
Regresso ao país com a saudade de ver o nosso Clube na nossa Catedral. Não vi ao vivo nenhum dos jogos. Não vi, nem pela TV, o jogo com o Leixões; não vi os jogos com os tais dinamarqueses de quem o Santos tanto medo teve na época passada. Vi na RTP Internacional o jogo contra o Guimarães. Não vi bom futebol, não vi milagres, não vi nada que não estivesse à espera de ver. Senti o Benfica, o nosso Benfica, mais forte, mais confiante, senti que não havia adeptos a ter vergonha de ver no nosso banco de suplentes aquele canteirinho de camélias meladas que durante demasiados dias lá se sentou: não estava o Rosarinho, o Justino, o miúdo Moura e o Fernandinho. Não os vi, mas senti que muita da incompetência que lá deixaram se vai repercutir no futuro imediato. Senti a confiança que o público tem no futuro desta equipa: e o futuro não é o próximo jogo...
Senti que há quem considere que apostar nos jovens não é pôr o João Coimbra durante cinco minutos em campo. Senti que há quem tenha coragem de apostar na juventude formada no nosso Clube, há quem saiba responsabilizar essa juventude e saiba tirar o melhor dela.
Ouvi, pela televisão, o grito de 'Benfica' com que o público brindou a equipa depois do empate. Nesse grito está o sentir de milhões que sabem e sentem que, com tempo e paciência, seremos campeões, pois está a nossa equipa de futebol a ser orientada por um líder e não por um loser.
Eu acredito. E acredito que, caso estejamos todos unidos, será mais fácil.
À margem:
vejo, com agrado, a pluralidade de opiniões que os escribas deste blogue apresentam. É bom sinal, é sinal de vitalidade e independência. É uma forma saudável de ser/viver aquilo que nos une: o Benfica.

No passado sábado, à beira do Sena, recebo um SMS a dizer que o Petit marcara aos 90 minutos. Suspirei de alívio. Uns quatro minutos depois recebo novo SMS. Fui lê-lo com a convicção de que era o que anunciaria a vitória no fim do jogo. Puro engano. Era o empate. Da indignação à resignação foi o tempo de me lembrar do nome do treinador.
Este foi o estado de espírito com que viajei para Portugal. A resignação de ter que ver um Benfica adiado por um misto de teimosia, incompetência e interesses alheios aos superiores interesses do Glorioso. Na segunda-feira acordo com a notícia pela qual desesperava: um erro chamado Fernando Santos fora demitido por um presidente que, ultimamente, no que à gestão da componente futebolística concerne, tem acumulado erros.
Descontando o péssimo momento do despedimento; descontando a incapacidade de Luís Filipe Vieira em assumir um erro próprio, um que seja; descontando a forma canalha como Luís Filipe Vieira tratou o incompetente do Fernando Santos neste último mês; descontando tudo isto, era o acordar com uma boa notícia.
A confirmação da esperada e desejada contratação de Camacho era a notícia ideal para finalizar o dia.
Assim, tenho a esperança de que hoje seja o recomeço do tempo em que o Benfica deixe de estar adiado. Camacho não é um super treinador que tem o condão de solucionar o que não tem solução. Camacho é mais do que isso: é o garante de que com ele à frente do futebol (e não apenas como treinador) não veremos mais desaguar autocarros de futebolistas que servem as espúrias comissões de empresários e outros vermes afins que gravitam em torno do Benfica. Não veremos uma equipa a ser montada em torno dos interesses particulares de Veigas, Mendes e outros que tais. Não teremos as encomendas dos suspeitos do costume com lugar cativo no onze inicial, não se farão favores a terceiros, teremos os miúdos da formação que efectivamente o justifiquem a ter oportunidades que ultrapassem os ridículos cinco minutos por jogo. Teremos, enfim, um treinador de que nos possamos orgulhar.
Deixo duas ou três notas finais:
É com muita pena que não estarei no próximo sábado a ocupar o meu cativo na Catedral e a saudar o regresso de um homem que me habituei a respeitar: José António Camacho. Não deixa de ser perturbador ver que é o Guimarães a marcar o regresso de Camacho ao Benfica, o mesmo Guimarães que deixou a mais marcante das cicatrizes da História recente do Glorioso… com Camacho no comando.
Espero, com curiosidade, as próximas declarações públicas de Fernando Santos e, com apreensão, as declarações do membro mais velho da família Moura.
Fezada de última hora: voltarei ao país e ao blogue no final do mês. Venho da terra de onde virá um reforço chamado Pedro (Pauleta) e vou para o país de onde virá um outro reforço chamado José (Castro). Será?