VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008

K.I.S.S. - Ou o elogio das coisas simples

 

 

 

Apesar de considerar Messi o melhor jogador do mundo ou porventura devido a considerar Messi o melhor jogador do mundo sou apologista da simplicidade de processos numa equipa de futebol como forma primordial de se atingir o sucesso. E, longe de querer centrar a crónica no jovem astro argentino, mas de forma a justificar o pensamento com que a iniciei, penso que uma equipa em que jogue Messi tem de facto como forma mais simples de chegar ao golo o endosso da bola ao sucessor de Maradona.

 

Falemos portanto daquilo que nos traz a todos a este sítio. O Benfica. E às suas idiossincrasias muito próprias.

 

Admitamos por um momento, por um breve momento que seja, que o simples facto de passar a enumerar de forma perfeitamente aleatória algumas das incoerências desportivo/futebolísticas que na minha opinião impedem ou ajudam a impedir o nosso clube de ter sucesso poderá servir para as expurgar e dar um novo amanhã ao nosso futuro. Melhor. Mais radioso. Com sucesso desportivo, em última análise.

 

E mesmo que assim não seja, caramba, que pelo menos sirva para eu desabafar.

 

Há jogadores de que gosto mais e outros de que gosto menos, dependendo das suas características individuais e do que acrescentam ou não à equipa quando estão em campo. No entanto, se há característica que abomino e com a qual embirro particularmente é com a falta de inteligência que leva, por exemplo, a que um jogador tente fazer coisas para as quais não está vocacionado. Adiante. Não vou individualizar. Não neste momento.

 

A falta de um jogador como Messi , que encare o adversário de frente e que provoque neste o receio de que pode ser ultrapassado no 1x1 deveria levar o Benfica a apostar numa dinâmica colectiva que permitisse a absorção desse handicap e, porventura, a torná-lo num factor desequilibrador sim mas a nosso favor. Isto porque, salvo raras e honrosas excepções, o colectivo sempre prevaleceu sobre o individual.

 

Quem nos esteja a ler de um sítio distante, de alguma galáxia longínqua, com nulo conhecimento do passado recente do nosso clube, poderá estar neste momento com um sorriso nos lábios antevendo vitórias folgadas e sucessos variados para uma equipa que faz gala destes predicados por mim enunciados. A nós, que vivemos o clube numa base diária com a proximidade que nos é permitida pelos stewards de serviço, e conhecedores que somos da realidade existente o máximo que pode provocar é um esgar de sofrimento.

 

Entendamo-nos, em primeira instância cumpre ao treinador a utilização dos melhores jogadores que tem ao seu dispôr de forma a criar uma dinâmica de conjunto que leve à constituição de uma equipa na verdadeira acepção da palavra. Obviamente que, quando se assiste à constante chamada de jogadores cujo mérito principal é passarmos a achar natural e francamente inofensivo o jogo da Roleta Russa...jogado com o canhão cheio de balas, torna-se difícil compreender e mesmo respeitar as restantes decisões tomadas.

 

Por exemplo e falando em termos colectivos hoje em dia torna-se caricato assistir aos exercícios de aquecimento efectuados antes dos jogos, nomeadamente àquele que faz com que duas equipas de cinco jogadores cada troquem a bola entre si num espaço reduzido do relvado. O exercício em si não tem nada de errado, bem pelo contrário! O que não se compreende é a relevância desse exercício perante aquilo que (não) se vê quando o árbitro apita para o ínicio das partidas. Porque num espaço infinitamente maior e com muito mais possibilidades de fazer gala dos passes a um, dois toques o que se vê é a constante utilização do passe longo, vulgo charuto, como forma primária de (des)construção de jogo.

 

E se é assim naqueles 10/15 minutos que nos são dados a observar a cada oito dias, penso que é legítimo questionar a metodologia empregue nos restantes dias da semana em que os treinos são efectuados longe da vista do comum dos adeptos. Porque uma coisa é certa, e quanto a isso não podemos (continuar a) fugir: o futebol praticado é de facto de muito má qualidade. Contam-se pelos dedos de uma mão a utilização de jogadas básicas (lá está) mas eficazes que visam dar profundidade ao jogo ofensivo de uma equipa. Façam este exercício simples: tentem recordar-se do último golo do Benfica marcado após uma desmarcação de um jogador aproveitando uma tabelinha efectuada com um companheiro. Mais, subo a parada, em que esse movimento não tenha levado directamente ao golo mas sim à chegada do lateral ou do extremo à linha de fundo para efectuar o cruzamento que levou ao remate concretizador do avançado. Que saudades dos tempos do Veloso ou do Álvaro em que o lateral dava para o extremo e o ultrapassava para ir receber a bola mais à frente e fazer o centro para a área. Porque se deixou de fazer isto? Porque é díficil? Porque são precisos jogadores predestinados para o fazer? Não, não e não. Porque são necessários automatismos.

 

Não é igualmente dificil para um observador relativamente atento descortinar a causa principal para os ínumeros pontos perdidos na Luz esta época. Se à não utilização do futebol curto e apoiado juntarmos uma velocidade de execução verdadeiramente exasperante e concluirmos com a inexistência de jogadores que decidam jogos com o recurso às bolas paradas, só por milagre se poderia esperar que uma equipa que ainda por cima joga perante um público de extremos que é capaz de cobrir a distância que vai do 8 ao 80 no espaço de poucos minutos...várias vezes numa hora e meia, deixasse de perder pontos com a cadência verdadeiramente aberrante (quando comparada com a história do clube) com que o tem feito esta época. Um pequeno aparte, Simão ajudava a disfarçar muitas insuficiências.

 

Vou aproveitar a embalagem para pessoalizar esta parte do texto porque me apetece elogiar alguém. Binya. Gosto dele porque tem consciência dos seus limites e dá o que tem pelo colectivo. Corre e sabe cada vez melhor para onde corre. Foi um achado. Quem me dera ter mais dois ou três no plantel. Em posições diferentes já agora para os poder utilizar a todos em simultâneo.

 

Não vou entrar nas questões directivas porque haverá com toda a certeza pessoas mais habilitadas a fazê-lo mas não quero deixar de aconselhar a (re)utilização do predicado que escolhi como título para este post porque me parece longe de ser uma medida sensata o regresso aos tempos em que a gestão de um plantel mais parecia um entreposto comercial em que todos os anos, e por vezes duas vezes ao ano, se mudava aos 10 e se acabava aos 20 (jogadores).

 

Independentemente de tudo o resto quero acreditar que continuamos no caminho certo e que, no caso de não continuarmos, o(s) maquinista(s) tenha(m) a noção de que este enorme comboio longe de se confinar a um inter-cidades tem de começar por aí para se poder candidatar novamente à feitura dos percursos europeus. E se for necessário regressar às origens para a partir delas se voltar a construir um clube que ao justificado epíteto de glorioso junte...as conquistas, não encontro melhor altura para o fazer senão a data em que se festeja mais um aniversário.

 

publicado por Superman Torras às 21:53
link do post | comentar | ver comentários (7)

escribas

pesquisar

links

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

arquivos

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

tags

todas as tags

posts recentes

K.I.S.S. - Ou o elogio da...

origem

E-mail da Tertúlia

tertuliabenfiquista@gmail.com
blogs SAPO

subscrever feeds