Um apuramento muito sofrido para a Final Four da Taça da Liga num jogo em que fomos superiores mas no qual, para não variar, voltámos mais uma vez a cometer exactamente os mesmos erros e a exibir as mesmas lacunas no nosso futebol que resultam sempre em dificuldades acrescidas para vencer jogos, mesmo quando os dominamos.
No baralha e volta a dar que a sequência de jogos próximos acaba por causar na constituição do onze titular, dos mais previsíveis ou habituais titulares mantiveram-se os quatro da frente (Rafa, Everton, Darwin e Waldschmidt) e o Vertonghen. O resto foram as cada vez mais habituais alternativas: Helton, João Ferreira, Jardel, Nuno Tavares, Weigl e Taarabt. O jogo começou como seria de esperar: Benfica ao ataque e com mais bola, Vitória à defesa e a tentar jogar no contra-ataque. Que nos primeiros minutos nem conseguiu, porque o Benfica esteve constantemente a jogar no meio campo adversário. Só que aos quinze minutos, na primeira vez que o Vitória veio à frente, marcou. E sem surpresa alguma, da forma expectável. Transição rápida ultrapassando a primeira linha de pressão, e a habitual cratera no meio campo à frente da defesa que deixa os avançados em situação de igualdade numérica com os defesas. Ver um jogo do Benfica nos últimos tempos é isto. Por um lado, é ver a equipa ter imensa bola e a jogar no meio campo adversário mas termos muito pouca confiança que consigamos marcar um golo, porque passamos a maior parte do tempo a tentar entrar pelo meio (três médios a fechar o meio à frente da defesa é mais ou menos a fórmula padrão anti-JJ, à qual se adiciona um homem deixado isolado na frente e dois alas rápidos para as transições). Por outro lado, é estarmos com a sensação que de cada uma das (poucas) vezes que o adversário passa do meio campo, podemos sofrer um golo devido à fragilidade do meio campo. Normalmente temos um número dez a jogar a oito, que não faz a menor ideia do que um oito deve fazer, e um oito a jogar a seis. Neste jogo alinhou o Weigl a seis, mas ele nunca será o seis que o JJ quer e nunca funcionará nesta táctica. Ainda mais estranho é que o único seis à JJ que tínhamos no plantel foi dispensado (Florentino). Quaisquer sinais minimamente encorajadores dos primeiros quinze minutos desapareceram com o golo, e assistimos a um resto de primeira parte com algum do futebol mais desinspirado que conseguimos produzir - houve talvez uma situação de maior perigo criada, com uns remates do Everton dentro da área que embateram sempre em algum dos muitos jogadores que o Vitória ali acumulava. Já não foi mau não termos sofrido um segundo golo em mais alguma das raras saídas deles para o ataque.
Ao intervalo entraram o Seferovic e o Gilberto para os lugares do Waldschmidt e do João Ferreira. O Benfica melhorou um pouco - o Gilberto está a ficar mais atrevido nas acções ofensivas e com isso ganhamos um pouco mais de jogo pela ala direita - mas foi sobretudo com as entradas um pouco depois do Pizzi e do Pedrinho (saíram o Weigl e o Rafa) que conseguimos transformar a superioridade territorial em reais ameaças à baliza do Vitória. O Vitória nesta fase simplesmente tentava defender com unhas e dentes a vantagem, e já quase nem tentava sair para o contra-ataque. Depois de algumas boas ocasiões desperdiçadas (o Darwin cabeceou escandalosamente ao lado um grande cruzamento do Pedrinho, que o encontrou completamente isolado sobre a linha da pequena área; o Pizzi rematou à figura depois do Darwin o ter deixado à vontade dentro da área para rematar) o Benfica acabou por chegar ao golo a sete minutos do final, num penálti convertido pelo Pizzi depois do Pedrinho ter sido abalroado na área. Até final, o Benfica ainda dispôs de mais algumas boas ocasiões para evitar o desempate por pontapés da marca de penálti, em especial duas por parte do Darwin, que não esteve particularmente inspirado na finalização. Chegados aos penáltis, a tarefa acabou por se tornar simples, até porque o primeiro pontapé do Vitória esbarrou no poste e deixou-nos logo em vantagem desde o início. Everton, Pizzi e Gabriel marcaram os seus, o Helton defendeu o terceiro penálti do Vitória (muito mal marcado) e o Seferovic fechou as contas.
Tendo em conta a péssima primeira parte (dar primeiras partes de avanço também parece que começa a tornar-se um mau hábito da nossa equipa) torna-se claro que os únicos jogadores que conseguem merecer algum destaque foram aqueles que contribuíram para alguma melhoria na segunda parte e acabaram por permitir salvar a eliminatória. As entradas do Gilberto, Pizzi e Pedrinho permitiram melhorar um pouco o nosso futebol (os dois brasileiros dinamizaram bastante o lado direito) e fizeram a nossa equipa mais perigosa no ataque. Por outro lado, mantenho o meu trauma com o Taarabt - sempre que o vejo a titular num meio campo a dois, instintivamente acho que a coisa vai correr mal. Provavelmente se ele algum dia aprender a jogar simples em vez de ter que dar 23 toques na bola e duas piruetas enquanto esbraceja de forma descontrolada antes de passá-la as coisas possam melhorar. Reconheço que não morro de amores pelo marroquino (reconheço-lhe empenho, mas não aprecio o futebol dele) e talvez possa estar a ser demasiado ríspido, mas acho sempre que as coisas correm melhor quando ele não está em campo.
Acabámos mais uma vez por nos safar apesar de não termos jogado bem. Por um lado podemos ser optimistas e pensar que vamos conseguindo ganhar mesmo não jogando bem, e que só podemos evoluir e portanto as coisas correrão ainda melhor quando voltarmos a jogar melhor - como já o fizemos no início da época. Por outro lado, preocupa-me ver e ouvir o nosso treinador a tapar o sol com uma peneira, porque se não conseguimos identificar um problema, então é impossível resolvê-lo. Parece-me inegável que neste momento não estamos a jogar bem, estamos aliás muito longe disso e a qualidade individual dos jogadores que compõem o nosso plantel exige que joguemos muito mais e melhor. Mas quando ouço o nosso treinador falar sobre os jogos, só posso tirar duas conclusões: ou eu não sei mesmo ver futebol, ou o nosso treinador não anda a ver os mesmos jogos que eu.
bola nossa
-----
-----
Diário de um adepto benfiquista
Escolas Futebol “Geração Benfica"
bola dividida
-----
para além da bola
Churrascos e comentários são aqui
bola nostálgica
comunicação social
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.