E ao décimo quarto jogo não ganhámos. Foi um jogo de zeros: no final dos noventa minutos em Guimarães ficou tudo a zeros, e o que nós produzimos enquanto equipa neste jogo foi também zero, quer no campo, quer no banco. Por isso o resultado só pode surpreender quem não viu o jogo, porque na verdade nada fizemos para justificar outro desfecho.
Neste momento a maior dúvida que há em relação ao onze do Benfica para um jogo é quem ocupará a direita da defesa. O Bah parece estar a levar vantagem nesta altura e foi por isso ele quem ocupou esse posto, com o resto da equipa a ser a esperada. E quase que posso parar aqui no que diz respeito à primeira parte. Porque a verdade é que não fizemos absolutamente nada durante a mesma. Se às vezes se utiliza a expressão 'dar uma parte de avanço', então ela aplica-se perfeitamente ao que aconteceu. Foi com toda a certeza a pior exibição que eu vi o Benfica fazer esta época; uma nulidade tão grande que o primeiro remate que fizemos foi do Enzo, aos quarenta e dois(!) minutos, de fora da área e para a bancada. Foi essa a produção ofensiva do Benfica no primeiro tempo, durante o qual não conseguimos produzir qualquer jogo ofensivo pelas alas, pressão alta não existiu, o Rafa foi controlado e mantido fora do jogo pelo adversário, o João Mário fez-me insultar diversas vezes a minha televisão (das poucas vezes que criámos desequilíbrios, infelizmente era sempre aos pés dele que a bola ia parar e invariavelmente ele decidiu mal, fazendo passes para os defesas adversários) e foi até o Vitória quem mais vezes se aproximou da nossa área. Perante uma tão pobre primeira parte esperava uma reacção imediata e enérgica no banco logo ao intervalo de forma a alterar o rumo dos acontecimentos, mas não houve quaisquer alterações. Voltámos de facto mais pressionantes e conseguimos empurrar o Vitória mais para junto da sua área, mas sem qualquer evolução no que diz respeito à produção ofensiva. Muito sinceramente, não me recordo de qualquer lance de perigo da parte do Benfica, ou do Varela ter feito uma única defesa. Achei que o nosso treinador foi lento a reagir perante uma produção tão pobre dentro do campo, e quando finalmente (a vinte minutos do final) fez três alterações de uma vez, nada alterou tacticamente. Foram trocas directas - Florentino/Aursnes, Gonçalo Ramos/Musa, Neres/Draxler - e passou o João Mário para a direita. Irritou-me em particular a troca de avançados pois teria preferido passar a jogar com dois, já que durante todo o jogo me pareceu que tivemos muito pouca presença na área. A coisa só não ficou pior porque numa rara demonstração de utilidade, o VAR ajudou a reverter o Taremi que o árbitro tinha assinalado a favor do Vitória. Ainda fizemos nova troca directa, entrando o Diogo Gonçalves para o lugar do João Mário, e já no período de descontos fizemos uma última substituição que me deixou profundamente desiludido. Trocar o Rafa pelo matacão Brooks, para meter o central americano a jogar na frente para o chuveirinho (que nem sequer aconteceu) foi para mim um sinal claro da completa desinspiração também do nosso treinador ontem à noite - foi o equivalente à estratégia habitual da malta do Lumiar quando manda o Coates lá para a frente, porque já não têm mais ideias. O único efeito prático disto foi ver o Brooks a atirar-se para cima dos adversários e a conseguir fazer faltas em praticamente todas as bolas que tentou disputar.
É difícil fazer qualquer destaque num jogo tão cinzento da nossa equipa. Acho que os dois médios foram dos que mais se empenharam para alterar o rumo do jogo, e talvez o Grimaldo a espaços e o Rafa na segunda parte, depois de estar praticamente ausente em parte incerta durante a primeira. Em sentido oposto, os dois alas (Neres e João Mário) fizeram um jogo péssimo, tal como o Bah, pelo que passei bastante tempo a desejar que o Gilberto entrasse para o lugar dele.
Na prática entrámos nesta jornada com dois pontos de vantagem sobre o segundo classificado e agora temos três. Mas isto não pode servir de motivo de satisfação, porque interrompemos a série vitoriosa e a frutaria nos recuperou dois pontos. Pior ainda, mais do que o resultado, uma exibição tão pobre assim é que pode mesmo fazer regressar velhos fantasmas que não queremos de todo ver. Foi a primeira vez esta época em que cheguei ao final de um jogo extremamente insatisfeito com toda a equipa, do relvado ao banco. O próximo jogo vai ser de dificuldade extremamente elevada, mas espero ver já uma reacção forte ao que vi ontem à noite.
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