Vinte minutos de maior intensidade foram suficientes para conseguir o resgate de um empate que parecia quase fora do nosso alcance, num jogo pobre de parte a parte. Este resultado deixa-nos com um pé na fase seguinte, mas dependentes de terceiros para chegar ao primeiro lugar do grupo.
Com sete jogadores indisponíveis para o jogo, não eram esperadas grandes surpresas no onze. Mas mesmo assim o Hélton na baliza e o Chiquinho no meio campo ao lado do Gabriel foi algo inesperado, com o Pizzi a começar no banco. O jogo não foi particularmente bem jogado, e para isso terá também contribuído o golo madrugador do Rangers. Logo aos seis minutos, num lance onde achei que houve demasiada passividade da nossa equipa, os escoceses colocaram-se em vantagem. Um cruzamento do lado esquerdo do ataque deles permitiu um cabeceamento ao qual o Helton correspondeu com uma grande defesa. Mas a bola não foi afastada da área, e foi novamente um jogador adversário a ganhar de cabeça nas alturas e afazer a recarga, que levou a bola à trave. Como não há duas sem três, e com metade dos nossos jogadores a olhar, veio o terceiro remate para o golo. Ganhar três bolas dentro da área não deixa a nossa defesa nada bem vista, e tenho a impressão que se fossem necessárias seis ou sete recargas até a bola entrar os escoceses ganhá-las-iam todas. Parece-me claro que o Everton neste momento não tem grande capacidade defensiva - é só ver a forma como ficou parado no lance do golo, e em jogos anteriores quantos dos golos adversários nascem naquele lado. Ao amarrá-lo a estas funções tácticas estamos a perder o potencial desequilibrador dele na frente e a 'ganhar' um jogador que compromete defensivamente em quase todos os jogos. A partir do golo o tom do jogo ficou mais ou menos definido. Benfica com mais bola e como habitualmente a insistir muito pela zona central (a excepção eram algumas investidas do Grimaldo pela esquerda), o Rangers resguardado atrás e a tentar sair rápido e quase sempre com futebol directo. Uma coisa que me pareceu evidente neste jogo foi o quão desprotegida ficou o nosso meio campo defensivo - e consequentemente a nossa defesa - sempre que a bola era perdida no ataque. Frequentemente os jogadores adversários conseguiam receber a bola quase à vontade e de frente para os nossos defesas. Com Gabriel e Chiquinho em campo fez-nos falta um verdadeiro médio defensivo, o que aliás se tem verificado na maioria dos jogos em que temos sofrido vários golos e continua a fazer-me estranhar o empréstimo do Florentino. Criámos um ou dois lances de algum perigo - um remate do Everton para a bancada quando estava em posição privilegiada para marcar, e um cabeceamento falhado do Seferovic, que cabeceou de raspão na bola mesmo em frente à baliza - mas o jogo não teve muito mais motivos de interesse.
E assim continuou na segunda parte. O Benfica mexeu cedo, trocando o Chiquinho e o Waldschmidt pelo Pizzi e o Diogo Gonçalves, mas pouca diferença fez e foi o Rangers quem, numa rara subida ao ataque, chegou ao segundo golo. Foi um grande golo, num remate de fora da área a levar a bola ao ângulo, mas mais uma vez ficou evidente como a falta de um médio defensivo deixou desprotegida a nossa zona central quando somos apanhados numa transição rápida - o autor do golo encarou de frente os nossos defesas e progrediu sem oposição até rematar à entrada da área. Como reacção ao golo trocámos o Gilberto pelo Gonçalo Ramos, e foi aqui que se começou a notar diferença na nossa equipa. Não só pela presença e mobilidade do Gonçalo Ramos no ataque, mas também pelo recuo do Diogo Gonçalves para lateral direito, onde trouxe uma dinâmica e agressividade nunca vistas enquanto o Gilberto esteve em campo (com as duas primeiras trocas o Diogo tinha ido ocupar o lugar do Rafa na direita e este tentou formar a dupla de ataque com o Seferovic; com a entrada do Gonçalo o Rafa regressou à direita). Antes disso para vermos algum jogo pelos flancos era necessário esperar por alguma investida do Grimaldo pela esquerda, mas depois passou a ser quase sempre por aquele lado, para onde o Pizzi e o próprio Gonçalo Ramos caíam muitas vezes, que o Benfica passou a criar quase todo o perigo. O Benfica já até aí tinha boa parte das despesas do jogo, mas passou a ser mais perigoso e a trocar a bola de forma mais eficiente e incisiva, em contraponto aos sucessivos passes laterais que ia fazendo sem progressão até aí. O primeiro golo surgiu aos setenta e oito minutos, resultado de mais uma jogada pela direita, com cruzamento para o Everton amortecer para a tentativa de remate do Seferovic, que acertou apenas nas orelhas da bola. Esta sobrou para o Gonçalo Ramos, que fez a recarga para a bola embater num par de defesas do Rangers antes de entrar na baliza. Novo ânimo para a nossa equipa, e ficámos ainda mais em cima do adversário, quase sempre a insistir pela direita. E foi por aí que nasceu o golo do empate, apenas três minutos depois do primeiro golo. A bola viajou pelos pés do Diogo Gonçalves, Rafa, Pizzi, e Gonçalo Ramos até regressar aos pés do Pizzi, que de pé esquerdo quase na marca de penálti, e rodeado de jogadores adversários, fuzilou a baliza. Estava conseguido o empate e ainda havia tempo para tentar chegar à vitória, mas apenas num remate de ressaca do Gabriel voltámos a criar perigo.
Os destaques são para o Gonçalo Ramos, Diogo Gonçalves e Pizzi, porque só com eles em campo é que o Benfica conseguiu, durante vinte minutos, jogar o futebol que mais nos interessava. No resto do tempo tivemos muita bola mas poucas ideias. Durante esse período, acho que o o Grimaldo e o Rafa foram dos mais esforçados.
Com a vitória do Standard nos momentos finais no outro jogo do grupo ficámos com cinco pontos de avanço e dois jogos por fazer, o que significa termos o apuramento na mão, que poderemos garantir já no próximo jogo - até um empate pode servir, caso o Standard não vença o Rangers. Neste jogo voltou a ser visível o quão expostos ficamos defensivamente em determinadas situações de jogo. Julgo que até que resolvamos a questão do médio defensivo, será difícil evitar estes problemas.
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