Mais uma exibição muito personalizada e segura valeu-nos uma vitória que até pareceu simples e natural em White Hart Lane, com um resultado que nos deixa com enormes probabilidades de apuramento para os quartos-de-final da Europa League, embora não possamos descurar a segunda mão.
Menos mudanças e poupanças do que eu esperava (e, confesso, desejava). Afinal foram apenas quatro as trocas no onze: Sílvio, Amorim, Sulejmani e Cardozo nos lugares do Maxi, Enzo, Gaitán e Lima. Esperava um assalto do Tottenham à baliza nos minutos iniciais, e foi isso que os ingleses tentaram fazer. Mas o Benfica joga neste momento com uma segurança defensiva muito grande, e como tal conseguiu manter o adversário quase sempre muito bem controlado, não lhe dando hipóteses de ameaçar a nossa baliza. Nas poucas vezes em que o Tottenham conseguia furar a primeira linha de defesa, constituída pelos nossos médios, aparecia sempre um defesa para fazer o corte - muitas vezes o Luisão, que parecia estar em todo o lado. O Benfica neste momento tem os seus jogadores cheios de confiança e joga o seu futebol de forma imperturbável, independentemente do campo ou do adversário - e hoje em Londres acho que até se ouviram mais os adeptos do Benfica do que os do Tottenham, por isso o ambiente nem foi tão adverso assim. Sustido o ímpeto do Tottenham, o Benfica tentava depois as saídas rápidas para o contra-ataque, como tanto gosta de fazer, e a forma de jogar do adversário, com a defesa muito subida a deixar demasiado espaço nas suas costas que podia ser explorado, ainda convidava mais a que isso acontecesse. Durante a primeira meia hora de jogo não conseguimos fazê-lo muitas vezes, pelo que assistimos a um jogo muito disputado a meio campo mas algo morno, sem grandes oportunidades. Mas na primeira vez que o Benfica chegou à baliza adversária, marcou. Tudo começou num passe brilhante do Rúben Amorim precisamente para esse espaço nas costas da defesa, e depois o Rodrigo fez o resto: desmarcou-se saindo da direita para o meio, e à saída do guarda-redes colocou muito bem a bola, rasteira, junto do poste mais distante. Não houve qualquer reacção do Tottenham ao golo. O que se viu foi o contrário, ou seja, os ingleses pareceram acusar muito o golpe e tornaram-se ainda menos incómodos.
A segunda parte foi diferente da primeira. Foi mais aberta, com mais jogadas de ataque e contra-ataque de parte a parte, mais espaços e velocidade. Começou com a primeira boa ocasião que o Tottenham criou no jogo, onde o Adebayor apareceu solto sobre a esquerda da nossa defesa mas rematou torto e fraco, ao lado da nossa baliza. Mas depois dessa situação era o Benfica quem parecia mais perto do segundo, pois o Tottenham cada vez descurava mais a defesa e abria espaços atrás que podiam ser explorados pela velocidade do Rodrigo, Sulejmani ou Markovic. Isto quando em White Hart Lane só se ouviam mesmo os nossos adeptos a cantar pelo Benfica. Com treze minutos decorridos o Benfica recuperou uma bola perto da área adversária e o Rúben Amorim quase marcou num remate ainda de fora da área, que acabou defendido para canto. Na marcação do mesmo, o Rúben enviou a bola para a entrada vitoriosa de cabeça do Luisão. O Tottenham parecia definitivamente derrotado mas voltou ao jogo cinco minutos depois com um golo de livre directo, após uma perda de bola algo infantil da nossa equipa. Pressentindo o perigo de um possível empolgamento do adversário, o JJ respondeu com as entradas do Gaitán e do Enzo para os lugares do Cardozo e do Sulejmani, reforçando o meio campo e deixando o Rodrigo como homem mais adiantado. Resultou, porque nós passámos a ter um pouco mais de bola e o Tottenham praticamente não voltou a ameaçar a nossa baliza, não retirando portanto qualquer vantagem anímica do golo marcado. Mais uma vez foi o Benfica quem esteve mais perto de marcar, o que quase conseguiu depois de uma asneira grande do Lloris, que esteve perto de oferecer um golo de bandeja ao Rodrigo. Não marcámos nessa ocasião, mas marcámos mesmo a seis minutos do final. Mais uma bola parada, neste caso um livre apontado do lado esquerdo pelo Gaitán, um primeiro cabeceamento do Garay a ser defendido em dificuldade pelo Lloris, e depois o Luisão apareceu na pequena área para fuzilar a baliza, marcando um golo que nos dá muito maior tranquilidade e margem de manobra para a segunda mão. E ainda estivemos muito perto de marcar um quarto golo na jogada final, mas o Lloris conseguiu defender quando o Siqueira lhe apareceu sozinho à frente após tabela com o Gaitán.
O Luisão foi um autêntico monstro hoje. Marcou dois golos, claro, mas para além disso esteve simplesmente intransponível na defesa, parecendo estar em todo o lado para cortar todas as bolas, ganhar nas alturas ou desarmar adversários. Fantástico também, como tem sido sempre que é chamado a assumir a titularidade, esteve o Rúben Amorim. Para além do trabalho no meio campo, foi ainda o autor de assistências para dois dos golos - e o passe para o primeiro golo foi simplesmente lindo de ver. O grande azar do Rúben Amorim neste momento é o facto do concorrente directo que tem pela titularidade dar pelo nome de Enzo Pérez. Outro gigante em campo foi o Fejsa, e se calhar um dos maiores elogios que lhe posso fazer é que hoje parecia o Matic a jogar. Garay, Rodrigo, Sulejmani (enquanto teve pilhas) foram outros dos que me agradaram. O mais apagado foi mesmo o Cardozo, que continua a acusar falta de ritmo - e cujas características também não serão as mais apropriadas para um jogo como este, em que era necessária velocidade no ataque.
É sempre agradável vencer em provas europeias e ver a nossa equipa jogar com a personalidade que mostrou hoje. Claro que agora vamos ouvir que o Tottenham está mal, ou que jogou com as reservas, ou que o treinador está a prazo, e outras coisas do mesmo teor a que já nos habituámos. O facto é que vencemos em casa do quinto classificado da Premier League com uma limpeza e deixando uma sensação de facilidade que me encheram de satisfação. Agora é altura de pensar no importantíssimo jogo de segunda-feira na Madeira. Jornadas europeias são muito bonitas, mas eu quero é que o Benfica ganhe o campeonato.
P.S.- Não gostei mesmo nada do gesto do JJ para o Tim Sherwood.
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