VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025

Inaceitável

Mais um empate inaceitável em casa contra uma equipa de nível muitíssimo inferior. Mesmo sendo uma competição em que as regras não são iguais para todos, o Benfica tem a obrigação de fazer muito mais e melhor do que isto, e é o principal culpado pelo resultado final.

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Do jogo, já se torna repetitivo estar sempre a escrever o mesmo. É o Benfica com obrigação total de ganhar, frente a uma equipa que entra em campo só para defender. A entrada não foi má, pelo menos no que diz respeito ao ritmo que tentámos impor no jogo, mas mal chegámos ao golo, aos dezassete minutos, fiquei logo com a sensação de que tirámos o pé do acelerador. O golo, por sinal, foi bastante bonito, com o Pavlidis a matar no peito e a assistir de cabeça para o Sudakov rematar de primeira e em arco com o pé esquerdo. O Casa Pia, apesar da ronha dos nossos jogadores, foi completamente inofensivo e saímos para intervalo a ganhar mas com a certeza de que seria necessário marcar mais para evitar os filmes do costume. Ao intervalo trocámos o Berrenechea pelo Prestianni e voltámos outra vez com um pouco mais de intensidade, que foi recompensada à hora de jogo, num penálti convertido pelo Pavlidis após mão na bola a um cabeceamento do Ríos. Poder-se-ia pensar que estaria tudo encaminhado, mas nunca se pode menosprezar a atracção pelo abismo que a nossa equipa tem. Cinco minutos depois do golo, o Casa Pia subiu talvez pela primeira vez no jogo à nossa área e a equipa de arbitragem inventou um penálti (contra as recomendações existentes, que dizem que quando a bola ressalta do corpo de um jogador para o braço não se deve assinalar penálti). OK, não deveria ser penálti, mas o nervosismo que isto provocou na equipa não é normal. Pior foi quando o Trubin defendeu o penálti e, sem qualquer explicação racional, o Tomás Araújo chegou primeiro à bola e mandou um estouro para a própria baliza. E ainda pior foi a reacção a isso. O Benfica ficava a vencer por 2-1, mas a mim pareceu-me que para o Tomás Araújo o empate já era uma desfecho inevitável. O nervosismo conseguiu ir aumentando cada vez mais (repito, sem qualquer motivo racional para tal, porque o Casa Pia era uma equipa completamente inofensiva que não ameaçava a nossa baliza de forma alguma; isto não foi um jogo como aquele com o Gil Vicente, que merecíamos ter perdido) e ficou ainda pior quando a nove minutos do final tivemos um golo (bem) anulado ao Barreiro. Não sei se a bola cabeceada pelo Ríos entraria na mesma, mas já não é a primeira vez que o Barreiro 'invalida' golos com este tipo de movimentação ao segundo poste, desviando a bola quase em cima da linha. E depois, como um filme com um guião feito de chavões, em tempo de descontos o Ríos perde de forma absolutamente desnecessária a bola a meio campo e fica à espera de uma falta, enquanto a nossa defesa parecia um grupo de baratas tontas em pânico por a bola se aproximar, pela segunda vez no jogo, da nossa baliza. Terminou com o Trubin a interceptar um cruzamento que seguia directamente para os pés do Tomás Araújo (se calhar ficou com medo que ele resolvesse chutar para a própria baliza outra vez) e a deixar a bola solta à entrada da pequena área para que um adversário fizesse o empate.

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O Benfica esta época perdeu oito pontos, seis dos quais em casa, fruto de três empates com equipas da parte baixa da tabela. Não há candidatura ao título que resista a isto. Ainda por cima quando em todos esses três jogos, o golo do empate foi consentido em período de descontos. Isto revela a falta de controlo emocional da equipa. Isto não é de hoje nem de ontem: há muito tempo que revelamos uma enorme incapacidade (ou falta de vontade) para matar ou fechar jogos em que somos claramente superiores durante a maior parte do tempo, e depois ficamos expostos a reveses quando o nervosismo vem ao de cima à menor contrariedade. Eu na maior parte das vezes chamo-lhe sobranceria, mas também se lhe pode chamar falta de empenho ou de brio. No Benfica nunca pode existir o conceito de 'já chega' ou 'é suficiente'. Sim, os dados estão viciados, as regras não são iguais para todos, o que se passou fim-de-semana foi apenas mais um exemplo daquilo que já é quase rotina, mas estamos mais do que fartos de saber isso. A final da taça da época passada deixou exposto de forma bem clara qual é o status quo actual do nosso futebol (para mim, pessoalmente, foi um momento pivotal, comparável à Supertaça que nos foi roubada em 1995). Precisamente por isso é que me custa aceitar que há tantos anos mantenhamos esta absoluta falta de killer instinct, insistindo em ficar à mercê de azares, erros próprios, ou artistas com uma agenda própria e que sabem quais as melhores decisões a tomar para progredir na carreira. Podemos e devemos fazer (muito) barulho pelos disparates com que vamos sendo presenteados sucessivamente por artistas de encomenda - aliás, fazer apenas barulho não chega, é preciso lutar para varrer a corja que aproveitou para se instalar nos lugares de decisão das estruturas do futebol português, perante a nossa indiferença, tolerância ou até mesmo, e nunca é demais repeti-lo, com o nosso incompreensível e inexplicável apoio - mas se não fizermos ainda mais barulho para corrigir a má atitude e mentalidade de quem defende as nossas cores e veste a nossa camisola, continuaremos cada vez mais expostos e à mercê de quem quer o nosso mal.

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publicado por D'Arcy às 17:47
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Quarta-feira, 5 de Novembro de 2025

Zero

Derrota absolutamente ridícula contra um adversário que veio à Luz jogar como qualquer equipa pequena do nosso campeonato faz: defender, queimar tempo de forma deliberada e evidente, e esperar pelo brinde que o Benfica inevitavelmente oferece. Fomos claramente a melhor equipa, fizemos mais do que o suficiente para vencer, mas perdemos o jogo de forma infantil.

Sem me querer alongar muito, porque a Champions parece ser nesta fase cada vez mais uma causa perdida: duas bolas nos ferros, outras tantas ou mais ocasiões flagrantes falhadas, e quem desperdiça da forma como o fizemos esta noite e ainda por cima oferece brindes na defesa do calibre do que oferecemos esta noite, só pode mesmo esperar derrotas. Ter três situações na cara do guarda-redes e marcar zero golos é estar a pedir problemas. Depois começa tudo a pesar, a necessidade absoluta de uma vitória, o arrastar do nulo, e os erros vão-se acumulando. O pior deles todos, a oferta do golo da vitória ao adversário. O Trubin defende o primeiro remate e, sem qualquer justificação para isso, o Dahl do lado oposto devolve a bola de cabeça precisamente ao autor do primeiro remate, numa assistência que qualquer jogador do Leverkusen gostaria de fazer, que fez a bola ir cair milimetricamente na cabeça do adversário. Nervos ainda mais à flor da pele depois do golo, e apesar de acarregarmos muito com o coração, faltou a tradicional cabeça e os lances foram cada vez mais desconexos. O melhor jogador do Benfica esta noite (e até me sinto esquisito a escrever isto) foi o Ríos. Bem a pressionar, a recuperar, a passar, e no transporte da bola, ultrapassando com velocidade as linhas adversárias. Se este Ríos viesse para ficar, poderia ser um reforço importante. Contas feitas, quatro jogos, quatro derrotas, zero pontos, penúltimo lugar, e objectivamente a campanha europeia tem o destino quase traçado. Arrisco até dizer que, face ao calendário que nos resta, não será fácil o Benfica conseguir ganhar algum jogo. Porque este Leverkusen foi claramente inferior e mesmo assim conseguimos perder em casa. É uma derrota muito imerecida porque jogámos mais do que o suficiente para ganhar este jogo, mas o que conta são os zero pontos amealhados.

 

Estamos a confirmar o adágio de que aquilo que nasce torto tarde ou nunca se endireita: a derrota no primeiro jogo, face ao Qarabag, provavelmente vai acabar por ser o marco decisivo em toda a campanha europeia desta época.

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publicado por D'Arcy às 22:38
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Segunda-feira, 3 de Novembro de 2025

Distinção

Era uma deslocação difícil, como são em teoria todas as visitas ao Vitória em Guimarães, mas o Benfica acabou por passar no teste com distinção e arrancar uma vitória por números esclarecedores.

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Depois da experiência frente ao Tondela, regressámos à fórmula apresentada frente ao Arouca, que tinha melhores resultados. A combatividade faz parte do ADN do Vitória, e portanto logo na fase inicial assistimos a uma tentativa de jogar com linhas subidas e ser agressivo na pressão por parte do nosso adversário, o que acabou por nos causar dificuldades. Não no aspecto de sermos dominados, porque a verdade é que o Vitória praticamente não criou uma ocasião flagrante de golo (a melhor que criou foi numa situação em que o seu avançado estava em posição claramente irregular), mas o Benfica não conseguiu assentar o seu jogo e ser consistentemente perigoso no ataque. As chegadas à área do Vitória eram esporádicas e pareceu-me que explorámos pouco o lado direito, acabando por ser o Prestianni quem foi mais vezes solicitado e apareceu envolvido em situações de maior perigo para o Vitória. No geral, pareceu-me que apesar de pouco esclarecido, ainda assim o Benfica foi superior durante a primeira parte (não sei mesmo que jogo é que o treinador do Vitória terá visto) mas faltava ser muito mais incisivo no ataque para poder ambicionar chegar à vantagem e vencer este jogo. Nos minutos finais da primeira parte, no espaço de três ou quatro minutos ficámos com três jogadores amarelados (Pavlidis, Sudakov e Prestianni) e isto poderá também ter influenciado as escolhas do nosso treinador ao intervalo.

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Não houve aquela coisa tão típica de voltar igual na segunda parte e dar mais um tempo para ver se a coisa muda; após o intervalo o Prestianni (que conforme disse, até tinha sido dos mais perigosos do Benfica na primeira parte) e o Sudakov (mais um jogo apagado) já não regressaram, e nos lugares deles vieram o Schjelderup e o Barreiro. E e verdade é que o Mourinho acertou em cheio, porque o Benfica regressou transfigurado. O Barreiro, que em teoria é um médio de características mais defensivas, mostrou muito mais chegada à área do que o Sudakov e foi um parceiro muito mais presente para o Pavlidis. O Schjelderup, em vez de andar a perder-se em iniciativas individuais como habitualmente, teve sempre a preocupação de jogar para a equipa e acabou por proporcionar inúmeras situações de finalização para os colegas. E a direita do ataque passou a ser muito mais solicitada, onde o Lukebakio, a exemplo do Schjelderup na esquerda, teve quase sempre a preocupação de servir os colegas na área. Nos primeiros oito minutos o Benfica teve logo quatro situações flagrantes para marcar: cruzamento do Lukebakio, cabeceamento do Barreiro para defesa por instinto do guarda-redes, com o Pavlidis a falhar a recarga para a baliza vazia, de ângulo já apertado; cabeceamento do Ríos, depois de novo cruzamento do belga num canto à maneira curta, com a bola a passar ao longo da baliza e a tirar tinta ao poste; livre do Lukebakio, defesa apertada do guarda-redes para canto; e finalmente na sequência desse mesmo canto (marcado, obviamente, pelo Lukebakio) o Tomás Araújo apareceu a saltar à vontade no primeiro poste para cabecear para o golo. Foi o culminar lógico de um assalto constante à baliza do Vitória. E não demos sequer oportunidade para reacção ao adversário; foi bola a meio campo e o Benfica a voltar ao ataque. Depois, dois minutos a seguir ao golo o Vitória ficou reduzido a dez e tudo ficou ainda mais fácil. Não houve nenhum tipo de gestão de resultado, simplesmente passámos o resto do jogo a atacar e a construir ocasiões de perigo, podendo o resultado ter sido ainda mais dilatado. Marcámos mais dois golos, o primeiro deles aos sessenta e dois minutos pelo insuspeito Dahl, que apareceu na área a recolher uma bola que o Barreiro tinha sido incapaz de desviar após cruzamento do Aursnes, e descaído para a esquerda rematou forte para o golo, com a bola ainda a tocar na trave. O terceiro aos oitenta e sete, quando o Schjelderup ofereceu mais uma oportunidade de finalização aos colegas, desta vez ao Barrenechea, que rematou à entrada da área para defesa do guarda-redes (pouco antes, da mesma zona, tinha estado muito perto de marcar, sendo negado pelo guarda-redes) e o recém-entrado João Rego apareceu junto ao poste direito a fazer a recarga.

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O homem do jogo foi para mim o Lukebakio, que naquele reinício de jogo arrasador do Benfica esteve em todas. É o principal desequilibrador que o Benfica tem no plantel, e quando coloca isso ao serviço da equipa, os resultados estão à vista. Muito boas entradas no jogo do Barreiro e do Schjelderup, que ajudaram a mudar o jogo. Já tinha dito que no jogo com o Arouca o Dahl tinha estado bastante melhor, e neste jogo voltou a estar. Está a fazer aquilo que os benfiquistas esperam que um lateral faça no Benfica: que seja um apoio constante ao ataque, e parece que finalmente começa a perceber isso e que tem que ser muito mais agressivo nas subidas no terreno. Desta vez foi recompensado com um golo, pode ser que isso o motive a continuar. Jogo também bastante positivo do Barrenechea, e cada vez mais parece que o António Silva terá dificuldade em recuperar o lugar (embora vá quase de certeza jogar já no próximo jogo, já que o Otamendi terá que cumprir suspensão).

 

Segue-se novo jogo com vitória mandatória, sob pena de arrumarmos as nossas aspirações europeias. Para que tal aconteça, precisamos do Benfica que apareceu no início da segunda parte. As minhas expectativas para o Benfica do Mourinho nunca foram e continuam a não ser de futebol espectáculo. Mas espero uma equipa tacticamente organizada e em que cada jogador saiba exactamente o que fazer em campo, e isso parece-me estar progressivamente a acontecer. Além disso, agrada-me a capacidade que tem para ler o jogo e a forma muito clara e objectiva como depois consegue sempre explicar e justificar as opções que toma. Na primeira passagem do Mourinho pelo Benfica foi precisamente em Guimarães que eu achei que a equipa tinha dado o chamado 'clique', quando lá fomos golear por 4-0 com um hat trick do João Tomás. Pode ser que a história se repita.

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publicado por D'Arcy às 00:03
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Quinta-feira, 30 de Outubro de 2025

Generoso

Exibição monótona, resultado generoso e obrigação cumprida

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Foram feitas cinco alterações no onze, mas nada de muito radical: Samu na baliza, António Silva na defesa, Barreiro no meio campo, e Ivanovic e Schjelderup no ataque. Foi daqueles jogos em que ao fim de dez minutos já estava a contemplar a minha opção de ter ido ao estádio ver o jogo, porque ficou óbvio que o Benfica não estava com grande vontade de imprimir um ritmo elevado no jogo, e que a inspiração não era grande. Foi um jogo francamente cinzento, em que na primeira meia hora o Benfica fez um único remate, pelo Lukebakio de um ângulo quase impossível (estava praticamente sobre a linha de fundo). Muitos passes laterais, muitas perdas de bola desnecessárias, e pouco atrevimento. A excepção foi, já depois da meia hora, finalmente um bom passe em profundidade para o Ivanovic rematar cruzado e obrigar o guarda-redes a uma boa defesa. É para mim um problema no Benfica jogarmos muito pouco para o ponta-de-lança. O Pavlidis acaba por estar em jogo porque ele sai da sua posição para vir buscar jogo muito atrás (às vezes chegamos a vê-lo até nas zonas laterais da nossa área), porque se ficasse só à espera que a bola lhe chegasse, passaria a maior parte do jogo a ver jogar. Chegámos ao golo a cinco minutos do intervalo através de um penálti que pelos vistos é polémico, obviamente, já que foi a favor do Benfica. Normalmente seria daqueles penáltis parvos em que o jogador não tem o braço em 'posição natural', mas neste caso há que entrar em conta com o desenrolar da jogada, a distância a que o Barreiro cabeceou a bola, a direcção em que a bola ia, etc. Provavelmente seria melhor que não o tivessem assinalado mesmo, para calar o berreiro. O Otamendi encarregou-se de o marcar, para assinalar o seu 250º jogo pelo Benfica com um golo.

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A segunda parte iniciou-se da melhor maneira, com uma rara boa jogada do Benfica que terminou num golo bonito: um passe vertical do Barreiro para a desmarcação do Lukebakio, que na área tocou de calcanhar para a finalização de primeira do Sudakov, com um remate de pé esquerdo em arco. Acto contínuo, longos minutos em análise no VAR, e quando isto acontece obviamente que já se sabe que estão a cozinhar alguma coisa. O golo acabou anulado por fora de jogo de um centímetro do Lukebakio. Os que berram pelo penálti como um crime lesa-futebol já não estão obviamente preocupados com este lance. Um golo que é anulado por um fora-de-jogo de um centímetro (ou dois, ou cinco) simplesmente é anulado porque na cabine do VAR decidiram que não queriam que fosse golo. Não há qualquer ciência nisto, as linhas são colocadas à mão, e quando se coloca uma linha a assinalar um fora de jogo por uma margem que é inferior à definição de um pixel (num ecrã de 4K) então é mesmo porque se decidiu à partida que não ia ser golo. Isto sim (e ainda o tempo que o jogo fica parado à espera de uma decisão) é um crime lesa-futebol. O jogo na segunda parte não foi tão parado como na primeira, sobretudo depois da altura em que o Mourinho começou a lançar titulares do último jogo. Entraram o Pavlidis e o Prestianni, depois o Ríos, e a sete minutos do final lá surgiu outro lampejo no jogo, quando o Ríos, lançado pelo Pavlidis, partiu numa cavalgada até à área e aí chegado, sobre a esquerda, literalmente deitou o defesa do Tondela no relvado com duas simulações e assistiu o Lukebakio do lado oposto para rematar à vontade para a baliza. Foi a melhor coisa que vimos o Ríos fazer desde que cá chegou. Já mesmo sobre o final, tempo para o recém entrado Rêgo recuperar uma bola sobre a direita da área do Tondela e depois o Barreiro colocá-la no interior da área, onde o Pavlidis teve uma finalização de classe, fazendo com um toque de primeira de pé esquerdo a bola entrar junto ao poste mais distante.

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Não consigo escolher um jogador que se tenha destacado. Foi uma exibição também monótona nesse aspecto, sem que alguém tivesse brilhado, ou estado muitos furos abaixo da média.

 

Cumprida a obrigação, certamente para satisfação dos organizadores desta prova, que todos os anos inventam novas formas de assegurar a maior probabilidade possível de termos sempre as mesmas quatro equipas na final a quatro. Seguem-se dois jogos de dificuldade bastante mais elevada, em que a vitória é imperativa. Para a liga, não podemos perder mais terreno para o primeiro lugar, e para a Champions, qualquer resultado que não seja uma vitória significará o fim de quaisquer ambições em seguir para a próxima fase.

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publicado por D'Arcy às 13:13
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Domingo, 26 de Outubro de 2025

Asas

O Benfica voltou a ter duas asas e aproveitou para se consolar da derrota incontestável em Newcastle com uma goleada ao Arouca, num jogo em que nunca chegou a ter oposição digna desse nome.

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Duas alterações no onze: saíram o António Silva e o o Dedic para o regresso do Dahl e a entrada do Prestianni. O Aursnes mudou da esquerda do meio campo para a direita da defesa, e o Tomás Araújo deixou a esquerda da defesa ao Dahl para regressar à sua posição natural no meio. Com a presença do Prestianni bem encostado à esquerda, o Sudakov acabou por ocupar uma posição central quase ao lado do Pavlidis, apresentando-se o Benfica praticamente num 4-4-2.  Notou-se desde o início a vontade do Arouca repetir o feito da última época e ser uma equipa incómoda, com todos os seus jogadores a entrarem 'acelerados' e a tentar pressionar no campo todo, mas o jogo muito cedo se inclinou para o nosso lado. Logo aos cinco minutos, o VAR assinalou um penálti por braço claro na bola na sequência de um livre do lado esquerdo do nosso ataque, que o árbitro de campo não tinha inicialmente assinalado. O Pavlidis transformou-o com a eficácia do costume, bola para um lado a entrar bem junto ao poste, guarda-redes para o outro. Nunca vimos uma pressão sufocante por parte do Benfica nem um acumular de ocasiões de golo, mas o jogo disputava-se quase sempre no meio campo do Arouca, sem que deixássemos que o Arouca tivesse aproximações perigosas à nossa baliza. A importância de termos um jogador como o Prestianni na esquerda foi passarmos a ter mais um jogador que, quando recebe a bola, imediatamente vai para cima do adversário e tenta progredir em direcção à baliza, em vez de travar o jogo e lateralizar, que é aquilo a que temos estado mais habituados. Com isto dá para criar incerteza na defesa adversária, e tendo o Lukebakio do outro lado isto acontece em ambas as alas. O segundo golo nasce de um penálti cometido precisamente sobre o Prestianni aos vinte minutos, após uma combinação com o Dahl. Mais uma vez o árbitro principal não viu, mas o VAR alertou-o para o lance e o Pavlidis voltou a converter com um remate igual ao primeiro, mesmo tendo o guarda-redes desta vez adivinhado o lado. O único verdadeiro sobressalto que o Benfica teve durante o jogo veio depois disso, quando um passe disparatado do Sudakov isolou um adversário, que acabou por rematar ao lado. No último lance da primeira parte, após a marcação de um canto o Otamendi subiu ao terceiro andar na zona do segundo poste para fazer o terceiro golo e deixou o jogo resolvido.

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Na segunda parte, com o Arouca a resolver jogar o jogo pelo jogo, provavelmente numa lógica de 'perdido por um, perdido por cem', até achei que aproveitámos o espaço para jogar com um pouco mais de velocidade e criar mais ocasiões de perigo, mas sem conseguir marcar tantos golos como na primeira parte. Tivemos diversas situações de transição após recuperaçoes alta da bola que se perderam por más decisões ou definições dos lances. Até começou bastante bem, com um golo madrugador do Pavlidis para completar o hat trick. Mérito para o Prestianni, que não desistiu do lance e conseguiu ganhar uma bola aérea à defesa do Arouca e depois tocou imediatamente de primeira para o grego, que progrediu para o meio, teve alguma felicidade num ressalto e aproveitou a hesitação da defesa para finalizar com um remate rasteiro e cruzado. Depois disso foi passar a segunda parte a ver o Benfica sempre a controlar o jogo mas a desperdiçar situações perigosas. O Lukebakio esteve em destaque pela negativa em muitas situações por optar quase sempre pelas jogadas individuais em detrimento do passe para colegas em melhor posição. Pena que o Prestianni, pouco antes de ser substituído, tenha visto o guarda-redes negar-lhe o golo que fez por merecer com uma boa defesa. Com o jogo resolvido, o Mourinho fez a coisa lógica que acho que toda a gente espera: substituições atempadamente (em vez de esperar pelos minutos finais do jogo) e aproveitar para dar minutos não só aos menos utilizados mas também para ir lançando jogadores da formação. Foi assim que, para além do Ivanovic, Barreiro e Schjelderup, também o Rêgo e o Ivan Lima tiveram a oportunidade de estar em campo durante algum tempo, com o último a estrear-se oficialmente no campeonato pela equipa principal. Ainda fomos somando mais algumas jogadas de perigo, o Rêgo teve um golo bem anulado por fora-de-jogo, e já na compensação chegámos ao quinto golo com mais um penálti, ganho pelo Rêgo depois de conseguir antecipar-se a um defesa, que o Ivanovic converteu.

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Inevitavelmente o Pavlidis é o home do jogo, graças aos três golos marcados. O Prestianni é um dos destaques para mim, e deu-me gosto ver o Benfica jogar novamente com dois extremos a sério. Não sei se por via de ter precisamente um extremo à sua frente, o Dahl fez um dos jogos mais conseguidos que o vi fazer no Benfica. Não teve grande oposição, é certo, mas defendeu bem e até se aventurou bem no ataque. O António Silva pode ter a titularidade em perigo, já que o Otamendi é intocável e os erros que ele tem cometido abrem a porta ao Tomás Araújo, que tem sobre ele a vantagem de ter uma muito maior qualidade de passe na saída de bola. O Sudakov fez o pior jogo no Benfica, acumulando maus passes e decisões. E o Ríos, parece-me que neste momento já é um jogador condicionado, jogando com receio e vi-o por mais do que uma vez a nem sequer querer arriscar um passe mais atrevido, provavelmente por receio de falhar.

 

Foi uma vitória que fazia falta a esta equipa. A obrigação de ganhar existia sempre, mas foi importante fazê-lo de forma tranquila e vincada. Não foi, mesmo assim, uma exibição deslumbrante, foi simplesmente a imposição da ordem natural das coisas, ou seja, o Benfica é superior ao Arouca e isso acabou por se reflectir no resultado, mesmo que sem nota artística alta ou motivos para euforias. Mas foi, repito, importante ganhar desta forma.

 

P.S.- Quanto às eleições, foi uma demonstração enorme de vitalidade do clube e a participação superou todas as expectativas. Não estou nada surpreendido pelo resultado final, apenas um pouco pela diferença entre as duas listas mais votadas, que esperava que fosse menor. Agora é esperar pela segunda volta.

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publicado por D'Arcy às 19:31
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Terça-feira, 21 de Outubro de 2025

Involução

Uma exibição bastante pobre, na qual ficou bem evidente a diferença de andamento do Benfica para o Newcastle, resultou na terceira derrota no mesmo número de jogos na Champions, esta por números claros (que ainda poderia ter sido pior).

A surpresa no onze foi a presença do Tomás Araújo na esquerda da defesa, justificado pelo Mourinho como uma tentativa de dar mais argumentos ao Benfica no jogo aéreo. Compreendo a argumentação, mas pode ser uma embirração minha, que sempre que eu vejo o Benfica fazer estas adaptações fico logo incomodado e com expectativas baixas para o jogo em questão. Estou sinceramente farto de, ao longo destes últimos anos, estar constantemente a ver-nos fazer adaptações. Foi com o JJ, o Schmidt, o Lage, e agora o Mourinho. Isto irrita-me, e irritou-me ainda mais ver o Benfica acabar o jogo com o Tomás Araújo a lateral esquerdo, o Aursnes a lateral direito, e o Ivanovic a extremo esquerdo. Quanto ao jogo, ainda mantivemos a ilusão de algum equilíbrio durante a primeira parte, em que tivemos algumas ocasiões de golo pelo Lukebakio (incluindo uma bola que ainda bateu na parte de fora do poste) mas quando numa saída de bola disparatada entregámos a posse ao adversário à saída do nosso meio campo, fomos apanhados em contra-pé e sofremos o primeiro golo. Foi pouco depois da meia hora e sinceramente, assim que o nulo foi desfeito fiquei com poucas ou nenhumas ilusões de que sairíamos de Inglaterra com outro resultado que não a derrota. Na segunda parte, depois da lesão do Dedic fizemos a única substituição no jogo, entrando o Ivanovic para a ponta esquerda e movendo o Aursnes para a lateral direita. A partir daí foi o descalabro completo, que começou com o segundo golo a surgir num lance quase de amadores, a partir de um lançamento com as mãos por parte do guarda-redes do Newcastle depois de um canto a nosso favor, com o António Silva a errar de forma flagrante ao falhar a intercepção da bola. Depois veio o terceiro, e mais não vieram por felicidade ou intervenção do Trubin, porque a partir de dada altura a nossa equipa pareceu-me completamente perdida em campo, com os jogadores desligados uns dos outros e a jogar cada um para si.

 

O Lukebakio acabou por ser quem se evidenciou mais por estar em todos os lances de algum perigo que conseguimos criar. Para além dele, só talvez o Trubin, que evitou um resultado mais pesado.

 

O resultado e a exibição nada vão contribuir para aumentar a confiança desta equipa. Continuamos a não ver grande evolução e acho aliás que o que se vê é involução, porque vi-nos jogar de forma bem mais sólida no início da época. Acho que é imperativo não apenas ganhar os próximos dois jogos em casa, mas também apresentar um futebol positivo e ganhá-los de forma clara.

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publicado por D'Arcy às 23:14
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Segunda-feira, 6 de Outubro de 2025

Sobrevivência

Não vale a pena estar com meias palavras: era um jogo de sobrevivência para o Benfica, porque regressarmos do Porto a sete pontos da liderança seria um golpe demasiado forte nas ambições do Benfica - para além do enorme reforço de confiança que isso daria aos adversários. O primeiro objectivo era portanto não perder, e isso foi alcançado até com muito menos dificuldade do que eu antecipava.

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Foi com o mesmo onze de Londres que entrámos, e mais uma vez fiquei com a sensação de ver uma equipa organizada em campo. O Porto este ano joga muito na base da pressão sobre o adversário - o que conseguem fazer de forma bastante eficaz - e transições muito rápidas assim que a bola é recuperada, sobretudo em zonas mais adiantadas. O Benfica conseguiu na maioria do jogo lidar bem com a pressão adversária e anulou os pontos que têm sido mais fortes no adversário. A colocação do Aursnes mais sobre a esquerda, num apoio mais directo ao Dahl, ajudou a conter a ala direita do Porto e a travar as subidas do Alberto Costa. O Sudakov, partindo também da esquerda, ocupou mais vezes a zona central no apoio ao Pavlidis. Outro dos médios, o Ríos, ocupou-se de controlar as movimentações do Froholdt, que provavelmente por consequência disso esteve muito menos influente do que aquilo que costuma ser no jogo do Porto. Como o Porto também (admitido pelo seu treinador) não quis arriscar demasiado com receio de ser surpreendido num contra-ataque, as equipas acabaram por encaixar uma na outra e assistimos a um jogo que, apesar de bastante disputado, acabou por ser até aborrecido de ver. Poucas finalizações e poucas situações de perigo - o primeiro remate à baliza que houve no jogo até foi do Benfica, num livre do Sudakov que o Diogo Costa segurou com facilidade. A resposta do Porto foi a melhor ocasião de golo da primeira parte, numa bola que acabou por sobrar solta no meio da área e que o Pepê atirou por cima. Perto do intervalo, a segunda ocasião de perigo, em mais uma bola que sobrou na área do Benfica depois de uma primeira tentativa de remate bloqueada sobre o nosso lado direito, e que o Gabri Veiga rematou contra o Trubin. A segunda parte foi ainda mais calma e o Benfica pareceu-me sempre bastante confortável no jogo. A única enorme excepção foi já no período de descontos, quando o Benfica (em particular, o Barrenechea) não matou uma transição logo no meio campo - e já sofremos vários dissabores nos últimos tempos por via disso - e o lance acabou com um remate colocado do recém-entrado Rodrigo Mora que levou a bola à barra da nossa baliza. O jogo foi típico de um nulo, e foi mesmo assim que acabou.

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Achei que o António Silva fez um jogo bastante positivo, tendo conseguido controlar o Samu quase sempre sem grandes problemas. O Barrenechea também fez um jogo defensivamente bastante sólido. Mas acima de tudo acho que fomos uma equipa geralmente bem organizada e solidária.

 

Não foi particularmente surpreendente para mim que tenhamos conseguido anular os pontos fortes do Porto e não perder o jogo. Toda a gente sabe que observar bem os adversários para depois fazer isso é uma das especialidades do Mourinho. Nesta situação, e não tendo eu qualquer vontade de celebrar um empate, tenho que admitir que isto foi-nos útil. Em comparação com os tempos mais recentes, nos dois últimos jogos vi o Benfica jogar mais organizado como equipa. Agora quero ver se haverá evolução da equipa em jogos em que terá a obrigação de ter a iniciativa, desmontar defesas reforçadas, e vencer. Esse continua a ser o grande ponto de interrogação.

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publicado por D'Arcy às 20:48
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Quarta-feira, 1 de Outubro de 2025

Evolução

Factos são factos, e o que fica é mesmo a segunda derrota do Benfica em outros tantos jogos na Champions. Os três pontos deitados fora na primeira jornada continuam a ter que ser recuperados se queremos alimentar alguma esperança em seguir em frente na competição.

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Apenas uma troca no onze, ao qual regressou o Barrenechea para sair o Schjelderup.  A equipa voltou a arrumar-se num 4-3-3, com o Sudakov encostado à esquerda e dos três médios, o Aursnes foi quem jogou numa posição mais adiantada, tendo o Ríos dedicado atenção especial ao Enzo Fernandéz, acompanhando as suas movimentações em todo o campo. Não tenho muito a dizer sobre o jogo. Foi bastante disputado, mas não teve grande qualidade e foi claramente um jogo para acabar 0-0 ou, com boa vontade, 1-1. Acabou desequilibrado por um lance infeliz do Ríos, que desviou para a própria baliza uma bola cruzada pelo Garnacho que foi deixado demasiado sozinho sobre a esquerda da nossa área, isto numa fase ainda inicial do jogo em que o Chelsea ainda não tinha criado perigo e até tinha sido o Benfica a ter as aproximações mais perigosas à baliza. Tentando olhar para o jogo de uma forma positiva, foi uma grande evolução em relação ao que mostrámos contra o Gil Vicente, mas convenhamos que o termo de comparação é dos mais baixos possíveis porque esse jogo foi um dos piores que eu tenho memória de ver o Benfica fazer. Mas neste jogo pelo menos parecemos uma equipa ao invés de onze jogadores desgarrados em campo, e fisicamente, mesmo tendo alguns jogadores ficado esgotados, parecemos bem melhor do que no último jogo. Mesmo sem criar muitas ocasiões de golo, ainda assim conseguimos empurrar o Chelsea para trás, mostrar capacidade de reacção e tentar ir à procura do empate. Repito: o termo de comparação utilizado é mesmo muito baixo, mas apesar da derrota consegui acabar este jogo menos irritado do que depois da vitória no jogo anterior. Pelo menos fiquei com a sensação de que vi uma equipa do Benfica em campo, com alguma organização e objectivo. Se calhar são as minhas expectativas que já estão demasiado baixas, mas tenho que me agarrar a alguma coisa. Não houve nenhum jogador a brilhar, mas também não houve ninguém que tenha sido completamente desastroso.

 

Segue-se um jogo que poderá ser determinante para a história desta Liga, porque em caso de derrota ficaremos a sete pontos da liderança à oitava jornada. Há muito para jogar, mas tendo em conta o enorme desequilíbrio que existe entre as equipas de topo e o resto do pelotão, não haverá grandes perdas de pontos para essas equipas. O Benfica que defrontou o Gil Vicente seria facilmente goleado no próximo jogo. O de ontem talvez possa ter uma palavra a dizer.

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Sábado, 27 de Setembro de 2025

Estouro

Os três pontos foram conquistados, mas não foi a exibição convincente de que este Benfica está a precisar e foi com sofrimento que conseguimos segurar este resultado. Depois da infelicidade no empate injusto contra o Rio Ave, calhou-nos agora ser mais felizes e conquistar os três pontos num jogo em que não fomos a melhor equipa. O desempenho foi aliás pior do que aquilo que andávamos a ver nos últimos jogos sob a orientação do Bruno Lage e muito longe dos mínimos aceitáveis para os adeptos benfiquistas.

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O Mourinho optou por uma formação 'lógica'. Um 4-3-3, com o Aursnes como médio mais recuado num triângulo invertido, em que o Ríos caía mais sobre a direita e o Sudakov sobre a esquerda, e com dois extremos (Lukebakio e Schjelderup) abertos nas alas, a jogar com o pé 'trocado'.  O Gil vicente veio jogar à Luz de forma completamente desinibida, também num 4-3-3 sem ferrolhos, a pressionar em todo o campo, e antes dos 30 segundos mostrou logo ao que vinha, obrigando o Trubin a uma defesa incrível que impediu que começássemos o jogo logo a perder. Aliás, os primeiros minutos do jogo foram mesmo claramente do Gil Vicente, sem que o Benfica conseguisse chegar à frente, e cedo tiveram a recompensa disso. Depois de uma bola recuperada (em falta) ao António Silva ainda no nosso meio campo, o lance acabou numa falta do mesmo António Silva sobre a linha da área, descaída sobre a direita, e no livre directo o Gil Vicente chegou ao golo. Face ao visto até então, nada de surpreendente. O que acabou por valer ao Benfica e terá sido mesmo a coisa mais positiva a retirar do jogo foi a forma rápida como conseguiu reagir à desvantagem. Não que tivesse subido a qualidade do seu futebol, mas bastaram sete minutos para empatarmos o jogo, numa jogada um bocado às três pancadas pela esquerda, em que um corte incompleto acabou por deixar a bola solta na área para a finalização do Pavlidis, que foi quem reagiu mais rápido. E novamente sete minutos depois, ficámos mesmo em vantagem. Mais uma vez, não foi nenhuma jogada de fino recorte, mas pelo menos em vez daquela circulação de bola sem objectividade saiu um passe longo do Otamendi para as costas da defesa do Gil Vicente, com o Lukebakio a fazer a diagonal desde a direita e a isolar-se, para acabar derrubado na área. Penálti convertido pelo Pavlidis com a facilidade habitual, e Benfica na frente. A vantagem pareceu permitir ao Benfica acalmar um pouco, e levar o jogo até ao intervalo sem grandes sobressaltos, mas tentámos sempre que se jogasse num ritmo muito lento e não mostrámos grande capacidade (ou vontade) para forçar no ataque.

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Mas na segunda parte o Gil Vicente voltou como na primeira. Pressão fortíssima, que resultou em dois remates aos ferros da nossa baliza e ainda um golo anulado por um fora-de-jogo de seis centímetros. Honestamente, não sei se o Benfica teria capacidade para reagir ao golo do empate caso o golo fosse validado. O Gil Vicente foi melhor durante toda a segunda parte, durante a qual o Benfica passou a maior parte do tempo a tentar deixar o tempo correr e a segurar a vantagem no marcador. Quando o nosso treinador mexeu na equipa, retirando os dois extremos para colocar o Barreiro e o Ivanovic, ainda desaparecemos mais do ataque - o Lukebakio, enquanto teve pernas e apesar de ter muitas vezes decidido mal ao optar pela iniciativa individual quando tinha colegas em melhor posição, foi quase sempre o principal desequilibrador. O Ivanovic na ala é quase inconsequente, e parece ser ainda pior na direita do que na esquerda. Por falar na esquerda, a nossa foi quase uma perfeita nulidade durante todo o jogo, com o Dahl mais uma vez a mostrar uma gritante falta de qualidade e o Schjelderup a nem se dar por ele em campo. Nem foi portanto com surpresa que para os últimos dez minutos o Mourinho tenha optado por retirar ambos de campo e colocar jogadores adaptados nessas posições: o Tomás Araújo na lateral e o João Rego na ala esquerda. Mas a palavra de ordem nesta fase era mesmo aguentar o resultado e, em abono da verdade, acho que até conseguimos levar o jogo até ao final sem sofrer grandes sustos, ainda que a qualidade do nosso futebol tenha sido pavorosa. Estamos claramente mal fisicamente nesta altura, como o Mourinho apontou no final, mas a falta de jogo colectivo acaba por expor ainda mais isso - o Gil Vicente foi muito mais equipa do que nós, ocupando melhor os espaços, pressionando melhor e trocando muito melhor a bola. Literalmente nos segundos finais o João Veloso estreou-se na Liga pelo Benfica, nem tocou na bola porque o jogo acabou cinco segundos depois, e se eu quisesse ser cruel diria que ele tinha sido o melhor jogador do Benfica porque não fez nada de errado.

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O homem do jogo tem que ser o Pavlidis por ter marcado os dois golos que nos deram a vitória. Para além dele, o Lukebakio acabou por se evidenciar devido ao facto de ter sido o único com capacidade para criar desequilíbrios, mas a tendência que parece ter para acções mais individuais signifique uma muito menor preponderância do Dedic daquele lado, em comparação com o que acontece quando joga lá o Aursnes. O Otamendi também não esteve mal, tendo como habitualmente dominado tudo pelo ar.

 

O que o nosso treinador disse no final sobre a actual condição física da equipa parece estar a tornar-se cada vez mais evidente. Acho que neste momento estamos a dar um estouro porque estaremos a pagar pelas férias e pré-época quase inexistentes, aliadas à pressão para espremer a equipa de forma a obter os resultados imediatos que eram necessários - vencer a Supertaça e qualificarmo-nos para a Champions - e a consequente sobrecarga de jogos neste período relativamente curto. No próximo fim-de-semana vamos defrontar o Porto tendo nós já disputado mais cinco jogos (13 contra 8). Mas teremos que arranjar forma de superar isto e não pode servir de desculpa para exibições tão pobres. Ainda estamos numa fase muito inicial da época, mas um mau resultado pode deixar-nos irremediavelmente atrasados.

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Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025

Amadorismo

Mudou o treinador, mas ainda está quase tudo na mesma. A repetição de um filme tantas vezes visto, em que uma equipa vem à Luz, monta uma linha de cinco defesas, mete mais quatro jogadores à frente dela, passa o tempo todo a queimar tempo e a praticar anti-jogo com a complacência da arbitragem, e o Benfica mostra sempre a mesma incompetência para encontrar soluções que ultrapassem isto.

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Mesmo onze da vila das Aves - do qual eu não gosto particularmente porque acho que uma equipa que tem que atacar e joga com dois pontas-de-lança não pode estar tão dependente dos seus laterais, que jogam com dois falsos extremos à sua frente, para dar largura ao seu jogo perante autocarros adversários e servir os avançados. Ainda por cima quando um desses laterais é o Dahl, que ainda ia disfarçando quando servia de muleta ao Carreras, mas que de jogo para jogo vai mostrando não ter a qualidade necessária para ser o lateral titular do Benfica. O jogo acabou por ser, uma vez mais, um jogo que poderia ter perfeitamente acontecido com o Bruno Lage como treinador. Uma primeira parte absolutamente medonha, com a equipa a mostrar os mesmos problemas que vem mostrando há demasiado tempo. Imensa posse de bola, com demasiada circulação da mesma sem objectividade, com sucessivas lateralizações e passes para trás, praticamente nenhuns remates ou sequer situações de finalização. O nulo ao intervalo era certíssimo, porque apesar do Rio Ave não ter feito absolutamente nada em termos ofensivos e apenas querer defender e impedir que se jogasse, o Benfica nada fez para justificar chegar ao golo.

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Segunda parte com o mesmo onze, um pouco mais de vontade, mas os mesmos problemas da primeira. Ainda assim o ritmo mais elevado que foi imposto permitiu ao Benfica chegar mais vezes à área adversária, e ao fim de um quarto de hora, numa insistência, acabámos mesmo por chegar ao golo por intermédio do Pavlidis. Mas as encomendas arbitrais nunca páram, e não há um golo do Benfica que não tenha que passar por um crivo apertadíssimo para ver se se encontra alguma desculpa para anular o golo. As equipas que jogam contra nós já estão aliás à espera disso, e por isso mesmo há sempre alguém a atirar-se para o chão à espera de uma pretensa falta, enquanto o resto da equipa imediatamente vai pressionar o árbitro, por mais normal que o golo pareça. Desta vez, após um longo tempo a procurar, o VAR lá encontrou uma pisadela do Otamendi na ponta do pé de um jogador do Rio Ave no lance (que se atirou para o chão e antes de morrer ainda conseguiu levantar a cabeça para ficar a ver o seguimento do lance e perceber se valia a pena desfalecer ou não) que lhe permitiu suspirar de alívio e chamar o árbitro de campo, que carimbou a encomenda para agradar a quem manda e garantir uma boa nota no final da época (já agora, e por comparação, na última taça de Portugal que nos foi vergonhosamente roubada, quando o Dahl foi pisado de forma semelhante dentro da área por um adversário, levou amarelo por simulação). Enfim, siga. Só quando a vinte e cinco minutos do final o Benfica mudou tacticamente, fazendo entrar dois extremos (Schjelderup e Lukebakio) e dando finalmente a largura necessária ao seu jogo, é que a pressão sobre o Rio Ave se tornou muito mais intensa (saíram o inoperante Dahl e o trapalhão Ivanovic). O mais do que merecido golo apareceu a cinco minutos do final, quando em mais uma arrancada o Lukebakio ultrapassou o marcador directo pela direita, ganhou a linha de fundo, e fez o passe atrasado para a finalização do Sudakov (e imediatamente antes do golo, pareceu-me ter ficado um lance claro de penálti por assinalar, por braço na bola). O jogo parecia resolvido mas não estava, e se calhar o erro foi os nossos jogadores terem pensado isso. É de um amadorismo atroz que, estando a ganhar por um golo, se sofra o empate num lance de contra-ataque no período de compensação. Ainda por cima quando nesse lance se deixa que um adversário à entrada da sua área, no meio de três jogadores nossos, saia à vontade com a bola controlada. Depois o contra-ataque deixa novamente um jogador do Rio Ave para três defensores nossos. Mais uma vez, ninguém cai em cima e encurta o espaço, todos os três recuam e dão-lhe todo o tempo e espaço à entrada da área para rematar. E em tempo de descontos, no único remate que faz à baliza em todo o jogo, o Rio Ave marca e vê o seu antijogo recompensado. É revoltante, mas os maiores culpados somos nós.

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Não consigo escolher um melhor em campo, mas consigo escolher o Dahl como o pior (quando o treinador prefere mudar o dextro Aursnes para a posição em vez de o deixar em campo, está muito dito), acompanhado de perto pelo Ivanovic - não recordo de uma contribuição positiva dele no jogo, mas também não me parece que metê-lo a jogar encostado a uma ala seja a forma mais eficiente de o utilizar - e ainda pelo Ríos, que de jogo para jogo tarda em justificar aquilo que pagámos por ele.

 

Quatro pontos desperdiçados nos últimos dois jogos em casa, com uma qualidade de futebol que não se coaduna com aquilo que se exige ao Benfica e a uma equipa que quer disputar o título. É óbvio que o Mourinho não teve ainda tempo de fazer quase nada, mas é preciso mudar rapidamente, porque uma equipa que luta pelo título não pode continuar a ter tantas dificuldades em desmontar autocarros (um termo inventado pelo próprio Mourinho) já que é assim que praticamente todas as equipas acabam por jogar contra nós.

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publicado por D'Arcy às 01:14
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