Não. Não partilho da opinião apocalíptica de que tudo está mal no reino benfiquista. Jogámos em casa contra o Shakhtar e perdemos (link). Houve, efectivamente momentos do jogo em que a nossa equipa esteve mal. Mas houve muitos outros em que jogámos um bom futebol.
Antes de desatarmos a crucificar quem menos tem responsabilidades neste momento menos bom que estamos a atravessar, que não nos esqueçamos das oportunidades que criámos e que desperdiçámos: no remate inicial do Rodriguez, no remate ao poste do Di Maria, na perdida do Katsouranis, nos cabeceamentos do Cardozo, naquele cabeceamento do Edcarlos (?) tirado em cima da linha de golo, naquele outro remate cortado com a mão dentro da grande área…
Além de tudo isto, há a acrescentar que vi, vimos, uma boa atitude, uma entrega total dos nossos atletas. Se as coisas não aconteceram como esperávamos foi porque também temos, nalguns jogadores, falta de qualidade; também tivemos um valoroso adversário e também tivemos uma grande, muito grande, dose de infelicidade. Mas tudo isto eu perdoo quando vejo que aquela camisola foi transpirada pelos jogadores que hoje a envergaram.
No final do jogo aplaudi os nossos jogadores. Eles, apesar da derrota, mereceram o meu aplauso. No final do jogo ouvi as palavras do nosso treinador e, na minha opinião, ele tem toda a razão no que disse (link). Não espero deste plantel milagres. Espero que continuem, apesar de algumas limitações, a lutar pela vitória com a mesma abnegação com que hoje os vi. Espero que os adeptos saibam dar tempo a que se construa uma equipa.
Agora, quem quiser, que faça eco das ignóbeis palavras que ouvi por parte de alguns comentadores radiofónicos que zurziram de forma gratuita na nossa equipa. Para esse peditório não dou.
Será que o papel do adepto é apenas aplaudir a sua equipa e, quando muito, vaiar árbitros e adversários?
Confesso que não vaio a equipa de futebol do meu clube, nem nenhum futebolista que a componha. Confesso que, esta época, já mostrei lenços brancos ao treinador principal do meu clube. É uma situação que deixa sempre um amargo de boca em quem os vê e, garanto, em quem os mostra. Não é fácil protestar contra quem tem a responsabilidade de liderar tecnicamente o clube pelo qual sofremos. Acaba por ser o reconhecimento do falhanço.
O actual treinador do Benfica tem a seu favor o seu benfiquismo. Pouco mais. Surgiu como um nome menor, perante as ilusões que a comunicação social vendeu aos adeptos: Camacho e Erikson. Surgiu com o anátema de ter perdido um campeonato quando teve o Jardel a marcar umas boas dezenas de golos. Surgiu com o estigma de ter uma ligação fraternal com o presidente do FC Porto. Surgiu com uma equipa técnica que não convence: tirando o Chalana, F. Santos trouxe consigo o inseparável Rosário, o Justino (que, pelo que me dizem, não servia para treinador dos guarda-redes dos seniores do Sporting de Paulo Bento, mas serve para treinador de guarda-redes dos seniores do Benfica de F. Santos) e um jovem promissor preparador físico com uma experiência reduzida na Primeira Divisão do futebol luso. Em suma, F. Santos surgiu no momento errado, com a companhia errada. Isto foi o que sentiu o comum dos adeptos benfiquistas, com excepções.
A época começou mal. Perdemos nos jogos de pré-temporada e perdemos por muitos. F. Santos começou, aí, a perder o benefício da dúvida. A época continuou mal e viram-se os primeiros lenços brancos na Luz. A Direcção protestou. A Direcção apoiou o Treinador. A Direcção deu a entender que os adeptos servem para comprar kits, pagar quotizações, comprar bilhetes de época, apoiar a equipa de futebol do Clube, mas não servem para mostrar lenços brancos. A Direcção fez o papel que dela se esperava na defesa do treinador, mas excedeu-se na crítica aos adeptos que mostraram os lenços brancos. Há duas formas de protestar: mostrar os ditos lenços ou abdicar de ir ao Estádio. A primeira parece causar menos danos do que a segunda.
Entretanto, os resultados foram aparecendo. Os lenços e as vaias pararam, o apoio regressou. A emotividade / irracionalidade do adepto funciona assim: em função do resultado.
Nesta fase da época, os resultados têm sido pouco famosos: nos últimos três jogos tivemos dois empates (FC Porto e Beira-Mar) e uma derrota (Espanhol). Os adeptos começam a duvidar de que seja possível vencer o Campeonato, e a Taça UEFA é uma possibilidade… remota.
Este é o momento mais importante da época, tudo se define. O sucesso ou insucesso é decidido no imediato. Todos esperamos o sucesso: somos benfiquistas e não nos podemos contentar com a mediocridade de ser segundo.
Assim, espero o melhor e temo o pior.
Amanhã, como sempre ao longo desta época e da anterior e da anterior à anterior, lá estarei no Estádio, no nosso Estádio, para apoiar a equipa e celebrar mais uma vitória. Caso assim não suceda, todos sabemos para quem se voltará o implacável dedo acusador. Caso a vitória não surja, surgirão, não duvidemos, os lenços brancos. A Direcção virá em socorro do treinador e acusará os adeptos de mau benfiquismo. Convém, se assim for, que ninguém se esqueça de um pormenor:
As mãos que acenam lenços enxugam lágrimas.
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