Depois do apagão a meio da semana, regresso à rotina interna: jogo de sentido único frente ao Rio Ave resultou num verdadeiro atropelamento do mesmo, e para não variar (e isto acho que é mesmo um lugar-comum que eu repito demasiadas vezes) mesmo assim o resultado peca por escasso.
Apenas uma alteração no onze, que significou também uma variação táctica na equipa. Saiu o Florentino e entrou o Beste, e jogámos de uma forma semelhante à apresentada contra o Atlético de Madrid, na qual sem bola o Carreras se junta mais ao meio, descendo o Beste para fechar a lateral (o que no jogo com o Atlético tinha sido feito pelo Aktürkoglu), e com bola o Beste projectava-se pela esquerda, com o Aktürkoglu a ocupar terrenos mais interiores. O jogo não tem praticamente história, o domínio do Benfica foi total e a entrada muito forte não deixou quaisquer dúvidas. Mesmo a presença do Tiago '5 cent' Martins com o apito na mão de pouco serviu para travar o nosso ímpeto, mas marcou logo a sua presença cedo no jogo: aos quatro minutos, entrada duríssima sobre o Kökçü, daquelas que podem acabar com a época de um jogador. Seria vermelho em qualquer campo, em qualquer jogo, com qualquer equipa. Menos na Luz, a favor do Benfica, com um árbitro que tem um longo historial de prejuízos ao Benfica a apitar, nesse caso dá amarelo. Ainda mais incompreensível a falta de intervenção do VAR neste lance. Mas nada iria travar o Benfica esta noite. A resistência do Rio Ave durou doze minutos, que foi o tempo que passou até o cada vez mais suspeito do costume, Aktürkoglu, inaugurar o marcador. O Di María lançou o Aursnes pela direita, o Pavlidis de forma destrambelhada não conseguiu emendar o cruzamento deste depois do guarda-redes ter saído e não conseguir tocar na bola, e esta sobrou para a entrada da área, onde o turco foi mais expedito que um adversário, rodou e rematou para o golo. Quatro minutos depois, novo golo, mas o mesmo autor. O Di María fez a sua jogada típica, em que na direita vem para dentro e depois faz o passe em diagonal de pé esquerdo, e o Aktürkoglu quase sem darem por ele intrometeu-se entre o defesa e o guarda-redes e com um toque subtil de cabeça (ele que nem é propriamente alto) desviou a bola para a baliza à saída do guarda-redes. Com dezasseis minutos decorridos, o jogo já estava praticamente arrumado, e só não ficou ainda mais arrumado nos minutos que se seguiram porque a nossa equipa resolveu passar uma boa parte do resto da primeira parte a tentar oferecer um golo ao Pavlidis, desperdiçando boas ocasiões por causa disso. Mas o grego, ao contrário da maioria dos seus colegas, não está definitivamente num bom momento e passou o tempo a desperdiçar aquilo que lhe ofereciam, ou a cair na armadilha do fora-de-jogo. Não marca o ponta-de-lança, há o Aktürkoglu para mostrar o que é faro de golo: no período de descontos o Di María entrou pela direita e à segunda conseguiu fazer o passe ligeiramente para trás para o turco rematar cruzado de primeira para o golo. Um hat trick 'verdadeiro', três golos seguidos, ainda na primeira parte.
Na segunda parte manteve-se o domínio total do Benfica, apesar das alterações feitas pelo treinador do Rio Ave ao intervalo (o Rio Ave acabou o jogo sem fazer um único remate na direcção da nossa baliza). Manteve-se também a obsessão dos nossos jogadores em oferecer um golo ao Pavlidis, um esforço que se revelou inglório. O grego ainda chegou a marcar um golo, que foi invalidado por ter sido apanhado mais uma vez em posição irregular. Pouco depois da hora de jogo vieram as primeira alterações, com a troca do Pavlidis pelo Cabral e do herói do jogo Aktürkoglu pelo Amdouni. Continuámos a desperdiçar ocasiões para ampliar o resultado, e nesta altura a única dúvida era mesmo se o conseguiríamos fazer, já que em termos de oposição o Rio Ave não a conseguia mesmo fazer. A cerca de quinze minutos do final foram feitas mais duas alterações, com as entradas do Renato e do Schjelderup para os lugares do Aursnes e do Di María, e isso conseguiu dinamizar novamente o nosso jogo, tendo como resultado - finalmente - o aparecimento de mais golos. O primeiro foi aos setenta e nove minutos, e numa boa jogada de equipa. Começa num passe longo do Renato a variar o flanco de jogo para a esquerda, onde o Beste recebeu e esperou a subida do Carreras para lhe deixar a bola. Ao centro rasteiro e ligeiramente atrasado deste correspondeu o Kökçü com uma simulação a deixar passar a bola, e atrás dele e no centro da área estava o Schjelderup para finalizar com um remate rasteiro, e assim fazer o seu primeiro golo com a camisola do Benfica. Dois minutos depois, excelente iniciativa individual do Kökçü pela esquerda, que ultrapassou vários adversários e colocou a bola para o meio. O Schjelderup dividiu a bola com um defesa e não conseguiu a emenda, mas esta sobrou para o Amdouni, que fez o golo. Não foi por causa destes golos que o Benfica deixou de continuar a pressionar à procura de mais, e o Cabral (que entrou com muito boa atitude) foi quem mais perto esteve de o conseguir, valendo ao Rio Ave a boa defesa do seu guarda-redes para evitar mais um golo do Benfica.
Obviamente que o Aktürkoglu é o homem do jogo. O instinto que tem para o golo e a eficácia que demonstra são inigualáveis no plantel; nem precisa de ocasiões flagrantes para marcar. Simplesmente aparece quase sempre no sítio certo, e quando remata à baliza acaba quase sempre em golo. Foi um jogador que caiu no Benfica quase que por acaso, no fecho do mercado, e está a revelar-se a melhor contratação da época e uma verdadeira pechincha tendo em conta aquilo que custou. Jogos enormes quer do Aursnes, quer do Kökçü. Ambos encheram o campo e cobriram uma área enorme, dividindo entre si as tarefas defensivas e ofensivas. O número de vezes que o Aursnes, sendo supostamente médio de recuperação, apareceu a fugir pela direita - e o Kökçü fazia o mesmo pelo outro lado - foi notável, sendo o primeiro e último golos exemplos disso. O Di María, confesso, consegue irritar-me diversas vezes durante o jogo devido à excessiva tendência para se agarrar demasiado à bola, mas depois vamos ver no final e fez duas assistências, e esteve nos lances dos três primeiros golos. Continua portanto a ser decisivo. Acho também que a nossa ala esquerda fica muito forte com o Beste e o Carreras a jogar simultaneamente. O Pavlidis infelizmente é neste momento um problema e provavelmente seria melhor que deixássemos que o problema se resolva pela via natural das coisas, em vez de andarmos a forçar o nosso jogo de forma a oferecer-lhe um golo. O Kökçü, por exemplo, no lance em que lhe ofereceu o golo que foi anulado por ele estar fora-de-jogo, poderia perfeitamente ter marcado golo ele próprio.
Segue-se o Santa Clara a meio da semana para a Taça da Liga. Provavelmente jogarão alguns jogadores menos utilizados de forma a ganhar minutos de jogo, mas eu espero que não desvalorizemos demasiado esta competição. Depois do domínio incontestável que tivemos nela durante as primeira edições, já há algum tempo que não a ganhamos e eu gostaria muito de terminar este jejum.
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