Um jogo frustrante em que ficamos com a sensação que estaria perfeitamente ao nosso alcance ganhá-lo, e no qual acabámos por não ganhar para o susto pois poderíamos tê-lo perdido mesmo a acabar, comprovando mais uma vez o velho chavão de que quem não mata, morre.
Optámos pelo esquema de três centrais de início, o que nesta fase já não é surpresa nenhuma. Com o Lucas Veríssimo suspenso, avançou o Morato para a titularidade. Na direita jogou o Gilberto, e na frente jogaram o Everton e o Yaremchuk, para além do inevitável Rafa. Aquilo que acabou por ser o jogo quase todo ficou bem visível logo nos minutos iniciais. O Dínamo parecia não ter problemas em aguardar pelo Benfica com todos os seus jogadores fechados atrás, tentando depois sair no contra-ataque sempre que possível, o que nem foram tantas vezes assim. Acho que nos primeiros cinco minutos nem devem ter passado do meio campo e só tocaram na bola para a chutar para onde estavam virados. Já o Benfica, mostrou as habituais dificuldades para dar a volta a uma equipa acantonada na defesa. A posse de bola foi avassaladora (a chegar perto dos 80%) mas era sobretudo circulação de bola de um lado para o outro sem conseguirmos colocar jogadores em situação de finalização. Sem surpresas, era quase sempre o Rafa quem conseguia criar acelerações e situações de desequilíbrio, mas demorou muito tempo até conseguirmos obrigar o guarda-redes adversário a intervir. Pelo contrário, o Vlachodimos teve que se mostrar atento logo na fase inicial, quando um mau passe do Otamendi resultou num livre à entrada da área que criou muito perigo. As melhores situações do Benfica tiveram a intervenção do Weigl: uma recuperação de bola muito alta colocou o Everton em situação perigosa dentro da área, mas o brasileiro embrulhou-se com os defesas e não conseguiu finalizar (num lance em que se calhar até poderia ter sido assinalado penálti); e nova recuperação de bola no meio campo adversário com um passe para o Yaremchuck rematar forte à entrada da área, só que à figura do guarda-redes. O Rafa também surgiu em boa posição depois de um livre estudado, mas a tentativa de chapéu saiu demasiado por cima.
Na segunda parte manteve-se o mesmo cenário. O Benfica continuou sempre por cima e até criou a melhor oportunidade em todo o jogo para chegar à vantagem. Depois de uma insistência do Rafa, que nunca desistiu do lance, a bola sobrou dentro da área para o Yaremchuk, que rematou quase à queima-roupa para uma defesa do guarda-redes ucraniano com o pé, puramente por instinto. Pouco depois o nosso treinador mexeu na equipa, fazendo entrar o Darwin, o Lázaro e o Radonjic para os lugares do Yaremchuk, Everton e Gilberto, mas as alterações não trouxeram nada de novo. Aliás, até me pareceu que perdemos alguma coisa com elas - nem tanto por causa dos jogadores trocados, dado que nenhum dos jogadores que saiu estava a ter um rendimento relevante, mas o que é certo é que depois das alterações o Benfica não pareceu capaz de manter o adversário tão encostado à sua área, e ainda criámos menos ocasiões perigosas. O Rafa era o único que continuava a causar maiores dores de cabeça à defesa ucraniana, mas perto do fim arrumaram com ele num lance que me custa a compreender como é que o VAR não indicou que deveria ter sido mostrado um cartão vermelho. Para o final estava reservado o golpe de teatro. O Dínamo, que tinha sido inofensivo durante quase toda a segunda parte - o único lance de perigo tinha sido uma fuga pela esquerda da nossa defesa que resultou num cruzamento que o Otamendi apenas conseguiu desviar ligeiramente, mas o suficiente para atrapalhar a finalização do adversário no segundo poste - conseguiu nos três minutos de compensação ser mais perigoso do que as duas equipas juntas na soma dos noventa minutos anteriores. Primeiro, um remate de fora da área levou a bola a embater no ferro da baliza, na recarga ao mesmo o Vlachodimos fez uma defesa quase impossível, e depois o Otamendi na tentativa de corte ainda fez a bola bater no poste antes de sair. Na sequência do pontapé de canto que se seguiu, novamente o Vlachodimos a ter que se aplicar para evitar o golo depois de um cabeceamento ao segundo poste. E com o Dínamo a não sair da nossa área, mesmo a acabar um cruzamento largo desde a direita resultou num golo clássico, em que aparece um adversário solto do outro lado para finalizar. Parecia estar tudo perdido, mas o VAR desta vez interveio e assinalou a posição irregular do jogador que fez o cruzamento na altura em que recebeu a bola.
Os melhores do Benfica foram, para mim, o Vlachodimos, que não teve muito trabalho mas as três intervenções que teve foram todas de alto nível e decisivas, o Weigl, que foi o patrão do meio campo, e o Rafa, que é sempre o jogador que acaba por estar envolvido na maior parte das situações de perigo que criamos, porque é aquele que traz mais imprevisibilidade ao ataque e causa desequilíbrios com as suas acelerações. Só foi pena ter falhado o controlo da bola num passe longo que o poderia ter deixado isolado. Não consigo compreender o motivo pelo qual foi o Otamendi o eleito como o melhor em campo no final.
Um ponto é melhor do que nada e normalmente um empate fora é considerado um resultado positivo na Champions. É positivo não termos sofrido golos mais uma vez, mas depois de termos assistido ao jogo é impossível não sentir alguma frustração, porque o Dínamo pareceu ser uma equipa perfeitamente ao nosso alcance. À partida a responsabilidade pelo apuramento neste grupo recai sobre o Bayern e o Barcelona, mas somarmos os seis pontos nos dois jogos com o Dínamo, para além de praticamente nos garantir o terceiro lugar, também poderia deixar alguma ambição para aproveitar alguma eventual instabilidade pós-Messi no Barcelona.
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