Uma goleada frente a uma equipa amadora num jogo com um intervalo que durou mais de duas horas e que se calhar poderia ter sido mais dilatada, não fosse uma primeira parte bastante desinspirada que resultou numa diferença mínima ao intervalo. Infelizmente, o jogo fica indelevelmente marcado pela cena feia da discussão entre o Kökçü e o Bruno Lage.
Não se esperava mais deste jogo que não ver quantos golos conseguiria marcar o Benfica, porque esse deverá ser o factor decisivo para o desempate com o Boca. E de facto, os amadores neozelandeses mostraram o nível esperado. Já o Benfica, que apresentou como principal novidade a titularidade do Prestianni, na primeira parte mostrou também aquilo que tantas vezes mostrou durante esta época: que temos sempre dificuldades em desmontar qualquer equipa que consiga fechar-se atrás de forma minimamente organizada (se bem que neste caso eles nem sequer me pareceram particularmente organizados). Foi uma primeira parte geralmente fraca por parte do Benfica, lenta, a afunilar o jogo e constantemente à procura de meter a bola nos pés do Di María para ele depois fazer o que normalmente faz - vir para dentro e passar a bola para o meio, ou então tentar colocá-a na área. Apenas nos minutos finais da primeira parte vi algumas melhoras no nosso jogo, mas nessa altura apareceu o guarda-redes do Auckland a manter o resultado a zeros, acabando por se desfazer o nulo apenas na última jogada, num penálti sobre o Prestianni que o Di María converteu. Depois do longuíssimo intervalo devido ao mau tempo o Benfica regressou com o Dahl no lugar do Carreras e entrou mal na segunda parte, permitindo até que o Auckland City fizesse o seu único remate no jogo, mas depois de uns primeiros minutos titubeantes voltámos a pegar no jogo e o Pavlidis, numa rara ocasião até então em que conseguimos entrar pelo meio, livrou-se do seu marcador e fez o segundo golo. A melhor fase do Benfica no jogo estava reservada para a última meia hora e coincidiu com a substituição dos dois turcos, para as entradas do Renato e do Schjelderup. Foi no entanto feio ver o Kökçü a revelar bastante insatisfação pela substituição, mas quis o destino que apenas dois minutos depois de ter entrado o Renato chegasse ao golo, num remate à entrada da área que desviou num defesa adversário. Se o turco tinha estado mal no momento da substituição, pior ainda esteve o Bruno Lage agora. Voltou-se para o Kökçü para comentar qualquer coisa em tom acusatório, como que a sentir-se justificado pela substituição e o turco reagiu imediatamente, sendo necessário segurarem-no para não abandonar o banco, havendo uma troca de palavras entre os dois que não deverá ter sido nada amigável. Para mim, um muito mau exemplo de liderança da parte do nosso treinador. Voltando ao jogo, a verdade é que a equipa melhorou bastante com as substituições (a entrada do Renato fez a equipa passar a jogar mais subida e ser capaz de recuperar a bola em posições mais adiantadas) e se calhar também aproveitando o progressivo cansaço do adversário encostou-os ainda mais à baliza, assistindo-se então ao avolumar do resultado - as posteriores trocas do Aursnes e do Prestianni pelo Tiago Gouveia e o João Rego também foram positivas. Dois golos do Leandro Barreiro e mais um penálti do Di María mesmo a fechar o jogo (depois de falta sobre si próprio) deixaram o marcador na meia-dúzia, e a mim a pensar que afinal nem teria sido assim tão difícil igualar o resultado do Bayern, caso tivéssemos feito uma primeira parte melhor.
Na estreia no Mundial de Clubes, voltámos a apresentar um número clássico do nosso repertório: como não vencer uma equipa que nos é inferior. O resgate de um empate num jogo que chegou a parecer irremediavelmente perdido acabou por ser assim um mal menor.
Fizemos um jogo muito sofrível, no qual entrámos bem perante um Boca a jogar nos limites da agressividade, mas depois sacámos da cartola outro clássico - sofrer um golo na primeira vez que o adversário se aproxima da nossa baliza - e acusámo-lo tanto que ao segundo remate que o Boca fez à nossa baliza, marcou o segundo golo. Com uma equipa completamente desconjuntada em campo e com um futebol sem nexo (por exemplo, a aposta em dois canhotos para jogar à direita foi, sem surpresa, um completo disparate) ainda conseguimos reduzir em período de descontos num penálti do Di María, após falta sobre o Otamendi, e assim mantermo-nos vivos no jogo. Na segunda parte, apesar de ao intervalo termos ouvido um membro da equipa técnica dizer que tínhamos que ganhar mais duelos, a opção foi retirar um elemento do meio campo e colocar um segundo ponta de lança (Belotti), procedendo depois para a óbvia estratégia de nunca conseguir fazer a bola chegar até às zonas de finalização. O Boca entretanto levou o jogo para um cenário típico do campeonato argentino (o que obviamente só os favorecia) e a nossa equipa foi de forma muito inteligente na cantiga, alinhando nas quezílias constantes, entrando em discussões e empurrões parvos que só permitiam manter o jogo constantemente interrompido. Neste cenário típico de futebol sul-americano estávamos obviamente em desvantagem por falta de hábito e o Belotti conseguiu ser expulso depois de levantar o pé de forma a acertar na cabeça de um adversário (fez mal, se tivesse esperado que o adversário caísse para depois lhe pisar a cabeça já não lhe teria acontecido nada) deixando-nos reduzidos a dez perante uma equipa que nesta altura apenas estava interessada em que não se jogasse mais. Ainda assim a seis minutos do final conseguimos arrancar o golo do empate, numa boa entrada de cabeça do Otamendi ao primeiro poste após um canto marcado pelo entretanto entrado Kökçü. Os argentinos viram a sua estratégia desmontada e acabaram por ser eles a ter um jogador expulso logo a seguir, após ter tentado arrancar uma perna ao Florentino. Depois, quando nos instantes finais do jogo parecíamos estar novamente por cima, o árbitro deve ter decidido que estava farto de um espectáculo tão mau e deu um tempo de compensação demasiado escasso para as infindáveis interrupções que o jogo sofreu durante a segunda parte. O homem do jogo é obviamente o Otamendi.
Andámos anos a assistir, de cadeirinha, ao saneamento de tudo o que tivesse a menor conotação com o Benfica, à boleia da golpada planeada e coordenada das fábulas dos vouchers + e-mails. Calados continuámos enquanto o vazio deixado por esse saneamento foi sendo invariavelmente ocupado por gente submissa ou afecta aos autores dessa golpada, e que olham para o Benfica como o inimigo a abater a qualquer custo. Não contentes, ainda apoiámos publicamente quem ajudou a que toda esta estrutura fosse sendo montada. Posto isto, vir agora falar é chorar sobre leite derramado e dá aos adversários a possibilidade de dizerem que é apenas mau perder. Vai demorar anos, se não mesmo décadas, a limpar o cancro que deixámos que se instalasse não só nas estruturas (e não falo apenas das desportivas) como também nos meios de manipulação da opinião pública.
Não foi por falta de aviso. O guião foi seguido à risca e uma das equipas foi previsivelmente empurrada até à vitória. Quanto a nós, aposto que ficaremos mais uma vez calados perante o Apito Marquise, porque está obviamente tudo bem. E ainda ficamos no relvado até final da cerimónia de entrega, porque gostamos de ser enganados. Ah, e é continuar a apoiar o Proença também.
No domingo fiz este comentário:
Entretanto, hoje:
Nem é preciso ser bruxo, simplesmente há coisas que são demasiado previsíveis quando já se está familiarizado com o sistema. O Veríssimo já tinha sido queimado na última jornada, sobravam estes dois. Enfim, não será por isto que deixaremos de entrar com tudo para vencer (mas à cautela, é manter pelo menos um metro de distância sempre que eles entrem na área, e dois do Hjulmand, que esse cai com a respiração dos adversários).
Está acabado um dos campeonatos mais mal perdidos de que tenho memória. Foi difícil, mas perante a incompetência amparada dos outros, e mesmo depois de termos recuperado do handicap inicial, conseguimos exceder-nos e ser ainda mais incompetentes. E nem sequer conseguimos acabá-lo com uma vitória. Nem vou escrever sobre o jogo porque recusei-me a ver o que quer que fosse hoje, já que nunca fui fã de finais pré-determinados.
É frustrante conseguir desperdiçar, em casa, a oportunidade de se ser campeão perante uma equipa inferior. Em vez de elevarmos o nosso nível à altura da ocasião, fizemos um jogo em que dominámos mas nos faltou inspiração e mais qualidade de jogo para ultrapassar a estratégia defensiva do adversário, e obter o resultado desejado.
O Sporting apanhou-se a ganhar na primeira vez que foi ao ataque, através da principal jogada que tem no seu repertório (bola para o sueco a ver no que dá) perante uma passividade atroz da defesa do Benfica (é incrível como, estando fartos de saber como eles jogam, entramos no jogo a ser surpreendidos precisamente assim, metendo três jogadores a cercar o portador da bola sem que ninguém a ataque, e deixando uma clareira à entrada da área) e depois passou o resto do jogo a tirar partido do facto de terem um treinador de equipa pequena, com um festival de perda de tempo e de jogadores a atirar-se para o chão que faria inveja a uma qualquer equipa a lutar pela manutenção. Este jogo sozinho daria ao Hjulmand direito a um prémio qualquer que fosse instituído para dar a quem melhor consegue trapacear árbitros (com a agravante de ser um déjà vu do jogo da Taça da Liga, no qual também consegue arrancar pelo menos meia dúzia de faltas a atirar-se para o chão, enquanto vai de forma completamente impune a partir do momento em que é amarelado distribuindo pancada, sobretudo com os braços). Quanto ao Benfica e ao Bruno Lage, fica mais uma vez clara a sua falta de coragem para deixar o Di María no banco seja em que condição ele estiver, alterando assim a dinâmica da equipa e contribuindo também com isso para voltar a desperdiçar uma parte inteira. E nem é que não estivesse avisado, porque o jogo foi praticamente uma fotocópia do jogo da primeira volta, em que depois de uma má primeira parte também tivemos que correr atrás do resultado e levámos com o Sporting a simular quedas e a queimar tempo a segunda parte toda, com a diferença que desta vez ainda conseguimos evitar a injustiça absurda que teria sido perder este jogo graças a uma jogada individual incrível do Pavlidis. A vitória, essa, esbarrou no poste. E à parte a óbvia saída do Di María ao intervalo e a saída forçada do Tomás Araújo, as restantes substituições pouco contribuíram para melhorar o nosso jogo e acho que até quebraram o nosso ímpeto. Estivemos mal, entregámos o ouro ao bandido (neste caso, aos ladrões de bancos) e só podemos queixar-nos da nossa incompetência. Depois de recuperar todos aqueles pontos de atraso, deixar escapar esta oportunidade fazendo um jogo destes em casa é morrer na praia. Faltou-nos mais personalidade para, tal como contra o Arouca, impor o nosso jogo e conseguir vencer uma equipa que veio à Luz com o único objectivo de não perder. Passamos a maior parte da época a jogar contra tácticas defensivas, já deveríamos ter aprendido a ser mais competentes a jogar contra equipas que se apresentam assim.
Mais um jogo com duas partes distintas acabou com a necessária vitória do Benfica, uma vitória que devia ter sido bastante mais tranquila do que aquilo que o resultado sugere. Mas acabámos por ter que levar com uma desnecessária incerteza até final, suportada também numa encomenda de apito que voltou a aparecer na Amoreira para tentar complicar-nos a tarefa.
O Benfica fez apenas uma alteração no onze em relação ao último jogo - entrou o Florentino para o lugar do castigado Carreras, com o Dahl a recuar para a sua posição natural. A entrada do Benfica no jogo foi muito boa. O adversário terá sido bem estudado, e aproveitando a tentativa do Estoril para pressionar alto acabava por conseguir sair bem com futebol directo para os jogadores mais adiantados, que depois solicitavam ou os colegas de ataque ou algum dos médios vindos de trás, que aproveitavam todo o espaço livre que tinham à frente. Foi assim que logo aos cinco minutos o Amdouni colocou o Aursnes isolado em frente ao guarda-redes, mas o norueguês finalizou mal, rematando à figura. Repetiu-se o cenário dois minutos depois, desta vez numa tabela entre o Pavlidis e o Aktürkoglu que deixou a bola nos pés do Kökçu, que apareceu lançado de trás e já perto da área voltou a deixar o Aursnes na cara do guarda-redes. Desta vez ele colocou a bola entre as pernas do guarda-redes e deixou o Benfica na frente do marcador. O jogo corria de feição ao Benfica, que não deixava o Estoril criar qualquer perigo (não conseguiram fazer um único remate na direcção da nossa baliza durante a primeira parte) e mostrava capacidade para poder marcar mais golos, sempre seguindo o modelo do futebol mais directo para os homens da frente de forma a ultrapassar as primeiras linhas de pressão do Estoril. Perto da meia hora de jogo, o Pavlidis foi brindado com um amarelo por suposta simulação após sofrer uma falta em posição frontal à área do Estoril, o que de imediato limitou o nosso primeiro jogador a pressionar. Chegámos ao segundo golo aos trinta e seis minutos, numa das raras faltas que terão sido assinaladas a nosso favor na zona ofensiva. Livre marcado sobre a direita do ataque, com o Dahl a mostrar a sua utilidade nas bolas paradas e a colocar a bola na cabeça do Otamendi, que se antecipou ao guarda-redes. Controlo completo do jogo por parte do Benfica, que jogava praticamente em casa e tinha tudo para passar uma noite tranquila na Amoreira.
Era necessário é que o Benfica não voltasse a mudar de cara ao intervalo. E se nos primeiros minutos da segunda parte até pareceu que isso iria acontecer, depois isso mudou. Foi também responsável por isso a alteração na forma de jogar por parte do Estoril. Depois do que se tinha passado na primeira parte, o Estoril deixou de tentar vir pressionar logo a nossa defesa e em vez disso recuou as linhas e ficou à espera do Benfica - um cenário no qual estamos fartos de saber que o Benfica não se sente tão confortável. Nada de muito grave, o Estoril também não estava a ser propriamente muito incómodo e não criava grandes problemas à nossa defesa, mas nós também desaparecemos do ataque e com isso fomos deixando também o adversário mais confortável para arriscar. As coisas complicaram-se a partir da hora de jogo. Primeiro, uma expulsão perdoada ao Estoril após uma entrada muito dura sobre o Florentino (foi amarelo, mas o VAR tinha a obrigação de ter visto o que se passou e alertar o árbitro). A seguir, um passe horrível do Otamendi colocou a bola directamente nos pés de um adversário, que correu em direcção à área e acabou tocado pelo próprio Otamendi (confesso que fiquei plenamente convencido que o toque ocorre no pé do jogador do Estoril que estava fora da área, mas nem vou discutir esse lance porque admito poder estar errado). Penálti contra o Benfica, que felizmente não foi marcado da melhor maneira e permitiu a defesa do Trubin, com a recarga ainda a fazer a bola ir à barra da nossa baliza. Achei que a nossa equipa ficou intranquila com este lance, e isso notou-se nos minutos seguintes, que culminaram com o golo do Estoril aos setenta e oito minutos. Depois de alguma insistência, com a nossa equipa a ser incapaz de afastar a bola e a permitir cruzamentos sucessivos, a bola acabou cruzada para a nossa área, onde surgiu um médio vindo de trás demasiado à vontade e sem marcação para cabecear. Só depois disso o Benfica refrescou finalmente a equipa (só tínhamos feito até então uma substituição forçada do Amdouni, tocado, pelo Schjelderup) e trocámos o Pavlidis e o Aktürkoglu pelo Belotti e o Barreiro. As substituições foram bem feitas e ajudaram a devolver algum controlo do jogo ao Benfica, com o Barreiro a revelar-se muito importante na luta do meio campo e o Belotti a ser mais incómodo para a defesa do Estoril. Até ao final não me recordo sequer de algum lance mais perigoso do Estoril, enquanto que o Benfica voltou a aparecer mais na área adversária e teve até dois lances que de certeza teriam dado penálti a favor de outra equipa, mas obviamente que isso não aconteceu no nosso caso. Foi preciso esperar mais pelo final do jogo devido a uns totalmente incompreensíveis e injustificáveis oito minutos de compensação dados pelo apitador, ainda mais irritantes quando nos lembramos dos ridículos dois minutos da semana passada.
Apesar do erro grave que resultou no penálti, acho que ainda assim escolho o Otamendi como o maior destaque da nossa equipa. Esse erro deve mesmo ter sido o único durante todo um jogo em que deve ter ganho todos os lances aéreos que disputou, incluindo aquele que resultou no nosso segundo golo. Gostei do Aursnes e do Florentino, muito importante na batalha do meio campo na segunda parte.
Este resultado significa que existe a possibilidade de nos sagrarmos campeões na próxima jornada, em casa. Julgo que trazer a decisão do título para nossa casa é já uma pequena conquista. É apenas uma possibilidade, o adversário também poderá sagrar-se campeão ou pode ficar tudo adiado para a última jornada. Mas já estivemos a oito pontos do primeiro lugar e temos agora a possibilidade de ter o nosso destino nas próprias mãos, há portanto que dar tudo por isso. Mantenho aquilo que já escrevi mais do que uma vez esta época: quando esta equipa do Benfica joga o melhor pode e sabe, então não há nenhuma outra equipa em Portugal, mesmo no seu melhor, que consiga superá-la. É preciso é que consigamos apresentar-nos nesse nível, e durante os noventa minutos.
Foi extremamente fácil para o Benfica vencer e golear o AFS. Ao intervalo o jogo já estava decidido, e se calhar se não tivéssemos jogado mais de metade da segunda parte com uma atitude de deixar andar, o resultado poderia ter sido ainda mais expressivo.
Com o Florentino e o Di María suspensos, optámos pelo Dahl e o Amdouni para os seus lugares. Apesar de um soluço logo no primeiro lance do jogo, em que houve um desentendimento entre o Trubin e a defesa, depressa ficou claro que o AFS não conseguiria ser um problema para o Benfica. Marcámos logo nos minutos iniciais, num remate do Aktürkoglu, mas o golo acabou anulado por posição irregular do Dahl no início da jogada. Mas não teve qualquer importância, porque aos oito já tínhamos marcado outra vez. Canto na direita marcado à maneira curta, cruzamento do Dahl para o segundo poste, e o Tomás Araújo a marcar na recarga ao primeiro cabeceamento do António Silva, que foi defendido pelo guarda-redes. Em vantagem, os espaços que já existiam para o Benfica atacar pareceram ficar ainda maiores. Cada ataque do Benfica causava perigo, com os três jogadores da frente muito móveis e a combinarem bem entre si - fiquei agradavelmente surpreendido com o Amdouni neste regresso ao onze. Foi portanto sem surpresa que chegámos ao segundo golo, aos vinte e três minutos. Novo canto na direita do ataque, marcado de forma curta, e o Dahl tabelou com o Kökçü para se libertar em direcção à linha de fundo e assistir o Pavlidis para um golo fácil. Três minutos depois, o terceiro. Novamente o Dahl na assistência, com um passe longo desde a esquerda para o Amdouni, que na zona central conseguiu evitar o marcador directo e já dentro da área marcar com um remate forte e rasteiro que fez a bola entrar junto ao poste. A ganhar por três aos vinte e seis minutos, o árbitro do jogo resolveu que seria melhor querer ser protagonista e tentar reduzir o ritmo de jogo, não fosse o Benfica lembrar-se de continuar a marcar. É preciso um talento muito especial para conseguir meter o público de uma equipa que está a ganhar por três antes da meia hora de jogo a chamá-lo de palhaço. Foram faltas claras em zonas perigosas não assinaladas a favor do Benfica, faltas assinaladas a beneficiar o infractor de forma a interromper ataques prometedores do Benfica, interrupções para esperar pela análise do VAR em lances completamente claros e inofensivos, valeu de tudo. Claro que o jogo sofreu com isso, e os jogadores do AFS aproveitaram para andar a distribuir gratuitamente umas pancadas sem grande receio de penalização disciplinar. Ainda deu para o Benfica marcar o quarto a cinco minutos do intervalo, num lançamento longo do Aursnes para as costas da defesa do AFS, que o Pavlidis captou e depois assistiu para o Aktürkoglu empurrar para a baliza.
Infelizmente, no regresso do intervalo aconteceu aquilo que eu mais ou menos esperava, que foi o Benfica a jogar de forma muito mais passiva. O jogo estava resolvido, a tarde era de calor, mais golo menos golo aconteceria, e por isso nem valia muito a pena estarem a correr demasiado. Também continuo a não perceber a insistência do nosso treinador no Tomás Araújo. O jogo estava de facto resolvido, qual foi a necessidade de estar a obrigar um jogador que claramente continua sem estar nas melhores condições físicas - e isso foi várias vezes evidente durante a segunda parte, em que não conseguia acompanhar em velocidade o jogador do seu lado - a fazer mais minutos? Não dava para o poupar um pouco? O AFS aproveitou para jogar um bocadinho e até conseguiu obrigar o Trubin à melhor defesa do jogo. Só arrebitámos um pouco novamente quando aos sessenta e oito minutos fizemos as primeiras substituições. Saíram o Carreras (que já tinha visto o amarelo que o deixa de fora do Estoril) e o Amdouni, para entrarem o Belotti e o Schjelderup, voltando o Benfica ao esquema de dois avançados que foi testado contra o Tirsense na taça, sem muito sucesso. Os dois que entraram vieram com vontade de agitar e o italiano nem demorou muito tempo a marcar, porque três minutos depois de estar em campo aproveitou uma boa combinação com o Aktürkoglu e na cara do guarda-redes fez o quinto golo. Animado, o Benfica pareceu perceber que mais golos estavam ali à mão de semear e voltou a tomar completamente conta do jogo e a carregar sobre a baliza adversária. Mais três alterações aos setenta e sete minutos (Prestianni, Cabral e Barreiro pelo Aktürkoglu, Pavlidis e Tomás Araújo) deram ainda mais energia à equipa, e o sexto golo apareceu aos oitenta e dois minutos. Remate do Kökçü num livre em posição frontal mas ainda muito longe da área (falta sobre o Belotti, que definitivamente veio agitar o jogo) com a bola a desviar num adversário e a obrigar o guarda-redes a uma defesa de recurso. O António Silva chegou primeiro à bola e conseguiu fazer um excelente cruzamento, de primeira, para o poste oposto, onde o Otamendi surgiu à vontade a cabecear. Uma bela combinação entre os nossos centrais. Nesta altura o Benfica estava entusiasmado, com os adeptos a empurrar a equipa para procurar mais golos (uma vez mais, que pena que não tenhamos jogado assim durante toda a segunda parte, porque o resultado poderia ter sido histórico) e o senhor do apito deve ter achado que já era demais. Não fosse o Benfica lembrar-se de marcar mais, deu uns míseros e injustificáveis dois minutos de compensação, e não contente com isso conseguiu arranjar uma confusão que assegurou que mesmo esses dois minutos praticamente não fossem passados a jogar futebol, mas sim em discussões e quezílias, acabando mesmo por expulsar alguém do banco do Benfica. Depois acabou imediatamente o jogo assim que os dois minutos se esgotaram. Foi mais um árbitro de qualidade muito duvidosa a deixar a sua marca em nossa casa.
Gostei bastante do trio da frente neste jogo. O Aktürkoglu e o Pavlidis estão num momento de forma muito bom, e a eles junto-lhes o Kökçü, que está talvez a atravessar o seu melhor momento desde que chegou ao Benfica. Menção para o Dahl, que fez duas assistências e ainda esteve envolvido em mais um golo, mostrando a sua utilidade nas bolas paradas (prefiro tê-lo a marcar cantos de forma a colocar a bola em condições na área em vez de ver o Di María sucessivamente a tentar marcar cantos directos durante todo o jogo) e também para a nossa dupla de centrais, com o António Silva a conseguir ir à frente para ter intervenção directa num golo e assistir noutro.
Faltam agora apenas três jogos e está tudo nas nossas mãos. Não trocaria a nossa posição com ninguém, porque prefiro ter a vantagem de receber o principal adversário em casa. Temos apenas que saber ser competentes e abordar cada jogo sempre com a máxima seriedade - e menciono isto porque mais uma vez fiquei com uma sensação de facilitismo da nossa parte no regresso do intervalo. Isso não pode acontecer. São noventa minutos para levar completamente a sério nos quatro jogos que faltam até a época acabar, sem dar qualquer margem para interferências - o artista de hoje, se tivesse tido a oportunidade, teria feito exactamente o mesmo que o outro fez no jogo com o Arouca.
A eliminatória já estava decidida e o jogo foi para cumprir calendário. Foi também uma pequena recompensa para o feito do Tirsense ter conseguido chegar tão longe na prova, mas o jogo, apesar do esforço do nosso adversário, teve o desfecho esperado. O Benfica ganhou e passou, povo de Santo Tirso fez a festa na mesma, e o Tirsense terá desfrutado da experiência de jogar na Luz, fazendo-o de forma descontraída e sem apostar em futebol ultra-defensivo ou tácticas anti-futebol.
As diferenças entre as duas equipas eram demasiado grandes, por isso nem com uma equipa completamente diferente da habitual o Benfica deixou de dominar completamente o jogo. Sobre o futebol jogado, não há muito a dizer. O Benfica jogou num esquema táctico diferente, com dois pontas-de-lança, mas sempre num ritmo bastante pausado e sem grande urgência. Deu no entanto para perceber que mesmo contra uma equipa do campeonato de Portugal, jogar com um meio campo Florentino/Barreiro é um mau conceito. E jogar com dois pontas-de-lança quando raramente se consegue criar jogo ofensivo para os servir com um mínimo de qualidade também não resultou muito bem. O jogo só animou um pouco mais quando a meia hora do final entrou o Prestianni e se desfez a dupla inicial do meio campo, trocando o Florentino para promover a estreia do João Veloso, provavelmente não sendo também alheia a maior incapacidade física dos jogadores do Tirsense. Para a história, ficam os golos, que foram quatro. Um a fechar a primeira parte, do António Silva a desviar à boca da baliza um remate do Barreiro, na insistência de um pontapé de canto, e três na segunda parte, já depois das alterações feitas. Dois deles, o segundo e quarto, novamente na sequência de pontapés de canto, um do Bajrami, que apareceu exactamente na mesma zona onde o António Silva tinha marcado o primeiro, desta vez para desviar um primeiro cabeceamento do Cabral, e o outro do Barreiro mesmo a fechar, mais uma vez exactamente no mesmo sítio dos outros dois, desta vez para fazer a recarga a um cabeceamento do António Silva que tinha desviado num defesa do Tirsense e foi depois defendido pelo guarda-redes. Pelo meio, um golo de bola corrida, marcado pelo Belotti, que surgiu sozinho em frente ao guarda-redes bem no meio da área depois de assistido pelo Tiago Gouveia, o nosso lateral direito neste jogo. Essa jogada fica marcada sobretudo pelo estupendo passe longo do Samuel Soares, que isolou o Tiago na direita. Menção também para as outras estreias na equipa principal para além do João Veloso: o André Gomes (que eu gostaria muito que fosse o futuro da baliza do Benfica) e o Hugo Félix. Finalmente, o pormenor bizarro de vermos o Prestianni acabar o jogo como lateral direito.
Estamos de regresso ao Jamor após demasiados anos sem lá ir, agora é tentar vencer os piscineiros da banca para juntar finalmente mais uma Taça de Portugal ao nosso historial. Segue-se a recepção ao AFS para a liga, e conforme já escrevi antes, estes jogos teoricamente mais fáceis parecem ser aqueles que conseguem deixar-me mais apreensivo. Conseguimos empatar contra esta equipa na primeira volta porque não abordámos o jogo com a devida seriedade durante os noventa minutos. É preciso não cometer o mesmo erro uma segunda vez.
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