Esta é a terceira vez que digo “bem-vindo sejas” ao Nuno Gomes. A primeira vez já vai longínqua, era a saudação a uma jovem promessa do futebol. A segunda vez já era a saudação a uma certeza do futebol, feita de benfiquismo, de classe e inteligência fora e dentro do campo. O primeiro regresso foi um momento de renovar a esperança no futuro e uma garantia de que Nuno Gomes era um fiel depositário dessa esperança. Regressou já como um capitão, um líder da equipa, independentemente de ostentar ou não a braçadeira. Nas doze épocas de Benfica soube ser e soube estar, soube ser o tempo e o modo, soube ser o profissional, o adepto e assumir o papel de símbolo que a muito poucos está reservado e que, no futebol moderno, é cada vez mais escasso. Para se ser símbolo é necessário ter a mística, a fidelidade, a classe e a paixão pelo Clube. Nuno Gomes soube ter tudo isto. Nos tempos que correm, estes símbolos escasseiam e são essenciais como referência. Depois de ter saído para terminar a carreira noutras paragens (nunca gostei da ideia de o ver jogar por outro clube português que não o nosso), regressa pela segunda vez à nossa casa. Em Maio do ano passado, no aeroporto de Amesterdão, depois de uma final europeia perdida, encontrei o adepto Nuno Gomes, anónimo na multidão, de cachecol, aborrecido com a derrota, mas orgulhoso pelo benfiquismo. Disse-lhe pessoalmente que estava chegado o momento de lhe dar, novamente, as boas-vindas ao Benfica, agora na condição de dirigente. Quase um ano depois, as boas-vindas estão consumadas. O futuro do Benfica constrói-se dirigido, também, com símbolos como Rui Costa e Nuno Gomes. Dêmos, então, as boas-vindas ao futuro.
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Artigo de opinião escrito e enviado para a redacção do jornal "O Benfica" no dia 01 de Abril, para publicação na edição de 04/04/2014 do jornal "O Benfica".
[Se alguém quiser manifestar-me a sua opinião, pode fazê-lo para este endereço: tertuliabenfiquista@gmail.com]
Ao contrário de um ou outro dos que escrevinham aqui na tasca, eu não conheço o Nuno Gomes pessoalmente, mas não tenho dúvidas de que é um senhor. Nesta entrevista fala de várias personalidades e de todas tem algo simpático para dizer, apesar de ser interessante ler algumas "coisas" nas entrelinhas do que é dito. Sobre JJ e Pinto da Costa, duas figuras que não lhe são gratas, destaco a nota de que Jesus é bom... "como muitos outros", e de Pinto da Costa realço o "tudo" que está disposto a fazer para que o seu clube ganhe. Quanto ao resto, duas confirmações (a amizade e admiração por Rui Costa e Luís Figo) e uma novidade (o apreço, inclusivamente pessoal, que tem por Luís Filipe Vieira).
Parece um Nuno Gomes a preparar um hipotético regresso, não para jogar futebol, ao Benfica... Será?
[link]
Tive o cuidado de te fazer chegar, no tempo devido, a mensagem e o conselho. Era, e é, um conselho de quem te admira, mas que também sabe distinguir as águas.
Disse-te, e escrevi-o na altura devida, que escolher implica, mais do que uma posse, uma abdicação. Escolher algo implica abdicar de tudo o resto. Por vezes, o que se escolhe é superior a tudo o resto. Na maior parte das vezes, tudo o resto é superior ao que se escolhe. Disse-te que a tua - e apenas tua - escolha pelo Braga poderia implicar a abdicação do que era, e é, bem superior.
Digo-te agora o mesmo, uma vez que ninguém te obrigou a escolher estas palavras. O profissionalismo é a tua maior virtude. Estas palavras [link], porque não eram obrigatórias nem indispensáveis, ultrapassam o profissionalismo.
Atenção, meu caro Nuno, quem distingue as águas também sabe distinguir tudo o resto, e sabes tu tão bem quanto eu que quem não está por nós está contra nós.
Um grande abraço e que o futuro nos traga, ao Benfica, as vitórias que todos os benfiquistas desejam.
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Adenda ao post:
Aproveito para esclarecer quem não percebeu (certamente por culpa minha): Ao contrário da maioria (?) dos benfiquistas, defendo que o lugar do Nuno Gomes é no Benfica. O Nuno Gomes sempre foi um assunto delicado, uma vez que divide e dividiu os benfiquistas. A sua ida para o Braga não foi abonatória para a sua imagem junto da massa associativa. Deste modo, a gestão do seu discurso relativamente ao Benfica, enquanto está em Braga, deve ser feita com total cuidado. As declarações dele, extremamente profissionais, não são (dentro da tal lógica de um hipotético regresso) as mais indicadas (cf, por exemplo, com declarações recentes de Ruben Amorim acerca do Benfica). O meu texto alerta apenas e só para isto.
Na unidade do benfiquismo que nos (benfiquistas e companheiros de “Tertúlia”) abrange, há espaço para a diversidade. Esta diversidade na unidade é mais notória nos temas mais emocionais e menos racionais. Assim, e tendo ouvido ao longo do dia tantas e tão diversas sensibilidades relativas ao facto de Nuno Gomes ter assinado pelo SCBraga, não será de estranhar que, brevemente, assistamos também aqui no blogue a apaixonadas discussões sobre esta decisão de Nuno Gomes.
Antes da saudável discussão que se avizinha, e antecipando o momento em que verei o benfiquista Nuno Gomes a ser apresentado num clube como o SCBraga (que nos últimos tempos tem tratado de forma execrável o Benfica, quando lá vamos jogar), não pude deixar de olhar para o passado e recordar o dia em que o Nuno foi apresentado, pela segunda vez, no Benfica, em Agosto de 2002…
Olho para o futuro e sinto que, se o Nuno se mantiver com a dignidade a que nos habituou, poderá, um dia, ser apresentado, pela terceira vez, no nosso Benfica.
Nuno, haverá uma terceira vez?
Em tertúlia vamos conversando sobre o dia-a-dia do nosso Benfica. Muitas vezes concordamos, outras tantas discordamos. Cada um vai sentindo o Benfica à sua maneira, de acordo com o seu posicionamento pessoal.
A hipotética saída do Nuno Gomes conduz a posições bastante diferentes, algumas extremadas e outras nem tanto. Do meu grupo de amigos benfiquistas, e depois de muita discussão e argumentação em privado, alguns vão tornando pública a sua opinião sobre o assunto.
De entre essas opiniões, destaco estas duas: 21, fora (do Pedro R.) e Insensibilidade benfiquista do (Sérgio B.).
Várias vezes me desafiaram para tornar pública a minha opinião. É simples, partilho a opinião deste rapaz: :)
(excerto do programa Benfica 10H - 10 de Junho de 2011)
No jogo do passado fim-de-semana, Nuno Gomes regressou à equipa, regressou aos golos e sentimos, todos os que o respeitam e admiram, que naquele regresso ansiado, breve e esporádico estava um benfiquismo feito de identificação. Identificação entre o futebolista e o clube, entre os adeptos e o futebolista, em suma, entre os adeptos na bancada e o adepto chamado Nuno que, dentro do campo, nos deu, no quarto golo do Benfica, o reencontro com o que o futebol tem de mais essencial: a emoção.
Quem, de entre os que actualmente servem o Benfica, receberá este testemunho? Quem, de entre os que actualmente servem o Benfica, saberá ser símbolo no futuro, tal como o Nuno o sabe ser?
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Eis alguns testemunhos do que esse golo simbolizou para muitos de nós, benfiquistas:
Jacinto Lucas Pires
JN
“Mas Nuno Gomes também merece uma palavra. Ao contrário da maioria das gentes benquistas, não sou, confesso, um incondicional do avançado português. Mas o golo que Nuno Gomes conseguiu desembrulhar contra a Naval – um golo todo feito de crença, num momento difícil para o clube e para ele próprio – vale muitíssimo. Golos assim dão o exemplo e fazem-nos acreditar que o amor à camisola não morreu, não há-de morrer nunca. Mais: o país inteiro precisa de exemplos destes, da economia à política, da cultura ao futebol, individualmente e colectivamente. Acreditar, acreditar. Corações vivos de olhos abertos. Palavras fortes e gestos claros. Vamos a isto?”
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Leonor Pinhão
A Bola
“O golo de Nuno Gomes, no domingo, foi também um acontecimento e dos bons. Os benfiquistas, que tinham entrado no estádio ainda vagamente acabrunhados por causa daquela coisa da jornada anterior, saíram sorridentes e comovidos com a pontaria e com a comoção do seu número 21.”
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João Gobern (não sobre o golo, mas sobre o anúncio da despedida de Nuno Gomes do Benfica, num texto datado de 20 de Outubro)
Record
“Chegou a ser um mal amado na equipa, mesmo pelos que reconheciam a sua importância nos equilíbrios no clube. O facto de ser um jogador fino – nada tem a ver com défices de entrega e de alma – levou-o a receber assobios. Hoje, é aceite como símbolo, algo que herda em via direta de alguns dos maiores de sempre no clube que representa. E não é preciso ser adivinho para vaticinar que o Benfica, mesmo em fase de poder e de saúde, vai sentir a falta de um homem – e de um jogador – como Nuno Gomes. Oxalá possa regressar, mais tarde, para continuar a ser porta-bandeira e porta-voz. Apesar da época meteórica que vivemos – no futebol e não só –, das famas e carreiras feitas e desfeitas num ápice, ainda há os que provam ser uma mais-valia continuada. No futebol jogado em Portugal, não conheço melhor exemplo.”
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Ricardo Palacin
Jornal O Benfica
“[Nuno Gomes] Contigo, a emoção não arreda pé do relvado. As pessoas vêm aos estádios para te ver, para gritar o teu nome, para se sentirem bem representadas em campo, para terem a certeza de que são correctamente defendidas durante hora e meia de jogo. É por causa de jogadores como tu que o «pontapé na bola» ainda é um desporto capaz de fazer esquecer os objectivos comerciais do tal negócio de milhões. Respeitamos-te, estamos contigo hoje e sempre, alinhes de início ou nem sequer jogues.”
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Programa Debate, na Benfica TV:
bola nossa
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Diário de um adepto benfiquista
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bola dividida
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