São agora sete os pontos perdidos pelo Benfica nas últimas três jornadas, tendo jogado dois desses jogos em casa. Os dois pontos deitados fora ontem explicam-se pelo facto do Benfica ser neste momento uma equipa vazia de confiança e sem grandes ideias no ataque. Houve vontade dos jogadores, mas zero confiança na zona de decisão.
Com o Rafa indisponível, apareceu o Everton a jogar pela direita. No meio campo lá levámos mais uma vez com o Taarabt a titular, e é inevitável: seja ou não culpa dele, se eu vejo o Taarabt a titular penso logo que a coisa vai correr mal. É uma mania minha, mas se o estado da nossa equipa é tal que permite que um jogador como o Taarabt seja titular no meio campo, então esse estado só pode ser desesperado. No ataque, o Darwin foi relegado para o banco, jogando o Seferovic com o apoio do Pizzi (o Waldschmidt continua lesionado). O jogo, esse, foi de sentido praticamente único. O Vitória chegou à Luz, estacionou o autocarro, e limitou-se a defender. No Benfica, o Everton pela direita foi uma agradável surpresa, pois foi dos jogadores que mais desequilíbrios conseguiu criar, ganhando várias vezes a linha de fundo. Um boa diferença para o que vemos quando joga na esquerda, onde vem sempre para o meio e contribui para o afunilamento do nosso jogo. Mas todo o domínio territorial do Benfica - que teve momentos agradáveis em que a pressão era feita logo quando o Guimarães tentava sair e resultava na recuperação da bola ainda antes do nosso adversário conseguir ultrapassar a linha do meio campo - esbarrou na cada vez mais típica incompetência na zona de finalização. Más decisões, maus passes e péssima finalização foram os principais motivos para o que o nulo se mantivesse até ao intervalo. Nesse particular, o Seferovic assumiu na perfeição o papel de pino. Acho que não cabeceou uma bola, foi sempre a bola que lhe foi bater na cabeça, e quando o vejo jogar tenho sempre a sensação de que quando a bola vai na sua direcção, ela ainda não lhe chegou e ele já está convencido que não vai marcar golo. Se não estou em erro, chegados ao intervalo o Benfica tinha umas dezasseis finalizações e a maior parte delas não levou sequer a direcção da baliza.
Surpreendentemente o Everton não regressou do intervalo. Não sei se ele teve algum problema físico, mas se a opção foi táctica então foi disparatada. Para o seu lugar veio o Darwin, que obviamente se foi colocar frequentemente descaído para a esquerda, caindo na zona de acção do Cervi. O Pizzi foi para a direita e começámos então a ver cada vez mais o nosso típico afunilar do jogo, criando menos situações de finalização do que o tínhamos feito na primeira parte. Mas continuámos sempre por cima no jogo; o objectivo do Vitória era o pontinho e isso parecia quase certo que conseguissem. Até porque nas poucas ocasiões em que conseguíamos evitar a floresta de pernas, cabeças e troncos plantados dentro da área adversária e criávamos uma ocasião de golo, a finalização disparatada continuava a ser o mote. O Vertonghen mostrou ter estudado na mesma escola de cabeceamento do Seferovic, e o Gonçalo Ramos, que entretanto tinha rendido o suíço, cabeceou incompreensivelmente ao lado quando apareceu completamente solto e em posição privilegiada na zona do primeiro poste. Depois também já vamos sabendo como é que a história se desenrola em situações destas. À medida que o relógio vai avançando para o final do jogo o discernimento começa a ser cada vez menor, e esta falta de discernimento afecta também o banco, que acaba por fazer algumas substituições que parecem ser standard e que sempre, mas sempre mesmo, só pioram a situação. Esta é a altura em que começamos a temer que o empate pode não ser a pior coisa a acontecer neste jogo. A entrada do Gabriel para o lugar do Weigl, e pior ainda, para as funções do Weigl é um desses exemplos. É uma substituição que fazemos constantemente na fase final dos jogos e palavra de honra que não a consigo perceber. Perdemos imediatamente o meio campo, perdemos também organização defensiva, e não acrescenta nada ao ataque. Nessa fase saiu também o Cervi para dar o lugar ao Chiquinho, e o Pizzi já tinha dado o lugar ao Pedrinho. Era o afunilamento em full mode. O Gabriel imediatamente empenhou-se em oferecer um golo ao adversário, com um passe perfeitamente suicida em zona defensiva, mas que felizmente o Vitória não soube aproveitar. Mas ainda voltaram a ter mais uma grande ocasião, que só não resultou em golo porque o remate do Edwards saiu ao lado. Acho que nos últimos cinco ou dez minutos, depois das nossas brilhantes alterações tácticas, o Vitória teve mais situações de perigo do que tinha tido durante todo o jogo. Entretanto, e para fechar em beleza, o Pedrinho, em zona frontal à baliza e quase sobre a linha da pequena área, atirou para a bancada. O exemplo perfeito da inoperância do Benfica na finalização.
Acho que o Everton estava a ser um dos destaques na primeira parte e não compreendo a sua substituição. A não ser, conforme disse, que tenha tido algum problema físico. Gostei do Weigl e do Otamendi. O Seferovic, ao fim de meia hora de jogo, já quase que me tinha feito atirar alguma coisa à televisão. E a displicência com que o Gabriel entrou para mim já dava motivo para o meter a treinar com a equipa B.
Estamos completamente apanhados numa espiral profundamente negativa. A confiança desta equipa é não existente. A sensação que tenho é a de que não acreditam nas suas próprias capacidades, duvidam de tudo e mal os jogos começam já estão com receio de que a coisa corra mal. Assim é muito difícil sair desta situação. Não sendo eu um adepto do Jorge Jesus seria muito fácil apontar-lhe o dedo como o principal responsável, mas isto é a mesma mentalidade que a época passada triturou o Bruno Lage, por isso não me parece que a simples troca de treinador seja solução. A limpeza daquele balneário tem que ser mais profunda.
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