VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 21 de Setembro de 2025

Regresso

No regresso do Mourinho ao nosso banco, 25 anos depois, uma vitória folgada para afastar as más sensações dos últimos jogos foi o que melhor poderia ter acontecido. Era fundamental que o novo treinador começasse com uma vitória, de preferência convincente, para começar a silenciar o ruído de fundo.

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O novo treinador pegou na equipa há dois dias e o jogo foi contra o actual último classificado. O Benfica seria portanto sempre claramente favorito neste jogo, quer tivesse ou não trocado de treinador, e não vale muito a pena estar à procura de grandes influências dele no jogo da equipa, à parte a parte psicológica dos jogadores (por algum motivo lhes chamam 'chicotadas psicológicas'). O onze apresentado, no qual apenas mudou o Schjelderup pelo Ivanovic, podia perfeitamente ter sido um onze escolhido pelo Bruno Lage. Até cheguei a pensar que isso significasse uma mudança táctica, com a equipa a apresentar um losango no meio campo em que o Sudakov jogaria nas costas dos dois avançados, mas este acabou por colocar-se mais sobre a esquerda, com o Aursnes a manter-se na ocupação dos terrenos mais à direita. Portanto, nada de radicalmente diferente. E as poucas diferenças notaram-se na primeira parte, porque aquilo que jogámos nela também poderia ter sido perfeitamente mais um jogo como os últimos sob a orientação do Bruno Lage. De uma forma resumida, apesar de termos estado mais por cima, não jogámos nada bem. Uma vez mais num relvado no mínimo sofrível (em três jogos fora esta época, é a terceira vez que apanhamos um relvado em más condições) permitimos demasiado espaço ao AFS para nos ameaçar, em especial quando recuperavam a bola como consequência do diversos maus passes por parte da nossa equipa. Até começámos o jogo com uma óptima ocasião de golo logo aos dois minutos, finalizada de forma muito deficiente pelo Ivanovic quando estava isolado, mas o adversário foi ganhando confiança à medida que ia respondendo e também conseguindo ao máximo quebrar o ritmo de jogo - só nos primeiros 16 minutos de jogo houve quatro interrupções devido à necessidade de jogadores do AFS serem assistidos (um deles no entanto teve mesmo que sair). Ainda marcámos um golo pelo Ivanovic, que foi anulado porque na altura do cruzamento do Dahl a bola já tinha ultrapassado a linha de fundo, e o mesmo Ivanovic voltou a ter uma boa ocasião, mas o remate de ângulo muito apertado foi cortado por um defesa em cima da linha. Mas o AFS também conseguia chegar com perigo à nossa baliza e ainda atirou uma bola ao poste. Foi só no último minuto de compensação que desfizemos o nulo, numa insistência do Sudakov. Depois de uma jogada em que o Pavlidis e os defesas do AFS se embrulharam na área a bola sobrou para o ucraniano, que viu o primeiro remate de pé direito ser bloqueado por um defesa, mas a recarga de pé esquerdo seguiu imparável para o fundo da baliza.

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Devo dizer que gostei muito mais do Benfica que vi na segunda parte, em vantagem. E neste ponto talvez possa admitir que tenha havido influência directa do treinador. É que, ao contrário daquilo a que infelizmente nos tínhamos vindo a habituar nem digo nos últimos tempos, mas mesmo nos últimos anos com vários treinadores, o Benfica não se encostou à vantagem mínima e não tentou 'gerir' o resultado enquanto entregava a iniciativa do jogo ao adversário. Na segunda parte o Benfica mandou ainda mais no jogo e encostou o AFS à sua área, não lhe permitindo alimentar grandes esperanças de obter qualquer coisa deste jogo. O Sudakov esteve perto de voltar a marcar, vendo o golo ser negado por uma boa defesa do guarda-redes, mas pouco depois o Benfica fez mesmo o segundo, quase a fechar o primeiro quarto de hora da segunda parte. Num livre marcado sobre o lado direito do nosso ataque a bola foi colocada na zona do segundo poste, onde o Otamendi a cabeceou e foi depois atingido na cara pelo cotovelo de um adversário. Fiquei honestamente surpreendido por o árbitro ter assinalado logo o penálti (nem foi o VAR a ter que alertá-lo) porque normalmente não assinalam estas faltas a nosso favor (e na primeira parte já tinha ficado um penálti por assinalar sobre o Ivanovic). O Pavlidis converteu-o com a eficácia do costume. Cinco minutos depois veio o terceiro golo, numa boa jogada de ataque. Em zonas mais recuadas - sobre a linha de meio campo - o Sudakov colocou a bola nas costas da defesa do AFS, permitindo ao Pavlidis escapar à armadilha do fora de jogo e fugir pela esquerda. Chegado à zona lateral da área, colocou a bola no Ivanovic que, em frente à baliza, evitou um adversário com uma simulação de corpo e rematou para o golo. Tudo resolvido e para os últimos vinte minutos mudámos para um mais familiar 4-2-3-1, com as entradas do Schjelderup e do Barreiro para os lugares do Ivanovic e do Barrenechea, e afrouxámos um pouco a pressão, o que permitiu ao AFS finalmente respirar e até voltar a chegar à nossa área. Mas nunca deixámos de ter mão no jogo.

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Os jogadores em maior destaque foram, para mim, o Pavlidis e o Sudakov. O Pavlidis marcou um golo, assistiu para outro, e ainda que atabalhoadamente, acabou por estar também ligado ao primeiro golo. O Sudakov marcou o importante golo que desfez o nulo, e numa altura bastante importante, mesmo a fechar a primeira parte. Esteve perto de voltar a marcar, e fez o passe que desmarcou o Pavlidis no lance do terceiro golo. Ele dá à equipa a tão falada criatividade e capacidade de rasgo que pareciam faltar à equipa e que, por mais que o Bruno Lage afirmasse que teriam que vir da equipa como um todo, pareciam estar claramente em falta. No lance do golo, foi interessante ver a facilidade de remate com os dois pés.

 

O calendário é apertado e não perdoa, na terça já há novo jogo e aguardemos para ver o que o Mourinho conseguirá fazer à medida que tiver mais tempo para trabalhar. A qualidade no plantel existe e 'acabado' ou não, ele sabe mais de futebol e tem mais experiência do que quase todos os outros juntos. O que me vai parecendo à medida que vou observando as reacções dos nossos inimigos é uma tentativa de esconder a evidente preocupação com a possibilidade da coisa correr bem, e é por isso que são eles os mais vocais na narrativa do 'acabado'. Uma coisa parece já ter mudado para mim: a sensação de que agora é o treinador do Benfica quem controla a narrativa nas conferências de imprensa. 

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publicado por D'Arcy às 12:30
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4 comentários:
De José Soares a 21 de Setembro de 2025
Sobre o último parágrafo, que, além dos 3 pontos, me parece o mais importante:
https://oindefectivel.blogspot.com/2025/09/mourinho-voltou-e-nao-foi-para-pedir.html
De Nick Name a 21 de Setembro de 2025
Foi um jogo globalmente razoável, fazendo a média entre uma bastante má primeira parte e uma segunda parte a roçar o bom. Não se viu nada de muito diferente dos tempos do pouco saudoso Bruno Lage, o que é totalmente normal dado que Mourinho acabou de chegar.
Mais importante que falar deste jogo em que nada de especial se passou e acabámos por vencer com naturalidade, será falar do que pode vir a ser e o que pode fazer Mourinho no Benfica. Parece-me no mínimo redutor considerar que isso de o Mourinho estar "acabado" é uma mera narrativa dos inimigos do Benfica. Sejamos claros: Mourinho é um treinador ultrapassado ( não diria "acabado") e não sou eu, nem os inimigos do Benfica quem o diz, é o mundo do futebol. Por isso é que Mourinho tem vindo ao logo dos últimos anos a descer contínuamente, primeiro do topo da Premier League para o sub-topo (do Chelsea para o Tottenham passando pelo Manchester United), depois para a Roma, depois para o Fenerbahçe, já fora das principais ligas. De despedimento em despedimento, de indemnização em indemnização, até chegar à eliminação perante o Benfica há semanas, jogando um futebol lamentável e sendo corrido logo a seguir. Mourinho tinha chegado ao fim da linha e foi aí que teve a sorte de lhe aparecer o Benfica, e um Rui Costa desesperado.
É esta a realidade do Mourinho de 2025 e não vale a pena termos ilusões. Dito isto, mesmo um Mourinho ultrapassado será sempre melhor que o pobre do Lage e até poderá ser suficiente para vencer a pobre Liga portuguesa.
Vamos esperar para ver, não é impossível e mesmo sem grande optimismo lá estarei na Luz a apoiar a equipa na terça contrao Rio Ave.
Uma coisa é certa, ver finalmente o Lage pelas costas já é um ponto positivo. Dá é vontade de perguntar se não era melhor ter-se tomado a decisão de trocar de treinador no final da época passada, mas isso é conversa para outra ocasião.
De Luís Manuel a 22 de Setembro de 2025
Olá D'Arcy. Obrigado pelo post.

Foi uma primeira parte um bocado dura, acho que todos sentimos o nervosismo da equipa, o que era expectável. Mesmo assim tivemos alguns bons lances, foi-nos sonegado outro penálti e terminámos bem, com um golo importantíssimo do Sudakov. Concordo com a tua análise ao jogo e à nossa boa segunda parte. Era difícil haver grandes melhoras, com dois treinos apenas, mas já foi muito agradável verificar-se essa mudança de atitude, que normalmente nos levava a gerir e a pausar o jogo assim que ficávamos na frente por um golo.

Este calendário é, até, relativamente 'acessível' nos próximos dois jogos (estamos todos de pé atrás porque nos lembramos da dificuldade que foi jogar contra o Estrela e contra o Alverca), mas depois teremos dois jogos fora seguidos, e qual deles o mais difícil, num curto espaço de tempo. Seria bom ganharmos confiança com duas vitórias, para já, porque a consolidação dos processos do novo treinador é impossível alcançar-se de um momento para o outro. Estou a gostar bastante da forma como o José Mourinho comunica - com a equipa e com a imprensa. E tenho esperança que as coisas melhorem muito. Pena termos ficado sem quatro extremos (Di María, Aktur, Tiago e Bruma) e só ter entrado um. E acho que precisávamos muito de outro médio centro, pois não se sabe quando e como voltará o Manu, mas pode ser que o nosso treinador encontre alternativas. Encher a Luz e ganhar amanhã!
De Fernando Valente a 23 de Setembro de 2025
Nada muda em pouco tempo,entrada ao mesmo nivel de Lage,foi bom aquele golo ao cair o intervalo, como admiro jogadores rematando com dois pés, se A S tivasse esse previlégio seria dos melhores centrais do mundo, nunca um coxo,digo-o convicto,inumerar esse defeito é ver os golos sofridos.Analizar trabalho do tecnico só esperando melhores dias, espero ficar hoje a 2 pontos do lider actual. Viva o meu Benfica!....

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