fundo da tabela. Não me parece que esteja a fazer qualquer favor ao dizer que a atitude da nossa equipa neste jogo foi claramente diferente para melhor - e mesmo se tivessemos sofrido a injustiça de um empate naquele lance quase no final, manteria a mesma opinião. Há ainda um longo caminho a percorrer, há que recuperar confiança e acima de tudo, assegurarmo-nos que este jogo não tenha sido apenas um acaso e que seja para seguirmos neste caminho.
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