O Vitória foi durante toda a semana apresentado e promovido como a primeira equipa a travar o Benfica de Roger Schmidt, e um difícil teste que o Benfica teria que ultrapassar. No final, uma goleada tão natural que para quem tenha assistido ao jogo foi como mais um dia no escritório. Quase que se pode considerar que aquilo que se passou não foi mais do que uma simples rotina.
Já todos conhecemos o núcleo duro do plantel, por isso era óbvio quem seriam os onze escolhidos para iniciar o jogo. Sem o Aursnes disponível, mas com o Rafa novamente disponível, foi esta a troca óbvia. A novidade foi mesmo que ao contrário do habitual, o João Mário manteve-se sobre a direita e o Neres actuou do lado esquerdo, com o Rafa a ter o seu habitual papel de vagabundo nas costas do avançado. Da parte do Vitória, não sei se eles próprios acreditaram muito na promoção que lhes foi feita de serem uma equipa temível, porque se apresentaram com um estratégia muito clara: autocarro. Uma equipa que pode e sabe jogar futebol enfiou toda a gente atrás na expectativa de manter o nulo desde o apito inicial e nem contra-ataques faziam, porque o Chiquinho e o Florentino no meio campo limpavam tudo o que fosse tentativa de invadir a nossa metade do campo com maior perigo. Depois aconteceu aquilo que de pior pode acontecer a equipas que apostam forte nesta estratégia: sofrem um golo cedo e desmorona-se tudo. O Vitória teve o azar do Benfica, ao contrário do que tem acontecido muitas vezes, ter estado extremamente eficaz - fizemos até muito poucas finalizações para aquilo que nos é habitual. Foram treze os minutos que passaram até a bola entrar pela primeira vez na baliza do Vitória, quando depois do Neres a partir da esquerda levantou a bola, de pé direito, para a área, onde o Rafa deu um toque de cabeça para trás e permitiu ao Gonçalo Ramos aparecer solto na zona da marca de penálti para voar para a bola e cabecear para o golo. Sem reacção visível por parte do Vitória - foi o Benfica quem já tinha estado perto do segundo, quando o Gonçalo Ramos não conseguiu acertar na baliza vazia desde muito longe, depois de ter recolhido a bola após uma saída do guarda-redes da área para cortar um lance de ataque - o segundo golo apareceu aos vinte e oito minutos e nasceu de uma jogada muito simples. Pontapé de baliza do Vlachodimos, o Gonçalo Ramos ganhou no ar ao defesa e tocou para a desmarcação do Rafa nas suas costas, que seguiu isolado para a baliza. Foi derrubado por trás por um defesa e o respectivo penálti assinalado (achei que seria um lance claro para cartão vermelho, mas pelos vistos conseguiram considerar que o defesa tentou jogar a bola), que o João Mário converteu. E aos trinta e seis o terceiro (pouco antes o Otamendi tinha atirado uma bola ao poste) numa boa transição que é uma imagem de marca desta equipa. Tudo começa à saída da nossa área e depois, sempre em progressão e velocidade, Neres, João Mário, Rafa e Gonçalo Ramos levaram a bola até à outra baliza, com o último a assistir para uma boa finalização de pé esquerdo do João Mário. São jogos assim que se querem, resolvidos cedo, sem causarem stress nem grandes correrias e a mostrar uma equipa bem entrosada, que sabe muito bem aquilo que quer e deve fazer em campo, e que depois sim, pode até dar-se ao luxo de gerir o esforço e os tempos de jogo.
E foi mesmo isso que fizemos na segunda parte. Foi notório o menor ritmo com que reentrámos, e como mencionou o nosso treinador no final, por vezes talvez até o tenhamos feito em excesso, embora seja compreensível. O resultado era confortável, o adversário estava completamente manietado - e mesmo a perder por três, não abandonava o autocarro e mantinha uma linha de cinco defesas, com outra linha de quatro colocada imediatamente à frente - e mesmo a jogar num ritmo baixo ainda assim mantinha-se a expectativa de poderem surgir mais golos, porque embora em menor quantidade as oportunidade iam surgindo. A primeira foi até uma séria ameaça de autogolo: livre do Grimaldo na direita, bola cruzada tensa para a área e o desvio de cabeça de um defesa levou a bola a passar a centímetros do poste. Da ameaça passou-se à concretização, e aos sessenta e nove minutos foi mesmo através de um autogolo que o Benfica aumentou a vantagem. Mais uma boa transição ofensiva com o Rafa a soltar a bola na altura certa para o João Mário, e quando já na área este tentou fazer o passe atrasado para o Neres, que aparecia solto na zona frontal, o Dani Silva interceptou a bola na direcção da baliza. Um outro defesa ainda conseguiu fazer o corte no limite em cima da linha, mas fê-lo na direcção do mesmo Dani Silva, com a bola a embater nele e a entrar na baliza junto ao poste mais distante. Pouco depois, a quinze minutos do final, entraram os dois do costume, João Neves e Musa, para os lugares do Florentino e do Gonçalo Ramos, mas com o extra de termos também trocado o Otamendi pelo Morato, que precisa de ganhar minutos para estar mais bem preparado para o jogo da Champions. O Vitória aproveitou para ter um assomo de brio e ir à frente, chegando mesmo ao golo num lance em que o recém-entrado Morato não ficou muito bem na fotografia, já que foi ele quem deixou escapar o Safira para fazer a assistência para o golo do André Silva, com o Grimaldo a não conseguir chegar a tempo para interceptar o passe. Mas a um minuto do final, já com o Gilberto em campo, o Benfica repôs a diferença no marcador. Foi mais um canto marcado à maneira curta na direita, entre o Chiquinho e o Neres, com o cruzamento deste último a seguir para a zona do segundo poste onde o Musa cabeceou para o chão, com a bola a seguir para o poste oposto onde o António Silva cabeceou com toda a calma do mundo para a baliza. Nos minutos de compensação, oportunidade para a estreia pela equipa principal do Cher N'Dour. Espero que seja sinal que a renovação está bem encaminhada.
Acho que no Benfica poderíamos destacar praticamente qualquer um dos jogadores da frente, o que é indicativo da forma como jogamos como equipa. Toda a gente parece entender-se quase de olhos fechados, jogam com alegria e sempre para a equipa, sem sinais de egoísmo. Por exemplo, o João Mário voltou para a frente da lista dos melhores marcadores a passe do seu concorrente mais directo, o Gonçalo Ramos. Mas também a dupla do meio campo poderia perfeitamente ser destacada. O Florentino voltou a fazer um grande jogo e a sua ausência dos convocados da selecção (não que eu me queixe disso) parece-me uma injustiça. O Chiquinho não é o Enzo mas também joga e faz a equipa jogar, e mostra um enorme compromisso com as tarefas defensivas. Eu até acho que o Florentino se sente ainda mais à vontade para subir um pouco mais com ele a seu lado.
Mais um passo dado e agora a vantagem para o segundo classificado passou para dez pontos. Significa isto que se vencermos seis dos nove jogos que faltam nos sagraremos campeões. Não sei o que irão inventar agora para manter a 'pressão', mas pode ser que a informação contida nos envelopes da acusação que nos foram entregues abertos e rasgados seja útil. Da minha parte eu sugeriria por exemplo investigar o motivo pelo qual uma equipa que já mostrou saber jogar futebol se apresentou na Luz completamente enfiada na defesa e sem um traço de futebol positivo. Vem agora mais uma indesejada pausa para as selecções jogarem, cuja única vantagem é dar mais um bocadinho de tempo para a recuperação do Gonçalo Guedes. E se calhar também deixar os nossos adversários a ruminar os dez pontos, porque deve ser frustrante anunciar em Dezembro que vamos ser campeões, passar meses a repetir isso e a fomentar uma campanha imunda de tentativas de desestabilização à espera de uma anunciada quebra, e chegar a este ponto ainda mais longe do primeiro lugar do que estávamos.
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