VAMOS ACABAR COM AS IMBECILIDADES
Domingo, 19 de Julho de 2020

Regresso de Jorge Jesus

Uma das vantagens de já ter um blog há 16 anos é poder revisitar o que escrevi no passado e verificar se continuo a pensar o mesmo. Claro que o exercício é mais fácil com o considerando “se eu soubesse o que sei hoje”, mas, como não se pode voltar atrás com o conhecimento que entretanto se adquiriu, a principal questão para mim é sempre a mesma: pensar se, com os dados que eu tinha na altura, voltaria hoje a ter a mesma opinião? Serve este preâmbulo para dizer que, apesar de (FELIZMENTE) me ter enganado com a previsão do 35 (ou melhor, da falta dele), cinco anos depois mantenho tudo o resto que escrevi na altura da saída do Jorge Jesus (eventualmente retiraria o “histórico” do erro, porque afinal fomos três vezes campeões, mas ter sido um erro foi indirectamente admitido pelo próprio presidente do Benfica ao ir buscá-lo novamente).

Por outro lado, muito se falou, muito se fala e muito se irá falar (pelo menos nestes primeiros tempos) de tudo o que se passou na altura da saída, em especial naquele primeiro ano de Jorge Jesus na lagartada. O que ele disse sobre nós, a maneira como tratou o nosso treinador da altura, as desconsiderações e faltas de respeito, etc. Foi feio. Muito feio! Mas, da mesma maneira que eu acho que os meus filhos, se fizerem asneira na escola, não merecem um tratamento especial só por serem meus filhos, o Benfica só por ser o Benfica não é inimputável perante tudo o que faça. Sim, o Benfica também erra! E, naquela altura, os dirigentes do Benfica (ou melhor, a inefável ‘estrutura’) não se portaram nada bem com o Jesus. Acusações de roubo de material informático, pedido de indemnização numa soma ridícula em tribunal, etc. É como naqueles lances de bola parada em que na área o defesa e o avançado se estão a agarrar mutuamente. Não se marca falta. Neste caso, houve culpas mútuas na falta de nível do pós-separação (separação essa que partiu da nossa parte, convém recordar). Portanto, para mim, ainda estar ressabiado com o Jesus pelo que ele disse na altura sobre nós não faz sentido (até porque isso acabou por ser importante para o ‘reunir das tropas’ que conduziu ao tri, logo até lhe podemos agradecer o facto). Se nós dissemos o que dissemos dele, não estávamos à espera que ele tivesse nível e não respondesse, certo? Era preciso que não o conhecêssemos bem.

Agora, a parte desportiva. Também aqui mantenho o que disse na altura: a passagem de Jesus pelo Benfica foi globalmente muito positiva. Em seis campeonatos, jogámos muito bem em cinco deles e ganhámos três. Na Europa, só um dos anos foi péssimo com a saída das competições em Dezembro. Fomos a duas finais da Liga Europa, a uma meia-final (perdida com o Braga, eu sei, mas era uma meia-final) e a uns quartos-de-final, e na Champions a outros quartos-de-final (portanto, nas seis épocas, cinco com pelo menos quartos-de-final; nas últimas cinco, fomos duas vezes aos quartos...). Na Taça de Portugal, é que só uma vitória em duas finais é muito pouco para seis anos. Na menos importante de todas as competições, mas ainda assim uma competição oficial, a Taça da Liga, tivemos cinco vitórias naqueles seis anos (por contraponto a uma vitória nos últimos cinco...). Outros olharão para resultados embaraçosos que tivemos (e sim, houve uns quantos), mas eu prefiro ver a capacidade que o Jesus teve para se reinventar durante aquele tempo: o Benfica de 2014/15 não jogava da mesma maneira do que o de 2009/10. Para jogadores diferentes, tácticas e processos de jogo diferentes. E isso, para mim, é sinal de sagacidade de um treinador. Sagacidade essa que manteve nos outros três clubes que treinou, onde o impacto foi imediato e ganhou sempre títulos (felizmente menos num deles, do que nos outros dois).

Dito isto, esta decisão do Luís Filipe Vieira é obviamente um all in da sua parte. Mas infelizmente não é para ganhar um inédito penta ou o bicampeonato deste ano perante um CRAC intervencionado pela Uefa, cuja vida seria muitíssimo complicada se não fosse campeão. Para isso, não houve nenhum investimento semelhante a este. Este é um all in para ganhar eleições. Porque o Jesus é o treinador que mais probabilidade lhe dá de resultar no imediato e o LFV, depois do que se passou esta época, não pode correr o risco de as coisas começarem tortas, sob pena de perder essas mesmas eleições. E isso, meus caros, eu não gosto de ver: não gosto que altos responsáveis do meu clube dêem piruetas e consigam fazer um oito com a coluna vertebral só para ganharem eleições. Porque isso é indefensável, pelo menos para mim. Que fosse para conquistas desportivas, eu ainda admitia, há sapos que eu não me importaria de engolir para ganhar títulos. Agora, engolir sapos com objectivos eleitorais faz-me sentir vergonha alheia e sentir isso de altos responsáveis do meu clube é o pior que me podem fazer. Porque, como óbvio, depois do que a ‘estrutura’ do Benfica disse do Jesus, ele nunca poderia voltar com essa mesma ‘estrutura’ ainda em vigor. Porque do Jesus eu não espero mais do que pôr a equipa a jogar (bem) à bola. A personalidade dele é por demais conhecida e levar com ela é um preço que eu estou disposto a pagar para ganhar títulos (e só estou disposto a pagá-lo, porque eu não disse do Jesus o que a ‘estrutura’ do Benfica disse). Agora, dos dirigentes do meu clube eu espero um pouco mais de rectidão nos valores e nas atitudes que se tomam. Se se diz que se manda embora um treinador porque “não apostava nos jovens da formação”, se se reitera há pouco mais de um mês que o projecto da formação era para se manter, não se vai buscar esse mesmo treinador de volta. Então, e o projecto do clube? Era tudo conversa fiada e o importante é a manutenção do poder a todo o custo? Há coisas que se dizem das quais não há retorno possível. Muito menos para a prossecução de objectivos pessoais. Como é ganhar umas eleições.

publicado por S.L.B. às 19:26
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Quinta-feira, 2 de Julho de 2020

Treinador interino

Vamos lá a ver se eu percebi bem isto: o treinador principal, Bruno Lage, pede a demissão, o presidente do Benfica aceita e, ainda com seis jogos importantes até final da época (há que manter o 2º lugar e ganhar mais uma Taça de Portugal), nomeia como treinador o... adjunto do Bruno Lage, Veríssimo. Portanto, o principal elemento da equipa técnica não servia, mas o adjunto já serve. Ainda por cima, o adjunto que tinha como responsabilidade o treino das bolas paradas, que tão bons resultados tem tido ao longo da época... 'Tá certo, isto tem tudo para continuar a correr muito bem...

P.S. - Eu não conheço o Renato Paiva de lado nenhum, mas ainda não vi ninguém que não lhe reconheça competência, gostei do pouco que vi as equipas dele a jogar e de cada entrevista dele que li. Se era preciso "agitar as águas" neste momento, sendo ele o treinador da equipa B, parecia-me a escolha mais lógica. Que pena que quem de direito não tenha visto a luz...

publicado por S.L.B. às 16:42
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Sexta-feira, 30 de Novembro de 2018

‘Feeling’

'Volte face': Rui Vitória permanece

 

Portanto, deixem-me ver se eu percebi bem isto: a administração de um clube reúne-se à tarde para discutir um assunto importante, a reunião dura várias horas e é tomada uma decisão pensada e amadurecida, com a qual todos concordam. A comunicação social em uníssono noticia essa decisão, mas de manhã, quando acorda, o presidente tem um “feeling” (sic) e dá uma pirueta de 180º, decidindo completamente à revelia do que tinha ficado acordado na noite anterior. De tal modo que, segundo o próprio, o director-geral para o futebol do clube, que esteve nessa reunião, ficou “perplexo” quando soube da decisão. Foi isto que se passou? É assim que é suposto gerir-se um clube? Por ‘feeling’? Por ‘epifania’? Por uma “luz que se dá” (sic)?

 

O Luís Filipe Vieira veio dizer ontem em conferência de imprensa que já teve esse “feeling” em 2013, que o levou a manter o Jorge Jesus contra a opinião generalizada, e que não é “resultadista”. Sou insuspeito para falar disto, porque na altura era totalmente a favor da manutenção do treinador. Ora, estar a comparar estas duas situações é um primeiro sintoma do desnorte do LFV. Senão vejamos: em 2013, vínhamos de três derrotas, é verdade, MAS em FINAIS, sendo que nas duas primeiras sofremos os golos aos 92’ em jogos que NÃO merecíamos perder. Mais: em toda essa época fomos CLARAMENTE a melhor equipa nacional. É preciso estar noutra galáxia para comparar essa situação com a actual, onde fomos derrotados em casa pelo Moreirense, ganhámos a uma equipa dos últimos lugares da II Liga no tempo de compensação e fomos humilhados em Munique. Para além do facto nada despiciendo que não estarmos a jogar NADA há uma série de tempo e não se ver forma de a equipa técnica dar a volta à situação, com os jogadores a estarem perdidos em campo. Não, a situação não é de todo comparável.

 

Mas o que mais me espanta nesta decisão incompreensível é o LFV desvalorizar o facto de isto lhe ir rebentar no colo se correr mal (e eu mais depressa acredito no ‘milagre’ de Fátima do que na capacidade do Rui Vitória para dar a volta a esta situação). Ou seja, o odioso da questão vai passar do RV para ele. A culpa de um eventual fracasso desta época deixou de ser do treinador e será totalmente do presidente. O que poderá significar, no limite, o início da sua própria queda. Porque, arrisco-me a dizer, devem contar-se só com uma mão (e ainda sobrarão dedos) os benfiquistas que concordam com a manutenção deste treinador, perante a miséria futebolística que temos exibido. E ele desvalorizar este facto só posso atribuir a um aspecto: muito tempo no poder provoca inevitavelmente alguma cegueira. A pessoa julga-se imune a tudo. Mas temos ‘n’ exemplos de como as coisas mudam muito depressa no futebol...

 

P.S. – Em termos de decisões ‘não-resultadistas’, o que se irá passar se não ganharmos amanhã ao Feirense? Duvido que continue tudo na mesma, porque as coisas ficarão para lá do insustentável. Só que serão mais pontos perdidos e a distância para o primeiro lugar começará a ficar difícil de ultrapassar. Ou seja, tudo isto terá sido tempo perdido. (ESPERO BEM QUE ME ENGANE!)

publicado por S.L.B. às 17:02
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Terça-feira, 13 de Setembro de 2016

A/C do sr. Celis

Já o que o senhor fez no particular frente ao Lyon (para quem não se recorda: abalroar um adversário que estava quase de costas para a baliza no limite da grande área(!) fazendo um dos penalties mais estúpidos de todos os tempos) me tinha deixado muito mal impressionado. Dizem que não fazia mal, porque era jogo particular e eles servem mesmo para erros desses.

 

Pois, mas para mim não servem, porque um tal erro revela que o senhor não tem algo essencial que um jogador do Benfica deve ter se quer ser jogador do Benfica: não ser COMPLETAMENTE IDIOTA a jogar à bola e perceber o jogo. Ora, alguém que vai disputar a bola com a mão(!) perto da sua área no último minuto de jogo, sabendo que do outro lado está alguém especialista em bola paradas e que ainda no ano passado marcou dois golos importantes dessa maneira pelo clube que agora esse alguém até representa é, não há outro termo para o definir, BURRO QUE NEM UMA PORTA! E não me venham com a desculpa da idade: quando se é BURRO, é-se BURRO! Podem vir dizer: “ah e tal, o Gonçalo Guedes também tem culpa: falhou o 2-0 completamente isolado.” Certo, mas isso faz parte do jogo, todos falham, acontece. E o Guedes até foi dos melhores em campo. Agora, para se jogar com a mão(!), repito, com a mão(!) naquelas circunstâncias é preciso uma grande dose de atraso mental. É que nem sequer tentou disputar a bola com o pé ou peito: foi com a mão! E peço imensa desculpa, mas um jogador do Benfica não pode ter uma falta de neurónios deste género.

 

Por tudo isto, vou poupar trabalho ao sr. Celis apresentando-lhe o plano abaixo. É já amanhã de manhã e desejo que faça uma boa viagem. Os dois pontos que voaram hoje frente ao Besiktas são irrecuperáveis, mas espero que se prontifique a devolver os 500 mil o milhão de euros(!) que nos custou a sua falta de neurónios através do seu salário. Obrigado e boa continuação de carreira longe do Estádio da Luz. Até sempre.

Lisboa-Colômbia.jpg

publicado por S.L.B. às 23:59
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Segunda-feira, 12 de Setembro de 2016

(Muito) Desnecessariamente sofrido

NOTA: a pedido do D'Arcy (e por impossibilidade dele), desta feita têm que levar com a minha crónica.

 

Vencemos em Arouca na 6ª feira por 2-1 e continuamos no 2º lugar a dois pontos da lagartada. Perante um adversário que ficou num lugar europeu na época passada, esperava-se uma partida difícil e foi-o, mas essencialmente devido à nossa ineficácia, porque se a tivéssemos tido duvido que houvesse mais algum jogo no campeonato doravante com um resultado tão desnivelado.

 

Confesso que estava bastante apreensivo para este encontro, porque não me recordo de algum jogo em que não tivéssemos nenhum ponta-de-lança disponível. E é também por isso que eu detesto os jogos de selecções (desde o Bento, passando pelo Simão, se eu fosse fazer uma lista de jogadores nossos com lesões graves por causa das selecções este post ficaria quilométrico): graças a eles, perdemos o Jiménez e o Mitroglou! A isto juntou-se a lesão do Jonas (aparentemente ainda não recuperado a 100% da operação) e íamos para Arouca com a necessidade de ter o Rafa (com apenas dois treinos de Benfica!) a titular como ponta-de-lança, juntamente com o Gonçalo Guedes. O nosso primeiro lance de perigo coincidiu com o primeiro golo: aos 16’, abertura do Salvio para o Nélson Semedo na direita, o Bracalli sai, um defesa tenta o corte, mas acaba por rematar contra o nosso defesa-direito e a bola vai directa para a baliza. Foi um golo com uma grande dose de sorte à semelhança do primeiro frente ao Nacional. No entanto, a partir daqui mais que justificámos a vantagem e tivemos inúmeras oportunidades para a goleada (sim, goleada!). Rafa, por três vezes (uma das quais isolado e outra sem o guarda-redes na baliza!), Gonçalo Guedes e Pizzi poderiam (e deveriam) ter-nos feito ir para intervalo com o jogo decidido.

 

Para a 2ª parte, eu estava já a ver uma reedição da Choupana, em que também nos ficámos a dever uma vantagem segura e deixámos o Nacional empatar, antes de conseguirmos voltar para a frente do marcador. Porém, à falta de eficácia da 1ª parte, correspondeu uma boa entrada na 2ª: aos 51’, canto do Grimaldo na direita e cabeçada do Lisandro ao primeiro poste para o 0-2. Como o Arouca pouco ou nenhum perigo tinha criado, era expectável que tudo estivesse bem encaminhado, mas as coisas voltaram a ficar instáveis aos 56’ com o Walter González a reduzir num bom cabeceamento, com o Nélson Semedo a ficar nas covas. No entanto, na jogada anterior ao golo, há um empurrão claríssimo ao Rafa por trás na área, quando estava isolado, com o sr. Fábio Veríssimo a nada assinalar. Penalty e vermelho indiscutíveis! Uma vergonha! A nossa última aquisição saiu lesionada do lance (vai para um mês! O melhor seria abrirmos um hospital no Seixal, ainda fazíamos algum dinheiro…) e entrou o velocíssimo Carrillo. Até final, o Arouca ainda criou perigo em dois lances e nós também poderíamos ter dado a machadada final já perto dos 90’, numa óptima jogada do André Horta com o miúdo José Gomes (entretanto entrado) a não conseguir chegar e o Carrillo a rematar para boa defesa do Bracalli.

 

Em termos individuais, gostei bastante do Salvio (parece que finalmente está a voltar ao que era! Óptimas notícias!), do pique e de alguns pormenores do Rafa (tem que treinar mais os remates à baliza!) e do Gonçalo Guedes (que, com a profusão de lesões na frente, se arrisca a fazer boa parte da época a titular). A defesa não está muito segura e, se calhar, será preciso rever alguma coisa, porque atacar é muito bonito, mas a função primordial de um defesa é… defender. Quando entrou o Samaris, para (não) variar o nosso meio-campo ficou trancado (é aconselhável que passe a entrar mais cedo) e o José Gomes foi pena que não tenha mais 5 cm de comprimento nos pés, caso contrário teria tido uma estreia de sonho.

 

Num jogo em que não tínhamos nenhum ponta-de-lança, fizemos do melhor que se tem visto até hoje, com boas combinações atacantes e inúmeras oportunidades. Há que só melhorar o pequeno pormenor de meter a bola na baliza… Amanhã haverá Champions na Luz contra o Besiktas e veremos como a equipa vai responder perante um adversário mais poderoso. Depois deste bom aperitivo frente ao Arouca, estou muito expectante para ver.

publicado por S.L.B. às 09:55
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Sexta-feira, 27 de Maio de 2016

O balanço da época – parte II

2) A nível desportivo

 

Comecemos pelo início: depois de termos conseguido algo pela primeira vez em 31 anos, o bicampeonato, fizemos uma das piores pré-épocas de sempre. Algo que nunca saberemos é como teria sido o nosso arranque de temporada se não tivéssemos passado o mês de Julho e Agosto a viajar pelas Américas. Eu percebo que houvesse compromissos para serem respeitados, mas com uma (tão grande) mudança desportiva, com um treinador novo que tinha o (enorme) fantasma do outro com que lidar, estava na cara que aquele género de preparação fosse correr tudo menos bem. E o grande problema é que iríamos encontrar o antigo treinador logo na primeira competição oficial da temporada. Que naturalmente perdemos.

 

Aliás, aqueles primeiros meses de futebol continuaram a deixar-me muito de pé atrás. Tivemos vitórias sofridas (Estoril e Moreirense) e derrotas incríveis (Arouca), com exibições globalmente medíocres, onde só a espaços conseguíamos apresentar bons momentos (os últimos 15’ do Estoril, por exemplo), intercaladas com derrotas em jogos em que estivemos bem (Mordor) e triunfos históricos (Madrid). Tivemos durante muito tempo uma montanha-russa exibicional, mas o que é certo é que íamos ganhando jogos, mesmo em campos bastante complicados onde no passado isso não acontecia. Como, por exemplo, em Braga (com alguma dose de sorte, 0-2 aos 11’ e três bolas sofridas nos ferros) ou em Guimarães (génio do Renato Sanches a resolver a 15’ do fim). Pelo meio, tivemos a derrota traumática na Luz frente à lagartada (mas em que a reacção do público no célebre minuto 70 foi um dos despertadores da época), a eliminação da Taça e a partida em que eu pensei que tínhamos entregue a época. Percebo muito disto…! Felizmente!

 

Devo dizer que o primeiro jogo do Benfica que me encheu as medidas em termos exibicionais foi o da Choupana frente ao Nacional. Já tínhamos tido algumas goleadas, mas em termos de futebol foi o primeiro a ser brilhante. A partir especialmente daí, entrámos na nossa melhor fase, com resultados convincentes, aliados a grandes exibições (Moreira de Cónegos e Belém, por exemplo). A equipa subia nitidamente de rendimento e, mais importante do que isso, de confiança, caso contrário aquela derrota injusta com o CRAC na Luz ter-nos-ia deitado abaixo. Outra questão que ajudou ao aumento dessa confiança foi a Champions, especialmente o facto de termos de termos eliminado o Hulk, Witsel, Garay, Javi García & Cia. com duas vitórias, tendo a da Rússia sido conseguida com Lindelof e Samaris como centrais(!), e os dois magníficos jogos frente ao Bayern (empatámos na Luz sem Gaitán, Jonas e Mitroglou!). No meio da eliminatória contra os russos, tivemos a vitória mais importante de todas, aquela que bem vistas as coisas foi essencial para o tri. Como se disse, podemos não ganhar os derbies todos, desde que ganhemos o certo! (Aliás, a bem da sã convivência, assim fica tudo contente: daqui a 20 anos, eles vão recordar e celebrar as três vitórias que tiveram sobre nós, tal como ainda fazem hoje em dia com os 7-1 em ano de dobradinha para os nossos lados, e nós faremos o mesmo por causa do tricampeonato. Cada clube celebra aquilo que é mais importante para ele.)

 

Depois do Bayern, a equipa pareceu mais cansada, mas aí valeu-lhe o coração: triunfos muito sofridos no Bessa (especialmente), Coimbra e Vila do Conde, e em casa frente aos dois Vitórias. Valeu-lhe o coração e valemos-lhe nós, o verdadeiro “colinho” como jogadores e técnicos se fartaram de reconhecer durante e no final da época.

 

Houve obviamente vitórias dentro do campo muito importantes, por diferentes razões (Braga, Estoril, WC e Bessa, por exemplo), mas um dos momentos-chave da época para mim foram as inacreditáveis declarações do Jesus acerca do Rui Vitória (a história do “não o qualifico como treinador”, “não sabe conduzir um Ferrari”, etc.). A partir daí, acabou-se o meu luto pelo anterior treinador. Há limites que não podem ser ultrapassados e o Jesus, ao ultrapassá-los, perdeu o respeito que ainda subsistia em alguns benfiquistas por ele. As declarações são inclassificáveis sob todos os pontos de vistas: um ataque nojento e desmedido a um colega de profissão, ao treinador do Benfica e, no limite, a nós, benfiquistas. Não deixa de ser significativo que, na sequência disso, o toque a reunir da equipa e dos adeptos, que já era forte (volte a lembrar-se o minuto 70), se tenha tornado inquebrável. Estávamos juntos.

 

Olhando exclusivamente para o futebol jogado pelas equipas do Benfica nos últimos anos, o do Jesus até pode ter sido mais espectacular (a célebre nota artística), mas é difícil preferi-lo a ele quando temos o recorde de pontos, recorde de golos e recorde de vitórias esta temporada (para além do melhor marcador e da segunda melhor defesa). E depois, há outra coisa que é secundária para mim (porque o que fica para a história são os títulos), mas que para quem vive as situações no presente sabe muito bem: temos um treinador civilizado, que tem nível, que diz sempre “nós”, e que sabe que o Benfica já era grande sem ele e vai continuar a ser grande quando ele sair. Como se diz, e estou completamente de acordo, agora ganhamos à Benfica: no campo e na atitude. Para além disso, o Rui Vitória é muito melhor treinador do que eu estava à espera. Fomos campeões alinhando nos últimos três meses da época com o ex-guarda-redes do Rio Ave, um suplente do ano passado, um ex-central da equipa B, um ex-jogador do Olhanense e o… Eliseu! Basta só comparar com a defesa titular do primeiro ano do tricampeonato (Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay e Siqueira) para se ver a diferença… Se isto não demonstra qualidade do treinador, não sei o que a demonstrará…! E já para não falar na coragem de apostar no Nélson Semedo, Gonçalo Guedes, Lindelof e Renato Sanches. Mesmo que alguns deles não tenham sido titulares durante a época toda, sempre foram mais importantes e úteis do que um Patrick, um Djaló, um Sidnei ou um Felipe Menezes, não…?

 

Foi um ano inesquecível e um dos títulos mais saborosos que tivemos. Não só por ter sido um tricampeonato histórico, como principalmente por causa de todas as condicionantes que tivemos. Muito obrigado a todos os que tornaram isto possível, com especial ênfase ao Luís Filipe Vieira e ao Rui Vitória!

 

VIVA O BENFICA!

publicado por S.L.B. às 12:53
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Terça-feira, 24 de Maio de 2016

O balanço da época – parte I

O prometido é devido e cá está o post a fazer o balanço final da época. Como isto ia ficar quilométrico, resolvi excepcionalmente dividi-lo em dois: balanço a nível pessoal e balanço a nível desportivo.

 

1) A nível pessoal

 

Uma das pessoas mais brilhantes deste país já disse muito daquilo que eu queria dizer. Para quem esteve em Marte e ainda não viu, cá está:

 

 

De tudo o que o grande RAP disse (incluindo obviamente o tom em que o disse), eu só alteraria uma coisa: no meu caso, não é a saúde das miúdas, é a saúde dos miúdos. Tudo o resto subscrevo integralmente.

 

Também eu deixei muito claro (uma e outra vez) que, se ganhássemos o campeonato, teria “todo o gosto em vir aqui no final da época dizer que eu afinal não percebo nada disto e que sou um idiota por não ter acreditado nos tricampeões.” Pois bem, eu sou um IDIOTA porque não acreditei (absolutamente NADA) que pudéssemos ser tricampeões! Quem se satisfizer com esta explicação (aliás, completamente verdadeira), pode ficar por aqui.

 

Para todos vocês, os cinco, que não se satisfizeram, continuarei. O facto de eu me assumir como idiota, não faz com que me arrependa do que escrevi (um leitor perguntou por este, este e ambos os posts do parágrafo anterior, e eu ainda acrescento este e este). Incoerência? Talvez não. Porque eu posso ter muitos defeitos, mas assumo sempre tudo o que escrevo e detesto quem reescreve ou oculta propositadamente a história para favorecer um determinado argumento. São ridículos aqueles posts à luz de hoje? Claro que sim! Eram-no na altura? Claro que não! A não ser por quem não tem espírito crítico ou tinha uma fé incomensurável fundada… em coisa nenhuma! Quantas pessoas, depois do empate na Choupana frente ao União, seriam capazes de apostar que iríamos ganhar 20 dos 21 jogos seguintes…?! Pois…! Meus caros leitores, é muito mais fácil fazer o Totobola à 2ª feira ou nunca expressar opiniões vinculativas para não sermos apanhados na curva. Mas eu não fui, não sou e jamais serei assim. Não é por um qualquer Patrick ou Pesaresi vestir a camisola do Benfica que se torna imediatamente no melhor lateral do mundo. Eu não sou abutre, mas também não sou foca. Critico quando acho que tenho que criticar e elogio quando acho que tenho de elogiar. Nunca tive feitio para defender publicamente aquilo em que não acredito. Pode ser um grande defeito no mundo contemporâneo, mas é como eu sou. Só defendo com unhas e dentes aquilo em que acredito profundamente e já estou velho demais para mudar. Agora, se me garantirem que, se eu fizer figura de idiota, ganharemos o campeonato todos os anos, vamos lá embora a isso, então: o Paulo Almeida foi indiscutivelmente um dos melhores trincos que passaram pelo campeonato português!

 

Não, o RAP sabe que não estava sozinho. Eu também não via mesmo luz nenhuma ao fundo do túnel desta época. Manifestei-o publicamente e não me arrependo de o ter feito. Arrepender-me-ia é se tivesse estado na posição confortável de nada dizer ou de fingir que a pré-época era ‘apenas’ a pré-época ou que chegar à 8ª jornada com quatro vitórias e três derrotas era ‘normal’ em período de transição. E porque é que me arrependeria? Porque, caros leitores, citando o grande RAP, estamos a falar da minha vida! Tal como ele diz, não se trata de querer ou desejar que o Benfica ganhe: trata-se de PRECISAR que o Benfica ganhe. Porque muita da minha vida está organizada à volta do Benfica e, se o Benfica não ganhar, ela nunca fará sentido na totalidade. Digo-vos sinceramente que eu poderia estar com o Euromilhões ganho que, se estivéssemos a fazer uma época tal como as dos finais dos anos 90, eu não estaria nada realizado. Acredite quem quiser, mas quem me conhece sabe bem que é verdade. Eu não pretendo evangelizar, nem ser modelo para ninguém, mas também ninguém me dá lições de benfiquismo. Não sou menos benfiquista por criticar, nem mais benfiquista por apoiar as decisões de quem representa o Benfica. E, por muito que até possam merecer, também não passo cheques em branco a ninguém. Se eu critico decisões que dirigentes, treinador e/ou jogadores do Benfica tomam, é porque acho que aquele não é o melhor caminho para o sucesso. FELIZMENTE que me engano às vezes (não sou como o outro que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas…). No entanto, tal como referiu igualmente o RAP, o princípio que motivou as minhas críticas no início da época estava errado. E continua a estar hoje: em teoria, não se deixa ir para o rival um treinador bicampeão. No fundo bem fundo, isso sempre me pareceu (e ainda continua a parecer) que era o presidente Luís Filipe Vieira a querer provar a toda a gente que poderia ganhar sem o Jorge Jesus. E AINDA BEM(!) que o conseguiu e que tudo correu ao contrário da teoria (também com a ajuda do próprio Jesus, mas isso fica para a segunda parte deste post), porém isso só aconteceu porque fizemos história. Nunca uma equipa campeã tinha feito tantos pontos num campeonato, nunca tinha marcado tantos golos e, principalmente, nunca tinha recuperado de uma desvantagem de sete pontos à 13ª jornada. Está explicada a razão pela qual a prática superou a teoria. Teve de haver história. E, graças a Eusébio, que houve! E, como houve, o mérito do LFV é total e é ele o principal responsável por este título, porque tenho a certeza que houve alturas em que ele era mesmo o único a acreditar que isto seria possível.

 

Dos 338 jogos (oficiais e particulares) que se disputaram na nova Luz desde que foi inaugurada, eu faltei a dois (este e este), já fiz pausas em casamentos, o jantar do 89º aniversário da minha avó teve de ser adiado por um dia, a celebração de um aniversário da minha mulher teve de ser ao almoço, porque ao jantar não podia ser, o segundo aniversário de um dos miúdos teve de ser lanche ajantarado, porque à tarde era impossível. Estes factos não servem para mostrar que sou mais benfiquista do que o próximo, porque comparações de benfiquismos sempre me pareceram muito estúpidas. A maioria de nós faz coisas pelo Glorioso que (incompreensivelmente) muitas pessoas não acham “normal”. Se eu conto isto, é para que se perceba que o Benfica não é uma brincadeira para mim. Eu levo isto muito a sério e, por consequência, ganhar ou não ganhar não é indiferente. Eu nunca gozo com amigos dos rivais no momento em que perdem, porque não admito que eles gozem comigo em caso inverso. Isso fazem todos aqueles que levam isto na desportiva. Eu não levo, portanto nenhum amigo tem sequer a veleidade de começar esse tipo de conversa comigo. Tendo o Benfica a importância que tem na minha vida, eu não o consigo viver sem paixão. E isso faz com que eu não me consiga calar quando acho que as coisas estão a ir por maus caminhos ou que estamos na iminência de cometer erros. Históricos ou não.

 

No entanto (e termino esta primeira – e longa - parte deste post, tal como a comecei), ainda bem que eu sou um idiota e que me enganei!

 

VIVA O BENFICA!

publicado por S.L.B. às 11:23
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Segunda-feira, 10 de Agosto de 2015

Benfica - 0 - Estrutura - 1

Sem surpresa nenhuma (infelizmente), perdemos a Supertaça para a lagartada por 0-1. O jogo resume-se muito facilmente: houve uma equipa que foi melhor, outra que usou (e abusou) do pontapé para a frente, um golo mal anulado para uma e um penalty não assinalado pelo Sr. Jorge Sousa para outra. O golo surgiu de um remate do Carrillo aos 53’, que foi inadvertidamente desviado por um jogador lagarto e traiu o Júlio César.

 

Posto isto (e porque fiz 1200 km em dois dias, de comboio e carro, prescindindo de dois dias de férias, estando acordado 22 horas seguidas, gastando uma pipa de massa só em transportes, e não estando assim muito satisfeito com o que vi), apraz-me fazer as seguintes considerações:

 

- Apesar do pouco tempo de treino, já se nota alguma coisa do treinador, com interessantes combinações atacantes e uma pressão sobre o adversário que não o deixou sair a jogar. No entanto, que escândalo foi este de colocar o Benfica a equipar de verde e branco?!?! [Ironic mode on] (Porque há sempre pessoas obtusas que não iriam perceber…)

 

- Metade dos objectivos que motivaram a troca de treinador (a “aposta na formação”) já estão cumpridos: o Nelson Semedo foi uma decisão arriscada, mas parece que teremos lateral direito para os próximos anos. Agora só falta a “estrutura” entrar em campo e começar a marcar golos… Como se percebeu, os títulos passaram a ser secundários no Benfica. (Caso contrário, não se teria prescindido de quem ganhou sete dos últimos oito troféus nacionais disputados….)

 

- Fizemos seis jogos até agora. Temos zero vitórias. Marcámos três golos, sendo que dois deles foram na 1ª parte do primeiro jogo. O que quer dizer que, nos últimos cinco jogos e meio, marcámos um(!) golo. Repito: em oito horas e 15 minutos de futebol, marcámos… um(!) golo. Sim, eu sei, os “adversários eram fortes”, “estamos no início de um processo”, “os resultados vão aparecer”, “o treinador tem pouco tempo de clube”… (Curiosamente, conheço um ou outro treinador para o qual não é preciso muito tempo para colocar a sua equipa a jogar à bola…)

 

- Vamos lá a ver o seguinte: 1) o Jonas NÃO é ponta-de-lança. É um CRIME colocá-lo a jogar no meio dos centrais e desgastar-se a disputar bolas aéreas com eles; 2) o Talisca jogou 57’ a mais do que devia. Nem devia ter entrado de início, porque aquele lugar de segundo avançado é do Jonas, mas no mínimo devia ter saído ao intervalo; 3) o Eliseu não é grande espingarda, mas foi titular durante toda a época passada. Jogar o Sílvio naquele lugar pareceu uma resposta à picardia do Jesus de dizer que o Rui Vitória tinha mantido tudo igual; 4) Jogar com o Fejsa e o Samaris é criar um fosso enorme entre os médios e os avançados. Faz lembrar a dupla Katsouranis e Yebda da excelente época do Quique…; 5) o Júlio César deve ter pontapeado a bola lá para a frente mais vezes neste jogo do que em toda a época passada. Como diz um amigo meu, alguém que diga a quem de direito que nós não jogamos com o Maazou na frente…

 

- Eu pensei que tínhamos cometido um erro histórico. Infelizmente, cada vez mais vou tendo a certeza de que cometemos ‘o’ maior erro da nossa história desportiva. O título do post não é, lamentavelmente, irónico. Temo que esta época prove que a “estrutura” que efectivamente ganha troféus foi a que nós oferecemos aos lagartos… (Que o homem nunca foi o paladino da educação já nós sabíamos há muito, mas já o era quando estava com as nossas cores. Mudou de camisola, mas está igual ao que sempre foi. Mas diz um outro amigo meu, e com muita razão, que não queria o Jesus para casar com as filhas. O que interessava é que ele nos punha a jogar bom futebol e, mais importante do que tudo, ganhava títulos. Tudo o resto é – devia ser – secundário. Se queríamos um treinador educado, tínhamos o Quique; se fosse por benfiquismo, temos sempre o Grande Toni).

 

Isto fica já escrito no início da época, porque eu nunca fui politicamente correcto, nem me revejo em pessoas que só fazem o totobola à 2ª feira. Terei todo o gosto em vir aqui no final da época dizer que eu afinal não percebo nada disto e que sou um idiota por não ter acreditado nos tricampeões.

 

P.S. - Pode ser que no próximo domingo no jogo de apresentação aos sócios, perdão, na 1ª jornada do campeonato, as coisas comecem a melhorar.

publicado por S.L.B. às 23:59
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Sexta-feira, 12 de Junho de 2015

Novo treinador

O Benfica confirmou oficialmente a contratação de Rui Vitória para as próximas… três épocas. A estrutura do Benfica considera que o Rui Vitória é melhor treinador do que o Jorge Jesus. Melhor dito: a estrutura do Benfica considera que o Rui Vitória está mais apto para nos levar ao tricampeonato do que o Jorge Jesus [pausa… para absorver a informação…]. Em favor da estrutura, há que dizer que eu também estava muito descrente quando o Jesus foi contratado (há links em catadupa no post anterior), mas ao segundo jogo de pré-época já se notava alguma coisa (“não deveremos embandeirar em arco, mas é impossível não ver que apresentamos uma consistência de jogo bastante razoável para esta altura da época”) e na final do Torneio de Amesterdão eu já estava praticamente convertido (“sinceramente cada vez me dá mais gozo ver-nos jogar à bola”). Peço a Eusébio que o mesmo aconteça com o Rui Vitória. Ou, se não for tão cedo, pelo menos que o seja no jogo da Supertaça.

 

Pelas declarações de quem os conhece e pelo que se sabe publicamente, não tenho a menor dúvida de que o Rui Vitória é uma pessoa muito mais urbana do que o Jesus, com um feitio… digamos… menos difícil e é benfiquista. Três qualidades essenciais num ser humano, mas acessórias num treinador. Porque no Benfica o essencial é ganhar títulos. Repito: o mais importante é continuar a ganhar títulos (e não “apostar na formação”…). Com o Jesus, isso era possível. Com o Rui Vitória, iremos ver.

 

P.S. - Eu peço desculpa, mas não consigo mudar o chip assim tão rapidamente… Isto leva o seu tempo e a bola terá de começar a rolar para eu desejar ardentemente ver sinais que me levem a engolir este enorme cepticismo. O que acontecerá com todo o gosto. Obviamente! De qualquer maneira, por princípio e para primeiro contrato, acho três anos muito tempo para um treinador. Posto isto, alguém sabe quando se começam a renovar os red pass?

publicado por S.L.B. às 09:42
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Sábado, 6 de Junho de 2015

O ego e O erro

Ponto prévio:

 

Da mesma maneira que um pessoa burra não passa a inteligente só porque está vestida com uma camisola do Benfica, quem é bom enquanto está no Benfica não deixa de o ser só porque saiu do Benfica. Vá ele para onde for.

 

O que eu mais temia, tal como exprimi no outro post, aconteceu: Jorge Jesus não vai ser o nosso treinador para a próxima época. Espero estar redondamente enganado, mas temo que tenhamos cometido um erro histórico. Antes de qualquer outra coisa, na hora da saída, é mais do que justo deixar-lhe aqui o meu mais profundo agradecimento por todas as conquistas destes seis anos e pelo futebol magnífico que fomos apresentando.

 

Eu estou particularmente à vontade para dizer isto, porque no início tive sérias dúvidas acerca da sua competência e mesmo durante o seu percurso houve uma série de coisas que não me agradaram nada (uma, duas, três, quatro, cinco e, principalmente, seis). MAS, e este MAS é essencial, o homem ganhou títulos! E, se não se quiser valorizar o facto de ele ter aprendido imenso nestes seis anos e se ver a evolução da equipa (o que me fez defender a sua continuidade em 2013 mesmo depois do que aconteceu no Jamor), isto é que deveria contar para se tomar a decisão de renovar com ele. Porque isto é que é essencial: enriquecer o palmarés. Seja com que jogadores for, é isto que nos interessa. Tenha o treinador o feitio que tiver, seja bem ou mal educado, isso não fica para a história. O que fica são as conquistas. E essas existiram em barda, especialmente nas últimas duas épocas.

 

O presidente diz que tem uma “ideia clara” para o Benfica: “um treinador sem medo de apostar nos nossos miúdos, que seja capaz de fazer projecto integrado dos escalões de formação até ao futebol profissional”. Eu acho isto óptimo em tese, mas já agora convinha que garantisse títulos. Porque eu escolho na hora um título com 11 estrangeiros na equipa em vez de vitórias morais com 11 portugueses. Aliás, esta história da “formação” tem muito que se lhe diga: os próprios lagartos, nos últimos 33 anos, só ganharam o campeonato quando não “apostaram na formação”. Portanto, só foram campeões duas vezes. Obviamente. Como justificação para não manter o Jesus, é muito fraca.

 

Por outro lado, acusa-se o Jesus de não partilhar os títulos com a “estrutura”. Em primeiro lugar, queria pedir encarecidamente o favor de não utilizarem esta palavra, porque eu começo logo a hiperventilar. Durante anos, ouvimos dizer que o CRAC ganhava campeonatos por causa da “estrutura” e todos nós sabemos o que isso significava. Aí sim, é que a “estrutura” ganhava jogos e campeonatos, com ajudas alimentares que só os acéfalos ignoram. Portanto, por favor, utilizem lá outra palavra que essa tem a conotação que tem. Além de que não me parece que tenha sido a “estrutura” a inventar um Fábio Coentrão a defesa-esquerdo, um Enzo Pérez e um Pizzi a médio-centro, um Jardel a central de eleição, etc. (a lista é muito grande e todos nós a conhecemos). Voltando ao tema, as taças não estão no museu? Não são propriedade do Benfica? Não se fica com um treinador porque ele não fala de nós? De novo, uma justificação muito pobrezinha para uma não-renovação.

 

O que me parece de todo inexplicável é esta evidência: como é que não se renova com um homem que ganhou três campeonatos em seis anos, foi bicampeão (coisa que não nos acontecia há 31 anos), ganhou seis dos últimos sete troféus nacionais e nos levou duas finais europeias seguidas (não íamos a nenhuma há 24 anos e a duas consecutivas há 53 anos!)?! É preciso estar mesmo a olhar para o acessório para não ver o cerne da questão. Alguém de bom senso acredita que o Jesus não é o melhor treinador português a seguir ao Mourinho? Não é suposto termos os melhores no nosso clube? Como é que o Benfica se dá ao luxo de prescindir de alguém assim?!

 

A partir do momento em que o Benfica não manifesta um desejo expresso de renovar com ele, é natural que o Jesus se tenha virado para outras paragens. Por isso, não tomo esta ida para a lagartada como uma “traição”. Não, não é, porque o desinteresse inicial partiu (inacreditavelmente) de nós.

 

E o que me custa mais neste processo todo é que deixámos sair o treinador que mais bem colocado estava para nos dar o 35. Sim, porque o 34 é todo mérito dele (o que fez nesta época a famosa “estrutura” foi retirar-lhe seis titulares, mais o André Gomes e o Cardozo, e compensá-lo com dois craques trintões e um Talisca que só durou meio ano…). E o 35 para a próxima época é fundamental, porque um tricampeonato nosso significaria a implosão de Mordor. A “estrutura” deles não aguentaria um terceiro ano de seca connosco a sermos campeões. E é uma pena que não se tenha dado o devido valor a isto e lhes acabemos por oferecer um balão de oxigénio, que já nem eles esperavam ter. Repito: é isto que me custa mais nesta história toda.

 

Pouco me interessa neste momento se o Jesus vai resultar ou não na lagartada. Enquanto lá estiver um presidente que faz mosh à equipa de hóquei em patins, estamos relativamente seguros. Com a sede de protagonismo que ambos têm, vai ser inevitável o choque de personalidades. No entanto, já estou mais preocupado com a performance do CRAC. E na tal estocada final que lhes poderíamos dar na próxima temporada.

 

Independentemente das razões aduzidas pelo próprio, o que mais transparece nesta decisão é o Luís Filipe Vieira a querer provar que consegue ganhar sem o Jorge Jesus. Porque o futebol é mesmo a única modalidade campeã do Benfica em que o treinador não vai continuar. E uma coisa destas é muito difícil de explicar e mais ainda de entender. No fundo, tudo se resume a uma questão de ego. Qualquer argumento utilizado esbarra logo na evidência de que o homem foi (bi)campeão. E quem é campeão tem sempre razão. Mesmo que utilize o Ola John em vez do Gonçalo Guedes.

 

Para bem de todos nós, nada me daria mais prazer do que vir aqui no final da próxima época fazer o meu mea culpa e elogiar esta decisão temerária do nosso presidente. Seria muito bom sinal.

 

P.S. – Muito, MUITO feia a rábula de fazer desaparecer o Jesus da estrutura em 3D dos bicampeões na loja do Benfica (ganhámos este campeonato sem treinador, é…?). Reescrever a história é estalinista e só deveria ser apanágio de outro clube mais a norte. Lamentável! (Parece que voltámos ao tempo dos apagões e das regas…) Também vir a público fazer-se declarações sobre a idoneidade do Jorge Jesus é algo que os responsáveis do Benfica se deveriam abster de fazer. Ou não tivessem trabalhado com ele durante seis anos. Já o conheciam, não? Independentemente do que aconteça no futuro, Jorge Jesus já está na história do Benfica como o mais titulado treinador português que passou pelo clube e, por conseguinte, um dos melhores de sempre. Saibamos respeitar isso. (Mesmo que ele no futuro hipoteticamente não o faça.)

 

P.P.S. – Também eu tenho reservas MUITO sérias em relação ao Rui Vitória (nunca achei que o futebol do V. Guimarães fosse assim grande coisa). Por mim, por todas as razões (experiência de clube grande e de Champions, vencedor de títulos mesmo com um presidente desestabilizador e resposta proporcional aos lagartos) mas PRINCIPALMENTE porque é melhor treinador, iria buscar o Marco Silva. De caras.

publicado por S.L.B. às 18:00
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