VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 15 de Fevereiro de 2009

A selecção de todos eles.

Quando Carlos Queirós trilhava a sua triunfante carreira de treinador adjunto e carregador de pinos de Alex Ferguson, alguma imprensa portuguesa procurava-o para opinar. E o dito Queirós opinava sobre coisas tão importantes como o cabelo do Ronaldo, as horas a que Soares Franco estava mais parecido com um peru na véspera do Natal, a dor de corno que lhe provocavam os sucessos de Scolari, e outros assuntos interessantes que estavam em comunhão com a sua série de insucessos enquanto treinador principal de equipas seniores.

 

Queirós espumava contra uns quantos ódios de estimação e logo alguns fazedores de opinião e de ocasião se babavam em loas ao adjuntito de Ferguson. Em Portugal chegaram a tentar criar a peregrina ideia de que Queirós era o grande responsável pelo sucesso do clube onde se arrastava como treinador adjunto e tradutor de portugueses e brasileiros imberbes.

 

Até que um dia, há sempre um dia, Queirós (então adjunto de Ferguson) disparou contra a falta de qualidade dos pontas-de-lança portugueses. Calaram quase todos os que podiam ir à selecção: calou o Pauleta, calou o H. Almeida (este ainda bem, pois tem um domínio da língua materna idêntico ao do Jorge Jesus), calou o Postiga, calou o Makukula… não calou o Nuno Gomes. O Nuno era um dos capitães de equipa, salvo erro, na altura até era o capitão de equipa. Como capitão de equipa reagiu. Defendeu os pontas-de-lança portugueses. Fez o que se espera de um capitão.

 

Qualquer treinador que soubesse identificar uma liderança e que não tivesse medo de um líder ficaria satisfeito. Mas para que isso assim acontecesse precisaria esse mesmo treinador de saber liderar. Queirós não ficou satisfeito.

 

Quando Queirós (para felicidade dos rui santos que por ai vegetam) regressou à condição de assalariado da Federação, começou a mostrar que Nuno Gomes não teria lugar na selecção nacional. Nuno Gomes começou a pagar a factura de ter defendido a selecção que o ex-adjunto agora treina.

 

Assim, Nuno Gomes - com 27 golos em 75 internacionalizações e que está apenas a dois cinco golos dos 29 32 de Figo em 127 internacionalizações - não poderá chegar a ser o terceiro melhor marcador de sempre da Selecção.

 

Figo agradece e a Nike também. Queirós agradeceria que Nuno Gomes atirasse a toalha ao chão para não ficar com o ónus da vergonha que está a promover. Liedson agradece, pois poderá jogar patrioticamente por Portugal, atendendo a que não tem possibilidades de cheirar o balneário da selecção brasileira.

 

E, assim, em poucas penadas, Queirós conseguiu destruir uma ideia de selecção nacional, para criar um grupo de excursionistas à selva. Um grupo sem identidade, desenraizado, sem líder no balneário… mas com líderes que, à distância de um telefonema, influenciam convocatórias da selecção nacional em proveito próprio e em prejuízo alheio, em prejuízo da Selecção.

 

Queirós continua a mostrar que a porcaria nunca será varrida da Federação enquanto a vassoura estiver mais suja do que porcaria que supostamente quer varrer.

publicado por Pedro F. Ferreira às 13:25
link do post | comentar | ver comentários (24)
Quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

De Malevich a Queiroz.

O problema de Carlos é que é um Queiroz numa terra em que o julgam Queirós. Se o avaliassem como Queiroz, certamente que o perceberiam. Mas não, isto é terra de choldra e de choldra não passará.

 

Falemos de Queiroz e não do outro. Queiroz é um iluminado inovador e, como todos os iluminados inovadores (veja-se Santana Lopes outro adiantado mental… talvez daí resulte o choque de egos), é um incompreendido. Ninguém compreende que Queiroz não está agarrado à táctica do quadrado que tão bons resultados deu em Aljubarrota ou à táctica do losango que tão bons resultados dá com Mourinho (uma espécie de Condestável) e tão peculiares resultados dá com Paulo Bento (uma espécie de padeira). Estes conceitos medíocres como o do losango já não fazem sentido na pós-modernidade da geometria futebolística. Queiroz sabe-o. Queiroz revoluciona e evoluciona, criando um novo conceito de arte e geometria futebolística assente nos pressupostos do suprematismo.

 

Logo, há que transgredir, transgredindo a própria transgressão, chegando à transfiguração. Assim, tal como a pintura, o futebol não deve ter um carácter objectivo. Olhando para a táctica queiroziana percebemos que a inspiração surge do tríptico de Malevich: a Cruz Negra, o Círculo Negro e, essencialmente, o Quadro Negro. Este último é, obviamente, o primeiro e único que a choldra conseguiu percepcionar para o futuro.

 

A culpa é da choldra que não percebe Queiroz. Eu, por via das dúvidas, passo a assinar como Pherreira. É outro cachet.

(Malevich's dynamic suprematism: imagem de uma das obras que inspirou o 'desenho táctico' de Queiroz. O tal que substitui os losangos e afins)

 

Pedro Ph. Pherreira.

_____

[post actualizado com um modelo de observação aproximado ao empirismo (seja lá o que isto quer dizer) da táctica queiroziana]

publicado por Pedro F. Ferreira às 16:48
link do post | comentar | ver comentários (27)

escribas

pesquisar

links

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

arquivos

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Dezembro 2023

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Maio 2022

Abril 2022

Março 2022

Fevereiro 2022

Janeiro 2022

Dezembro 2021

Novembro 2021

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

tags

todas as tags

posts recentes

A selecção de todos eles.

De Malevich a Queiroz.

origem

E-mail da Tertúlia

tertuliabenfiquista@gmail.com
blogs SAPO

subscrever feeds