Quando o Bruno Lage pegou na equipa, logo no primeiro jogo os maiores elogios foram para o facto dele ter mantido as coisas simples. Ao contrário do seu antecessor, colocou os jogadores nas suas posições naturais e organizou a equipa num esquema que melhor se ajustava às suas características. Depois da enorme invenção de Munique, ontem voltámos às coisas simples. O onze apresentado foi praticamente igual ao do primeiro jogo com o Bruno Lage (a única diferença foi o Tomás Araújo no lugar do António Silva) e o resultado foi uma vitória expressiva e completamente natural sobre o Porto.
Quando vi o onze inicial fiquei satisfeito, porque era aquele que eu gostaria de ver, que incluía o regresso do Florentino, sempre importante nestes jogos para dar solidez ao meio campo e soltar mais o Kökçü e o Aursnes. Depois da psicologia barata de terem invertido a escolha habitual de campos, apesar do Porto ter dado um aviso nos minutos iniciais com um remate do Galeno, foi o Benfica quem assumiu a iniciativa de jogo. Pressão alta e muita dinâmica no meio campo significou desde logo uma coisa que não é muito comum vermos: o Benfica ter uma superioridade clara sobre o Porto na luta do meio campo. Tenho até alguma dificuldade em lembrar-me de defrontar um Porto tão vulnerável pela zona central. Outro ponto vulnerável deles foi a sua ala direita, que nós explorámos frequentemente. Claro que o mais óbvio seria esperar que muito do perigo viesse do outro lado pelo Di María, mas cedo se verificou que o jovem Martim Fernandes não estava preparado para lidar com o Aktürkoglu e com as subidas do Carreras, ainda por cima com o Pavlidis a cair frequentemente para aquele lado e não tendo grande apoio da parte do Fábio Vieira, que surpreendentemente apareceu a jogar naquela ala. Foi por ali que fomos criando sucessivos lances de perigo, e foi por ali que vimos o árbitro João Pinheiro errar ao não dar a lei da vantagem num lance em que o Pavlidis ficaria em posição privilegiada para marcar (e marcou mesmo, com uma grande finalização de ângulo apertado, mas o jogo já estava interrompido). Mas à meia hora de jogo o golo surgiu mesmo por ali. Em terrenos bem adiantados, o Tomás Araújo fez o passe para o Carreras, que puxou a bola do pé esquerdo para o direito e vindo para dentro tirou o defesa da jogada e rematou cruzado com o pé mais fraco para o golo. Que nessa altura já se justificava. Eu nestes jogos tenho sempre o receio que quando nos colocamos em vantagem imediatamente nos retraímos, mas foi precisamente o contrário que aconteceu. Depois do golo fomos ainda mais para cima do Porto à procura do segundo. E imediatamente após uma jogada em que o Pavlidis, num remate a partir da esquerda, atirou a bola ao poste, uma dos grupos organizados de adeptos resolveu fazer uma tochada e atirar tochas para dentro do terreno de jogo, levando à interrupção do mesmo. Tínhamos o Porto completamente encostado às cordas, sem capacidade de reacção, e à custa disto foi-lhes dada uma oportunidade para respirar fundo e recuperar o fôlego, quebrando completamente o ritmo de jogo. Coincidência ou não, mal o jogo foi reatado o Porto aproximou-se da nossa área, coisa pouco vista nos minutos anteriores, e em cima do intervalo chegou a um empate que, de todo, não justificava. Um cruzamento rasteiro e aparentemente inofensivo por parte do Moura na esquerda deles, parecia que o Otamendi iria lidar facilmente com ele, e de forma incompreensível deixou a bola passar para o Samu apenas ter que empurrar a bola a um metro da linha de golo. Já são mesmo demasiadas as falhas grosseiras que o nosso capitão tem acumuladas esta época, e esta nem sequer tem qualquer tipo de explicação lógica.
O golo sofrido no fecho de uma primeira parte em que tínhamos sido claramente a melhor equipa foi um murro no estômago, mas que a nossa equipa não acusou. Voltámos para a segunda parte ainda mais fortes e decididos e fomos para cima do Porto. Com excepção talvez daquele jogo disputado logo a seguir à morte do Eusébio, não me recordo de muitos outros em que nos tenhamos imposto de forma tão evidente em campo ao Porto, que se limitava a resistir o máximo que podia e era completamente inofensivo no ataque. A pressão cedo deu frutos, e no espaço de apenas cinco minutos, entre os cinquenta e seis e os sessenta e um, resolvemos o jogo. E digo que resolvemos logo aí o jogo porque não consegui ver neste Porto qualquer capacidade para dar a volta à situação - seria necessário que o Otamendi estivesse numa noite particularmente desastrada para que isso acontecesse. O nosso segundo golo nasce numa recuperação de bola do Aktürkoglu sobre a esquerda, onde se antecipou ao Martim Figueiredo. Fez de imediato a bola seguir para o Aursnes na zona central - onde estava completamente à vontade para a receber - que progrediu um pouco em direcção à área e fez o passe no espaço entre o central e o lateral esquerdo do Porto, isolando o Di María sobre a direita. E apanhando-se numa situação destas, ele raramente perdoa: a bola foi colocada no poste mais distante quando o Diogo Costa lhe saiu aos pés. Cinco minutos depois, foi novamente por ali que construímos o terceiro golo. Novo passe metido no espaço entre central e lateral, desta vez pelo Tomás Araújo, para a desmarcação do Bah. O cruzamento saiu rasteiro para a zona frontal da baliza e o Pavlidis, a meias com o Pérez, fez o desvio para o golo. A partir desse momento a questão era apenas se o Benfica aproveitaria para construir um resultado poucas vezes visto nestes jogos, porque a reacção do Porto ficou-se por um remate do Fábio Vieira à figura do Trubin. Só a quinze minutos do final mexemos pela primeira vez na equipa, o que até foi compreensível dado as coisas estarem a correr tão bem. Íamos ameaçando mais um golo, e ele apareceu a oito minutos do final. Depois de um livre na esquerda (por um lance que podia perfeitamente ter dado um vermelho directo para o João Mário após entrar com os pitons no joelho do Beste) a bola seguiu até a direita, de onde o Florentino tirou um longo cruzamento por alto para o lado oposto, onde surgiu o Otamendi em boa posição e acabou por ser atingido na cara pelo pé alto do Varela. Penálti, e também incompreensível como é que o Varela escapou ao segundo cartão amarelo nesse lance. O Di María transformou com classe, deixando o Diogo Costa cair para um lado e colocando a bola para o outro, e o jogo acabou com a Luz em festa a pedir mais um golo.
Com dois golos, o destaque vai sempre cair sobre o Di María, mas houve muitos jogadores a exibir-se a um nível muito alto. O Tomás Araújo foi enorme, e para além de ter estado quase perfeito na defesa ainda conseguiu estar directamente envolvido em dois golos, com uma assistência. Jogo enorme do Florentino, sem surpresas - surpresa foi quando ele não foi escolhido para o onze em Munique. O Aursnes foi mais uma vez o motor do meio campo, somou mais uma assistência, e a cada jogo que o vejo fazer ali não consigo evitar pensar no desperdício que foi tê-lo tanto tempo a jogar como lateral. O Carreras continua a mostrar ser um dos jogadores em melhor forma actualmente no Benfica, e não será exagero começarmos a preocupar-nos com um mais do que provável assédio já em Janeiro. O Aktürkoglu foi fundamental na pressão alta que conseguimos fazer sobre o Porto durante a maior prate do jogo, e o segundo golo nasce precisamente de uma bola recuperada por ele. E uma menção final para o Pavlidis. Já o critiquei algumas vezes, mas achei que trabalhou muito e bem neste jogo e merecia um golo - já que aquele que marcou a meias com o defesa do Porto acabou por ser considerado autogolo.
Foi a melhor reacção que poderíamos ter à enorme decepção de Munique. Este era um jogo em que só a vitória interessava, e jogámos desde o primeiro minuto à procura dela. Mandámos em nossa casa, como se exigia, e não deixámos dúvidas sobre quem é neste momento a melhor equipa. O que nos falta agora é consistência. Não podemos ser um Benfica quase imparável contra o Porto ou o Atlético de Madrid, e depois fazer jogos como o de Munique ou contra o Farense.
Fomos para Munique jogar para o zero a zero. Mostrámos zero ambição, fizemos zero remates à baliza, marcámos zero golos, jogámos pouco mais do que zero, e voltámos de lá com zero pontos. Tudo consistente.
Muitas alterações, no onze e tácticas, para este jogo. Apresentámo-nos num esquema de três centrais, tendo entrado na equipa o Kaboré, o António Silva, o Renato e o Amdouni. Deixámos o Di María e o Pavlidis de fora, e jogámos sem avançado fixo na frente, deixando o ataque entregue ao Aktürkoglu e ao Amdouni. Acho que entre a falta de ambição e o desejo de poupar algo para o jogo de domingo (não me parece que algumas das opções tomadas o tivessem sido caso não se seguisse esse jogo, de extrema importância para quaisquer ambições que ainda queiramos manter em relação ao campeonato) nada mais conseguimos fazer senão, como qualquer das equipas pequenas que nos visitam, retardar ao máximo o nulo. Foi um jogo horrível de seguir, com o Bayern a ter quase sempre a bola, nós a não conseguirmos tê-la mais do que alguns segundos em nosso poder, e a não conseguirmos alinhar muito mais do que três passes seguidos. Toda a gente acumulada em frente à baliza e resistir o mais possível, sem conseguir assustar nada em contra-ataque. Creio que conseguimos chegar à meia hora de jogo com zero remates feitos de parte a parte. Mas o Bayern for aumentando a pressão na fase final do primeiro tempo, e a tendência continuou na segunda parte - ao intervalo retirámos os inexistentes Kaboré e Amdouni para colocar o Beste (que foi jogar a lateral direito) e o Pavlidis, e pouco depois entrou o Di María para o lugar do Aktürkoglu, mas nada mudou. Era apenas uma questão de tempo, e a nossa resistência durou até aos sessenta e sete minutos, altura em que o Kane ganhou no ar ao Tomás Araújo e colocou na zona frontal da baliza para o Musiala finalizar de cabeça. A partir daí era mais do que certo que o jogo estava perdido (não gouve qualquer tipo de reacção da nossa parte, como o comprovam os zero remates feitos até final do jogo). Não sofremos mais nenhum golo, acho que foi a única coisa que se aproveitou. Foi uma exibição patética da nossa parte, e embora tenha presente que não temos boas memórias de nenhum jogo em Munique, sei que já vi o Benfica perder por mais naquele estádio mas jogar algo mais do que aquilo que fez hoje. No fundo parecemos um alegre grupo excursionista que aproveitou para ir a Munique e ver, de uma posição privilegiada (dentro do relvado), o Bayern jogar.
Uma exibição destas é o pior tónico para o jogo que se segue. Espero que consigamos limpar a cabeça e nesse jogo limpar também a péssima imagem deixada neste jogo. Mesmo tendo noção da força do Bayern, com os jogadores que temos é inadmissível jogarmos tão pouco - isto foi mesmo das mais pobres exibições europeias que eu tenho memória de ver o Benfica fazer. Não teve ponta por onde pegar. Exige-se uma reacção imediata e uma vitória no próximo jogo, sob pena de ficarmos com a época irremediavelmente comprometida.
Vitória mais sofrida do que o desejável frente ao último classificado. Fomos melhores e merecemos os três pontos, como seria natural e exigível frente ao último classificado, mas a qualidade do nosso futebol esteve longe do que melhor sabemos fazer.
A principal novidade no onze foi o regresso do Florentino, passando a equipa a jogar no esquema que o Bruno Lage começou por apresentar quando pegou na equipa. Significou isto a saída do Beste. Já escrevi aqui diversas vezes que há jogos que conseguem dar-me uma má sensação logo pelos primeiros minutos, e este foi um deles. Neste caso, pela forma quase displicente como a nossa equipa atacava. O Farense depressa mostrou porque motivo ocupa o último lugar da tabela, concedendo imenso espaço atrás e cometendo erros crassos na defesa. No entanto a nossa equipa nunca soube aproveitar estas ofertas, sendo o exemplo mais evidente uma bola que foi oferecida directamente ao Di María, que progrediu em direcção à área e finalizou mal, isto quando tinha dois colegas em óptima posição a quem passar a bola - estávamos numa situação de 3x1 na zona frontal da área. Achei que os primeiros minutos mostraram uma equipa desastrada e quase displicente na definição das jogadas de ataque, e para piorar voltámos a conceder um golo ainda numa fase inicial, numa das primeiras vezes que o adversário chegou à nossa área. Qunze minutos, e depois de ganhar uma bola dividida ao Carreras o cruzamento surgiu daquele lado e um adversário antecipou-se facilmente ao Bah para marcar quase à vontade. Preocupante que o pior ataque da liga nos consiga marcar um golo com aquela facilidade. Felizmente para nós, a resposta surgiu em pouco mais de cinco minutos. Obra sobretudo do Aktürkoglu, que progrediu pelo meio e à entrada da área soltou a bola para a esquerda, onde encontrou o Carreras completamente sozinho. A finalização do nosso lateral foi de classe, colocando a bola entre o guarda-redes e o poste. O resto da primeira parte foi sobretudo enervante de ver. O Benfica a ter bola o tempo quase todo, mas a qualidade de jogo a ser muito pobre. O Kökçü esteve particularmente desinspirado, somando perdas de bola e sobretudo maus passes, numa exibição completamente atípica da parte dele.
Alteração imediata ao intervalo, com o Benfica a deixar o Bah no balneário e a trocá-lo pelo Beste, passando a jogar com três defesas - mas em momento defensivo (que foram raros) era o Aursnes quem recuava para fechar o lado direito. Melhorámos, quanto mais não fosse por darmos um pouco mais de velocidade e intensidade no nosso jogo, mas a exibição continuou a estar longe do desejável. Mas pelo menos o perigo passou a rondar mais a baliza do Farense, com o seu guarda-redes a ter oportunidade para brilhar e negar o golo ao Pavlidis. À segunda, já não o conseguiu. Felizmente este golo apareceu com apenas nove minutos decorridos na segunda parte, porque tenho a certeza que se o empate se tivesse arrastado durante muito mais tempo iríamos ter sérios problemas, entre o cansaço, a motivação do adversário, e o nervosismo crescente. O golo apareceu numa rara transição em contra-ataque, na qual a bola foi recuperada na zona do meio campo e o Kökçü teve um raro momento de acerto, colocando a bola na direita para a corrida do Di María. Este depois de chegar à área esperou pela entrada do Aktürkoglu para lhe colocar a bola, e o turco progrediu até perto da linha de fundo para depois fazer o passe para a zona frontal da baliza, onde apareceu o Pavlidis a finalizar. Obtida a vantagem, nunca me pareceu que o Benfica se esforçasse muito para marcar o golo da tranquilidade, optando por gerir a posse de bola e jogar a um ritmo mais baixo. Não sei se o jogo com o Bayern já pesou no pensamento, mas foi uma opção arriscada, porque uma vantagem magra alimenta sempre a esperança do adversário. Foi por isso que nos cinco minutos de tempo de compensação, período no qual estranhamente, depois de termos passado o jogo quase todo a guardar a bola, parecemos incapazes de o fazer, o Farense conseguiu tê-la e até fazer uns cruzamentos para a área e tudo. Isto até levou a que o treinador dos algarvios, num acesso de lunatismo, tenha ficado convencido que foi um jogo equilibrado, em especial nas oportunidades, e no qual o empate seria o resultado mais ajustado (apesar de todos os dados estatísticos sobre o jogo contrariarem esta teoria).
O Carreras foi o escolhido para melhor em campo e julgo que foi uma boa escolha. É neste momento um dos jogadores em melhor forma no Benfica e marcou um golo importante, revelando uma calma na finalização que se calhar outros jogadores atacantes não teriam. Outro destaque tem que ser o Aktürkoglu, porque fez as assistências para os dois golos. O Aursnes não sabe jogar mal, e desfeito o jejum de golos, o Pavlidis voltou a aparecer no sítio certo e fez aquilo que se espera dele.
O próximo jogo é daqueles que costuma ser um pesadelo para o Benfica. Não temos boas memórias de Munique. Poderíamos ir lá com uma tranquilidade adicional de nove pontos nos primeiros três jogos caso não tivéssemos desperdiçado os três pontos em casa contra o Feyenoord, e este definitivamente não será o jogo ideal para pensarmos em recuperá-los. Uma coisa é certa: teremos que defender muito melhor se quisermos ter alguma hipótese de o fazer.
Foi um jogo bem mais chato do que se antevia, e que nos obrigou a ir ao banco buscar alguns pesos pesados para ajudar a resolvê-lo. E foi com uma obra de arte de um deles que se começou a resolver o assunto, acabando numa vitória clara e indiscutível.
Fizemos quatro alterações no onze: Tomás Araújo, Kökçü, Di María e Pavlidis de fora, António Silva, Renato, Amdouni e Cabral a saltarem para a titularidade. Entrámos bem no jogo e logo nos instantes iniciais ficámos muito perto de marcar, numa cabeçada do Beste após um centro largo do Amdouni, mas o guarda-redes do Santa Clara fez uma defesa fantástica e evitou o que parecia um golo certo. Esse lance serviu também para dar o mote para a atitude do Santa Clara durante todo o jogo: fazer aquilo que está em campo para fazer, ou seja, defender um remate, foi suficiente para 'lesionar' o guarda-redes. Foi isto que o Santa Clara andou o tempo todo a fazer de forma a quebrar ao máximo o ritmo do jogo. Os seus jogadores caíam que nem moscas e deixavam-se ficar no chão à menor oportunidade, cada reposição de bola era retardada ao máximo, e o foco parecia estar sobretudo em evitar de todas as maneiras que se jogasse futebol - conseguiram ver dois cartões amarelos ainda na primeira parte simplesmente por chutarem a bola para longe já depois do jogo interrompido. Ao menos viram amarelos por isso, porque pelas várias faltas que iam fazendo para interromper as jogadas do Benfica não viram. Entre estas tácticas enervantes e uma exibição menos inspirada por parte do Benfica, que perante um bloco baixo e fechado circulava a bola com pouca velocidade e explorava pouco os flancos - estivemos muito inclinados para a esquerda durante a primeira parte, já que o Amdouni na direita nunca foi um verdadeiro extremo e teve sempre tendência para vir para o meio e entregar-se à marcação dos defesas - o jogo foi-se tornando cada vez menos interessante. A última boa ocasião de golo por parte do Benfica surgiu aos vinte e cinco minutos de jogo, num pontapé para as costas da defesa que o Cabral perseguiu e depois de ganhar a bola ao defesa rematou contra a cara do guarda-redes (que ficou outra vez lesionado). Depois pareceu que o Santa Clara ia mesmo conseguir as suas intenções e congelar o jogo ao máximo, sem que o Benfica conseguisse encontrar soluções.
Logo após o intervalo regressaram o Di María e o Kökçü nos lugares do apagadíssimo Amdouni e do Renato. Viu-se de imediato uma tentativa do Benfica jogar com maior velocidade, para isso contribuindo muito a capacidade do Kökçü para distribuir jogo e fazer a bola circular mais. Com o Di María na direita ganhámos também maior largura e passámos a atacar frequentemente por aquele lado, com o Bah a surgir mais vezes em terrenos adiantados e até mesmo o Aursnes a surgir muitas vezes por aquele lado, aproveitando para dar profundidade quando o Di María vinha para terrenos mais interiores. O Santa Clara ia aguentando e sabíamos que seria daqueles jogos em que assim que a resistência fosse quebrada, o resultado dificilmente se ficaria por aí. Mas havia sempre o perigo de sofrermos um golo num contra-ataque ou numa bola parada, o que significaria sérios problemas. E ainda apanhámos um susto com o resultado ainda em branco, quando a nossa defesa subida no terreno foi surpreendida por uma bola metida nas suas costas que deixou um adversário isolado. O Trubin errou ao começar a saída e depois arrepender-se a meio e recuar outra vez - um guarda-redes nestas situações tem que tomar uma decisão e depois mantê-la, não pode mudar de ideias a meio. Ou fica na baliza, ou se decide sair tem que ir até ao fim. Felizmente para nós, a tentativa de chapéu para a baliza deserta saiu muito mal e a bola passou longe do alvo. Foi necessária mais uma alteração no onze, e consequente mudança táctica, para desatar o nó. A meio da segunda parte trocámos o Beste pelo Pavlidis, e reorganizámos a equipa num 4-4-2 mais clássico, com dois pontas-de-lança e uma defesa a quatro, e as alas entregues ao Di María e ao Aktürkoglu. Apenas quatro minutos passados, e estava desfeito o nó. O Pavlidis ganhou a linha de fundo pela esquerda, fez o cruzamento atrasado para a área, e o Di María, de primeira e sem deixar a bola cair, fuzilou autenticamente a baliza do Santa Clara, com a bola a entrar colocadíssima junto ao poste. Um golão, uma verdadeira obra de arte a levantar toda a gente das cadeiras (e impagável a reacção do Cabral ao golo também). E conforme previsto, uma vez derrubada a resistência do Santa Clara, mais golos se seguiram: em apenas nove minutos marcámos mais dois golos e resolvemos o assunto. Dois golos do Pavlidis, que assim acabou com o jejum que atravessava. No primeiro, o Carreras acreditou numa bola longa do Kökçü a variar o flanco de jogo, aproveitou o atraso incompleto de um defesa e novamente sobre a linha de fundo colocou a bola para o Pavlidis, sobre a linha da pequena área, empurrar de cabeça para a baliza deserta. No segundo, uma insistência do Di María na direita depois de um pontapé de canto no lado oposto, a colocar a bola na área onde o Otamendi (desconfio que de forma não totalmente voluntária) a meteu para a zona do primeiro poste e o Pavlidis finalizou com um remate de primeira a fazer passar a bola entre o guarda-redes e o poste.
No final escolheram o Di María como homem do jogo, se calhar só o golo que marcou seria razão suficiente para isso, para além da sua entrada ter revitalizado o nosso ataque e causado problemas que o Santa Clara raramente teve durante a primeira parte. Mas para mim o homem do jogo foi claramente o Pavlidis, que em apenas vinte e cinco minutos conseguiu fazer a assistência para o primeiro golo e marcar dois golos. Espero sinceramente que isto lhe recupere a confiança e ele possa ser o ponta-de-lança de que esta equipa precisa, e que ele mostrou poder ser durante a pré-época. A entrada do Kökçü foi também importante, não que eu achasse que o Renato tivesse estado mal na primeira parte, mas o Renato é mais um jogador de transporte que o Santa Clara conseguia travar com faltas sucessivas, agarrando-o frequentemente, enquanto que o Kökçú tem a capacidade de fazer a bola circular com maior fluidez. O Aursnes fez uma exibição em crescendo e esteve muito melhor na segunda parte. E o Carreras continua a apresentar um nível altíssimo.
Conforme o Bruno Lage já disse, esta competição tem que ser considerada um objectivo importante para esta época, e era impensável não nos qualificarmos para as meias-finais. Já passou demasiado tempo desde a última conquista e está na altura de acabar com este interregno. Este jogo permitiu-nos ter um exemplo do tipo de futebol negativo que as equipas tentarão utilizar contra nós à medida que a nossa forma for estabilizando - para uma equipa que é considerada uma das revelações da liga, o Santa Clara não só mostrou muito pouco, mostrou uma mentalidade extremamente negativa e deixou uma péssima imagem, de uma equipa interessada sobretudo em que não se jogasse futebol.
Depois do apagão a meio da semana, regresso à rotina interna: jogo de sentido único frente ao Rio Ave resultou num verdadeiro atropelamento do mesmo, e para não variar (e isto acho que é mesmo um lugar-comum que eu repito demasiadas vezes) mesmo assim o resultado peca por escasso.
Apenas uma alteração no onze, que significou também uma variação táctica na equipa. Saiu o Florentino e entrou o Beste, e jogámos de uma forma semelhante à apresentada contra o Atlético de Madrid, na qual sem bola o Carreras se junta mais ao meio, descendo o Beste para fechar a lateral (o que no jogo com o Atlético tinha sido feito pelo Aktürkoglu), e com bola o Beste projectava-se pela esquerda, com o Aktürkoglu a ocupar terrenos mais interiores. O jogo não tem praticamente história, o domínio do Benfica foi total e a entrada muito forte não deixou quaisquer dúvidas. Mesmo a presença do Tiago '5 cent' Martins com o apito na mão de pouco serviu para travar o nosso ímpeto, mas marcou logo a sua presença cedo no jogo: aos quatro minutos, entrada duríssima sobre o Kökçü, daquelas que podem acabar com a época de um jogador. Seria vermelho em qualquer campo, em qualquer jogo, com qualquer equipa. Menos na Luz, a favor do Benfica, com um árbitro que tem um longo historial de prejuízos ao Benfica a apitar, nesse caso dá amarelo. Ainda mais incompreensível a falta de intervenção do VAR neste lance. Mas nada iria travar o Benfica esta noite. A resistência do Rio Ave durou doze minutos, que foi o tempo que passou até o cada vez mais suspeito do costume, Aktürkoglu, inaugurar o marcador. O Di María lançou o Aursnes pela direita, o Pavlidis de forma destrambelhada não conseguiu emendar o cruzamento deste depois do guarda-redes ter saído e não conseguir tocar na bola, e esta sobrou para a entrada da área, onde o turco foi mais expedito que um adversário, rodou e rematou para o golo. Quatro minutos depois, novo golo, mas o mesmo autor. O Di María fez a sua jogada típica, em que na direita vem para dentro e depois faz o passe em diagonal de pé esquerdo, e o Aktürkoglu quase sem darem por ele intrometeu-se entre o defesa e o guarda-redes e com um toque subtil de cabeça (ele que nem é propriamente alto) desviou a bola para a baliza à saída do guarda-redes. Com dezasseis minutos decorridos, o jogo já estava praticamente arrumado, e só não ficou ainda mais arrumado nos minutos que se seguiram porque a nossa equipa resolveu passar uma boa parte do resto da primeira parte a tentar oferecer um golo ao Pavlidis, desperdiçando boas ocasiões por causa disso. Mas o grego, ao contrário da maioria dos seus colegas, não está definitivamente num bom momento e passou o tempo a desperdiçar aquilo que lhe ofereciam, ou a cair na armadilha do fora-de-jogo. Não marca o ponta-de-lança, há o Aktürkoglu para mostrar o que é faro de golo: no período de descontos o Di María entrou pela direita e à segunda conseguiu fazer o passe ligeiramente para trás para o turco rematar cruzado de primeira para o golo. Um hat trick 'verdadeiro', três golos seguidos, ainda na primeira parte.
Na segunda parte manteve-se o domínio total do Benfica, apesar das alterações feitas pelo treinador do Rio Ave ao intervalo (o Rio Ave acabou o jogo sem fazer um único remate na direcção da nossa baliza). Manteve-se também a obsessão dos nossos jogadores em oferecer um golo ao Pavlidis, um esforço que se revelou inglório. O grego ainda chegou a marcar um golo, que foi invalidado por ter sido apanhado mais uma vez em posição irregular. Pouco depois da hora de jogo vieram as primeira alterações, com a troca do Pavlidis pelo Cabral e do herói do jogo Aktürkoglu pelo Amdouni. Continuámos a desperdiçar ocasiões para ampliar o resultado, e nesta altura a única dúvida era mesmo se o conseguiríamos fazer, já que em termos de oposição o Rio Ave não a conseguia mesmo fazer. A cerca de quinze minutos do final foram feitas mais duas alterações, com as entradas do Renato e do Schjelderup para os lugares do Aursnes e do Di María, e isso conseguiu dinamizar novamente o nosso jogo, tendo como resultado - finalmente - o aparecimento de mais golos. O primeiro foi aos setenta e nove minutos, e numa boa jogada de equipa. Começa num passe longo do Renato a variar o flanco de jogo para a esquerda, onde o Beste recebeu e esperou a subida do Carreras para lhe deixar a bola. Ao centro rasteiro e ligeiramente atrasado deste correspondeu o Kökçü com uma simulação a deixar passar a bola, e atrás dele e no centro da área estava o Schjelderup para finalizar com um remate rasteiro, e assim fazer o seu primeiro golo com a camisola do Benfica. Dois minutos depois, excelente iniciativa individual do Kökçü pela esquerda, que ultrapassou vários adversários e colocou a bola para o meio. O Schjelderup dividiu a bola com um defesa e não conseguiu a emenda, mas esta sobrou para o Amdouni, que fez o golo. Não foi por causa destes golos que o Benfica deixou de continuar a pressionar à procura de mais, e o Cabral (que entrou com muito boa atitude) foi quem mais perto esteve de o conseguir, valendo ao Rio Ave a boa defesa do seu guarda-redes para evitar mais um golo do Benfica.
Obviamente que o Aktürkoglu é o homem do jogo. O instinto que tem para o golo e a eficácia que demonstra são inigualáveis no plantel; nem precisa de ocasiões flagrantes para marcar. Simplesmente aparece quase sempre no sítio certo, e quando remata à baliza acaba quase sempre em golo. Foi um jogador que caiu no Benfica quase que por acaso, no fecho do mercado, e está a revelar-se a melhor contratação da época e uma verdadeira pechincha tendo em conta aquilo que custou. Jogos enormes quer do Aursnes, quer do Kökçü. Ambos encheram o campo e cobriram uma área enorme, dividindo entre si as tarefas defensivas e ofensivas. O número de vezes que o Aursnes, sendo supostamente médio de recuperação, apareceu a fugir pela direita - e o Kökçü fazia o mesmo pelo outro lado - foi notável, sendo o primeiro e último golos exemplos disso. O Di María, confesso, consegue irritar-me diversas vezes durante o jogo devido à excessiva tendência para se agarrar demasiado à bola, mas depois vamos ver no final e fez duas assistências, e esteve nos lances dos três primeiros golos. Continua portanto a ser decisivo. Acho também que a nossa ala esquerda fica muito forte com o Beste e o Carreras a jogar simultaneamente. O Pavlidis infelizmente é neste momento um problema e provavelmente seria melhor que deixássemos que o problema se resolva pela via natural das coisas, em vez de andarmos a forçar o nosso jogo de forma a oferecer-lhe um golo. O Kökçü, por exemplo, no lance em que lhe ofereceu o golo que foi anulado por ele estar fora-de-jogo, poderia perfeitamente ter marcado golo ele próprio.
Segue-se o Santa Clara a meio da semana para a Taça da Liga. Provavelmente jogarão alguns jogadores menos utilizados de forma a ganhar minutos de jogo, mas eu espero que não desvalorizemos demasiado esta competição. Depois do domínio incontestável que tivemos nela durante as primeira edições, já há algum tempo que não a ganhamos e eu gostaria muito de terminar este jejum.
Um apagão da nossa equipa teve como resultado uma derrota esclarecedora em casa contra o Feyenoord. Este era um daqueles jogos que se exigia vencer, e se tal tivesse acontecido estaríamos neste momento numa situação muito confortável para garantir pelo menos o acesso aos play-offs. Em vez disso fomos derrotados de forma evidente e comprometemos as nossas contas.
Entrámos com o onze esperado, no qual o Tomás Araújo continua a merecer a preferência sobre o António Silva. Depois da desilusão do resultado até pode parecer óbvio escrever isto, mas este foi daqueles jogos em que logo nos primeiros minutos fiquei com uma má sensação. Porque foi desde logo evidente que a entrada foi muito diferente da que tínhamos visto contra o Atlético, que é o jogo que queremos utilizar como bitola para a Champions. Achei desde logo que fomos uma equipa demasiado desligada e com uma atitude competitiva menos intensa. A pressão alta não funcionou de todo, precisamente porque a equipa estava desligada: jogadores longe uns dos outros, mau posicionamento, atitude deficiente, e o resultado é que se calhar mais valia nem tentar pressionar, porque o Feyenoord conseguia sempre sair e ainda por cima fazia-o encontrando sempre muito terreno livre pela frente para progredir, conseguindo causar calafrios na transição, com jogadores rápidos na frente constantemente a fazer o ataque ao espaço - que a nossa equipa concedeu em excesso. Se houve um ponto onde eu acho que falhámos de forma esclarecedora, e que foi aquilo que nos custou a derrota, foi na consistência defensiva. Não é um problema exclusivo da defesa, achei sim que defendemos muito mal enquanto equipa. Os holandeses pareceram sempre mais fortes fisicamente, mais rápidos, e mais dispostos a entregar-se aos lances. Para além disso, eram eles a conseguir ocupar bem os espaços e com linhas subidas causar sérios problemas à nossa saída de bola. O Kökçü teve quase sempre direito a atenção especial, com um jogador a cair-lhe imediatamente em cima para não lhe dar espaço e tempo para pensar o jogo, e com o Di María a ter uma noite perfeitamente desastrada a criatividade do nosso jogo ficou estrangulada. Eles não precisaram de ter muita bola - o Benfica teve a maior parte da posse - nem de aparecer muitas vezes perto da baliza, simplesmente progrediam de forma rápida e vertical e acabavam por criar ocasiões. O golo inaugural foi a coisa mais simples, e numa saída de bola nossa: bola recuperada, metida na desmarcação do extremo na direita da nossa defesa, toque para o meio, e finalização do avançado, completamente à vontade na zona dos centrais. Sempre os nossos jogadores/sectores demasiado desligados, sempre demasiado espaço concedido aos adversários. Safámo-nos do segundo golo (uma oferta do Otamendi) por ter sido anulado, mas o nosso capitão oferece pelo menos três ocasiões claras de golo por jogo, por isso à segunda foi batido infantilmente no um para um e ficámos a perder por dois. Entre os dois golos, poderíamos ter chegado ao empate num pontapé de canto, no qual o Bah acertou em cheio no poste, mas nunca criámos ocasiões de perigo de forma consistente. Mesmo em cima do intervalo, numa boa jogada o Pavlidis, servido pelo Aursnes, conseguiu introduzir a bola na baliza, mas o lance foi anulado por fora de jogo do Aktürkoglu no início da jogada.
Para a segunda parte não houve alterações, houve alguma mudança de atitude por parte do Benfica e a capacidade de aumentar um pouco o ritmo de jogo. Reparei que o Kökçü pareceu ocupar terrenos mais recuados, talvez para escapar um pouco à atenção individual a que estava a ser sujeito, mas apesar de o Feyenoord ter recuado um pouco as linhas e de termos jogado mais perto da ártea adversária, sempre que eles conseguiam sair em transição ficava a sensação de que alguma coisa má podia acontecer. Defendemos muito mal como equipa neste jogo e nunca me senti seguro quando via a bola aproximar-se da nossa área. Prova disso foi que numa das raras ocasiões nessa fase em que o Feyenoord subiu até lá, num livre lateral, chegou ao golo com a nossa defesa a ser batida de forma aparentemente infantil. Felizmente o golo foi novamente anulado, desta vez por fora de jogo. Quando o Benfica mexeu na equipa, a vinte e cinco minutos do final, retirou o Di María (cujo sub-rendimento justificaria até que nem tivesse regressado do intervalo) e o Florentino para colocar o Amdouni e o Beste, e marcou logo no minuto seguinte. Finalmente uma boa transição do Benfica com a bola a ser colocada no Beste, que rematou cruzado da esquerda para defesa do guarda-redes e o Aktürkoglu marcou na recarga. Reacendeu-se a esperança, fizemos mais duas trocas, entrando o Renato e o Cabral para os lugares do Kökçü e do Pavlidis (mais um jogo perfeitamente inconsequente) e durante alguns minutos conseguimos pressionar, criar situações de perigo e fazer acreditar que era possível ainda sacar alguma coisa do jogo. Mas o Feyenoord foi inteligente na forma como geriu a pressão. Primeiro dedicou-se a quebrar imediatamente o ritmo de jogo, com sucessivas interrupções provocadas por jogadores a deixarem-se cair, e demoras excessivas em qualquer reposição de bola. À medida que a nossa equipa foi perdendo a compostura, para os minutos finais em vez de recuar linhas e submeter-se voluntariamente à pressão o Feyenoord fez o contrário: voltou a subir as linhas de pressão e o Benfica, obrigado a atacar, raramente conseguia sair em condições e entregava rapidamente a bola ao adversário. Depois o descontrolo fez com que desatássemos a fazer faltas sucessivas e desnecessárias, o que permitia ao Feyenoord quebrar ainda mais o ritmo de jogo e guardar a bola. Até que já nos descontos, com todos nós de cabeça no ar, na sequência de mais uma dessas faltas o livre lateral colocou a bola na entrada da área, onde com toda a equipa do Benfica a ver jogar apareceu um adversário solto de marcação para rematar rasteiro e colocado para o golo. Uma desatenção inadmissível, ponto final e derrota justa porque este tipo de erros pagam-se.
Acho que com boa vontade consigo mencionar a vontade mostrada pelo Aursnes. Foi um jogo muito pouco conseguido da nossa parte. Se o António Silva fica no banco para jogar esta dupla de centrais, então não quero sequer imaginar o momento de forma que ele atravessa. Não é segredo para ninguém a pouca simpatia que eu nutro pelo Otamendi, que eu considero já não ter condições para ser titular do Benfica, e o jogo de hoje voltou a mostrá-lo. Ele comete falhas graves em todos os jogos, e quando o adversário tem mais valor esses erros pagam-se caro. Mas certamente continuará a jogar até ao final da época por uma questão de estatuto. E mais uma exibição do Pavlidis a deixar-me preocupado que continuemos a ter um problema sério para resolver na posição de avançado. Percebo que esteja pouco em jogo se a bola não lhe chega, mas tenho mais dificuldade em perceber a forma como muitas vezes se movimenta em relação ao resto da equipa, e sobretudo a constante incapacidade para controlar a bola de forma competente quando lhe é passada - muitas das jogadas acabam por perder-se logo devido à má recepção. A única contribuição realmente positiva de que me recordo é ter feito o passe para a desmarcação do Beste no lance do golo.
Os três pontos de 'bónus' sacados ao Atlético, deitámo-los fora esta noite. Foi certamente a pior exibição colectiva da nova era Lage, que espero que não tenha nem consequências de maior, nem sequência. Não encontro explicação para uma exibição tão desligada, em especial na primeira parte. Preocupante a incapacidade para encontrar soluções de forma a ultrapassar as duas linhas muito juntas que o Feyenoord formava a defender, problema que já vimos muitas vezes no passado. E mais preocupante a inconsistência defensiva, a permitir sempre demasiado espaço ao adversário para explorar em transição. A primeira derrota acabaria por surgir, não estava era à espera que fosse hoje. Espero que pelo menos sirva para aprender e corrigir.
A estreia do Benfica na edição de este ano pautou-se pela absoluta normalidade. Houve festa da taça, houve uma vitória do Benfica sem grandes sobressaltos, houve tempo de jogo para alguns jogadores menos utilizados, e tudo foi feito num ritmo que permitiu gerir o esforço para o jogo de quarta-feira.
Dos habituais titulares apenas alinharam o António Silva/Tomás Araújo (um deles jogará na Champions), o Florentino, o Aursnes e o Carreras. De resto mudou a equipa toda a começar na baliza. Jogámos também num esquema táctico um pouco diferente do habitual, com o Aursnes a jogar mais pelo meio ao lado do Florentino e o Rollheiser e o Beste sobre as alas, com o Amdouni a formar dupla de ataque com o Cabral. O jogo tem pouca história e o Benfica fez o que lhe competia, incluindo marcar um golo madrugador que mata logo à partida grandes pretensões que o Pevidém pudesse ter, que certamente passariam por segurar o nulo o maior tempo possível. Passe do Aursnes a desmarcar o Kaboré pela direita e cruzamento rasteiro e tenso para o Beste aparecer à vontade a empurrar para a baliza. O jogo depois decorreu da forma esperada, com domínio total do Benfica, sem que o Pevidém tivesse qualquer ocasião relevante de golo de que eu me recorde. Já nós, não fomos especialmente competentes no ataque, o que permitiu o arrastar da vantagem mínima no resultado e prolongou a excitação dos comentadores da SportTV na esperança que alguma coisa má pudesse acontecer ao Benfica. Só a um quarto de hora do final é que novamente o Beste lhes matou as esperanças. aproveitando uma tentativa do Cabral de se livrar de um defesa para pegar na bola, entrar na área e bastante descaído sobre a esquerda encher o pé e colocar a bola no ângulo oposto da baliza. Tempo depois ainda para vermos a estreia do Gerson pela equipa principal, e assistirmos a mais umas demonstrações de que o jovem talento da arbitragem que ontem nos apitou estará na calha para mais altos voos.
Nem vou entrar em apreciações sobre se o Benfica jogou bem ou não. Era um daqueles jogos em que só tínhamos tudo a perder e pouco a ganhar. e estar a tentar tirar quaisquer conclusões significativas parece-me escusado. Fizemos o que era necessário, de forma tranquila e sem grandes problemas. Alguns jogadores aproveitaram melhor a oportunidade que lhes foi dada do que outros, mas todos eles ganharam ritmo de jogo. Agora o foco é no jogo com o Feyenoord, no qual uma vitória nos deixará já muito bem encaminhados para pelo menos conseguirmos um lugar no play-off.
Que maravilha. Um jogo enorme do Benfica, uma exibição a roçar a perfeição, e uma goleada a uma equipa que costuma ter a solidez defensiva como imagem de marca - e que ainda não tinha perdido esta época. E acho que o principal motivo para não podermos considerar a exibição perfeita é porque, apesar dos quatro golos sem resposta, o resultado acaba por ser algo lisonjeiro para o Atlético de Madrid, que poderia ter saído vergado a uma derrota ainda mais pesada. Foi das formas mais eficientes que vi uma táctica de três centrais ser anulada nos últimos tempos.
Uma alteração no onze: regresso do Bah à titularidade, e foi o António Silva quem saiu da equipa, passando o Tomás Araújo para o centro da defesa. Contra uma equipa que costuma ser bastante agressiva na pressão, a boa saída de bola do Tomás Araújo terá certamente tido influência nesta decisão. Apesar de serem praticamente os mesmos jogadores, tacticamente o Benfica jogou de forma diferente, sinal claro de que o adversário foi estudado. Sem bola, o Aursnes ajudou muito a fechar a direita, enquanto que do outro lado era o Aktürkoglu a sacrificar-se bastante em tarefas de auxílio defensivo, o que muitas vezes até fazia com que o Carreras se juntasse mais aos centrais. Na frente, o Di María assumiu um papel um pouco mais vagabundo, em que apesar de ter preferência por cair sobre a direita, actuava mais como um segundo avançado. Defensivamente, estivemos perfeitos. O Atlético não só não fez um único remate na direcção da nossa baliza durante os noventa minutos, como nem sequer teve qualquer ocasião clara de golo (o mais perto foi um cruzamento que de forma fortuita levou a bola a bater na barra). A primeira ameaça do Benfica foi logo aos seis minutos, num canto do Di María que o Pavlidis cabeceou para uma grande defesa por instinto do Oblak. De um momento para o outro, começámos a ser extremamente perigosos nas bolas paradas - isto quando até se manteve o treinador das mesmas. Tendo em conta os especialistas em bolas paradas que temos no plantel (Kökçü, Di María, Beste) já não era sem tempo que voltássemos a fazer disto um dos nossos pontos fortes. O golo que inaugurou o marcador chegou cedo, aos treze minutos. Uma pressão bastante agressiva e eficaz sobre a zona defensiva do Atlético, feita pelo Bah, Di María e Aursnes, resultou numa recuperação de bola sobre a direita, para depois o Aursnes fazer (de pé esquerdo) um passe fantástico a rasgar toda a defesa para ir encontrar o inevitável Aktürkoglu do lado oposto, que mais uma vez soube aparecer na altura certa e no lugar certo para se mostrar letal. A perder, o Atlético viu-se obrigado a assumir o jogo, algo em que raramente parecem estar tão confortáveis. Tiveram períodos prolongados de posse de bola, mas conforme disse, fomos muito sólidos defensivamente e nunca a baliza do Trubin esteve em perigo. E mesmo a fechar a primeira parte, ocasião flagrante para o Benfica fazer o segundo golo. A defesa do Atlético ficou distraída e o Bah conseguiu encontrar o Di María solto nas suas costas com um lançamento de linha lateral. O remate do argentino foi interceptado pelo Witsel, mas a bola veio ter com o Pavlidis sobre a esquerda, que só com o Oblak pela frente com um remate enrolado fez a bola passar ao lado, depois de ainda tocar no poste.
O treinador do Atlético certamente não estava a gostar do que via e ao intervalo fez três alterações de uma vez, retirando três pesos pesados: Koke, Griezmann, e De Paul. A coisa não correu bem. Um dos jogadores que entrou, Gallagher, logo nos primeiros minutos pisou o Pavlidis na área e o árbitro, que inicialmente tinha mandado seguir o lance, alertado pelo VAR assinalou o respectivo penálti. O Di María não se atemorizou com o Oblak na baliza e converteu no segundo golo. Se o Atlético vinha para a segunda parte com intenção de mudar alguma coisa, este segundo golo foi um murro bem forte do qual nunca mais recuperou. Logo na saída de bola após o golo perdeu-a imediatamente, com o Di María a escapar pela direita e a fazer o cruzamento para um cabeceamento do Pavlidis que infelizmente saiu com pouca força. Na jogada seguinte, bola recuperada pelo Benfica na sua zona defensiva e passe soberbo do Kökçü a desmarcar mais uma vez o Di María pela direita, para um contra-ataque em forte superioridade numérica. Numa decisão incompreensível para um jogador com a sua experiência, o Di María acabou por atirar praticamente à figura do Oblak quando tinha o Pavlidis e o Aktürkoglu completamente sozinhos no meio da área para um golo certo. Falhado o KO no jogo, o Benfica começou a perder alguma intensidade porque todas estas correrias do Di María e o muito trabalho também defensivo do Aktürkoglu do outro lado tiveram influência, mas agora já não precisamos de esperar pelos minutos finais dos jogos para ver o nosso banco mexer-se. Já depois de uma primeira troca directa do Pavlidis pelo Amdouni, mais substituições feitas na altura certa e de forma certeira, com as trocas dos dois extremos pelo Rollheiser e o Beste. Com um ataque refrescado o Benfica começou a fazer miséria da defesa espanhola. Os nossos laterais foram-se soltando cada vez mais no ataque, a mobilidade do Amdouni trouxe novos problemas aos centrais adversários, e foi já sem qualquer surpresa que chegámos ao terceiro golo a quinze minutos do final. Confirmando mais uma vez a melhoria radical nas bolas paradas, pontapé de canto na direita marcado pelo Beste e ao segundo poste apareceu o Bah a cabecear para o golo - no lance teve tempo para cair, levantar-se e ainda ir marcar o golo. O quarto veio aos oitenta e quatro minutos, novamente de penálti, numa altura em que o Atlético já não mostrava qualquer capacidade para travar os nossos jogadores e parecia estar entregue - cada ataque parecia poder resultar em golo. O Beste desmarcou o Amdouni, que no um para um com o defesa ultrapassou-o, entrou na área e foi rasteirado. Converteu o Kökçü, num remate fortíssimo a não dar qualquer hipótese. Daí até final, num ambiente simplesmente infernal de total comunhão entre a equipa e as bancadas, o resultado só não atingiu níveis mais escandalosos porque o Oblak negou o golo a um grande remate do Beste à entrada da área (de pé direito) isto depois do Amdouni não ter conseguido acertar na bola quando estava em posição privilegiada, e mais tarde o mesmo Amdouni rematou e fez a bola passar rente ao poste, com o Oblak batido.
É uma sensação muito boa chegar ao final de um jogo e poder escolher praticamente metade da equipa como melhor em campo. Exibição monstruosa do Carreras, que está com uma confiança enorme. Foi certamente a melhor exibição que já fez no Benfica, seguro a defender, confiante e incisivo no ataque, a ganhar todos os duelos individuais que teve. O Aursnes, depois de um regresso algo titubeante à equipa após lesão, voltou ao nível a que nos habituou. Parecia estar em todo o lado, foi tacticamente perfeito, recuperou bolas, foi perigoso no apoio ao ataque e fez a assistência para o primeiro golo. O Kökçü está a mostrar porque motivo é o jogador mais caro contratado pelo Benfica. É o cérebro por onde passa uma boa parte do nosso jogo, e cada passe longo que faz parece resultar numa ocasião perigosa a nosso favor. Florentino (outra vez um pilar), Aktürkoglu, Di María, Bah, tantas boas exibições.
Era disto que o Benfica precisava. De uma exibição assim, de um resultado assim, de um momento de total comunhão com um Estádio da Luz efervescente para poder cortar de vez com a herança Schmidt, lançar a onda vermelha e arrancar definitivamente para uma época ao nível que ambicionamos. De uma noite à Benfica. Foi uma grande noite europeia na Luz, e uma exibição como o Benfica não fazia há pelo menos um ano e meio. Quem esteve na Luz esta noite e viveu o ambiente, percebeu certamente o quanto os benfiquistas desejavam voltar a sentir isto. Esperemos que a nossa equipa possa continuar neste rumo e a evoluir, porque a margem para erro é quase nula.
Quarto jogo após a mudança no banco, quarta vitória. Os números são algo exagerados e quem não viu o jogo até pode pensar que foram só facilidades. A vitória do Benfica é mais uma vez indiscutível, mas foi apenas nos minutos finais que construímos um resultado dilatado, frente a um adversário que conseguiu causar dificuldades.
Surpresa na manutenção do onze do Bessa, porque pensei que com o Bah recuperado, ele regressasse à titularidade. O Benfica entrou mais uma vez forte e a tentar chegar ao golo cedo, rapidamente chegando à área do Gil Vicente e conquistando dois pontapés de canto, mas tal como no jogo de estreia do Bruno Lage, o adversário colocou-se em vantagem cedo, na primeira aproximação que fez à nossa baliza. O Gil Vicente mostrou ser uma equipa confiante com a bola nos pés, capaz de a trocar de forma segura, com o Fujimoto a jogar sem posição muito fixa e a revelar qualidade acima da média. Realce também para o facto de ser uma das poucas equipas que eu nos últimos tempos vi apresentar-se na Luz sem ser num esquema de três centrais - até estranhei. Aos oito minutos fomos surpreendidos num contra-ataque, no qual três jogadores adversários receberam a bola no espaço entre a nossa defesa e o meio campo - e se há alguma coisa a apontar à nossa equipa, é precisamente que achei o nosso meio campo demasiado permissivo, com alguma falta de agressividade e a conceder demasiado tempo e espaço ao adversário para ter a bola. Ainda conseguimos recuperar minimamente, mas com toda a gente desposicionada um grande passe do Fujimoto na direita, correspondido por uma grande desmarcação do extremo esquerdo, aproveitou o buraco que tinha sido deixado na defesa quando o Otamendi saiu da sua posição e o Gil Vicente colocou-se em vantagem. Tal como no jogo com o Santa Clara, a reacção do estádio foi como se nem tivéssemos sofrido um golo. Em vantagem, o Gil Vicente mostrou desde logo imensa vontade em baixar drasticamente o ritmo do jogo, mas não teve muito tempo para o fazer porque o Benfica demorou apenas nove minutos a igualar o jogo, e mais oito a colocar-se em vantagem. O empate surgiu num pontapé de canto marcado pelo Di María, no qual o Otamendi surgiu solto ao segundo poste para cabecear, e o segundo golo numa insistência do Aursnes pela direita, com o cruzamento a encontrar o Aktürkoglu demasiado à vontade no interior da área, com tempo para escolher onde queria colocar a bola de cabeça sem sequer ter que tirar os pés do chão. Depois de ultrapassado o principal obstáculo nestes jogos, que é colocarmo-nos na frente do marcador, o resto da primeira parte decorreu sem grandes sobressaltos.
A segunda parte foi jogada num ritmo mais pausado. Não sei se os nossos jogadores já estavam a pensar no jogo da Champions que se segue, mas com uma vantagem de apenas um golo a forma como abordámos a segunda parte não me deixou confortável. O Gil Vicente ia-se mantendo vivo no jogo e em qualquer altura poderia surgir um lance que resultasse no empate, o que nos deixaria numa situação bastante desconfortável. Não que tenhamos visto a nossa baliza muitas vezes ameaçada, mas estar a ganhar por apenas um golo provoca sempre este tipo de desconforto. O jogo só animou a partir do meio da segunda parte, quando o nosso treinador decidiu fazer três alterações de uma vez. Entraram o Rollheiser, Amdouni e Cabral para os lugares dos dois turcos e do Pavlidis, e poucos minutos depois foi feita uma quarta substituição, entrando o Beste para o lugar do Di María e as coisas aqueceram. O Benfica arrumou o assunto a doze minutos do final, num grande remate do Amdouni bem de fora da área que colocou a bola a entrar junto ao poste. Confesso que na altura em que o vi armar o remate achei logo que não era uma boa opção, porque o Beste tinha arrastado o defesa com ele para a zona mais central e o Carreras entrava completamente solto pela esquerda. Mas o remate saiu muito bem - nem foi com muita força, mas a colocação foi perfeita. A partir daí a equipa ficou mais solta e descontraída, e voltámos a ficar perto do golo em mais ocasiões (incrível o falhanço do Carreras, por exemplo). O Rollheiser e o Amdouni trouxeram muita dinâmica à equipa e foi já a fechar o jogo que demos contornos de goleada ao resultado. Aos noventa, num pontapé de canto do Beste o Otamendi surgiu ao primeiro poste a desviar para o mergulho do mais uma vez improvável Florentino no coração da pequena área, a empurrar de cabeça para a baliza. E já nos descontos, período no qual o Prestianni ainda entrou para correr um bocadinho, o Rollheiser progrediu pelo meio e passou-lhe a bola na direita, para depois aparecer na área a aproveitar a fífia do guarda-redes, que largou a bola cruzada pelo Prestianni. Um resultado bem dilatado, a mandar toda a gente contente para casa.
O melhor em campo, para mim, foi o Florentino, e já o seria mesmo sem o golo como a cereja em cima do bolo. Está muito confiante, continua extremamente eficaz nas tarefas defensivas, e agora está a tentar cada vez mais envolver-se também no processo ofensivo, com passes de grande qualidade - um exemplo foi o passe brilhante que fez para o Aktürkoglu ficar isolado, com a bola a ser cortada quase em cima da linha. O Aursnes não teria sido a minha escolha para melhor em campo, mas subiu bastante de rendimento da primeira para a segunda parte. Bom jogo também dos nossos centrais, com o Otamendi a fazer um golo e uma assistência, e boas entradas do Amdouni e do Rollheiser no jogo. Espero ver em breve o Bah de regresso - o Tomás Araújo cumpre, mas é completamente diferente jogar com a profundidade que o Bah oferece naquele lado.
O resultado é generoso para o futebol produzido durante boa parte do jogo, mas a confiança faz maravilhas. Depois de tantos jogos em sofrimento para vermos a nossa equipa marcar um golo, nos três que fizemos desde a mudança de treinador ainda não vencemos por menos de três golos de diferença. Foram doze golos marcados em três jogos, contra cinco marcados nos quatro jogos anteriores. Precisamos de resultados assim, não só para reforçar a confiança dos jogadores, como também dos adeptos. E obrigar os críticos crónicos a retorcer-se um pouco (por falar nisso, é impressão minha ou a Bola neste momento já se tornou em mais um pasquim de bajulação aos ladrões de bancos, ao mesmo tempo que faz constantes ataques e críticas ao Benfica? Há meses que já nem visito o site do jornal não oficial dos ladrões de bancos; parece-me que a Bola em breve passará a ter o mesmo tratamento da minha parte) e refugiar-se no sempre esperançoso 'Até agora foram jogos fáceis, quando apanharem um adversário a sério é que se verá'. O próximo jogo aliás será contra um sempre difícil Atlético de Madrid, que é um adversário que tem potencial para lhes dar uma alegria. Se por acaso ganharmos, obviamente que não jogam nada e o Simeone é um treinador que não sabe tirar partido dos jogadores que tem.
Vitória clara e indiscutível do Benfica na tradicionalmente difícil deslocação ao Bessa, mas que esta noite apresentou um desequilíbrio considerável de forças entre as duas equipas, sendo o desfecho do jogo a consequência natural disso mesmo.
Tivemos duas alterações no onze, o Tomás Araújo adaptado a lateral na ausência do Bah (e a ainda evidente falta de entrosamento do Kaboré) e o Aursnes no lugar do Rollheiser. O Benfica, perante um Boavista que, estranhamente, toda a gente parece ter descoberto precisamente antes de jogar contra o Benfica que é uma equipa debilitada, voltou a entrar forte no jogo, mais uma vez muito embalado pelos dois turcos, e chegou ao golo cedo, apenas com onze minutos decorridos. Uma iniciativa individual do Aktürkoglu pela esquerda, a entrar na área e a deixar toda a gente pelo caminho até chegar à linha de fundo e assistir de pé esquerdo para o Pavlidis empurrar quase sobre a linha de golo. É por jogadas destas que ele terá ganho a alcunha de Harry Potter. Sem ser muito bem jogado, o jogo teve praticamente um só sentido, com o Boavista a resistir o quanto podia (muito à custa de uma agressividade excessiva, perante a complacência da arbitragem). O segundo golo apareceu à passagem da meia hora, em mais um pormenor de classe do Kökçü. Recebeu a bola do compatriota e ainda bem de fora da área rematou rasteiro, com a bola a sair colocadíssima e a bater no poste antes de entrar. Tínhamos nós no plantel um médio defensivo que até sabe jogar como médio ofensivo e não sabíamos. A segunda parte foi mais pobre na qualidade do futebol jogado, o Boavista continuou a bater forte e feio - podia quase dizer que só faltou arrancar olhos, mas até isso tentaram fazer ao Aktürkoglu (e agora que o Kökçü se vai destacando, parece-me que foi aberta a época de caça ao turco) e o Benfica foi desperdiçando ocasiões para aumentar a vantagem - mesmo sem encher o olho, a exibição do Benfica poderia ter resultado num resultado bem mais generoso. Destaque para a dupla defesa do guarda-redes do Boavista logo no início da segunda parte, a um primeiro cabeceamento do Tomás Araújo e à recarga do Otamendi, e para a ocasião flagrante do Aktürkoglu, que isolado perante o guarda-redes e com tempo para tudo, optou por uma tentativa de chapéu que saiu demasiado alta. Destaque também para os dois lances de possível penálti a favor do Benfica. No primeiro, para não o assinalar, o árbitro descortinou um bloqueio igual a tantos outros que nunca são assinalados. No segundo, sobre o Di María, só se percebe não ter sido assinalado quando reparamos que o VAR era o nosso velho amigo Tiago '5 Cent' Martins. Perante os penáltis ridículos que vamos vendo ser assinalados semana sim, semana sim a favor dos andrades e dos ladrões de bancos, o melhor é nem pensar muito mais no assunto. Antes do final, o recém-entrado Cabral (que eu sinceramente espero ver ter mais minutos, porque continuo a acreditar que a forma como jogamos agora é benéfica para o seu futebol) não desistiu de uma bola longa do António Silva, pressionou o defesa, ganhou e finalizou para o terceiro golo, dando uma expressão mais justa ao resultado.
Os turcos voltaram a ser destaques na equipa, e a eles juntaria o Di María. O António Silva foi o melhor da defesa e parece estar a recuperar a confiança, o que só podem ser boas notícias para nós. O Carreras continua a evoluir e cada vez gosto mais de o ver jogar.
Três vitórias em outros tantos jogos, com dois deles jogados fora de portas, é o que queríamos (ainda não tínhamos ganho fora com o anterior treinador). Ainda há muito trabalho a fazer e muito para melhorar. Teremos agora uma semana inteira para preparar o próximo jogo, o que pode permitir solidificar mais os processos que o novo treinador pretende implementar.
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